LUIZ BACELLAR
O POETA VESTE-SE
Com seu paletó de brumas
E suas calças de pedra,
Vai o poeta.
E sobre a cambria fina
Da camisa de neblina,
O arco-íris em gravata
Vai atado em nó singelo.
(um plátano, sobre a prata
da água tranqüila do lago,
se debruça só por vê-lo).
Ele leva sobre os ombros
A cachoeira do lago
(cachecol à moda russa)
Levemente debruada
De um fino raio de sol.
Vai o poeta
a caminhar pelas serras.
(pelos montes friorentes
Mal se espreguiça a manhã)
Com seu pull-over de musgo
(feito com lã das colinas)
Com seus sapatos de musgo
(camurça verde dos muros)
Com seu chapéu de abas larga
(grande cumulus escuro)
Mas algo ainda lhe falta
Para a elegância completa:
Súbito, pára, se curva,
num gesto sóbrio e perfeito,
um breve floco de nuvens
colhe e prende na lapela.
O POETA VESTE-SE
Com seu paletó de brumas
E suas calças de pedra,
Vai o poeta.
E sobre a cambria fina
Da camisa de neblina,
O arco-íris em gravata
Vai atado em nó singelo.
(um plátano, sobre a prata
da água tranqüila do lago,
se debruça só por vê-lo).
Ele leva sobre os ombros
A cachoeira do lago
(cachecol à moda russa)
Levemente debruada
De um fino raio de sol.
Vai o poeta
a caminhar pelas serras.
(pelos montes friorentes
Mal se espreguiça a manhã)
Com seu pull-over de musgo
(feito com lã das colinas)
Com seus sapatos de musgo
(camurça verde dos muros)
Com seu chapéu de abas larga
(grande cumulus escuro)
Mas algo ainda lhe falta
Para a elegância completa:
Súbito, pára, se curva,
num gesto sóbrio e perfeito,
um breve floco de nuvens
colhe e prende na lapela.