quarta-feira, 31 de março de 2021

REINO ENCANTADO (RIO AMAZONAS) - LETRA E MÚSICA DE FLÁVIO DE SOUZA

 

RIO AMAZONAS

REINO ENCANTADO

Vem vê

Uma obra prima do criador

Um cenário majestoso

Que ele criou com tanto amor

Neste mundo encantado

Você sonha acordada

Com riquezas colossais

Onde o gigante Rio Mar

Ensina você a cantar

Uma canção de amor ô – ô

Nossa terra, nossa gente

Deus abençoou

II

É o imenso Amazonas

Cheio de lendas e rios bravís

O cheiro que vem das matas

Perfuma as mulatas

Com beijos febrís

Vem vê

Um reino encantado

Este imenso Eldorado

De magia e coisas mil

Beleza no mundo igual não há

Vem vê onde está

O coração do meu Brasil.



Fotos: José Rocha (o editor deste blog). Rio Amazonas, em frente a cidade de Parintins, Amazonas, Brasil. 

             Flávio de Souza, Tainah Paulain.

Extraído do Livro (ainda no prelo) FLÁVIO DE SOUZA - UM GRANDE DESPORTISTA E MÚSICO DO AMAZONAS - AUTOR: JOSÉ ROCHA).


quinta-feira, 18 de março de 2021

BLOGDOROCHA: OSCARINO E O BONECO PETELECO

BLOGDOROCHA: OSCARINO E O BONECO PETELECO: O Peteleco nasceu em Manaus, na década de cincoenta, ele é um típico negão beiçola, moleque, maluvido e respondão, foi criado pelo ve...

quinta-feira, 11 de março de 2021

A VILLA MARTINS

Ficava na Avenida Leonardo Malcher, 1141, centro de Manaus, era um casarão da época da “Belle   Époque” amazonense, deve ter sido construída no inicio       do século passado por um rico seringalista, possuindo um pavimento superior todo em alvenaria    com       duas entradas laterais e a parte inferior com portas        em forma de arcos típico de estrebarias.

O termo Vila (Villa em latim) era na Roma antiga uma casa de campo (residência campestre). Em todos os registros de jornais antigos a Villa Martins aparece com dois “l”. Alguns historiadores relatam que aquela imensa casa pertencia a um seringalista. Nos mesmos periódicos comentam a existência de um seringal com o mesmo nome, no Rio Tarauacá, onde é hoje a cidade de Eirunepé, no Amazonas. Presume-se que pertencia ao mesmo dono, a família Martins.

Guardo boas lembranças daquele local. Fui morador da Rua Tapajós, que ficava bem próximo a esta Vila, onde grande parte dos meus colegas da minha adolescência morava ali.

A mais famosa moradora foi a Messody Serruya Israel, que nasceu na Villa Martins. Foi eleita, em 1979, Rainha do Carnaval, representando o Akiko´s Cabelereiros e, posteriormente, Miss Amazonas, pelo Clube Sírio-Libanês.

Em 1980 ela foi trabalhar na famosa Revista Eficaz, editada pelos fiscais da Secretária de Fazenda. O seu irmão Abrahão Serruya foi Delegado de Polícia Civil do Amazonas.

Moisés Serruya
Em 1988, o Jornal do Commercio, fez uma reportagem denominada “O Paraíso da Villa Martins”, da jornalista Ana Célia Ossame. Naquela época, moravam 20 famílias muito unidas. Por lá nasceu Francisco Assis de Souza que morava com os seus cinco filhos.       Os seus pais chegaram lá em 1926.

As casas eram pequenas, sem muito conforto, mas era estratégico e ficava no centro da cidade. Os primeiros quartos na parte superior eram de alvenaria e os restantes de madeira. Segundo o Senhor Francisco “A vida era tranquila, ninguém se incomodava com ninguém, não havia fofocas nem brigas entre os vizinhos. Os moradores eram tradicionais e permaneciam por muito tempo por lá, moravam velhos e novos moradores, com alguns pagando até um valor irrisório no aluguel”.

Segundo a mesma reportagem, em 1988 ainda morava no mesmo local o senhor Moisés Serruya (foto acima), motorista profissional e o pai da miss Amazonas. Ele gostava de se embalar numa cadeira na varanda da casa, tinha orgulho de ser o pai da miss que não morava mais na vila, declarou: “Estou afastado por problema de saúde, mas aqui é tudo calmo, não sou incomodado pelos vizinhos e nem pelo barulho das crianças”.

