domingo, 18 de fevereiro de 2024

COMÉRCIO DA ZONA FRANCA DE MANAUS – DÉCADA DE 70 A 90

 


José Rocha

Neste texto, vou contar um pouco sobre as mudanças que aconteceram no centro de Manaus, hoje chamado de Centro Histórico, onde vivi por algumas décadas. Muitos jovens que passam por lá todos os dias não fazem ideia de como elas ocorreram.

O centro de Manaus era um polo de atração de turistas de todo o Brasil, graças à Zona Franca de Manaus, que oferecia produtos importados, principalmente de áudio, vídeo e som, a preços vantajosos. O mercado brasileiro estava praticamente fechado para o mercado externo, com taxas de importação altíssimas e outras barreiras alfandegárias.

A demanda era tão grande que os hotéis viviam lotados, e os turistas tinham que se hospedar até em motéis e hotéis de quinta categoria. Manaus era a Meca dos turistas ávidos por produtos importados. A companhia aérea Varig, sentindo a grande demanda, construiu o imenso Tropical Hotel Manaus.

A maioria dos produtos vinha do Japão e tinha uma qualidade superior, como Yamaha, Aiwa, Panasonic, Sansuy, Olympus, Honda, Yanmar, entre outras. Com o passar do tempo, a maioria delas se instalou no Distrito Industrial.

No início, as grandes empresas amazonenses se destacaram: Moto Importadora, Central de Ferragens, S Monteiro, TV Lar, Souza Arnaud, Antônio M Henriques, entre outras.

O metro quadrado do centro de Manaus era o mais caro do Brasil, e ficou tão valorizado que muitos prédios antigos foram destruídos e divididos em cubículos para serem alugados para os novos empresários, que começavam em uma portinha e com o tempo enriqueciam, montando grandes lojas de varejo.

Algumas ruas do centro foram fechadas para a circulação de automóveis, como Marechal Deodoro, parte da Guilherme Moreira, Marcílio Dias, parte da Doutor Moreira e parte da Henrique Martins.

Os turcos dominaram parte da Rua Marechal Deodoro, com lojas de tecidos, roupas e confecções. Os indianos possuíam grandes lojas de eletroeletrônicos e investiram muito em hotéis, como o Taj-Mahal e outros na Avenida Getúlio Vargas.

As empresas tinham um limite para importar, chamado de “Cota de Importação”, e era comum as grandes comprarem as cotas das pequenas, além dos turistas terem, também, uma cota de saída. Isso virou um negócio para muita gente que passava o mês todo viajando para levar produtos importados para o sul do país.

A movimentação era enorme, os armazéns do Porto de Manaus sempre cheios de mercadorias e muitos navios esperando a vez para atracar. Muita gente ganhou muito dinheiro: fiscais, despachantes, corretores, cambistas, carreteiros, etc. Além de bancos, importadoras, transportadoras, hotéis, etc.

Todo esse boom chegou ao seu fim quando o Collor de Mello assumiu a presidência da república, congelou a poupança e abriu o mercado brasileiro aos produtos estrangeiros.

Os grandes centros do país começaram a importar e o comércio da Zona Franca perdeu a sua competitividade. Foi então que os comerciantes começaram a comprar produtos baratos e de baixa qualidade dos chamados Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, depois, Malásia, Indonésia e Tailândia), destinados para o público local, pois os turistas de compras sumiram.

Assim como a grande maioria dos seringalistas quebrou no início do século, os comerciantes do centro de Manaus quebraram, também. No entanto, o Distrito Industrial ficou super valorizado e centenas de indústrias se instalaram.

O comércio da Zona Franca de Manaus ficou capenga, mas, conseguiu sobreviver a duras penas, dando lugar a produtos falsificados da China, além de se tornar o maior centro de vendas de roupas, calçados e confecções para o público local.

O relato acima foi fruto da minha vivência e experiência no comércio importador de Manaus, pois trabalhei durante anos naquele local, passando pela Central de Ferragens, Braga & Cia, Importadora Souza Arnaud e Mirai Panasonic.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

DO CENTRÃO AO RAPIDÃO: UMA VIAGEM NO TEMPO E NO ESPAÇO

 

José Rocha

Se você não é cabocão, sessentão e morador do centrão, talvez não entenda a relação entre o título deste texto e o seu conteúdo. Mas eu vou mostrar que há, sim, uma ligação lógica e poética entre eles.

