terça-feira, 31 de dezembro de 2019

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

CLÁUDIO AMAZONAS – PERSONALIDADE LITERÁRIA DO ANO


José Rocha
Cláudio Amazonas

O jornalista e escritor Cláudio Amazonas nasceu em Manaus, pertencente a uma família tradicional do bairro de Educandos, carregando os sobrenomes nobres de Rezende, oriundo dos Açores (Portugal) e de Amazonas, das índias brasileiras icamiabas, toponímia também de um dos maiores rios do mundo e do maior Estado do Brasil. Um dos autores que teve por duas vezes suas obras contempladas no Concurso “Prêmio Literários da Cidade de Manaus”, promovido pelo Conselho Municipal de Cultura (Concultura), a nível nacional, na categoria de jornalismo literário, Cláudio é o grande merecedor do título de personalidade do ano de 2019 que lhe consignamos.

Foi premiado, em 2006, com “Gonçalo, o Rei da Noite - As peripécias de um certo marreteiro”, onde  descreve a vida do pernambucano Gonçalo Batista dos Santos, o criador da União Atlética de Constantinópolis, desde quando este fugiu de casa aos 10 anos até sua chegada em Manaus em 1945, contextualizando essa trajetória aventureira com os fatos políticos e sociais acontecido nesse período em todo o  Brasil.

“Sob o Signo dos Golpes”, de 2016, registra significativos momentos da vida contemporânea da América do Sul e sua instabilidade política. É nesse ambiente conturbado que ocorrem sucessivos golpes e contragolpes envolvendo os países do continente, a vida do peruano Ramiro, natural de Callao, deixando para trás sua terra natal decepcionado com a sua militância na Aliança Popular Revolucionária Americana - APRA e um fracassado drama de amor, com ênfase na crise que se abateu sobre o Brasil com a surpreendente renúncia de Jânio Quadros em agosto de 1961 e a ascensão e queda de João Goulart em 1964.

Depois de uma revisão cuidadosa e inclusão de outros capítulos, Cláudio Amazonas declara que espera apenas uma boa oportunidade para publicar o livro.

Cláudio Amazonas cursou Biblioteconomia na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade do Amazonas, bacharelou-se em Teologia pela FATEBOV e  pós-graduação em Docência do Ensino Superior (inconcluso)

Foi revisor na Secretaria de Imprensa e Divulgação do Estado do Amazonas. Militou no jornalismo como chargista, repórter, copidesque e editor nos jornais A Crítica, Jornal do Commercio, A Notícia, O Jornal e Diário da Tarde e Diário do Amazonas, diagramador e editor de arte do Jornal Cultura, editado pela Fundação Cultural do Amazonas, sob a presidência do acadêmico João Mendonça de Souza.

Secretário do Serviço de Loteria do Estado; Assistente Administrativo da Companhia de Eletricidade de Manaus - CEM; chefe do setor de Comunicações, secretário-geral e diretor-administrativo da Celetramazon; chefe de gabinete da Secretaria de Saneamento, Habitação e Energia - SESAB;  diretor administrativo/financeiro da Companhia de Navegação Interior do Amazonas - CONAVI, e diretor administrativo/financeiro da Empresa Amazonense de Extensão Rural - EMATER.  Foi ainda suplente de Deputado Estadual e diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Amazonas.

Em de 6 de dezembro de 2007 recebeu, no Plenário Adriano Jorge, da Câmara Municipal de Manaus, das mãos do poeta Aníbal Beça, presidente do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), o Mérito Cultural, “às personalidades e empresas que facilitam e apóiam a produção cultural na Cidade de Manaus.” Em 26 de outubro de 2009 tomou posse na Academia de Letras e Artes de Paranapuã (Ilha do Governador/RJ), na Cadeira no. 18 (patronímica Umberto Calderaro Filho), data em que, no Plenário Teotônio Vilela, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, recebeu Moção de Congratulações e Aplausos, homenagem proposta pelo vereador Luis Carlos Ramos. Em 28 de maio de 2013 recebeu da mesma academia, o Diploma seguido da Medalha de Mérito Cultural Austregésilo de Athayde.