Por lá ainda morava a Eliana Serrya, que já tinha conseguido uma casa no Conjunto Cidade Nova, mas tinha um comércio no local, onde vendia alimentos e refrigerantes, pagava dois mil cruzados pelo aluguel.

Outra moradora entrevistada pela jornalista foi a Dona Lourdes Santos, que estava morava há 27 anos, declarou: “Estou doente e cansada e tudo o que se pode falar daqui é que a vida é tranquila”.

Para concluir a reportagem, a jornalista Ossame escreveu:“Na grande Manaus, das propagandas oficiais, as vilas, estâncias e moradias sem condições acabam destoando da Villa Martins, que se livra da especulação imobiliária que atinge boa parte dos brasileiros. Não é difícil encontrar um morador que compare a Villa a um paraíso, principalmente pelo preço do aluguel, dada a localização do imóvel  e a tradição dos moradores”.

Infelizmente, este paraíso que era a Villa Martins não venceu a fúria devastadora do progresso e foi ao chão, assim como foram centenas de outros prédios antigos, pois não eram tombados (protegidos por lei).

Todos os moradores tiveram que sair do local, depois de longos anos vivendo em comunhão. O proprietário vendeu o imóvel para dar lugar a um prédio moderno, abrigando, atualmente, a Escola Superior de  Estudos Sociais, da Universidade Estado do Amazonas (UEA).

Os moradores mais antigos, que ainda moram no entorno, quando alguém comenta com menosprezo sobre a Vila Martins, rebatem na hora “A Vila Martins é pura história e ali nasceu uma miss do Amazonas”.

Fonte: 

Jornal do Comércio, edição 13/05/1988 (Hemeroteca Digital Brasileira).

Fotos: 

Jornal A Crítica - Jornal do Commercio - José Rocha

quarta-feira, 10 de março de 2021

AS INJEÇÕES DA DONA ROSA

 


        Ela era uma típica enfermeira de antigamente:                     uma senhora de idade que ainda trabalhava nos hospitais públicos. Sempre vestida de branco, gordinha, ranzinza, parecendo estarde mal com o mundo. Mascava um tabaco de corda.                           Era o terror da molecada da rua, pois era a única que aplicava aquelas injeções que doía até a alma. Quando algum curumim ficava doente os pais tinham de amarrar o caboquinho e levá-lo até a Dona Rosa. Acho que ela era sádica, pois cumpria um ritual:            colocava álcool num recipiente, tocava fogo para esterilizar as agulhas grandes e grossas e as ampolas de vidro. Depois metia a agulha num vidro, quebrava uma ampola e fazia um teste, escorrendo um pouco do líquido, aquilo era cruel para a meninada. Olhava por cima dos óculos e com uma voz rouca                                    dava                           as                      ordens            aos        pais:

- Tira a calça dele, a injeção vai ser na bunda, não quero               que     se     mexa     e      muito   menos  choro, senão aplico outra! 

Meu Deus! Pense num sufoco! O pai segurava o moleque pela cabeça e a mãe pelas pernas. Ela ainda ria,   chamando  o  guri   de   frouxo!

        A mulher era durona, não gostava de ninguém, muito menos de crianças barulhentas. Mas, próximo ao Natal, o seu coração amolecia, mudava de feição, ficava mais alegre, não aplicava as malditas injeções e, pasmem, fazia chocolate quente com biscoitos, convidava todas as crianças para lancharem em sua casa. Mudava da água para o vinho. Fazia uma lapinha e pedia para a molecadarezarem ao redor.

Depois do Natal a Dona Rosa voltava ao oficio de aplicar           injeções doloridas e fazer chorar um monte de crianças da nossa rua!

segunda-feira, 8 de março de 2021

O “BOLA” DA VILA MARTINS


Bola é o apelido de um colega de rua que possui a estatura mediana, moreno, gordinho e redondinho, daí o apelido por ser parecido com uma bola de futebol – Vila Martins era uma imensa casa da “belle époque”, que pertencia a uma seringalista e que ficava na Rua Leonardo Malcher, onde é hoje é uma faculdade da Uninorte, com o fim do primeiro ciclo da borracha aquele imóvel foi dividido em dezenas de quitinetes – era o local onde o Bola morou por longos anos, mudando-se depois para o bairro da Matinha.