Eu nasci e cresci no centro de Manaus, a parte histórica da nossa cidade, onde tudo começou e terminou, entre glórias e tragédias.

Eu sou da época em que a maioria das pessoas morava no centrão, mesmo que já existissem alguns bairros mais distantes. Eu me lembro que na minha infância a minha cidade terminava no Boulevard Amazonas, e que o “fim do mundo” era o Balneário do Parque 10, o V-8, a Ponta Negra, a Ponte da Bolívia e a Cachoeira do Tarumã. O resto era floresta.

No Centrão, ficavam quase todos os bancos, as lojas, os eventos sociais, as repartições públicas, os clubes de futebol e suas sedes. Era lá que rolavam as festas e as manifestações, as alegrias e as revoltas, as conquistas e as perdas.

Eu sou da época em que não havia internet, celular, redes sociais, computador pessoal, YouTube, Spotify, TV Smart, nada disso.

Eu sou da época da máquina de escrever, do ábaco, do papel carbono, do retroprojetor, das cartas simples e seladas enviadas pelos correios, do disco de vinil, do toca-discos, do rádio a pilha, da calça pantalona, da festa do acocho.

Depois, vieram o cartão magnético, o fax, a impressora matricial, a fita cassete, o disco CD, o celular tijolão, e por aí vai.

Eu vi o Teixeirão destruir parte do centrão, com os ricos preferindo morar em condomínios de luxo.

Eu vi os pobres fazerem queimadas e invasões, dando origem a vários bairros nas periferias.

Eu tive o privilégio e a angústia de presenciar e vivenciar toda essa transformação da minha cidade, com mudanças profundas no modo de viver e sentir a cidade, nos hábitos, nas tecnologias, no crescimento desordenado, nas desigualdades sociais, na zona norte e leste e até nos programas de TV que mostravam quanto mais sangue, melhor.

Por ver todas essas mudanças, eu me tornei um saudosista e comecei a escrever sobre a minha cidade, a minha infância e adolescência.

Alguns jovens gostam de me criticar, dizendo que “quem gosta de coisa antiga é museu”. Eu acho que o museu é quem gosta de mim, pois eu sou frequentador assíduo das bibliotecas e dos museus da minha cidade. Eu adoro ler jornais antigos, além de fotografar e filmar o nosso Centrão para fazer comparação.

A pedido do meu filho mais velho, eu fui morar na zona norte, com a intenção de ter uma melhor qualidade de vida, pois segundo ele, o Centrão estava degradado e violento.

Eu passei cinco anos da minha vida morando por lá, num lugar que antes era mata virgem desmatada pelos tratores para abrigar o aumento desenfreado da população.

Por lá eu conheci muitas pessoas, fiz amizades e inimizades, também, pois alguns não gostavam das minhas histórias que eu contava da minha vida no Centrão.

Eu os respeitava, pois eles não tinham histórias para contar, a não ser os mais velhos que vieram do Centrão para morar naquele torrão.

Eu e meu filho fomos e ainda somos parceiros em negócios, desenvolvemos vários projetos de vendas ao consumidor, o que me deu oportunidade de conhecer praticamente toda a zona leste, norte e oeste.

Recentemente, eu soube que o governo do Amazonas inaugurou um sistema rodoviário chamado “Rodoanel”, mais conhecido por “Rapidão”, que permite ao cidadão sair do Distrito Industrial 2 e chegar “rapidinho” na AM-10 ou pegar a Ponte Rio Negro e ir para Iranduba, no Calderão.

Eu pensei: “Caramba, eu conheço tudo isso como a palma da minha mão, eu posso sair do Centrão, onde eu nasci, e andar por todos esses lugares sem precisar de um Google Maps da vida para percorrer o Rapidão!”

Engraçado, eu conheço muitas pessoas do Centrão que não sabem nem onde fica o Rapidão. Por outro lado, eu conheço, também, muitas pessoas que moram perto do Rapidão e não gostam dele, pois dizem que ele trouxe mais poluição, barulho e violência para a região.