Extremamente boêmio desde a juventude, Cláudio foi íntimo de renomados artistas nacionais e internacionais, grande amigo de Getúlio Dionísio de Castro, primeira voz do Trio Tropical que fez sucesso com o disco sob o título de Adelante, a partir de 1960, e dos integrantes do Trio Cristal, que costumavam se hospedar em sua casa quando vinha a Manaus.


Canta individualmente e participou como terceira voz intermediária, da criação, em 1958, de um trio que futuramente viria se destacar com a inclusão de Carlos Enrique Gengifo Grandez, o “Kiko”, um dos maiores guitarristas da América do Sul, acompanhante oficial do cantor internacional Pedrito, conhecido nos países de língua espanhola como El Ruiseñor del Amor:  O Trio Meridional acompanhou Pedrito na noite 23 de março de 1985 na TV Educativa com grande sucesso e o conjunto passaria a se apresentar em vários cenários, composto por Klinger Ferreira Dantas (primeira voz), Roosevelt Rego Lopez (segunda voz e segunda guitarra) e “Kiko” como terceira voz e requinto (solista) e estava à altura de um Trio Los Panchos sem tirar nem por.


Nessa sua multifacetada vida e aguçada sensibilidade de repórter, recolheu o material necessário para as obras que viriam fazê-lo como grande jornalista e escritor.  Ensina-nos, por exemplo, que o nome do bairro de Educandos deriva da criação do Estabelecimento dos Educandos Artífices, criado no dia 21 de agosto de 1856. Mas só através do Decreto nº 27, de 22 de julho de 1907 foi denominado bairro de Constantinópolis.  Foi sob a batuta do Cláudio com a participação de Tereza Brandão, Wagner Ferreira e do deputado Nonato Lopes que, em 1993, comemorou-se, pela primeira vez e em grande estilo, o aniversário do famoso e tradicional bairro de Manaus, com a abertura feita pelo maestro Pedrinho Sampaio executando a 40ª. Sinfonia de Mozart, o Trio Cristal e vários conjuntos amazonenses. A data escolhida foi 21 de agosto.


E o conjunto da obra seria concretizado com a publicação de Memórias do Alto da Bela Vista – Roteiro Sentimental de Educandos, lançado no dia 5 de setembro de 1996, nos Cem Anos do Teatro Amazonas, prestigiado com a presença da intelectualidade, do conjunto de Câmara e da cantora Fafá de Belém.

Em 2007 ganharia o Prêmio Mario Ypiranga Monteiro com o livro Constantinópolis – Origens e Tradições, um quase resumo das Memórias.

Tenho um profundo respeito pelo Cláudio Amazonas e também sou eternamente grato por ter feito a revisão (copidescagem) do meu livro “Igarapé de Manaus”, que será lançado em 2020.


Fontes:


sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

A CRISTALEIRA


Ao visitar o Centro Cultural Palácio Rio Negro, no centro antigo de Manaus, tive a oportunidade de encontrar várias cristaleiras – foi uma volta ao passado, pois era comum nas casas dos manauaras de antigamente, exibirem na sala de estar, um móvel dessa natureza.

A cristaleira vem do século dezessete - é um móvel de madeira maciça, envidraçada, com espelhos ao fundo, no qual se guardam e expõem objetos de cristal, como copos, garrafas, compoteiras, jogos de chá etc. – a sua origem etimológica vem de Cristal + eira.



Em épocas passadas, a cristaleira era um símbolo de luxo e nobreza, com o tempo, conquistou espaço na decoração, sendo comum nas salas de estar, tanto dos ricos como nas dos pobres.

Lembrei-me da minha infância: a minha avó Lídia Pires comprou umas galinhas e um galo  pedrês (carijó) - os primeiros  ovos  foram  da  casca  azul,  a  molecada  de  casa  ficou  extasiada,  mas  ela  resolveu  guardá-los em cima de antiga cristaleira. Eu e os meus irmãos escalamos o móvel ao mesmo tempo. 