Mesmo morando em outro bairro, o seu local preferido continua sendo a Avenida Getúlio Vargas, Vila Paraíso e Rua Tapajós, onde conserva a amizade de velhos amigos de rua e de birita.

Ele e outros colegas de rua faziam parte da “Galera Selvagem”, um grupo infanto-juvenil que deu muito trabalho para os homens da lei, pois aprontavam todas naquele entorno, promovendo brigas e arruaças dentro do Bancrévea Clube e no Sheik Clube, ambos na Getúlio Vargas.

Este grupo não existe mais, são todos cinquentões e sessentões, porém, gostam de se reunir no final de ano para lembrar os velhos tempos.

O Bola desde novinho sempre gostou de batucar em qualquer coisa que desse som, mesa, prato, garrafa de plástico ou de vidro etc. Com o tempo, foi pegando gosto por pandeiro, atabaque, tantã e o surdo de primeira, sendo chamado para as baterias das escolas de samba de Manaus.

Ele faz parte do livro O Zé de Mundão de Manaus “...Agora, imagine o Zé Mundão com a sua Galera. na época do carnaval. O bicho pegava. Eram seis e faziam parte da bateria da Escola de Samba Unidos da Getúlio Vargas. Nos ensaios, o Zé queria ditar o ritmo, mandar mais que o Mestre Bola, um negão barrigudo, grande sambista importado lá da Matinha. O Bola ficou chateado e mandou ver: – Zé Mundão, tu tá atravessando o samba, cai fora agora ou quebro tua cara de porrada! O Zé não se fazia de rogado: – Tá bom, mas tem um detalhe: vai comigo toda a minha galera, inclusive o Bira, o cara que ia pagar logo hoje três grades de cerveja, mano! Mestre Bola sentiu a parada dura, pois sabe como é a vida: sem veludo no gogó, não dá samba! Procurou logo amenizar: – Tá bom, Zé, mas bate devagar no surdo de primeira, vou fingir que nem estou ouvindo! O Zé somente aprontava nos ensaios, pois, no desfile na Avenida Eduardo Ribeiro, o cara ficava dentro do ritmo, apesar de só descer a avenida depois de ter detonado várias doses do padrinho Acrísio, uma bebida alcoólica preparada artesanalmente pelo “Sêo Acrísio”, famoso “químico” da fábrica do guaraná Baré...”.

Um micro empreendedor da Rua Leonardo Malcher resolveu inovar: fez um rodízio de sanduíches + refri a vontade por dez reais, achando que o caboco não aguentaria comer mais de três samdubas. O Bola foi lá e detonou seis X-Salada e um Kokão. O dono acabou a promoção na hora. Para quem come um pacote de macarrão e seis ovos antes do jantar, aqueles sanduichinhos eram moleza para o Bola.

Certa vez, houve uma roda de samba na Rua Costa Azevedo, próximo a Calçada Alta, com direito a palco e tudo o mais, lá pela tantas o locutor anunciou: - E agora com vocês, um grande sambista vindo diretamente do Rio de Janeiro, o Bola da Vila Isabel. Entra um gordinho sambando e tocando um surdo na maior bossa.   O Jorge Faraó, outro amigo de infância deu um grito para ecoar em todo o quarteirão: - Esse ai é o Bola lá da Vila Martins. Não é do Rio, não, ele é da Vala da Vila Paraíso.                                      Ele não deu a mínima, botou pra tocar e animou a festa.

Na época das galeras, ele e o Peri (filho de criação do Dr. Viriato) eram malinos, gostavam de botar para correr quem não era da área. Numa noite escura, os dois estavam na entrada da Vila Paraíso e avistaram ao longe um bêbado que vinha na direção deles. O Bola falou: - Peri, corre um dá um tapa naquele vagabundo, se ele não correr eu dou o arremate aqui. O Peri voltou ofegante: - Bola, Bola, não bate nele não, é o porra do Maroco (um vizinho da Vila Paraíso que quase apanha na escuridão).

Outra vez, passou por lá um “filhinho-de-papai” todo becado com um tênis All Star zerado (o desejo de consumo do Bola). Não deu outra, o Bola deu-lhe um tapa e gritou: - Tira agora o sapato e calça o meu surrado! O Bola todo boçal foi para o baile no Sheik, lá o camarada reconheceu o Bola e foi buscar um segurança para tomar o tênis. Os dois ficaram se encarando. O Bola abriu a mão que tem o tamanho de um pandeiro de quatorze polegadas, o camarada como já tinha sentido o peso da parruda, falou:                                                         - Parece com o meu, mas não é, não!

