sábado, 30 de janeiro de 2010

O ADEUS AO C-115 - O BÚFALO DA AMAZÔNIA


O avião era chamado de Búfalo, serviu na Amazônia até 2008, quando foi definitivamente desativado; era utilizado no lançamento de pára-quedas e transporte de cargas leves. O canal de televisão “AmazonSat” fez uma brilhante cobertura da despedida deste importante avião.

Segundo os especialistas, este avião foi fabricado no Canadá, pela De Havilland Canadá, tinha 29,26 m de envergadura e 24,08 m de comprimento. O grande diferencial era que ele tinha um “STOL”, o que garantia um pouso em pequenas faixas de terra e cobria longas distâncias na Amazônia.

Serviu por mais de 40 anos, ajudando no projeto para integrar a região da Amazônia e ampliar a presença das Forças Armadas em todo o território da floresta.

Segundo os pesquisadores Hélio Higuchi & Paulo Roberto Bastos Jr “A utilização do Búfalo na FAB no início de sua vida operacional não se diferenciou do perfil que era empreendido pelos C-82, o de típico transporte militar de carga e tropas. Apenas quando o 1º/9º GAv recebeu os seus exemplares é que o C-115 teve suas principais características exploradas ao limite. A história do Búfalo na FAB funde-se indelevelmente com a realidade diária da imensidão da Amazônia. Com número reduzido de pistas capazes de receber aviões de grande porte e incalculáveis distâncias impossíveis de serem percorridas por terra ou mesmo de barco, a floresta amazônica é completamente dependente do transporte pelo ar. E o C-115, desde o início, foi peça chave para a vida da população da selva. Nesses quase 40 anos de operação, ele foi fundamental no apoio às três Forças Armadas e à diversas agências governamentais que atuam na região, atuando em missões de logística, transporte de tropas, reabastecimento de destacamentos do Exército, Marinha e Aeronáutica, abastecimento de aldeias indígenas e pequenos povoados, evacuação aero médica e diversas outras atividades que só podiam ser executadas em função da capacidade do avião de operar nas piores e menores pistas imagináveis, com segurança e eficiência. Deve-se salientar também, como prova de sua confiabilidade, que, nos acidentes ocorridos com o modelo durante sua vida operacional até aqui, não houve a perda de nenhuma vida. A substituição dos Búfalos pelo CASA 295 encerra um capítulo brilhante na história da Força Aérea, que agora trabalha para alcançar a modernização da frota sem detrimento das missões cumpridas pelos vetores que saem de cena”.

Este gringo “cabocão” da Amazônia cumpriu a sua missão, um grande guerreiro; não sou militar, mas bato continência para ele; foi aposentado compulsoriamente, pois ainda tem fôlego para prestar algumas missões especiais no interior de São Paulo e no Equador (alguns C-115 foram doados pelas Forças Armadas do Brasil). Valeu C-115! Selva!


sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

LAURO GOIABA

Antes da explosão demográfica da cidade de Manaus, a grande maioria dos habitantes se conheciam (saudades da nossa Manaus antiga!); os considerados mais folclóricos ou “figuras” eram bastantes populares por todos os moradores, existiam muitos, os mais notórios da minha época eram: Lauro Goiaba, José Aquino Carapeta, Boca de Bilha, Eurico do Galo Gay, Peixeiro do Guarany, Jaú Mão Boba e a Carmem Doida.

Dos citados, o que eu conheci e convivi, foi o senhor Lauro, conhecido por todos como “Goiaba”, não sei informar o porquê do apelido – foi meu vizinho, na Rua Igarapé de Manaus, era também um grande amigo do meu saudoso pai; trabalhou durante anos na antiga Cosama, conhecida também por “Colama”, empresa que cuidava do sistema de águas e esgotos do Amazonas; a sua função era de encanador (consertava os canos danificados da cidade), mesma após a merecida aposentadoria, continuou exercendo o seu oficio para os seus inúmeros clientes em Manaus.

Apesar de ser um excelente profissional, não era famoso somente pela sua bela profissão, mas sobretudo por ser um torcedor "roxo", ou melhor, "azul até a alma" pela equipe futebolística Nacional Futebol Clube e, pela paixão pelos carnavais de rua de Manaus.

A sua residência sempre foi pintada de azul e branco; a bandeira do “Naça” ficava no alto de um grande mastro; as suas filhas, conhecidas por “As Goiabetes”, eram as torcedoras mais calorosas e animadas, nos dias em que o time jogava; os seus filhos foram grandes jogadores, do Nacional, é claro! Nunca vi um torcedor tão fiel ao seu time, nunca perdeu um jogo sequer, quando a peleja era na capital do Amazonas; nos dias de clássico Nacional (Leão da Vila) X Rio Negro (Galó Carijó), a festa começava bem cedo: reunia todos os vizinhos para um “birinaite”; utilizava uma parafernália eletrônica chamada de "A Voz do Goiaba", colocava no volume máximo o hino do Nacional, para incentivar todos a irem ao estádio; bancava o transporte, os ingressos, a pinga e a charanga para animar a festa – com todos esses incentivos, não dava para recusar a assistir ao jogo de futebol.

Além do Nacional, outra grande paixão do Goiaba era o carnaval de rua, ninguém conseguia suplantá-lo em alegria e descontração; curtiu muito os “Blocos de Sujo” da Avenida Eduardo Ribeiro, além da Banda do Neca, Armando e do 5 Estrelas – as suas fantasias preferida eram a de Pierrô e da Colombina. Durante a semana momesca, gostava de andar de bicicleta, vestido de palhaço, ficava buzinado o dia todo, tudo era festa, tudo era carnaval! Incentivava os meninos, as meninas, os rapazes e as moças, também os velhos e as velhas a bricarem a folia de carnaval! Que figura, mano!

Acredito que o Goiaba já passou da casa dos oitenta, está passado da hora do Nacional Futebol Clube e a Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas, fazerem um bela e justa homenagem ao grande torcedor e folião Lauro Goiaba.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CAPA DO CD BICA 2010



Caro Rocha,

Estou te enviando em primeira mão a capa do CD BICA 2010 é um furo, porque nenhum blog publicou, o que tem disponível nos blogs é apenas o maravilhoso desenho do Junior Lima. Eu enfeitei o "maracá" do Junior. Se for possível coloca o telefone 9976 3977 9607 6313 para quem se interessar em adquirir o CD, só temos 50 cópias disponíveis, custa somente 10 "bicos de corujas" e contem todas as nossas marchinhas, ao todo são 10 faixas + 1 da Internacional marchinha do Bloco da "Jacú" (no Pau) citada pelo Macaco Simão no Jornal do Brasil em 2007, é muito cantada em Petrópolis, Rio Preto da Eva, Coarí, Fortaleza e, em vários outros lugares do Brasil.
Depois te mando material interessante para teu blog.
Abraço,
Mestre Pinheiro
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Cynara deixou um novo comentário sobre a sua postagem "BANDA DA BICA 2010 - MANAUS": Então, tem uma marchinha Oficial ou está valendo duas? Qual das duas é do 'quarteto'?

Olá Cynara!
Na Bica nada é Oficial, quem compor e gravar, fica valendo! Hoje irei publicar a capa do quarteto.
Um abraço,
Rocha

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Atenção Biqueiros:

Hoje será o 1º. Ensaio da Bica, o fuzuê começará às 20 horas, no Bar do Armando, na Rua 10 de Julho, Largo de São Sebastião, centro antigo de Manaus.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

MANAUS 2010




Está circulando na cidade a revista MANAUS, da Prefeitura Municipal de Manaus, mostrando as realizações de 2009 e os projetos para 2010, do governo do prefeito Amazonino Mendes; confesso que não caio em conversa mole de político, porém, irei ressaltar alguns pontos que eu acho muito importante para a nossa cidade, pelo menos farei o registro, ficará na internet para futuras cobranças, vamos lá:


A Nova Ponta Negra – Serão investidos 43 milhões, com fontes do Governo Federal e bancos internacionais, para reformular totalmente um dos principais cartões postais de Manaus. Será recriada dentro de uma concepção contemporânea, arrojada e de padrão internacional. Terá a ampliação dos espaços de entretenimento, lazer e serviços; o anfiteatro será revitalizado, e um complexo esportivo será construído para abrigar eventos nacionais e internacionais; construção de mirante e píer para atração de lanchas e pequenas embarcações, restaurantes, hotéis e centro de compras e serviços. O complexo obedecerá à concepção de preservação ambiental e de valorização do ser humano.