Com o  peso,  ela  tombou e  caiu  de nós,  e  foram  ovos,  copos  e  taças  de  cristal, xícaras  e  bules  de  porcelana,  tudo  foi  para  o  chão,  com  cacos  espalhados  por  todos  os  lados. 

Resultado: ficamos cortados, mesmo assim, pegamos da vovó uma bela surra de galho de goiabeira - dias depois, ela resolveu botar o galo e as galinhas na panela, acabando com a nossa festa.

Segundo as arquitetas de interiores, hoje, as cristaleiras ficaram mais modernas e adquiriram outros objetos, abrigando vários tipos de peças, tornando-se multifuncionais, abrigando pequenos objetos, livros raros, souvenires de viagem, bijuterias, roupas e até a função de bar.

A cristaleira sempre estará na moda - a visita ao Palácio Rio Negro serviu como fonte de inspiração para essa postagem, pois fez-me voltar ao passado.

É isso ai.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

FERNANDO DEMASI PIMENTA

FERNANDO DEMASI, O NOSSO “PIMENTA”



O “Pimenta” nasceu em Manaus, em 1956, na Santa Casa de Misericórdia, morou durante muito anos na Rua José Clemente, 216, na residência e loja de confecções do seu pai-avô, o Domingos Demasi, um alfaiate italiano que fez historia na nossa cidade – é uma pessoa a quem tive o privilegio de conhecê-lo na minha adolescência e, ainda de desfrutar da sua amizade até os dias de hoje, na verdade, nunca tinha tido um contato maior com ele, não conhecia muito bem sobre a sua vida e sobre suas atividades profissionais, porém, tudo mudou, quando recebi um convite para visitar o seu empreendimento, denominado “Pousada das Pedras”, no município amazonense de Presidente Figueiredo – foram dois dias de contato direto, o que me motivou a escrever esta postagem sobre ele e sua família.

Pegou este apelido por ser uma pessoa muito irrequieta e levada e, por ter o sangue italiano correndo em suas veias, o “Pimenta” não foge a regra dos seus ancestrais: fala alto, possui uma personalidade que tende a impulsividade, gosta de velocidade e tem uma certa resistência em obedecer regras -  foi um cara famoso no centro de Manaus, pois tinha paixão em dirigir, em altas velocidades, motocicletas importadas de grandes cilindradas, além de ser um “catador de ferro”, um hobby voltado para adquirir pequenos objetos que fizeram parte da nossa história.

Segundo o seu amigo Eduardo Braga Reis (o Duda) “O apelido já diz tudo, mas é um ser humano bom e amigo dos amigos - na sua infância e adolescência, deixava todo mundo muito louco com tanta danação: pegava carreira dos padres (Frei Benigno, Felipe e outros mais), colocava apelidos nos freis “Felipe Barba de Fogo" (o padre tinha uma barba avermelhada) e “Nero” (para o Frei Benigno). Certa ocasião, o padre celebrava uma missa e o Pano que cobre o Sacrário pegou fogo, não deu outra, ele já gritou de lá: - Foi a Barba de Fogo do Felipão! O Frei Silvio, certa vez, confundiu a família Pimenta (moradores da Rua Monsenhor Coutinho) com a família do Fernando Demasi, a Dona Maria Pimenta veio a falecer e, o frei foi dar os pêsames na casa do nosso personagem, o cara estava sumido a um bom tempo,  quando a mãe dele viu o Padre, desmaiou, achando que tinha acontecido alguma tragédia com o "Pimenta". Ele conta que foi expulso do quartel, parece que foi pego vestido com a farda do General ou algo assim. O Frei Fulgêncio Monacelli,  pároco da Igreja de São Sebastião,  também já teve e,  ainda tem, muitas lembranças do camarada. Algumas peraltices: entrava no Teatro Amazonas pelo cabo do "Para-raios". Amarrava linha de nylon no badalo do sino da Igreja (somente puxava em altas horas), imagine a confusão que ele provocava: aparecia padre olhando pelas janelas, vizinhas achando que era assombração ou a alma de padre que já tinha morrido etc. (ele e a turma da bagunça ficavam  escondidos dentro da bacia da Praça).  