Eu acho que o Rapidão é uma metáfora da minha vida, uma mistura de nostalgia e modernidade, de passado e presente, de centro e periferia, de velocidade e lentidão, de progresso e destruição.

Eu sou do Centrão, mas também sou do Rapidão. Eu sou um viajante no tempo e no espaço, uma testemunha da história e da geografia da minha cidade, um contador de histórias e um criador de memórias.


Observação: O texto foi de minha criação, no entanto, contei com a ajuda e correção do Microsoft Bing + ChatGPT, ou seja, da Inteligência Artificial.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

154 ANOS DA RUA JOSÉ CLEMENTE

 

154 ANOS DA RUA JOSÉ CLEMENTE

José Rocha

Em 15 de fevereiro de 1870, este importante e histórico logradouro público recebeu o nome de José Clemente, portanto, está completando 154 anos de existência.

O projeto de lei municipal foi de autoria dos vereadores Antônio Malcher e Antônio da Cunha Mendes, recebendo novas obras, respectivamente nos anos de 1896 (data da inauguração do Teatro Amazonas) e 1897, com serviços realizados por diversos empreiteiros, entre os quais A. J. Coulamy e Florêncio de Almeida.

Antigamente, aquele lugar ficava no bairro de São José. A rua começava na atual Rua Luís Antony e terminava, como ainda hoje, no Largo de São Sebastião.

A via é em homenagem a José Clemente Pereira (1787-1854), português que veio para o Brasil em 1815. Ele foi político, jurista, Ministro da Guerra em duas ocasiões, Senador pela província do Pará e defensor da independência do Brasil.

A Rua José Clemente é famosa e histórica por abrigar diversas residências de seringalistas, governadores, instituições militares, templo espírita, bares tradicionais de Manaus, dentre outros:

  1. 27º BC (Batalhão de Caçadores) do Exército, atual Colégio Militar e Campo do General Osório;
  2. Bar Natália, atualmente, abriga diversas barbearias;
  3. Salão Grajaú;
  4. Alfaiataria Demazi;
  5. Salão Barbosa;
  6. Primeira Sede do Olímpico Clube, atual anexo do Bar Caldeira;
  7. Bar Caldeira;
  8. Muro do Hospital de Santa Casa de Misericórdia, onde houve uma explosão da Caldeira em 14 de janeiro de 1970;
  9. Lateral do Palácio da Justiça;
  10. Residência de Seringalistas, casas geminadas, atual Motel Xavante;
  11. Federação Espírita do Amazonas;
  12. Fábrica Baré, depois Loja Credilar Teatro, Caixa Econômica Federal, um prédio construído pelo arquiteto Severiano Porto;
  13. Residência do governador Eduardo Ribeiro, depois engenheiro Bretislau de Almeida e da União, atualmente Museu Casa Eduardo Ribeiro e Academia Amazonense de Medicina;
  14. Diversas casas históricas do Largo de São Sebastião, dentre eles a lateral do Teatro Amazonas.

Para fechar com “Chave de Ouro” o aniversário da Rua José Clemente, teremos, hoje, o melhor e maior carnaval de rua de Manaus, com o “Bloco do Caldeira”.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

OS FENÍCIOS ESTIVERAM NO AMAZONAS ANTES DA ERA CRISTÃ

 

Foto: Capa do Livro

José Rocha

No ano passado, durante uma vazante severa, as gravuras e inscrições na Ponta das Lages emergiram, gerando muitas polêmicas em decorrência das intervenções de um grupo de arqueólogos. Diante desse fato, passei a ler com mais atenção o livro “Inscrições e Tradições da América Pré-histórica, Especialmente do Brasil”, do cientista amazonense Bernardo Ramos, para poder entender um pouco mais sobre os nossos antepassados.

Bernardo de Azevedo da Silva Ramos nasceu em Manaus, em 13 de novembro de 1858, e faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de fevereiro de 1931. Foi um arqueólogo (um profissional que estuda as sociedades e culturas do passado por meio de objetos fabricados e utilizados no passado), linguista (um profissional que estuda a linguagem humana em todas as suas formas e manifestações) e numismata (um colecionador e estudioso de moedas e cédulas antigas).