Praça da Saudade – Está prevista para ser entregue em fevereiro próximo, com o seu traçado totalmente reconstruído – contará novamente com o charme das luminárias de ferro fundido e caramanchões laterais, onde vão apoiar-se os bouganvilles que estão sendo plantados no local. O monumento em homenagem a Tenreiro Aranha, primeiro presidente da Província do Amazonas, também está sendo restaurado e recolocado em seu local original. O espaço será utilizado com área de lazer e espaço cultural.


Paço Municipal – Abrigará o Museu da Cidade. Este prédio, de arquitetura neoclássica, sediou o Governo Provincial em 1879 e do Governo Republicano em 1917, foi também sede da PMM por diversos anos. Fará parte do acervo as três urnas funerárias indígenas encontradas durante as escavações.


Mercado Adolpho Lisboa – As obras de restauração serão reiniciadas, com um prazo de 24 meses para a conclusão, de forma que a população tenha de volta um de seus maiores patrimônios históricos.


Iluminação Pública – Viabilizará a modernização da rede nos grandes eixos viários da cidade, contemplando as principais avenidas com substituição da antiga iluminação com fiação aérea por fiação subterrânea e luminárias mais adequadas.


Centro de Compras – Será construído o Centro de compras para abrigar o comércio popular, neste local serão instaladas áreas para bancos, loterias, praças de alimentação e espaços para órgãos como SPC, Serasa, INSS e outros. Serão beneficiados em torno de 2.300 camelôs. Esta obra faz parte do Programa de Reestruturação do Centro de Manaus (ProManaus).


Manaus Belíngue – O projeto vai capacitar trabalhadores do comércio e de serviços com ensino de idiomas para a Copa do Mundo de 2014. Serão oferecidas quatro mil vagas para qualificar trabalhadores da cidade nos idiomas inglês, espanhol e mandarim (chinês), destinados a garçons, taxistas, cobradores, motoristas de ônibus, atendentes de órgãos e serviços públicos para o turismo, além de outros profissionais da área.


Reformas em Feiras e Mercados – Infraestrutura, treinamento, climatização, higienização e outros benefícios serão direcionados para a disciplina e a organização do setor. Será beneficiada a feira da Manaus Moderna, centro, da Banana, no Santo Antonio e Compensa.


Teatro Municipal de Manaus – Com 1.400 lugares, abrigará espetáculos e se confirmará como espaço para manifestações culturais. Será construído na Ponta Negra, com a junção de três corpos: o prédio de entrada (foyer) com quatro pavimentos que vão abrigar espaços para exposições, um café, um bar e um restaurante com mezanino; o prédio da platéia com salas técnicas, um mezanino e dois pavimentos de frisas laterais; e o prédio da caixa cênica com seis pavimentos, dois reservados para a administração, três pavimentos de camarins e um pavimento técnico.

Isto é apenas um aperitivo, existem muitas outras obras, sem falar o investimento pesado que o governo do Estado irá fazer, para dotar a cidade de toda um infraestrura, tendo em vista a Copa de 2014. Até lá cidade terá uma nova Arena Multiuso, transportes Monotrilho, a Ponte Manaus/Iranduba e a revitalização total do centro antigo de Manaus. Vou esperar para ver - olha que eu sou igual ao São Tomé!

O FORRÓ DA MARIA BELÉM


A Dona Maria Belém, era uma senhora que veio com a família, do interior do Pará, para morar em Manaus, em torno da década de 20; tornou-se uma mulher festeira, foi considerada uma referencia no quesito diversão, com muito forró na sua residência, situada no Igarapé de Manaus.

Apesar dos paraenses gostarem muito do Carimbó, um tipo de dança de roda, originário da cidade de Marapanim/Pará, a Dona Maria Belém adotou o Forró, o famoso “arrasta-pé”, uma música originalmente instrumental, parente do baião, porém com andamento mais acelerado, muito apreciada no nordeste, principalmente no Ceará; acredito que ela foi influenciada pelas famílias de nordestinos que migraram para a Amazônia, na época do auge da coleta do látex das seringueiras.

Ela morava num grande flutuante (casa sob toras de madeira), ficava ancorado na Rua Ipixuna, no Igarapé de Manaus, morou por lá durantes décadas, até o desmonte da Cidade Flutuante, por parte do governo do Estado, na década de 60. A sua casa tinha uma distribuição interior igual aos dos caboclos ribeirinhos da Amazônia – feita toda de madeira, com um grande salão, um pequeno quarto, cozinha com um girau (espécie de pia), banheiro e privada juntos, com duas portas, uma na frente e a outra nos fundos, além de várias janelas nas laterais, com cobertura de palha (tira seca e flexível de juco, vime, taquara ou outra planta), não tinha água encanada e nem luz elétrica.

Nas sextas-feiras e sábados, a sua residência era transformada num grande salão de danças, os músicos que se apresentavam eram originários das Pastorinhas, da Rua Major Gabriel, tinha também alguns que tocavam instrumentos de sopro, advindo das ruas do entorno da sua casa. A entrada era gratuita, bastava apenas ter fôlego para dançar até o sol raiar e gogó de aço, para entornar bastante “goró”.

A molecada podia entrar, mas era logo expulsa, sabe como é curumim, pois segundo o meu amigo Jokka Loureiro: “Menino, Macaco e Cachorro, somente amarrado!”. Sempre aprontando, algumas vezes ficavam chupando limão bem na frente dos músicos de metais, “não tem fiofó de peruano que aguente”, a boca ficava logo cheia d´água - como é que se consegue assoprar um saxofone, mano!

A batida de limão, tipo ponche, era feita numa grande panela, com muitas e muitas garrafas de cachaça Cocal (vindo do Pará, é lógico!) - o pessoal tomava num caneco de alumínio, colado com uma haste, o mesmo que é utilizado para tomar água de Pote (grande vaso de barro). Lá pelas tantas horas, o “pote da rapaziada” já estava bastante cheio, começam a soltar impropérios uns contra os outros – e ai “comia o couro”!

A iluminação era a base de Lamparinas (feito de metal, com um pavio e querosene), algumas vezes os mais afoitos sopravam a chama para apagá-la, pois com a escuridão, dava para pegar nos seios de alguma cabocla ou dar um acocho na vizinha gostosona.

Numa bela noite de luar, a rapaziada começou uma desavença - “aí o bicho pegou” -, muitos pularam pelas janelas, dentro de rio, que estava cheio, os músicos correram, a mulherada debandou, o flutuante começou a tremer, uma lamparina caiu dentro da panela de batida de limão. Depois de algum tempo, entra em ação a turma do “deixa disso”; os ânimos foram acalmados, todos voltaram para o Forró da Maria Belém - quando foram reiniciar os trabalhos, a cachaça estava com o gosto esquisito, a Dona Maria Belém meteu a mão dentro da panela, tirou a lamparina, jogou pela janela e, gritou:

– E aí cambada de valentões, ordinários, não vão mais encarar a minha batida de limão? Perguntou na maior, mostrando um terçado Matão.

Um deles detonou – Até que dá para tomar, mesmo com este gosto escroto de querosene!

– Tá bom, podem beber e dançar novamente, mas se começarem a brigar de novo, irei acabar na hora com a porra desta festa e botar todo mundo prá correr! Dando um ralho nos cabras.

