quinta-feira, 4 de setembro de 2008

ELEVAÇÃO DO AMAZONAS À CATEGORIA DE PROVINCIA

Para entendermos melhor a significação histórica da elevação do Amazonas à Categoria de Província, empresto o artigo do Ozorio Fonseca. Conversei com vários colegas sobre o tema, a grande maioria não tem a menor idéia do porquê do feriado; alguns somentem lembram da provincia, quando querem se referir com desprezo ao nosso povo "Manaus ainda não passa de uma provincia"

Um pouco de históriaPor Ozorio Fonseca* em 06/09/2007
No dia 5 de setembro comemora-se a elevação do Amazonas à Categoria de Província, um episódio resultante de longa luta em defesa de nossa autonomia política, pois éramos subordinados ao Pará e nos tornamos independentes nesse dia no ano de 1850. A história geológica da Amazônia tem seus primórdios geológicos situados há cerca de 4 bilhões de anos, mas os primeiros humanos só chegaram por aqui entre 11 e 13 mil anos atrás, segundo revelam vestígios antropológicos.A história melhor documentada começa com a chegada da missão portuguesa comandada por Francisco da Mota Falcão que, em 1699, aportou o Lugar da Barra e aqui construiu a Fortaleza de São José do Rio Negro, cujo local está marcado por uma placa colocada pelo governador Arthur Reis no antigo prédio do Tesouro do Estado, na região do porto de Manaus.Novos passos
Em torno desse forte foram se aglomerando as tribos barés, banibas e passes, mas a convivência pacífica não se estendeu aos caboriocenas, caraíbas e manaús (manaós) que não aceitaram a presença do homem branco e com eles travaram duras batalhas. A animosidade só diminuiu com a chegada do sargento Guilherme Valente um personagem misto de realidade e fantasia que melhorou a convivência e ainda casou com a índia Marari, dando início à miscigenação que deu origem à figura do caboclo, tipo especial da etnia amazônica.Essa paz relativa (lembrar Ajuricaba) permitiu o aumento do número de famílias ao redor do forte, formando o primeiro povoado do Lugar da Barra do Rio Negro, logo denominado de Vila da Barra, primórdio da cidade de Manaus.A ausência de ouro e pedras preciosas levou Portugal a abandonar a região durante muitos anos até que, sob o risco da invasão espanhola pelo oeste e norte, o reino português enviou missões compostas por militares e religiosos, para fixar o domínio territorial e cristianizar os silvícolas. Uma dessas missões formada por carmelitas fundou, no médio rio Negro, em 1728, a missão Mariuá para ser base operacional da comissão demarcadora dos limites do Tratado de Madrid.A CapitaniaAlguns anos depois, em 1755, D. José I criou a Capitania de São José do Rio Negro, raiz do Estado do Amazonas, cuja sede foi instalada por Francisco Xavier de Mendonça Furtado, na missão de Mariuá (nome indígena), que ele elevou à categoria de Vila mudando o nome para Barcelos (nome luzitano). Em 1791 o governador Lobo d’Almada transferiu a sede do governo para o Lugar da Barra, mas em 1799, reinstalou a Capitania em Barcelos cumprindo determinações de uma Carta Régia de 1788. A morte de Lobo d’Almada resultou na formação de uma Junta Provisória que fez a transferência definitiva da sede da Capitania para o Lugar da Barra em 29 de março de 1808.A Província e o EstadoO responsável pelo primeiro surto econômico foi Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, que começou a explotação de espécies biológicas no ciclo conhecido como das especiarias e drogas do sertão, que durou até o final do século 19 quando começou o áureo período da borracha.E foi essa economia alicerçada nos produtos naturais (além da pressão política) que levou D. Pedro II a reconhecer a importância da região e elevar a Capitania à categoria de Província em 5 de setembro de 1850, nomeando, em 1851, João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha como primeiro governador.Naquele ano a população do Lugar da Barra foi estimada em 45.000 habitantes, 7,5 vezes maior do que em 1850, ano em que foi criada a Província do Amazonas, cuja capital foi definida como Manaus, em 1856, por decisão da Assembléia Legislativa Provincial. Em 15 de novembro de 1889, com a Proclamação da República, a Província do Amazonas passou à condição de Estado conservando Manaus como sua capital.Resolvi resumir (muito) nossa história para contrapor as bobagens ditas por autoridades civis, militares, professores e alunos entrevistados pela mídia durante as comemorações do último dia 5 de setembro.Foi desesperador assistir a agonia da educação de nossos jovens, revelada em meio às festividades alegóricas da nossa data maior. É preciso mudar esse rumo e minha primeira sugestão para as autoridades educacionais e professores é que leiam, com atenção, os livros de história do Amazonas entre os quais os de Antonio José Souto Loureiro, Artur Cezar Ferreira Reis, Etelvina Garcia, Marcio Souza, Mario Ypiranga Monteiro, entre outros. A regra é: Primeiro estudar, depois ensinar. Esse artigo é de responsabilidade do autor. Não reflete a opinião do Portal Amazônia ou do grupo Rede Amazônica. Opiniões devem ser envidas a
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