Foi um cientista muito admirado e respeitado no Brasil e no exterior até os dias atuais pelo seu importante trabalho acadêmico. Viajou pela Europa e oriente Médio, percorrendo a Palestina e o Egito, onde adquiriu o conhecimento de diversas línguas, dentre elas o hebraico, o fenício e o sânscrito, o que lhe permitiu a leitura de diversas moedas. Ele organizou um acervo de numismática dos mais importantes do Brasil, vendendo-o para o Estado do Amazonas em 6 de outubro de 1899. O acervo está em exposição no Museu de Numismática Bernardo Ramos, no Palacete Provincial.

Fiz o download digital do seu livro, impresso originalmente pela “Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 1939 e 1945”, anos depois de sua morte.

Segundo o autor, os fenícios estiveram na América muitos anos antes da Era Cristã, e conseguiu decifrar a maioria das inscrições que foram deixadas por eles no Amazonas, Rio de Janeiro e na região Nordeste.

Ele era considerado o Champollion Amazonense, por traduzir inscrições lapidares, não só do Brasil, como de diversas partes do mundo. Muitos podem estar se perguntando: Os fenícios estiveram no Brasil antes do nascimento de Jesus Cristo?

Existe uma teoria que afirma a presença deles aqui, sim, senhor. É uma teoria defendida por alguns historiadores, dentre eles, Ludwig Schwennhagen e Bernardo Ramos, baseando-se em registros na forma de inscrições e artefatos, pois as línguas indígenas do Brasil e das Américas são semelhantes às línguas semíticas (árabe, hebraico, aramaico, etc.).

Além disso, existe uma semelhança de tradições indígenas brasileiras, como a mitologia tupi-guarani, com as antigas tradições mediterrâneas.

Existem outros historiadores antigos que escreveram sobre as viagens das frotas do rei Hirão de Tiro, da Fenícia, e do rei Salomão, da Judeia, no rio Amazonas, nos anos de 993 a.C. a 960 a.C.

A obra de Bernardo, também, apresenta letreiros e inscrições do Brasil e da América, comparando-os com inscrições semelhantes dos países do velho mundo, observando que elas eram homogêneas.

“Tudo nos faz crer (que até a queda de Cartago. 146 anos a.C., o Oceano era cortado pela quilha de navios que frequentemente eram guiados por povos navegadores, entre eles os Fenícios, que segundo a Bíblia, conheciam todos os mares. É o mais insigne do poder marítimo, da extensão, do comércio e da magnificência deste extraordinário povo das remotas eras” (SILVA, 1938, p. 81).

O autor cita centenas delas traduzidas por ele. Três delas, por exemplo, foram as seguintes:

Morro da Gávea, Rio de Janeiro: LAABHTEJBARRIZDABNAISINEOFRUZT". Tendo em conta que o fenício é escrito da direita para a esquerda, acredita-se que a inscrição deve ser lida como “TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL”, que é traduzido aproximadamente como “Tiro, Fenícia, Badezir, primogênito de Jethbaal”. Alega-se que isto possa corresponder a um governante fenício chamado Badezir que governou Tiro em meados do século IX a.C., c. 850 a.C. Também se alega que o “rosto” da rocha foi esculpido à semelhança de Badezir.

Em Manaus, na Ponta das Lages, além dos rostos, Bernardo encontrou os nomes históricos de Nebe, Gallad, Belial, Neze, Gaal e Belus, escritos em caracteres fenícios e, em caracteres árabes, a máxima “Fortuna rápida dá ruína”.

Em Itacoatiara, o significado das gravuras nelas inscritas: “Juramos aqui reunidos em grande número. Aqui tomamos posse expulsos das delícias a Tingis, salvos dos filhos de Ileber. Delícias encontramos nós filhos do vento e do mar”.

Apesar deste trabalho minucioso e exaustivo de Bernardo Ramos, ainda existem muitos historiadores que duvidam dos seus trabalhos científicos. Tudo o que foi inexplicável durante milênios sempre gerará dúvidas quando alguém o decifra, principalmente, quando o pesquisador afirma que os fenícios estiveram no Brasil muitos anos antes da era cristã.