Era assim todo o final de final de semana, muito forró, cachaça e porrada para todo o lado, mas quem por lá frequentou, jamais esquecerá o Forró da Maria Belém! É isso.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O CALÇAMENTO DE MANAUS COM AS PEDRAS DE LIOZ




As calçadas da Manaus antiga eram feitas com as Pedras de Lioz, chamadas assim porque foram trazidas de Portugal, da vila que lhe empresta o nome. Os navios de arribação colonial chegariam vazios se não trouxessem pedras em seus porões, flutuariam sem lastro, pois levavam mais do que traziam.


Hoje ainda encontramos essas pedras no entorno do Teatro Amazonas, Palácio da Justiça, Palácio Rio Negro, Mercado Municipal, Prefeitura de Manaus e em algumas ruas do centro de Manaus.


Segundo o geólogo Frederico Cruz, não existem informações sobre a localização das jazidas de onde foram retiradas, mas provavelmente ficavam em regiões banhadas no passado por grandes mares. Explica também que tanto mármores quanto calcários são formados por sais marinhos, sendo que os primeiros foram submetidos a grandes temperaturas, provavelmente por terem entrado em contato com lava vulcânica. “É por isso que os mármores têm essa aparência vítrea e lustrosa, diferente das pedras calcaria que são mais opacas”, diz Fred. O aquecimento dessas pedras também fez com que a forma circular dos estromatólitos ficasse deformado, mas internamente permanecerem intactas, sendo um campo de estudo valiosíssimo para paleontólogos. “Poucos lugares do mundo têm isso”.


O ilustre pesquisador foi contratado pela PMM para assessorar os técnicos que estão reformando o Paço da Liberdade, antiga sede da Prefeitura, para indicar qual a outra pedra que poderia substituir as pedras de Lioz que estão bastante desgastadas. Ela conta que ao fazer um exame químico com acido clorídrico na amostra colhida na praça, a área avermelhada não regia, enquanto a borda, clara, reagia, como era de se esperar de um pedaço de calcário, explica o geólogo. “Levei a amostra ao microscópio e descobri o estromatólito, além do valor histórico, agrega um valor turístico e paleontológico, portanto, essas pedras não podem ser retiradas dos locais”.


O jornal A Crítica fez uma reportagem com o pesquisador em 2004, e chegaram a este fabuloso achado, segundo o reporter, “as pedras de Lioz usadas nO calçamento de boa parte do Centro histórico de Manaus esconderam por dois séculos um tesouro paleontológico raríssimo, são estromatólitos , estruturas organo-sedimentares que serviam de casa para algas cianofíceas, os primeiros seres vivos a habitar a Terra, há aproximadamente 3,5 bilhões de anos”. “Estas descobertas agora, contudo, são do período paleozóico, entre 800 milhões e 200 milhões de anos atrás”, explica o geólogo.

É lamentável que alguns moradores e comerciantes de Manaus, não tenham o devido cuidado com as suas calçadas, talvez por desconherem o valor histórico dessas pedras, preferem colocar cimento em cima delas, pois acham feio o formato das pedras de Lioz. A Prefeitura de Manaus deveria fazer um trabalho educativo, mostrar o valor dessas pedras, o quanto deveria ser estudada e preservada. Quem sabe as futuras gerações irão dar o devido valor a essas pedras, talvez seja tarde demais, caso não dermos a devida atenção no momento atual - os nossos antepassados deram um enorme valor, hoje desvalorizamos!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

QUE SAUDADES DE MANAUS



É o título do trabalho da repórter Daisy Melo, do Jornal Diário do Amazonas, caderno Plus, edição de 24 do corrente, com o subtítulo: “Moradores da capital falam das coisas que sentem falta na cidade da Belle Époque”. Mais ou menos do tipo “tempo bom, que não volta mais”. Em decorrência do “blogdorocha”, chamado por alguns de “blog da saudade”, por tratar do assunto, tive o privilégio de ser entrevistado, juntamente com o cantor/compositor Chico da Silva e do multimídia Joaquim Marinho, além da Dona Nazaré Vieira dos Santos, antiga moradora do bairro da Praça 14 de Janeiro.


O Chico falou sobre os jogos do RIO X NAL, no Parque Amazonense; dos concursos de calouros nas rádios Baré, Difusora e Rio-Mar; lembrou da sua querida Escola Técnica Federal; das “Manhãs de Sol”, realizados nos clubes Grêmio (Educandos), Botafogo (Cachoeirinha) e Luso (centro), ao som dos Long Play de vinil e muita cerveja XPTO; lembrou dos cinemas Odeon e Avenida, das suas salas luxuosas e dos chás gelados servidos nos intervalos dos filmes; sente muita saudade dos balneários do Parque 10, Ponte da Bolívia, Tarumã e Praia da Ponta Negra.


O Marinho sente saudade dos cinemas de Manaus; da tranquilidade da cidade; do antigo Rodoway; das personalidades como o advogado Aristophanes de Castro, o historiador Mário Ypiranga e o senador Jefferson Péres.


A Dona Nazaré sente saudade do canto da rua, onde conversava com os amigos; lembra de um buraco na Rua Japurá, onde conversava, brincava e tomava Mingau de Mungunzá; gostava da animação do futebol jogado no campo do Fluminense e do Solimões, ficava onde é hoje a Igreja Nossa Senhora de Fátima; sente muita saudade do tempo em que podia sair sozinha pelas ruas de Manaus.


Da minha parte, lembrei das ruas da minha infância e adolescência: Igarapé de Manaus e Tapajós; sinto saudade dos balneários do Parque 10, Ponte da Bolívia, Tarumã e da Ponta Negra, principalmente da Prainha; dos cinemas Guarany, Polytheama, Odeon, Avenida e Popular; das antigas Praças do Congresso, Saudade, Polícia e São Sebastião; os clubes que eu frequentava eram o Sheik, Bancrevia, Sambão, Clube Juvenil, além do Luso Sporting Club, onde assistia As Pastorinhas, Shows, Teatros e jogava futebol de salão; lembrei ao Aviaquário, ficava atrás da Igreja Nossa Senhora da Conceição, onde a moleca brincava nos parquinhos e passeava num mini zoológico e aquário de peixes da região; a Avenida Eduardo Ribeiro era a que me deixou mais saudade, pois tudo acontecia lá: carnaval, desfile do peladão, corrida Archer Pinto e desfile militar.


Para a repórter “Não há dúvida de que Manaus está crescendo, assim como não há dúvida de que com o desenvolvimento, a cidade está perdendo a sua identidade genuína, com os prédios históricos dando lugar para as construções modernas. A cidade da Belle Époque, dos igarapés, das famílias, dos cinemas e da antiga Avenida Eduarda Ribeiro desaparece a cada dia com o “progresso” e deixa saudades”.


É isso.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

KAMÉLIA

A Kamélia é uma boneca, criada em dezembro de 1938, pelo ex-diretor do Olímpico Clube, Cândido Jeremias Cumaru, popular Candu.

Ela foi comprada na Loja 4.400 (esquina da Avenida Eduardo Ribeiro com a Avenida Sete de Setembro), pela bagatela de 4.000 réis, tinha a altura de 75 cm; ficou muito famosa em Manaus, pois arrastava multidões pelas principais ruas da cidade, pendurada no galho de uma Ingazeira; foi um símbolo popular, participou de vários blocos no tradicional Bar Avenida, até a metade de 1940.

Faz alusão à música “A Jardineira”, composta pelo flautista Benedito Lacerda e Humberto Porto. Desde 1958, na administração do prefeito Walter Rayol, faz a abertura do carnaval de Manaus – recebe “A Chave de Ouro”, das mãos do Prefeito, no Rodoway (porto de Manaus), antigamente era recebida no Aeroporto de Ponta Pelada - com direito a apresentação especial da Banda da Polícia Militar, depois faz um passeio pelas principais ruas da cidade, parando na sede do Olímpico, na Rua Constantino Nery, centro sul de Manaus.

Esta boneca, chamada carinhosamente pelos foliões de “Negona”, chegou a pesar em torno de 70 quilos, dava muito trabalho para o “miolo” carregar, atualmente, está mais leve, passou por uma cirurgia de redução do estomago, pesando, agora, somente 35 quilos e com 2,57 metros de altura.