Ele é até hoje um fã incondicional do seu saudoso avô, o Domingos Demasi - nutrindo uma paixão que supera até ao do seu genitor, o Marigídio Demasi. Para demonstrar esse enorme carinho, ele guarda com grande orgulho, o livro “Manaus: Ruas, Calçadas e Varandas”, do grande mestre Moacir de Andrade – pois nesta obra, aparecem várias fotografias da família Demasi, além de um relato sobre os antigos alfaiates de Manaus, com ênfase ao trabalho exercido pelo seu saudoso avô.

Segundo o citado livro, o Domingo Demasi, era um italiano da gema, vindo para Manaus ainda muito pequeno, carregando muitos sonhos, não sendo difícil conseguir emprego, pois era uma pessoa forte, trabalhador e sadio – trabalhou, como aprendiz, na “Alfaiataria 100.000 Paletots”, na Rua Municipal (atual Avenida Sete de Setembro) esquina com a Rua Lobo D’Almada. Pela sua desenvoltura, trabalho honesto e nunca ter chegada atrasado ou faltado ao trabalho, ganhou a confiança do seu chefe, tornando-se um alfaiate exemplar , resolvendo, tempo depois, a abrir o seu próprio negócio.

Com o advento da Primeira Guerra Mundial, em 1914 – por ser um italiano fiel à sua pátria, apresentou-se ao governo do seu país, participando da sangrenta guerra e, com o término, em 1918, retornou ao Brasil, fixando novamente residência em Manaus, abrindo uma loja de venda de uniformes militares, além de executar todos os trabalhos de alfaiataria.


O gosto do “Pimenta” por coisas antigas, foi matéria de página inteira no Jornal A Critica, edição de 13 de Abril de 2011 – “Nós também temos o nosso ‘caçador de relíquias’ – Arte de catar histórias jogadas fora – Reciclagem: microempresário Fernando Demasi tem o hobby de recolher material considerado lixo. Ele traz consigo parte da história. Hoje, seu acervo conta com peças que nos remontam à Manaus antiga”.

O nosso querido “Pimenta”, colaborou muito com a sua família, trabalhando na loja do seu avô por mais de quinze anos, um empreendimento que ainda hoje é tocado pelos seus parentes – a “Confecções Demazi”, fica localizado a Rua José Clemente, 216 – ele aparece por lá praticamente toda semana, para rever os familiares e amigos, além de tratar dos seus negócios na capital.

Ele é uma pessoa empreendedora, não levou a frente o ramo de roupas militares e confecções, um negócio tradicional dos Demazi – investiu na hotelaria e turismo – são vinte e dois anos trabalhando na sua “Pousada das Pedras”.Tudo o que ele “catou” durante longos anos, está exposto no seu estabelecimento, por sinal, um lugar dos mais aconchegantes e bonitos da cidade das cachoeiras.


Para chegar até lá, o turista deve sair de Manaus, ir até a Rodoviária, pegar um ônibus (várias saídas por dia, ao preço de R$ 40,00 ida e volta, com uma hora de viagem), são 107 Km pela BR-174 e, ao chegar ao município, deve se dirigir até a Avenida Acariquara (esquina com a Rua Piquiá), numero 45, bairro Morada do Sol – telefone 92 3324-1296.




Segundo a Wikipédia “Presidente Figueiredo despontou para o turismo ecológico em razão de sua fartura de águas, selva, recursos naturais, cavernas e cachoeiras. O Ministério do Turismo catalogou mais de cem quedas d'água no município, muitas delas exploradas economicamente através do ecoturismo. É existente na área urbana e rural uma razoável infraestrutura turística em expansão. O município é mais conhecido pela usina hidroelétrica instalada ali, a usina de Balbina, no distrito homônimo, cujas obras e manutenção são responsáveis pela maior catástrofe ambiental da história do Brasil”.

Vale a pena conhecer a “Pousada das Pedras”, além de ter privilégio de conhecer um pouco da história da Manaus antiga e, da amizade e carinho do Fernando Demasi, o nosso “Pimenta”. Esse italiano tem história! É isso ai.

FIGUEIREDO EM LUTO POR “PIMENTA”, DONO DA POUSADA DAS PEDRAS.