O Bola fez semana passada 55 anos de idade. Ele não apronta mais. É um cara de responsa. Um amigo de infância o empregou numa locadora onde faz lavagens e higienização dos veículos.

Continua batucando e batendo com força no surdo de primeira da Pareca e do Reino Unido, além de encontrar com os amigos no Bar Aroeira da Getúlio Vargas para lembrar dos velhos tempos da Vila Martins.

É isso ai.

sábado, 6 de março de 2021

A HISTÓRIA DE AMOR ENTRE MÁRIO & ANITA

 


Mário era um caboclo manauara inteligentíssimo, poeta e escritor. Dedicou toda a sua vida a três amores: a sua cidade natal, os filhos e, principalmente, a sua amada esposa Anita. O amor entre os dois começou quando ela estava entrando na adolescência e ele já um homem adulto. Passava todos os dias em frente à sua casa somente para vê-la, parava e falava:                                                            - Menina linda dos olhos azuis, um dia iremos nos casar!                 Ela respondia com um sorriso angelical. E assim foi durante anos.     A mãe da Anita era uma viúva descendente de portugueses e estava preparando a sua filha para casar com uma pessoa de posses e influente na sociedade manauara, pois possuía uma beleza singular de européia, além de uma boa cultura e de prendas domésticas. Jamais iria deixar a sua filha se encantar com um “pé rapado”, de pele morena e com a cara de um índio, um caboclo típico da região amazônica. No entanto, ela não entendia que o amor não se escolhe para os filhos, ele vem naturalmente entre duas pessoas.               Os encontros entre os dois eram sempre às escondidas da mãe de Anita. Contava sempre com a ajuda de uma prima, onde lhe era permitida ir sozinha para passar algumas horas em sua companhia.         Aproveitava a oportunidade para namorar com o seu amado Mário. Os dois estavam totalmente apaixonados. Ela não se importava com a grande diferença de idade entre os dois muito menos da sua precária situação financeira. O Mário bolou um plano para fugir com a sua amada. O dia “D” foi quando a mãe de Anita a permitiu dormir num final de semana na casa da prima. O Mário tinha um amigo que trabalhava a noite na empresa que fornecia eletricidade para a cidade, a concessionária inglesa Manáos Tramways and Electric Light Company. No horário combinado, ele promoveu um blecaute, deixando toda a cidade de Manaus às escuras. Foi o momento certo para o Mário fugir com a sua amada Anita. Eles já tinham acertado com um padre para celebrar o casamento entre os dois, além de um casal de amigos para serem os padrinhos do enlace matrimonial.      E assim aconteceu. Foram para um lugar escondido de todos e de tudo para curtirem juntos a merecida lua-de-mel. No dia seguinte, a mãe da Anita foi à loucura quando soube do acontecido. Procurou a autoridades para cancelar o casamento e convencer sua filha a voltar para casa. Tudo em vão. O casamento no católico naquela época possuía o seu valor legal. Já estavam casados e se amavam. Com o passar dos anos, Mário foi tendo projeção na sociedade e amealhando um patrimônio suficiente para manter a sua família, pois os primeiros filhos já estavam chegando ao mundo. Mário nunca teve mágoas de sua sogra, muito pelo contrário, a trouxe para morar em sua casa, em companhia da filha, dando-lhe todo o conforto possível até a sua morte. Durante anos, dedicou o seu tempo vago para construir uma cidade imaginária, com uma alegoria que encenava a concretização do amor de Mário a sua esposa Anita. Este trabalho constitui-se naquilo que se pode dizer, que foi feito com muito amor, não somente na sua construção, mas, para a sua eterna amada esposa. Viveram felizes por sessenta e seis anos até que a morte os separou. Tiveram quatro filhos e vários netos.  Uma coisa muito rara nos tempos atuais, onde a grande maioria dos casais se casa e descasa, ama e odeia, num curto espaço de tempo. Ficará para a posteridade o exemplo de amor do casal Mário & Anita.

quarta-feira, 3 de março de 2021

JOAQUIM ALENCAR E MANECA = DOIS BALUARTES DO FUTEBOL AMAZONENSE

O futebol amazonense já teve os seus tempos de glória, com “casa cheia”, campeonatos disputadíssimos e jogos de altíssima qualidade. Para manter o futebol de campo por longos anos neste patamar elevado, tivemos o apoio e o alicerce de grandes desportistas, dentre eles, o empresário e publicitário Joaquim Alencar e do professor e político Manoel do Carmo (Maneca), que ficaram na história de nossa cidade por suas atuações em prol deste esporte.