Tem como traje e adereços a figura típica de uma baiana, usa frutas na cabeça, simbolizando a Carmem Miranda, além de carregar uma grande Figa como parte do seu visual. 

Atualmente, o figurinista Bosco Fonseca, responde pela aparência da boneca; o miolo é o jardineiro Silvério Duarte, função que desempenha faz 28 anos – ela é agora a estrela maior da Escola de Samba Império da Kamélia, com apresentação garantida na passarela do samba “Sambódromo” de Manaus.


“KANDÚ CRIOU-A. O OLIMPICO PROJETOU-A. O POVO CONSAGROU-A”

Fonte: Olímpico Clube e Google.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

RECORDANDO OS ANTIGOS CARNAVAIS DE MANAUS - SIMÃO PESSOA


*Simão Pessoa


Até a década de 70, o carnaval manauense se limitava ao circuito dos bailes de clubes, obedecendo ao seguinte rodízio: no sábado gordo, baile adulto a partir das 23h. No domingo, carnaval infantil a partir das 16h. Na segunda, folga geral. Na terça-feira, baile adulto a partir das 23h. No período pré-carnavalesco, os bailes aconteciam nas sextas e sábados.

Os desfiles dos blocos de sujo e foliões isolados ocorriam no domingo e na segunda-feira, a partir das 14h, sempre na avenida Eduardo Ribeiro. As escolas de samba desfilavam na terça. A concentração dos blocos ocorria na Praça da Saudade. O percurso iniciava na Praça do Congresso, descia a avenida, contornava o Relógio Municipal, subia a avenida e fazia a dispersão na rua Ramos Ferreira, em direção à avenida Getúlio Vargas.

O bloco Mocidade, formado por intelectuais, desportistas, profissionais liberais e comerciantes, era o mais famoso de todos. Os brincantes desfilavam em cima de um caminhão-alegórico, que saía da Serraria Moraes, em Educandos, e seguia pelas ruas da cidade até ao Centro de Manaus. O ex-presidente da FAF e jornalista Flaviano Limongi, junto com seu irmão, Andréa, e o médico Theomário Pinto da Costa, eram os responsáveis pelo fuzuê.

Os bailes carnavalescos mais disputados localizavam-se no centro da Cidade e eram considerados os “carnavais da elite”. As festas temáticas eram acessíveis somente aos sócios, que entravam de graça, e a quem pudesse pagar os preços exorbitantes cobrados na época. A diversão dos jovens de origem operária era “furar” o esquema de segurança desses clubes, para se divertir de graça junto com os “bacanas”.

Os bailes mais famosos ocorriam no Ideal Clube (“Baile de Máscaras” ou “Bal Masqué”, como os colunistas sociais preferiam escrever, para manter o distanciamento crítico da plebe rude e ignara), Rio Negro (“Baile do Havaí”), Bancrévea (“Vamos pegar o sol com as mãos!”), Cheik (“Saara 40 Graus”), Olímpico (“Baile da Kamélia”) e Nacional (“Baile Azul e Branco”). Nesses bailes, as mulheres compareciam ornamentadas de plumas, lantejoulas e fantasias ricamente elaboradas, e os homens, de smoking ou camisas pólo de grife. Claro que aqui e ali surgia um sujeito vestido de índio, pirata, mexicano, árabe, legionário, arlequim ou pierrô, mas eram uma minoria. Quem tinha obrigação de vender beleza era o mulherio.

Nos bairros, a população se divertia nos bailes carnavalescos dos clubes amadores ali existentes e nas sedes de associações sindicais e de times profissionais populares. Em Educandos, por exemplo, na União Esportiva de Constantinopla e no Círculo Operário. Na Cachoeirinha, no Ipiranga, Botafogo e Cachoeirinha. No Morro da Liberdade, no Libermorro e Olaria. No Seringal Mirim, no Internacional (“Baile da Jardineira”). Em São Raimundo, nas sedes do São Raimundo e Sul América, e assim por diante. Havia ainda os clubes de campo, de freqüência mista (Sírio-Libanês, Caiçara, Cetur, Asa, Municipal, Beasa, Cassam, AABB, etc), que também realizavam bailes inesquecíveis.

Guardada as devidas proporções, o esquema nos bailes carnavalescos, tanto dos chamados “bailes de elite” quanto dos chamados “bailes populares”, seguia uma mesma dinâmica. Uma orquestra de metais (nome genérico dos instrumentos de sopro feito de metais), posicionada no fundo do palco, iniciava a fuzarca, na maioria das vezes, com a música “Ô Abre Alas”, aquele clássico da Chiquinha Gonzaga (“Ô abre alas, que eu quero passar/ Ô abre alas, que eu quero passar/ Eu sou da Lira, não posso negar/ Rosa de Ouro é quem vai ganhar”).

Essa era a senha para as pessoas invadirem o salão abraçado em dupla, trinca, quarteto ou até mesmo sozinhas. O cortejo dos foliões consistia em uma movimentação em círculo, obedecendo ao sentido horário – mas também havia alguns sujeitos cheios da truaca, que preferiam brincar no sentido anti-horário, o que era sinônimo de confusão.

As garotas desacompanhadas ficavam nas bordas do salão, observando aquela alegre confusão. De repente, uma mão saindo do meio da turba lhe alcançava o pulso e a puxava para o salão. Se houvesse interesse recíproco, a foliona enganchava no sujeito e ia pra guerra. Se não, ela dava um jeito de liberar o pulso das mãos do fariseu. Essas efêmeras conquistas carnavalescas se constituíam na glória (ou calvário) de qualquer moleque que buscava as folias de Momo.

O cortejo, evidentemente, se movimentava no salão de acordo com a música. Havia as marchinhas para uma evolução rápida – leia-se correria desenfreada e trombadas entre os participantes –, como “Marcha do Remador” (“Se a canoa não virar, olé, olé, olá/ Eu chego lá”), “Turma do Funil” (“Chegou a Turma do Funil/ Todo mundo bebe/ Mas ninguém dorme no ponto”), “Alalaô” (“Alalaô ô ô ô/ Mas que calor ô ô ô/ Atravessamos o deserto do Saara/ O sol estava ardente e queimou a nossa cara”) e a mais frenética de todas, que costumava causar quedas coletivas no salão, “Corre, corre, lambretinha” (“O vovô ia a cavalo/ Para visitar vovó/ O papai de bicicleta/ Pra ver mamãe, ora vejam só!/ Hoje tudo está mudado/ Mudou tudo, sim senhor/ E eu tenho uma lambreta/ Para ver o meu amor/ Corre, corre, lambretinha/ Pela estrada além/ Corre, corre, lambretinha/ Que eu vou ver meu bem”).

Havia as marchinhas para uma evolução devagar, quase parando – e aí os arranjos mistos de trincas, quartetos, quintetos ou sextetos davam vez para os casais. Quem ainda não estivesse descolado um par precisava correr contra o relógio, porque essas marchinhas começavam a ser tocadas na metade do baile. A mais clássica de todas era aquela criação genial de Zé Kéti, “Máscara Negra” (“Tanto riso, oh/ Quanta alegria/ Mais de mil palhaços no salão/ Arlequim está chorando pelo amor da Colombina/ No meio da multidão/ Foi bom te ver outra vez/ Tá fazendo um ano/ Foi no carnaval que passou/ Eu sou aquele Pierrô/ Que te abraçou/ Que te beijou, meu amor/ A mesma máscara negra/ Que esconde o teu rosto/ Eu quero matar a saudade/ Vou beijar-te agora/ Não me leve a mal/ Hoje é carnaval/ Vou beijar-te agora/ Não me leve a mal/ Hoje á carnaval”). Era a senha para beijar a foliona recém-conquistada. Se houvesse correspondência, o sujeito havia ganhado a noite. Se não, não.