A cidade de Presidente Figueiredo, amanheceu mais triste nesta quinta-feira, um pouco de sua alegria desapareceu com a morte nesta madrugada do empresário Luiz Fernando Demasi, carinhosamente conhecido como “Pimenta”, após travar uma feroz batalha contra um avassalador câncer. Pimenta era proprietário da Pousada das Pedras, um dos mais tradicionais hotel da Terra das Cachoeiras.
Conhecido por sua alegria e irreverência, “Pimenta” oriundo de uma tradicional família amazonense, colecionou inúmeros amigos entre, políticos, empresários, jornalistas e tantos outros que o conheciam e, por isso mesmo, foi motivo de diversas reportagens nos principais veículos de comunicação do Amazonas.
Nas redes sociais, são muitas as manifestações de pesar pelo seu falecimento, inclusive na capital onde Pimenta mantinha laços fortes de amizades, conforme mostramos aqui: 

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

PONTE A PONTE: KAKO CAMINHA A SENADOR FÁBIO LUCENA



Na semana passada fiz uma caminhada pela Avenida Brasil – aproveito para olhar a minha cidade e fotografar o que mais me chama atenção – fui até uma pequena ponte que dá acesso ao Centro de Convivência da Família Magdalena Arce Dou – ao chegar à cabeceira da Ponte Kako Caminha, no lado do bairro da Glória, pude ver a exuberância do igarapé que desemboca no Rio Negro, na Ponte Fábio Lucena, o que me motivou a adentrar numa obra do PROSAMIM, ligando as duas pontes.

A entrada está liberada ao público, desde um posto de gasolina, no bairro Presidente Vargas (Matinha, para os mais antigos) até as proximidades dos galpões da empresa Industrial Jutal.

Por lá existe uma placa do Governo do Amazonas, na qual afirma que a obra está a cargo da Construtora Gutierrez, no valor astronômico de 306 milhões de reais (acredito que esse valor inclui outras obras), com inicio em 13/07/2012 e término em 30/10/2019, portanto, VENCIDA – obra financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).


O projeto prevê a Ligação Viária Luiz Antony, no bairro de Aparecida, ligando a Ponte Kako Caminha a Ponte Senador Fábio Lucena.

A obra ainda se arrasta, com muito trabalho a ser feito, além de desapropriações em curso, muito delas conseguidas na Justiça – acredito que já houve novo Aditivo, mais verbas e novos prazos.


Dizem que o atraso foi devido ao processo de desapropriação de parte da fabrica Jutal que perdurou por dois anos, além de reassentamento de mais de trezentas famílias.

A primeira parte será equipada com ciclovia, calçada, orla para caminhada com guarda corpo, áreas revitalizadas com paisagismo, arborização, iluminação de LED, quadra de esportes e duas praças na sua primeira etapa.


Foi a primeira vez em que pisei naquele lugar, pois antigamente era conhecido como BARERI, um local violento e dominado por traficantes.

Muitas coisas me chamaram a atenção: negativo - obras atrasadas, o matagal está tomando conta das praças concluídas, os moradores ainda teimam em descarta lixo na orla – positivo: com  a retirada das palafitas, a mata da beira do rio voltou a crescer, florescer e os pássaros voltaram a morar no local, além dos últimos moradores (lá do fundão) voltaram a ser os primeiros!

Estou torcendo pela finalização das obras e comparecer na inauguração no ano que vem! 

É isso ai.

Fotos: José Rocha

A MODA NA MANAUS BELLE ÉPOQUE


* texto da CCPRN


A Belle Époque é sem dúvida um dos períodos mais marcantes do século passado. A tradução do francês que a intitula “A BELA ÉPOCA” resume um período próspero, muito celebrado em vários países no mundo. Era um momento de bastante euforia, devido aos avanços da Revolução Industrial, que fez surgir na sociedade uma representativa classe emergente.