Eu, particularmente, acredito e coloco fé nos trabalhos do nosso conterrâneo Bernardo Ramos.

Fontes:

Livro : Inscrições e Tradições da América Pré-histórica, Especialmente do Brasil, Bernardo Ramos”

https://pt.wikipedia.org/.../Teoria_da_presen%C3%A7a_de...

https://cultura.am.gov.br/.../museu-de-numismatica.../

https://pt.wikipedia.org/.../Bernardo_de_Azevedo_da_Silva...

sábado, 3 de fevereiro de 2024

VELHOS E NOVOS CARNAVAIS.

 


José Rocha

O tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus já era. Mas as lembranças dos carnavais que vivi continuam frescas na minha memória, como se fossem ontem.

Comecei a curtir a folia quando era um pirralho, no Clube do Amazon Hotel, que ficava na esquina da Rua dos Andradas com a Rua Rocha dos Santos. O prédio continua de pé, mas está morto por dentro.

O meu pai juntava toda a família, comprava as fantasias mais baratas que encontrava e levava a gente para se divertir no salão. Eu me lembro bem, devia ter uns dez anos. O clube ficava no segundo andar, e eu adorava brincar na escada de madeira que rangia a cada passo. Também gostava de catar no chão os confetes e serpentinas que sobravam, para jogar de novo nos outros foliões.

Meu pai tomava uma cerveja bem amarga chamada XPTO, que alguns a apelidavam de “Pata Choca”. Eu e a molecada ficávamos no Graphete e no Baré Cola, que eram os refrigerantes da época.

Depois, apareceu a famosa “Mãe das Bandas”, a Banda do Mandy´s Bar, do Hotel Amazonas. Certa vez, houve uma confusão danada, quando os “Biqueiros” se encontraram com os “Rapazes Alegres” no sábado magro de carnaval, saíram correndo atrás dos rapazes alegres, e acabaram com a banda do hotel. Foi uma cena hilária, parecia filme de comédia pastelão.

Eu também me lembro das “Batalhas de Confetes” e dos desfiles dos “Blocos de Sujos”, na Avenida Eduardo Ribeiro. Era uma festa só, eu me amarrava em pegar as tampinhas de refrigerante que os blocos jogavam. Eram miniaturas de garrafas, que eu colecionava. Eu subia e descia a avenida, sem parar.

Na minha adolescência, eu vi os primeiros blocos carnavalescos, que depois viraram as primeiras Escolas de Samba de Manaus. Eu me lembro da Unidos da Selva, era dos militares que tinham uma onça de papel machê como símbolo. Da Unidos do Rio Negro, que tinha o Galo Carijó como mascote. E da Barelândia, do Maranhão, do Boi Luz de Guerra, da Matinha.

A Avenida Eduardo Ribeiro ficou pequena para tanta gente, e então mudaram o carnaval para a Avenida Djalma Batista. Os desfiles foram lá até 1990, e depois foram para o Sambódromo.

Eu assisti a muitos desfiles na “Passarela do Samba”, e ficava até o sol raiar. Mas eu nunca desfilei em nenhuma Escola de Samba. Não tenho nenhuma preferida, mas sempre gostei do Morro da Liberdade e da Vitória Régia.

Elas tinham as fantasias mais bonitas e as baterias mais animadas. Eu gostava de pegar algumas fantasias que eram jogadas fora na “dispersão”, e levar para enfeitar os carnavais do meu bairro.

Eu fui em quase todas as bandas de carnaval do centro de Manaus, mas hoje em dia eu só vou à Bica, no Bloco do Caldeira e na Banda do Jaraqui. São as mais tradicionais e as mais divertidas.

Eu também gosto de assistir aos desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, pela televisão. Eu ainda tenho vontade de ir um dia ver ao vivo e a cores os desfiles na Sapucaí.

O tempo está passando, mas eu ainda participo dos carnavais, pois o samba corre em minhas veias. E como diz o ditado: quem é rei nunca perde a majestade.

Viva o carnaval! 🎉