Se tudo tivesse dado certo na etapa anterior (a garota não só consentira no beijo, como abrira levemente os lábios para você introduzir a língua), a próxima fase era levá-la para uma parte mais escura do clube, normalmente em corredores longes do salão, e iniciar a sessão de “acocho” (era esse o nome do moderno “amasso”, na época), que consistia de beijos e abraços apertados. Só isso. As mais liberais ainda permitiam algumas alisadas nas coxas e alguns toques, discretos, no sutiã de cetim. Avançar mais do que isso era convite certo para uma tapa na cara e o fim do, digamos assim, relacionamento casual.

Os casais voltavam para o salão quando o baile já estava acabando. Os primeiros acordes de “Está chegando a hora” (“Quem parte/ Leva saudades/ De alguém/ Que fica chorando de dor/ Por isso eu não quero lembrar / Quando partiu / Meu grande amor/ Ai ai ai ai/ Está chegando a hora/ O dia já vem raiando meu bem/ E eu tenho que ir embora”), sinalizavam para os últimos beijos, abraços apertados e as juras de amor eterno. Pura balela. Na maioria das vezes, nem se sabia o nome da garota. E a possibilidade de encontrá-la novamente era tão difícil quanto acertar na megasena acumulada.

No dia seguinte, após a ressaca carnavalesca, a turma de moleques se reunia para contar vantagens sobre as conquistas efetuadas e fazer planos para os bailes do ano seguinte. Só cascata, evidentemente, ninguém tinha “ficado” com ninguém. Aqueles beijinhos pueris eram somente isso, beijinhos pueris. Mas aos 14 anos, com os hormônios à flor da pele, a mentira é a nossa mais perfeita aliada. E não deixava de ser um bom aprendizado para a idade adulta...

Algumas vezes, se o sujeito tivesse uma sorte de mulher da bunda grande, ele era bem capaz de encontrar sua velha paixão passada em um novo baile de carnaval, no ano seguinte. Se ela estivesse com a mesma fantasia do ano passado, então, era sopa no mel. A deixa era esperar a bandinha enfiar os primeiros acordes da música abaixo e correr pra galera, digo, pra garota. Podia dar certo.
– Quem é você?
– Adivinha se gosta de mim...
Hoje os dois mascarados procuram os seus namorados perguntando assim:
– Quem é você, diga logo...
– ... que eu quero saber o seu jogo
– ... que eu quero morrer no seu bloco...
– ... que eu quero me arder no seu fogo
– Eu sou seresteiro, poeta e cantor
– O meu tempo inteiro, só zombo do amor
– Eu tenho um pandeiro
– Só quero um violão
– Eu nado em dinheiro
– Não tenho um tostão... Fui porta-estandarte, não sei mais dançar
– Eu, modéstia à parte, nasci pra sambar
– Eu sou tão menina...
– Meu tempo passou...
– Eu sou colombina!
– Eu sou um pierrô!

Mas é carnaval, não me diga mais quem é você
Amanhã tudo volta ao normal
Deixa a festa acabar, deixa o barco correr, deixa o dia raiar
Que hoje eu sou da maneira que você me quer
O que você pedir eu lhe dou
Seja você quem for, seja o que Deus quiser
Seja você quem for, seja o que Deus quiser


*O Simão Pessoa é meu brother, blogueiro da net, endereço http://www.simaopessoa.blogspot.com/  – assim de autodefine: canalha exemplar, pai extremado, irmão zeloso, amigo fiel, amante de que ama, consumidor de quelônios, colecionador de discos (só samba do bom e blues tocado por negro, além de clássicos do rock, do reggae e do funk), ex-quarto zagueiro dos imbatíveis Murrinhas do Egito e Setembro Negro, hoje obeso, colecionador de gibis do Asterix, vascaíno em tempo integral.

SEVERIANO MÁRIO PORTO, UM ARQUITETO MODERNO.

   Segundo o professor de Arquitetura Marcos Paulo Cereto, da ULBRA e UNIP/Manaus, o nosso homenageado de hoje possui a seguinte biografia: “Mineiro de Uberlândia, Severiano Mario Vieira de Magalhães nasce em 19 de fevereiro de 1930, filho de Mário de Magalhães Porto e Maria de Lourdes Vieira Porto e com 5 cinco anos muda-se para Rio de Janeiro. Gradua-se em 1954 na Escola de Belas Artes da Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil.
  Trabalha inicialmente como diretor técnico da Ary C. R. de Britto realizando diversos projetos. Visita Manaus em 1963 em viagem de férias com a família e em 1965 é convidado por um amigo e antigo vizinho, Arthur Reis, então governador do Amazonas, a reformar o palácio Rio Negro e projetar a Assembléia Legislativa do Estado. Desses projetos parte para um protótipo de escola em madeira pré-fabricada apresentando sua disposição miesiana.: “na época, acharam que madeira era obra de pobre, o governo queria uma imagem de permanência” (PORTO,1986).
  De fato permanece até hoje devido às habitações ribeirinhas em palafitas a imagem de inferioridade da madeira, do ponto de vista social. Em 1965 transfere-se definitivamente para Manaus, mantendo o amigo Mario Ribeiro com o escritório no Rio de Janeiro. É importante frisar o momento que Severiano vai para Manaus. A cidade passa por uma efervescência devido à criação da SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Manaus) e a criação da zona de isenção de impostos. Em dez anos a população triplica e o perímetro urbano duplica. O Distrito Industrial emprega aproximadamente 120.000 funcionários representando um em cada quatro habitantes. Os produtos importados transitam pela cidade atraindo os mais diversos comerciantes de todos os cantos do país. 
  O progresso necessita de um discurso intelectual e nesse momento aparece Severiano Porto como o arquiteto da Amazônia. Ao contrário do restante do Brasil, Manaus mergulha em um crescimento econômico necessitando de uma série de obras públicas, estabelecendo a parceria redentora para Severiano Porto, assim como acontecera anteriormente com Lucio e Oscar. O relacionamento público faz com que assuma a representação em entidades de classes. Inicialmente torna-se delegado regional do Amazonas do IAB no período de 1972 a 1976, conselheiro do CREA-AM/RR de 1976 a 1979, presidente do IAB–AM no período de 1977 a 1980 e, posteriormente conselheiro federal – CONFEA de 1980 a 1983. Recebe menção honrosa do IAB na categoria de edifícios para fins esportivos e recreativos em 1976 pelo estádio Vivaldo Lima.
    Em 1967, recebe o prêmio na categoria edifício para fins recreativos com o restaurante chapéu de palha. Em 1971 ganha na categoria Habitação Unifamiliar com a residência do arquiteto. Recebe o prêmio na categoria edifício para fins de abastecimento em 1972 com os Reservatórios Elevados da COSAMA. Em 1974 ganha o primeiro prêmio na categoria edifício para fins institucionais e administrativos o edifício-sede da SUFRAMA. Em 1978 recebe o prêmio na categoria habitação unifamiliar com a residência de Robert Schuster em Manaus e menção honrosa com a Residência João Luiz Osório em Cabo Frio no Rio de Janeiro.
   Em 1982 recebe o prêmio na categoria Arquitetura – obra construída pela pousada em Silves. Em 1985 é homenageado com o prêmio Universidad de Buenos Aires na Bienal de Buenos Aires. Recebe o prêmio de personalidade do ano em 1986 pelo IAB/RJ e menção honrosa pelo projeto do Centro de proteção de Balbina e também pelo projeto do campus da Universidade do Amazonas em 1987. O relato de premiações demonstra a importância do arquiteto no cenário nacional, transformando o arquiteto em um ícone da década de 70 e 80”.

  O citado professor fez um brilhante trabalho, disponível na internet, escreveu o seguinte: “A Arquitetura brasileira dos anos 70 e 80 são marcadas por dúvidas e incertezas. A crise econômica e a dívida externa contribuíram para o rompimento de uma parceria fundamental para a produção intelectual arquitetônica. Os projetos de excelência resultado da busca de uma imagem do estado moderno realizado em décadas anteriores são cada vez mais rarefeitas, dificultando o discurso arquitetônico de vanguarda. Manaus passa por um momento diferenciado necessitando de uma imagem de cidade – imagem de Estado em que a Arquitetura teria papel fundamental para o discurso ambiental lógico da região. Dessa forma surgem expoentes no interior do Brasil abrindo espaço para novos discursos reativos ao movimento moderno com um discurso enraizado e romântico despertando em alguns a solução para o novo caminho da arquitetura denominado pós-moderno. Sem dúvida Severiano Mário Porto representa um grande nome na produção arquitetônica do período pós-Brasília, representando também a imagem do Estado do Amazonas na busca de uma identidade através da Arquitetura.”