A França ditava as tendências e no Brasil seguia-se a moda européia, ainda que nosso clima não comportasse tais padrões. Mesmo assim homens e mulheres insistiam em reproduzir os hábitos franceses. Era comum ouvir as pessoas conversando em francês nas ruas. Algumas chegavam ao ponto de enviar suas roupas, de navio, para serem lavadas em Paris, pois acreditavam que aqui ainda não se sabia lidar com tecidos nobres.


A moda deste período é marcada pelo luxo e beleza das roupas, grandes chapéus, elaborados, muitas plumas, tecidos leves, rendas, bordados e drapés em cores claras ou estampas com motivos florais e muitas fitas. Para os homens, formalmente, sobrecasaca, terno e cartola, as calças era curtas e estreitas e os jovens começaram a usá-la com bainha virada e com vincos na frente. Os colarinhos eram engomados e muito altos, retos em volta do pescoço. As barbas eram pontuadas e haviam generosos bigodes.


Centro Cultural Palácio Rio Negro (antigo Palácio do Governo do Amazonas, na Avenida Sete de Setembro).

domingo, 24 de novembro de 2019

RUI MACHADO – AMAZÔNIA – ARTE & FATOS


Nos dias 25 de outubro a 26 de novembro, na Galeria de Artes do ICBEU, o artista plástico amazonense Rui Machado fez sua mais nova exposição individual, reunindo obras inéditas, todas dedicadas a nossa terra, nossa gente e a nossa memoria.

No dia 25 de outubro, uma sexta-feira, aconteceu a abertura da amostra, onde pude reencontrar muitos amigos, além da presença da alta sociedade manauara – teve a apresentação da AMAZONAS BAND, com a batuta do maestro Rui Carvalho, além de um desfile de modas da grife BEM DITAS, de Sonia Jinkings, com estampas de Rui Machado.



Segundo o Luís Fabian, Presidente do ICBEU Manaus “O festejado artista plástico Rui Machado, possui uma visão, ora realista, ora romântica – choca e surpreende, preocupa e emociona ao expectador diversos sentidos e triunfa, ao fazer brotar o desejo e a esperança de preservação da Amazônia, de sua mata, de seu povo, de sua cultura”.


O Rui Machado declarou: “Misturo minhas emoções e meu universo real e concreto, resultando em arte e fatos, (re) apresentando tudo que possa com o (meu) tempo e com a finitude humana – e complexo, e instigante e eh ate angustiante, mas e inexorável”.


No antepenúltimo dia da amostra, voltei ao ICEBEU, em companhia da artista plástica mirim, a minha neta Maria Eduarda – fomos bem recebidos pelo Rui Machado, que nos brindou com carinho, cafezinho e sucos, além das fotos para a posterioridade.


Todos os visitantes recebem um belíssimo livro composto pela Editora Reggo, acompanhado de um CD com dezenove composições do Rui Machado, tais como: Encontrar Você – Navegantes do Folclórico – Apague a Luz – Por um Triz, Carimbo no Tucupi – dentre outras.


Todas as 43 obras foram vendidas – foi um sucesso total!


Parabéns, Rui Machado!

terça-feira, 12 de novembro de 2019

LÚCIO BAHIA (DOURADO)



O cantor, compositor, poeta e estudante eterno da sociologia (um camarada dedicado ao estudo do funcionamento das sociedades humanas e das leis que regem as relações sociais etc.) Lúcio Dourado (nome de batismo) e Lúcio Bahia (nome artístico) resolveu deixar a cidade de Manaus, para morar no beiradão do Rio Solimões, na Vila do Caldeirão, em Iranduba.



Por lá planta ervas medicinais, árvores frutíferas e cria animais, tudo natural, orgânico e sem agrotóxicos, com o intuito de ter uma alimentação saudável, alem de melhoria da sua qualidade de vida e viver em contato com a natureza.



Pois bem, semana passada, tive a honra de encontrá-lo na Praça da Polícia, onde estava trabalhando, profissionalmente, na Primeira Manaus Livros e Poesia.



Falou-me sobre o seu passado em Manaus, não só como boêmio, mas, na qualidade de ter sido um grande vendedor de leite holandês e de material publicitário, onde amealhou muita grana, tendo oportunidade de morar numa mansão na Avenida Getúlio Vargas, com muitos carrões na garagem.
Teve, assim como muitos tiveram, os altos e baixos da vida. Conheceu o mel e o fel. Muitos amores e dissabores.