Os dois sempre se rivalizaram no futebol, pois foram os dirigentes do futebol amazonense por várias décadas. 

O professor Manoel do Carmo, conhecido no meio político e futebolístico como Maneca, dedicou sua vida inteira ao Nacional futebol Clube. Atleta amador de futebol de campo e de salão chegando a ser o Presidente do clube onde conseguiu vários campeonatos. Foi professor de matemática do Colégio Estadual, de onde também foi diretor, da Escola Técnica e da UFAM. Foi também eleito quatro vezes seguidas deputado estadual tendo presidido a Assembleia Legislativa.

O Joaquim Alencar jogou no Olímpico Clube, América e Nacional, do Amazonas e na base do América do Rio de Janeiro, na década de setenta. Em parceria com os desportistas Manoel Muniz, João Torres e da EMANTUR promoveram o grandioso e histórico jogo de futebol entre o New York Cosmo e Fast Clube, no Estádio Vivaldo Lima, em 09 de abril de 1980. Fez vários outros famosos eventos futebolísticos, como: Fast X Seleção da Polônia, Seleção da Bolívia, Flamengo, Vasco e Fluminense. Presidente do Fast Clube. Foi o responsável pela vinda de vários jogadores famosos para o futebol amazonense, como: Clodoaldo, Jairzinho, Marco Antônio, Josimar, Alberto Leguelé, todos da Seleção Brasileira. Autor do “Projeto Vale Lazer”, ajudando o Estado do Amazonas a quintuplicar a arrecadação e colaborando com a equipe do São Raimundo a manter-se por oito anos na segunda divisão do futebol brasileiro.

O Nacional Futebol Clube sempre foi um time da elite, com uma belíssima sede na Rua Saldanha Marinho, destruída pela fúria do progresso. Depois, construiu outra imensa e bela no bairro chique de Adrianópolis.

Por outro lado, o Nacional Fast Clube surgiu depois de uma briga interna dentro do Nacional Futebol Clube. Foi sempre o filho pobre do Nacional. Os dois quando se encontravam em campo o clássico chamava-se Pai & Filho.

Um dos jogos mais lembrados entre as duas agremiações, foi quando o Nacional, que possuía muitos recursos e cheio de estrelas, perdeu para o modesto Fast Clube por 3 a 2, conforme fotos das equipes daquela época.


Esta equipe do Fast Clube jogou contra o Clube de Regatas Flamengo (Vice-Campeão de 1995). Um grande evento esportivo com a assinatura do Joaquim Alencar, um empreendedor nato.

Por outro lado, o time do Nacional possuía o patrocínio do Carnê Supernaça, de uma empresa gaúcha. O Naça tinha dois tri campeões mundiais, o Edú e o Dario Maravilha, além de Carlos Alberto Garcia (ex-Vasco da Gama), Bendelack, Marcão e outros famosos.

Parabéns Maneca e Joaquim Alencar, por terem contribuindo durante décadas seguidas para o engrandecimento do futebol amazonense. Coisa muito difícil de ver nos dias atuais.

É isso ai.

segunda-feira, 1 de março de 2021

DUELO HISTÓRICO NA PRAÇA DE SÃO SEBASTIÃO - FÁBIO LUCENA X ANDRADE NETO

 


Este duelo aconteceu em Manaus, no dia 26 de novembro de 1977, na Praça de São Sebastião, tendo como desafiante o empresário dono do jornal A Notícia, o senhor Andrade Neto, e o desafiado, o vereador Fábio Lucena.

Essa presepada toda consta na Dissertação de pós-graduação em História pela UFAM, do acadêmico Giovanny Amaral e foi presenciada pelo então Deputado Federal Mário Frota, conforme relatos contidos neste trabalho.

Um duelo ocorre quando uma pessoa desafia outra para um confronto armado, motivado, habitualmente, por um desejo de desagravo à honra ou desavenças individuais, buscando, acima de tudo, demonstrar sua supremacia no campo de batalha.                                            

Andrade Neto – era casado com a filha do Comendador Felix Fink, dono das drogarias Fink. Proprietário do jornal A Notícia (circulou até 1990). Foi um político e empresário muito polêmico em Manaus.