    O trabalho do ilustre arquiteto marcou toda a nossa geração – o nosso famoso Estádio Vivaldo Lima, inaugurado na década de 70, tive o privilégio de assistir ao jogo da seleção brasileira versus a seleção do Amazonas; infelizmente, iremos agora assistir a sua demolição, para construção de uma Arena, tendo em vista a Copa de 2014.
  O famoso Restaurante Chapéu de Palha, ficava no bairro de Adrianópolis, fez parte da nossa juventude, tive a oportunidade de saborear o mais pedido do pedaço: O Filé com Fritas, tudo a “La carte” – o progresso colocou ao chão o restaurante, virou um Posto de gasolina.
  A nossa Universidade do Amazonas, agora UFAM, foi uma obra fenomenal do Severiano, a idéia era receber toda a ventilação natural, mas acabaram desmatando em demasia o Campus, tiveram que fechar as portas e as janelas para a introdução do ar-condicionado.
   E o prédio da Suframa – é uma beleza, um cartão postal do Distrito Industrial.
   Vocês se lembram da residência do arquiteto, foi premiado em 1971, ficava na Rua Recife, era toda de madeira, desmontaram, no local construíram um edifício residencial; dizem que a casa está desmontada em um galpão da PMM, esperando a doação de um terreno da Prefeitura, para ser construída a sede do Instituto de Arquitetos do Brasil.
   O pessoal do judiciário e os operadores de Direito, devem ser orgulhar do prédio do atual  Tribunal de Justiça, uma beleza da arquitetura do Severiano Porto.
   Lembro do escritório do arquiteto, ficava na Rua Ramos Ferreira, bem ao lado da hoje Livraria Valer, era todo de madeira da região, uma beleza!

Para finalizar, o professor Macus Cereto faz o seguinte desabafo: “Quem sabe a arquitetura de Severiano Porto possa ser considerada como uma arquitetura de catálogo como o revival estilístico ou mais recentemente do mercado imobiliário para ser implantada em qualquer terreno, qualquer local. Será que estaremos preservando a casa do Arquiteto da Avenida Recife na Avenida Brasil? Ou quem sabe podemos levá-la para Inglaterra desmontada em barcos, fazendo uma referência aos áureos tempos da borracha...”. É isso.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

COMENDADOR EMÍDIO VAZ D´OLIVEIRA



Uma das propostas do blog é a de enaltecer as pessoas que de alguma forma contribuem ou contribuíram para o nosso desenvolvimento social, cultural e econômico, dessa forma, nada mais justo do que fazer uma homenagem ao Comendador Emidio Vaz d´Oliveira, na comemoração dos seus 100 anos de nascimento, caso estivesse vivo, pois nasceu no dia 19 de janeiro de 1910; os dados biográficos foram retirados integralmente do sitio do Hospital Beneficente Português do Amazonas - http://www.hospitalportuguesam.com.br/  - As fotos acima, mostram o Comendador e a sua residência, hoje transformada na Biblioteca e Centro de Artes Infantil Emídio de Vaz d´Oliveira, na Rua Dr. Almino, 73, centro antigo de Manaus.


“Mais um destemido lusitano a quem o Amazonas muito deve, pelos seus elevados sentimentos de solidariedade humana, pelas suas formidáveis ações produtivas e pelo seu extremado e fraternal amor ao nosso Estado. Um genuíno luso-brasileiro e autêntico humanista. Emídio Vaz d'Oliveira nasceu em Vila Real, na região de Tras-os-Montes, Portugal, a 19 de Janeiro de 1910. Foram seus pais o tabelião Antonio da Costa Oliveira e D.Maria Vaz d'Oliveira. Veio para o Brasil com apenas 17 anos, já com o curso ginasial completado na sua terra natal, no Liceu Central "Camilo Castelo Branco", desembarcando no porto de Santos, SP, a 8 de julho de 1927. Permaneceu algum tempo em São Paulo antes de chegar a Manaus, em 1932, atendendo a um convite do seu irmão José Vaz d'Oliveira.

Na época a cidade contava com uns 80 mil habitantes, o Estado com uns 420 mil e representava um verdadeiro festival de arruinados, em decorrência do declínio do ciclo da borracha. Mesmo assim, aqui chegou aqui ficou, nunca mais saiu de Manaus. Foi casado com a senhora Maria do Céu Beça Vaz d'Oliveira, talentosa professora pertencente à família de grande destaque em Manaus. Aprovado no concurso de habilitação, concluiu na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais de Manaus o curso de Bacharel em Direito, turma de 1936, paraninfada pelo ilustre Senador e Ministro Professor Doutor Waldemar Pedrosa. Único português da turma, que estava constituída pelos seguintes amazonenses: Amadeu Soares Botelho, Carlos Alberto de Aguiar Correa, Hamilton Belfort dos Santos, Heiroceryce Rodrigues Pessoa, João Batista Monteiro de Souza, Mario de Oliveira Adrião, Mario Jorge do Couto Lopes, Raphael Barbosa de Amorim, Roberval Belfort dos Santos e Sebastião Norões.

Figura humana extraordinariamente agradável, magnânima, de muitas e agradáveis virtudes, o seu relacionamento social em Manaus foi amplo e instantâneo: era sempre recebido com carinho e alegria em todas as camadas sociais, pois que, todos sabiam, ali chegara um homem honrado, que só trilhava os caminhos da justiça e da solidariedade, ou como afirmou certo autor português, "o caráter do trasmontano é retilíneo desde o berço e firme até o fim dos tempos". Em entrevista concedida ao jornal A Critica, em 8 de julho de 1977, por ocasião do seu cinqüentenário de vivência no Brasil, com o titulo "o jovem de Vila Real ficou preso ao feitiço de Manaus", assim declarou:

"Não tive grande participação na vida literária da mocidade de minha época. Como comerciante, não podia dedicar-me a literatura. Como bacharel, porém, estava ligado a mocidade intelectual, na qual, figuravam nomes como Adriano Jorge, Álvaro Maia, Leopoldo Peres, Genesino Braga, Arthur Cézar Ferreira Reis, Aristophano Antony, Ramayana de Chevalier, Herculano de Castro e Costa e Clóvis Barbosa. A este se deveu a fundação da revista literária A Selva, que chegou a ter repercussão nacional, abrigando alguns escritores modernistas que despontavam como Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Jorge Amado. O nome da revista fora dado em homenagem ao romance de Ferreira de Castro. Promovi, então, a vinda a Manaus dos escritores Adriano Moreira e Ernani Cidade. O próprio Ferreira de Castro não veio a Manaus por motivo de doença ".

As suas atividades comerciais e industriais foram seguras, arrojadas e intensas. Organizou e dirigiu em Manaus as empresas E. V. d'Oliveira & Cia., E. V. d'Oliveira (Seguros) Ltda. e Oliveira, Barbosa & Cia. Ltda. Foi um dos fundadores e o primeiro Diretor Presidente da Companhia Industrial Amazonense, pioneira na industrialização do estanho. Participou como acionista e membro do Conselho Fiscal da Companhia Brasileira de Juta, pioneira na industrialização da fibra no Amazonas, durante muitos anos o sustentáculo da economia amazonense. Teve uma participação decisiva na localização em Manaus do hotel turístico que a Varig (durante muitos anos agenciou em Manaus esta importante companhia aérea brasileira) construiu na área da Ponta Negra. Sem a menor dúvida foi o responsável direto, com o seu entusiasmo e prestígio, pela construção do Tropical Hotel de Manaus.