Curtiu e viveu intensamente tudo o que a grana é capaz de oferecer.



Hoje, vive mais intensamente no seu lugar, que resolveu chamar de seu.



Vem à cidade apenas para tocar, cantar, encantar e ganhar o seu merecido cachê e comprar os seus mantimentos e nutrientes para ele, sua roça e seus animais.



Como escreveu o poeta João Nogueira “Eh, vida boa. Quanto tempo faz. Que felicidade! E que vontade de tocar viola de verdade. E de fazer canções como as que fizeram meu pai”.



Ele passou uma temporada em Maués, onde possui o mais lindo pôr-do-sol do Brasil, inspirado nas belas praias, compôs a bela canção chamada Beira de Rio “Como é bom morar na praia, no lugar que se imagina, viver, numa praia, na beira do rio, me dar arrepios, saber que a sua cabeça, não está nesse lugar, na beira do rio, canta passarinhos, na beira do rio, olha o Sol se pondo, aonde ele se esconde, do outro lado da praia, do lugar que se imagina, oi, oi, oi, Maués”.



Faz muito tempo, na época do Armando e do seu Bar Doce Lar (Palheta) - o Lúcio Bahia apareceu por lá pela primeira vez (eu acho), ele foi convidado pelo Manoelzinho Batera, para fazer uma curta apresentação, sem cachê, é claro! Pois bem, o cantor esqueceu-se do Cabo do violão, foi quando resolvi ajudar, fui até a mesa do Benfica e o levei ao palco improvisado, falei ao Bahia: - Que porra de Cabo, serve um Coronel? Todos riram, com exceção do Coronel Benfica, que a época estava afônico, ficou puto e puxou a minha orelha!



Ele gosta de conversar comigo, pois me acha um cara espirituoso, por em qualquer tempo ou situação, estou rindo da bonança ou da miséria, sem reclamar!



Um fato curioso, recente, foi que o Bahia, em seu sítio no Caldeirão, batizou o seu porco de estimação com o nome do mandatário político maior da cidade de Iranduba, o barrão chama-se CHICO DOIDO!
Ele justifica, todo porco é Chico (sinônimo informal). Quando o meu porcino era ainda um bacuri, gostava de mamar mais do que os seus irmãos, cresceu forte e sadio; o outro, SEMPRE MAMOU NAS TETAS DO GOVERNO!
O meu suíno adora uma lama; enquanto o outro VIVE NA LAMA DA CORRUPÇÃO! O meu porcão está na dieta da sopa, deu sopa ele come e caga; enquanto o outro COME E FAZ MERDA TODA DIA! O meu frimão é doido pela porca da vizinha; enquanto o outro É DOIDO POR DINHEIRO E PODER!



Mudando de pau para cacete, o Lúcio está ressurgindo das cinzas, igual ao Fênix – com novas canções, novos contos e encantos, fazendo shows para os turistas e surfistas.
Parabéns, mano velho!


Fotos: Rocha (duas)

sábado, 9 de novembro de 2019

QUARENTA ANOS DA INAUGURAÇÃO DO PRÉDIO DO CENTRO DE OPERAÇÕES DA TELAMAZON



Em 2020 o prédio da TELAMAZON - Telecomunicações do Amazonas, situado na Avenida Getúlio Vargas com a Rua Leonardo Malcher, centro de Manaus, estará completando quarenta anos – um belíssimo edifício projetado pelo arquiteto mineiro/amazonense Severiano Mário Porto.

A CAMTEL – Companhia Amazonense de Telecomunicações, que funcionou desde 1968, foi substituída pela TELAMAZON, que funcionou até o governo do Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), quando foi privatizada juntamente com todo o sistema TELEBRÁS – diz as más línguas que, o presidente tomou partido para favorecer um determinado consórcio (foram grampeados os telefones do BNDES, porém, a Polícia Federal se negou a investigar).