Fábio Lucena – nasceu em Barcelos em 1940, foi bancário, jornalista, vereador e senador da república. Foi um político polêmico.       Cometeu o suicídio em Brasília, em 1987.

O Edil trabalhava como redator para o empresário Andrade Neto, no jornal A Notícia, no entanto, fez uma homenagem na tribuna da câmara pela passagem dos 25 anos do jornal A Critica, o que contrariou o seu patrão, ocasionando a sua demissão.

O jornalista Humberto Calderaro admitiu o Fábio Lucena em seus quadros, onde aproveitou para desmoralizar o Andrade Neto,        além de utilizar a tribuna da câmara para o mesmo intento.

Por outro lado, o Andrade Neto começou a revidar e escrever sobre a vida pregressa do vereador. Durante longo tempo os dois trocaram acusações, culminando em um “Duelo e vida ou morte na Praça de São Sebastião”.

O acontecimento foi um tanto engraçado, servindo para engrossar os registros históricos do “Folclore Político de Manaus”.

A briga entre os dois chegou ao seu ápice em 1977, quando o Andrade Neto em artigo publicado na coluna “Pinga-Fogo”, do jornal A Notícia, desafiou o Fábio Lucena para um “desforço pessoal” em local e hora que ele determinasse.

Diante disso, Fábio Lucena, disse “Se Andrade Neto for o pai de seus filhos, que compareça amanhã, às oito horas, na Praça de São Sebastião, pois lá estarei para enfrentá-lo do jeito que ele vier, à bala ou de qualquer jeito, perante os pés e o testemunho de nosso senhor Jesus Cristo. Juro pela vida dos meus filhos que, se o encontrar em qualquer parte da cidade, um de nós dois morrerá, não o faço em nome de Deus, porque seria uma profanação, mas se for necessário o faço em nome de Satanás”.

Segundo Mário Frota, ele falou com o Humberto Calderado a convencer o Fábio Lucena a desistir do intento, mas foi em vão.

No dia acertado, Frota foi até o apartamento de Lucena que fica no edifício Maximino Corrêa, na Praça do Congresso. Chegando lá, ele presenciou um negócio muito engraçado, quando o Fábio Lucena recebeu das mãos de um coronel dois revólveres de cano longo. Vestiu um paletó quadriculado (marrom, preto e marrom), botou no pescoço um lenço vermelho e desceu as escadas.                           Lá fora uma multidão o esperava.

Fábio Lucena foi à pé seguido pela multidão, pois o achava um herói, um cara que teve a coragem de desafinar o todo poderoso dono do jornal A Notícia, o Andrade Neto.

Entrou na Igreja de São Sebastião, e disse: “Eu quero entrar sozinho”. Ajoelhou-se, com as mãos postas, ele era muito católico, rezou, orou. Na saída um jornalista o indagou “Vereador, o que o senhor veio fazer mesmo agora, que o senhor se ajoelhou e orou?” Fábio respondeu: “Não, eu orei a Deus neste momento, eu entreguei minha alma a Deus e o corpo a Satanás”.

Ele foi para o meio da Praça de São Sebastião  e falou a multidão: “Agora, que ninguém me acompanhe, em razão do perigo das balas”. A galera toda com medo correu para assistir lá em cima nas escadarias do Teatro Amazonas. 

O Andrade Neto morava numa bela casa situada na esquina da Rua Dona Libanea. O Fábio ficava olhando atentamente para aquela rua da antiga casa do J. G. Araújo, achando que o rival viria por lá.                             

O clima ficou tenso. Um silêncio total. O povo estático esperando ansiosamente o desfecho daquela cena que lembrava os velhos filmes de faroeste do Cine Guarany.

Colocou o paletó para trás, parecia um filme de bang-bang, com os dois revolveres na cintura, andando prá lá e prá cá.                 

Quando o sino do relógio da igreja bateu as oito badaladas fortes da manhã, ele parou, respirou profundamente e ficou naquela posição concentrada de sacar e atirar primeiro.                                      Pense numa situação engraçada.

Ficou assim durante uns dez minutos. Olhou para o relógio e gritou        “O poltrão não apareceu! O poltrão não apareceu”.                          

A multidão correu lá de frente do teatro em sua direção, abraçando e gritando o nome dele “Fábio, Fábio, Fábio”.                                Virou um super herói baré.

Foi quase “Um Duelo de Vida e Morte”, que evidenciava o temperamento do Fábio Lucena, que felizmente não aconteceu.

É isso ai.