A sua participação nas instituições sociais e beneméritas de Manaus igualmente foi de grande expressão, sobretudo pela retidão do seu caráter, sempre admirada pelas numerosas provas de reconhecimento da sociedade manauense. Recebeu a Comenda "Equitem Ordinis Sancti Silvestri Papae" de Sua Santidade o Papa, bem assim, integrou a "Ordem dos Cavalheiros de Concórdia", de Roma, Itália. Presidiu a Real e Benemérita Sociedade Beneficente Portuguesa do Amazonas, de 1948 a 1951; Presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira no Amazonas; Diretor, Vice-presidente e membro efetivo do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas, que lhe outorgou em 1988, com muita justiça, a Medalha do Mérito Empresarial J. G. Araujo; da Câmara Municipal de Manaus recebeu o titulo de Cidadão de Manaus, e da Prefeitura Municipal de Manaus a Medalha do seu Tricentenário. Foi do Conselho Fiscal do Banco do Estado do Amazonas; em Manaus foi Cônsul Honorário da França (1938-1943) e da Bolívia (interino). Alem da comenda papal, recebeu incontáveis títulos de alta significação, dentre os quais destacamos os outorgados pelo Luso Esporte Clube, tradicional entidade social-esportiva de origem portuguesa, pela Santa Casa de Misericórdia e pelo Aero Clube de Manaus, entidades que tiveram a participação direta da sua extraordinária ação criadora.

A sua antiga e formosa residência, no centro de Manaus, foi transformada a 28 de novembro de 2001, pela Secretaria de Cultura do Estado, em "Biblioteca e Centro de Artes Infantil Emídio Vaz d'Oliveira", para atender crianças de 4 a 10 anos, do pré-escolar e ensino fundamental, em pleno funcionamento. Em 19 de Janeiro de 2002 recebe post mortem a homenagem definitiva dos seus numerosos e saudosos amigos e admiradores: tem o seu nome adotado na Ordem do Mérito Luso-Brasileiro do Amazonas "Comendador Emídio Vaz d’Oliveira", instituída com o objetivo de homenagear personalidades que se destacam em diferentes áreas de atuação voltadas para o progresso do Amazonas. Foram fundadores desta Ordem do Mérito seus velhos amigos José de Moura Teixeira Lopes, Alfredo Ferreira Pedras, José dos Santos da Silva Azevedo, Alfredo Monteiro Vieira, José Bernardo Cabral, José Roberto Tadros, Phelippe Daou, Milton de Magalhães Cordeiro e Abrahim Sena Baze.

É natural que tenha recebido diferentes formas de homenagens dos mais variados recantos, tributadas em reconhecimento dos seus valiosos e inusitados dotes de proficiência, honradez e equilíbrio. Assim, ficam registradas algumas das homenagens que recebeu:

Municipais
• Título de Cidadão Benemérito de Manaus, concedido pela Câmara Municipal de Manaus (1972);
• Diploma da Prefeitura Municipal de Manaus comemorativo ao Tricentenário de Fundação de Manaus (1969);
• Placas de Honra ao Mérito, conferidas em 1964, 1977 e 1983 pelo Ideal Clube, de Manaus.
Estaduais
• Ordem do Mérito do Estado do Amazonas, no grau de Comendador (1983);
• Medalha da Cidade de Manaus Casa Forte do Rio Negro (1969);
• Medalha Tiradentes, concedida pela Policia Militar do Amazonas;
• Medalha Cruz dos Serviços Relevantes, concedida pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas;
• Medalha Amigo da Marinha, concedida pelo Comando Naval da Amazônia Ocidental;
• Medalha Mérito Empresarial J. G. Araujo, concedida pela Associação Comercial do Amazonas;
• Diploma de Sócio Benemérito da Associação Comercial do Amazonas;
• Diploma de Sócio Benfeitor da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas;
• Diploma de Sócio Benfeitor da Santa Casa de Misericórdia, de Manaus (9-7-1986);
• Diploma de Sócio Benfeitor do Aero Clube de Manaus (30-6-1944);
• Diploma de Destaque Comercial, do ano de 1982, concedido pela Associação Comercial do Amazonas, Federação do Comércio do Amazonas e Câmara dos Diretores Lojistas do Amazonas;
• Diploma de Honra do Mérito concedido pela União Brasileira de Escritores - UBE;
• Diploma de Sócio Fundador do Clube Juscelino Kubitscheck;
• Placas de Homenagem da Superintendência da Zona Franca Manaus, em 1982 e 1983;
• Placa Honra ao Mérito do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Amazonas (10-6-1994);
• Medalha 1. ° Centenário da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas;
• Homenagem do escritor Jorge Amado com o Poema "Cantiga da Amazônia";
• Homenagem do poeta Luiz Pereira com a poesia Emídio Vaz;
Nacionais
• Medalha de Honra ao Mérito concedida pelo Exercito Brasileiro;
• Comenda do Mérito Escolar Marechal Rondon (1966);
• Medalha do Sesquicentenário da Independência do Brasil;
• Medalha "Congresso Rosa de Ouro" comemorativa a N. S. Aparecida, Basílica de Aparecida, SP, 15-8-1967;
• Medalha Comemorativa do XXXVI Congresso Eucarístico Internacional, realizado no Rio de Janeiro (1955);
• Medalha comemorativa da 1.a Travessia Aérea do Atlântico Sul, por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, 22-1972;
• Medalha do 1. ° Centenário da Congregação de Sant'Ana;
• Participante da comitiva de homenagem do Brasil a Santa Igreja Católica Apostólica Romana (1950);
Internacionais
• Ordem do Infante D. Henrique, concedida pelo Governo de Portugal, no grau de Comendador;
• Ordem de São Silvestre, da Santa Se Vaticano, no grau de Cavaleiro, concedida por Sua Santidade o Papa;
• Ordem dos Cavaleiros da Concórdia (Roma, Itália) concedida pelo Príncipe e Marquês Arturo Della Scala, no grau de Comendador;
• Ordem do Albatroz, de Portugal, no grau de Comendador;
• Medalha da Cidade de Vila Real (Portugal), sua cidade natal;
• Medalha da União das Comunidades de Cultura Portuguesa;
• Medalha do 1. ° e 2. ° Congresso das Comunidades de Cultura Portuguesa;
• Título de Cidadão de Miami, Florida, EUA;
• Diploma de Honra ao Mérito conferido pelo Gabinete Português de Leitura, do Rio de Janeiro;
• Medalha comemorativa do X Ano da Revolução de Portugal;
• Medalha do Instituto Português de Reumatologia (1977);
• Medalha comemorativa ao 7. ° Centenário do Primeiro Floral de D. Dinis, Vila Real (1989).

Emídio Vaz d'Oliveira faleceu em Manaus a 29 de dezembro de 1996, com 86 anos. Foi um denodado empreendedor, um benemérito de muitas causas, mas, acima de tudo, um iluminado homem de bem, abençoado por Deus. (RACL)”.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

BAIRRO PRAÇA 14 DE JANEIRO - MANAUS


A Praça 14 de Janeiro é um importante bairro da zona sul de Manaus, comemorou este ano os seus 118 anos de existência; o nome é em decorrência de uma revolução popular, contra o atraso no pagamento do funcionalismo público e fornecedores, bem como, pela falta de assistência social aos habitantes; o alvo foi o governo de Gregório Thaumaturgo de Azevedo, em 14 de janeiro de 1892.


O movimento foi liderado por Almino Álvares Afonso, Lima Bacuri e Leonardo Malcher; o governo renunciou, assumindo o Eduardo Ribeiro. O local era chamado de Praça da Conciliação, depois passou a se chamar Praça Fernandes Pimenta e, no mesmo ano passou ao nome atual. No ano de 1940, a colônia portuguesa solicitou à Câmara Municipal de Manaus a troca do nome do lugar para Praça Portugal, mas a solicitação não foi aceita pelos vereadores a pedido dos habitantes da comunidade.