Todos os projetos do Severiano Mário Porto tinham a preocupação com o meio ambiente, tanto que o prédio da TELEMAZON dispunha de energia solar (uma novidade para a época), para atender a cozinha com água quente a 70 graus.

O prédio foi inaugurado pelo Ministro das Comunicações Haroldo Corrêa de Matos, pelo presidente da TELAMAZON, o Sérvio Túlio Prado, e das mais altas autoridades do Estado do Amazonas.



Com cinco andares, onde comportava todo o complexo administrativo, um auditório, para 72 pessoas, além de um refeitório que atendia 170 funcionários, simultaneamente.


Atualmente, o prédio pertence ao Grupo Samel, abrigando o Centro Médico Getúlio Vargas.

BLOGDOROCHA: O CUNHADO CHATO

BLOGDOROCHA: O CUNHADO CHATO: Para começar, cunhado não é parente, mas aquele chato, será aderente até os finais dos tempos, sempre ficará na tua cola, mesmo depois d...

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

CHICO GOMES: O REI DO QUEBRA-QUEIXO DE MANAUS


Ao passar pela Avenida Eduardo Ribeiro com a Rua Barroso, parei para conversar com o meu velho amigo Francisco José Gomes, mais conhecido como “Chico do Quebra-Queixo” - um trabalhador que completara sessenta anos de profissão, vendendo o mesmo produto pelas ruas de Manaus.

O quebra-queixo possui vários significados, porém, o que estou me referindo é um preparado de caramelo com castanhas do Brasil, duro que nem uma pedra e, cortados em pedaços com uma espátula de metal, com o tamanho de acordo com o bolso do freguês (o menor custa três reais).

Ao colocar na boca, o gosto é indescritível, uma delícia, mas, gruda na arcada dentária de tal forma que, quem não tiver paciência poderá quebrar os dentes, a dentadura e até o queixo!  

Conheço o Chico desde quando eu estudava no Colégio Barão do Rio Branco, situado na Avenida Joaquim Nabuco, quase em frente ao Hospital da Beneficente Portuguesa – faz muito tempo, não é mesmo? 

Naquela época, eu e meus irmãos éramos todos curumins e, o Chico era um rapazinho que já trabalhava para ajudar a sua família.


Todo santo dia rodava os colégios Dom Bosco, Brasileiro e Barão – na hora da merenda, colocava o seu tabuleiro bem em frente ao meu colégio, vendendo essa guloseima que era feita pelos seus pais.

Aliás, essa é uma tradição que vem do seu avô, que passou para o seu pai e, aos quinze anos, o Chico já fazia os seus doces, e, este já passou para a sua filha, que possui a sua própria banca de venda de quebra-queixo na Galeria Espirito Santo.

Do produto da venda desse doce, ajudou os seus pais e irmãos mais novos, tirou o seu próprio sustento, constituiu família, criou os filhos e ainda dá para ajudar na educação dos netos.

Ele está com 72 anos idade, em plena forma física, vive sempre alegre e satisfeito, pois apesar de não ter completado o ensino fundamental, abraçou esta profissão que lhe dá um bom rendimento diário.

Por ter trabalhado durante muitos anos nas portas dos colégios, muitos moleques que compravam a sua guloseima naquela época, passam, ainda hoje, pela sua banca para comprar este doce; alguns são professores, doutores, políticos e até empresários.

Ele não esquece os seus nomes, tanto que ainda lembrou o meu nome (José), dos meus irmãos (Rocha, Henrique e Graciete) e até do papai (Rochinha do Violão), pois ele também vendia pela Rua Huascar de Figueiredo e Igarapé de Manaus.

Lembrou, também, do meu colega Roberto Telles, um dos filhos do Doutor Conte Telles (um famoso médico que morava na Huascar).

Ficou famoso em Manaus, tanto que gosta de mostrar aos clientes e amigos, um recorde de uma matéria de página inteira, feita pelo Jornal Diário do Amazonas, em 2006, com o título “Chico Gomes: O Rei do Quebra-queixo de Manaus”.

Pelo visto, algumas tradições ainda persistem em nossa cidade, ainda bem! Parabéns ao nosso querido amigo Chico Quebra-queixo. É isso ai.