O bairro é muito rico em cultura: Ciranda da Visconde (Rua Visconde de Porto Alegre), Tribo dos Andiras (Rua Jonathas Pedrosa), Dança do Tipiti (Colégio 1º. De Maio), Boi Caprichoso (criado por dois irmãos, um dele desceu o Rio Amazonas, parando em Parintins onde criou o Caprichoso de lá) e a Escola de Samba Mista da Praça 14, fundada em 1947, por Raimundo Brito, Fernando Medeiros, Tia Lindoca, Tia Lurdinha e Zé Ruindade. Encontramos no bairro muitas rezadeiras e parteiras, além de muitos devotos da Nossa Senhora de Fátima.

Segundo o Khermerson Macedo, do Núcleo de Cultura Política do Amazonas – NCPAN - “Donos de uma tradição incomparável no samba, passando pelos folguedos populares como o bumba-meu-boi, pastorinhas e outros, além dos festejos à São Benedito, a Praça 14 de Janeiro tem, em sua essência, inúmeras manifestações representativas da cultura afro-brasileira. Descendentes de ex-escravos vindos do Maranhão, estas pessoas guardam em suas expressões e gestos típicos uma história de lutas e de tradições que se reinventam continuamente em coletividade, passando de geração à geração o compromisso de levar em frente os costumes e crenças da comunidade, sempre vivos nas memórias dos mais velhos.Neste bairro, onde os homens são chamados de mestres pela sua importância e as mulheres são carinhosamente saudadas como tias por aqueles que visitam e/ou moram na Praça 14”.

Em 1º. de dezembro de 1975 foi fundada o Grêmio Recreativo Escola de Samba Vitória Régia, na Rua Emilio Moreira, no. 1192, no endereço da Raimunda Dolores Gonçalves (Tia Lindoca), juntamente com Nedson Pires de Medeiros (Neném), Roberto Cambola e Darcy Sérgio de Souza (Barriga) assinaram a ata de fundação da Escola de Samba, adotaram as cores verde e rosa, tendo com madrinha a Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro.

Não é à toa que chamamos a Praça 14 de Janeiro, de “O Berço do Samba e de Revolta Populares” – onde o batuqueiro bate forte de janeiro a janeiro, como diz o refrão de um de seus mais conhecidos sambas de concentração.

Fonte: NCPAM/Jornal do Comércio/Portalamazonia.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

DISTRITO INDUSTRIAL DE MANAUS & FRANCISCO PEREIRA DA SILVA


O Distrito Industrial foi planejado para abrigar somente as indústrias, mas cresceu tanto, acabou virando um bairro. 

O seu aniversário é comemorado em seis de junho, data da lei que se criou o Porto Livre ou Franco de Manaus (1957); fica na Zona Leste, na margem da BR-219 (Manaus-Humaitá-Porto Velho), faz fronteiras com os bairros Armando Mendes, Nova República, Mauazinho, Nova Jerusalém e Crespo.


Neste bairro, encontramos os Distritos I e II - chamados de Distrito Industrial Castelo Branco, os empresários chamam de Pólo Industrial de Manaus, com 450 empresas que geram perto de 100 mil empregos diretos – encontramos também, a Refinaria de Manaus, Porto da Ceasa, Cefet, Senai, Fundação Nokia, Novotel, Suframa, Fucapi, Centro Cultural dos Povos da Amazônia e, muitos outros estabelecimentos de serviços e pesquisas.

O Francisco Pereira da Silva foi o idealizador do projeto Zona Franca de Manaus, que acabou por originar o Distrito Industrial. 

Era conhecido por Pereirinha, nasceu em 7 de setembro de 1890, no povoado de Guamaré, município de Macau, no Rio Grande do Norte, mudando-se com a família, ainda menino, para a Amazônia.

Iniciou a vida pública no Acre, chegando ao Amazonas em 1924, para exercer o cargo de Secretário da Chefatura de Polícia. 

Em 1930 foi aclamado membro da junta governativa revolucionária do Amazonas. 

Iniciou a sua vida parlamentar em 1º. de fevereiro de 1946, no final do mandato, encaminhou à Câmara o projeto de criação de um Porto Franco em Manaus. 

Em 1955 foi eleito deputado federal, retomando o projeto Porto Franco; o relator foi o engenheiro Maurício Jopper, justificando a criação de uma Zona Franca e não somente um Porto Franco – o projeto foi aprovado por unanimidade pela Câmara e pelo Senado Federal, sendo o relator o senador Cunha Melo. 

O presidente Juscelino Kubitschek sancionou a Lei no. 3.173, em 6 de junho de 1957 – o Pereirinha foi o primeiro Superintendente, em 1960 . 

Dez anos depois, foi reformulada através do Decreto-Lei no. 288, de 28 de fevereiro de 1967, criando a Zona Franca de Manaus e a Suframa. 

O nobre parlamentar ainda cumpriu mais quatro legislaturas pelo Amazonas, vindo a falecer em 10 de setembro de 1973, em Manaus, sendo sepultado no cemitério São João Batista, túmulo no. 1, quadra 15.

A única homenagem à Pereirinha, pai da ZF-Manaus, era o nome da Praça Francisco Pereira da Silva, conhecida antigamente como Bola da Suframa, atualmente, Centro Cultural dos Povos da Amazônia, mudaram o nome, deixando em completo abandono a memória deste grande homem.

Fonte: Jornal do Comércio, edição especial do aniversário de Manaus e SUFRAMA.

sábado, 16 de janeiro de 2010

AÍ SE O MEU FUSQUINHA FALASSE!



Comecei a paquerar o meu fusca no ano de 1976, consegui casar em 1979 e, separei em 1989, foram 10 anos de uma bela convivência.


Trabalhei na empresa chamada “Importadora Souza Arnaud”, situada na Rua Marechal Deodoro, centro de Manaus; o fusquinha da minha paixão pertencia a minha colega de trabalho Conceição Kramer; era da safra de 75; depois foi vendido para outro colega de trabalho, o contador José Antonio e, em 79 consegui comprá-lo, sendo uma parte à vista e outra financiada pelo Banco Safra, penei muito para pagar as prestações, por isso passei a chamá-lo de “Suado”.

A placa ZD-1307 serviu de inspiração para um vizinho ganhar uma vez a milhar no jogo do bicho. Foi uma década de grandes emoções a bordo do meu fusquinha; quando era solteiro fui dezenas de vezes para os lupanares “Saramandaia” e “Iracema”, se o deixasse no piloto automático, com certeza iria direto para o bordel!

Trabalhava durante o dia e estuda a noite, serviu de condução para ir e vir da faculdade; namorei nos seus bancos; fui de Paletó e Gravata para o meu casamento, na Igreja de São Sebastião; fui de Beca para a minha formatura, no Teatro Amazonas; levava os meus filhos para passear nos finais de semana e tomar banho no Tarumã e na Ponte da Bolívia.

Na vida real de marido e mulher, as dificuldades financeiras atrapalham o relacionamento do casal; e o meu com o fusquinha foi inegavelmente afetado, não podia mais cuidar da sua aparência física e dos seus órgãos vitais - o motor e a caixa de marcha – fui obrigado a vendê-lo para o meu compadre Acácio, que o recuperou totalmente, trocaram até o numero da placa, em decorrência da inclusão de mais uma letra na sua composição; depois vendeu para um sujeito desconhecido e sumiu da minha vista.

Não sei se ainda roda ou se foi parar no cemitério dos carros, qualquer um dia desses irei contratar um detetive para desvendar o seu paradeiro.

Certa vez, fiquei muito emocionado, com o reencontro do Fusca JWJ-7694 com o seu primeiro amor, o médico Rogelio Casado, no Largo de São Sebastião, fiz até uma curta de 1 minuto.

Estou com muitas saudades do meu fusquinha! Quem sabe num belo dia, ainda poderemos reatar o nosso casamento e curtirmos juntos a nossa aposentadoria, dando umas voltas pela nossa Manaus Antiga, estacionado uma vez e outra no Bar do Armando, para tomar uma cerveja, saborear um pernil e ouvir jazz de vinil na vitrola 3 em 1 do portuga, por sinal, outro apaixonado pelo seu Fusca azul celestial.