domingo, 31 de maio de 2020

SALIM GONÇALVES E AS ONDAS DO RÁDIO

Fui buscar no fundo do baú da minha memória para relembrar o que ainda estava bem guardado, sobre o que vivenciei e curtir das interpretações musicais, nos sábados à noite, do grande cantor e compositor Salim Gonçalves, conhecido por alguns como o "Seresteiro Romântico do Rádio”.
Na minha infância, quando ainda não existia a internet, intranet, TV a cabo, smartphone, notebook, games e todo o resto do lixo tecnológico atual, as emissoras de rádio detinham toda uma supremacia nos meios de comunicações, com apenas nas ondas médias e tropicais, conhecidas nas décadas de 60 e 70 como Rádio Difusora (Eu, Você e a Música/Chegou a Hora do Rock), Baré (Caleidoscópio Baré/Programa Em Bossa Nova) e Rádio Tropical (Night And Day). As emissora realizavam muitas atividades culturais dentro e fora dos estúdios: Maloca dos Barés, Os Melhores do Rádio, A Festa da Mocidade e Festival de Dublagem
Naquela época os castying das emissoras locais eram Salim Gonçalves, Kátia Maria, Lili Andrade, Adelson Santos, Lucinha Cabral, Guimar Cunha, Domingos Lima, The Rocks (Adelson, Celito, Péricles e Noval Benayon), The Rights (Zé Maria, Magalhães, Orlando, Manuel e Wandler Cunha), Os Embaixadores e outros.
O Salim cantava na Rádio Difusora, sempre após a tradicional “Oração das Seis Horas”, do eterno e saudoso guerreiro Josué Pai. Detonava a voz, acompanhado do Moisés do Violino e do Simões do Violão (famoso pelas as suas unhas de gavião).
O meu velho pai tinha um rádio à válvulas, demorava uma eternidade para esquentar e sintonizar a Rádio Difusora! Toda a nossa família ficava reunida na sala de estar, para ouvir o seresteiro celebrar em poesia os clássicos Granada, Mujer, Noche de Ronda, Solamente uma Vez, Farolito, El Reloj, La Barca, Besame Mucho e Vereda Tropical.
Lembro-me do Salim, andando pela Rua Henrique Martins, no Canto do Fuxico, vestido com aquela calça de linho, camisa a La Falcão e bolsa de prestamista.
Chegou a gravar um Long Play (vinil) e vários CD’s. Fez muitos sucessos na nossa terra de Ajuricaba. Não sei se ainda está vivo. Não tive mais notícias do Seresteiro do Amazonas, mas a sua voz continua nas ondas do rádio da minha memória!

sexta-feira, 29 de maio de 2020

VISITA DO LUTHIER ROCHINHA A OELA

O luthier Rubens Gomes veio para Manaus com a missão de fazer oficinas de lutheria no Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas (CAUA). Certa vez, fez uma visita ao meu pai, o luthier Rochinha, os dois tornaram-se grandes amigos, afinal, militavam na mesma profissão de confecção de instrumentos de cordas. No entanto, quando se conheceram, o Rochinha já estava doente e não podia mais trabalhar. O Rubens fez questão de fazer uma reforma no último violão do grande mestre e este fez uma visita a Escola de Lutheria do Amazonas (OELA), poucos anos antes de falecer.
No meu velho automóvel da marca Santana/VW acomodei o meu pai e a sua cadeira de rodas (ele teve um AVC e estava com sequelas), fomos até o bairro do Japiim, onde já estava nos esperando o repórter fotográfico Robervaldo Zezinho Rocha e rumamos para o bairro Zumbi II.
Era um sábado de manhã, o Rubens convocou todos os estudantes da sua OELA para receberem a visita do respeitado luthier Rochinha. Foi uma troca valiosa de informações, com o mestre sendo reverenciado pelos jovens iniciantes na arte da luteria.
Segundo o sitio da OELA www.oela.org.br “Desde 1998, a OELA promove aos adolescentes, jovens e a comunidade da zona leste de Manaus, bairro Zumbi II, o sonho de transformar vidas, incentivando a cidadania e construindo ideias sustentáveis. Nos seus 15 anos de existência, a OELA desenvolve ações voltadas para a educação profissionalizante, respeitando os princípios da utilização racional e sustentável dos recursos naturais da região, contribuindo para a formulação de políticas públicas que atendam aos direitos e necessidades dos povos da Amazônia”.

Depois do encontro na OELA, fomos almoçar um “galeto assado” e tomar algumas geladas. Dias depois, o Rochinha passou mal, teve que operar da próstata, vinda a faleceu alguns anos depois.
Esta postagem é dedicada a luthier Rubens Gomes, aos jovens estudantes da OELA e ao mestre Rochinha. É isso ai.
O mestre
Rubens Gomes
faleceu hoje. Meus sentimentos a família.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

POLÍCIA FEDERAL

A Polícia Federal é uma instituição que sempre foi vista por sua atuação firme, isenta e imparcial.
O terror das pessoas e empresas que lapidam o patrimônio público federal. Quando os homens de preto chegam às seis da manhã na portaria dos luxuosos condomínios o alvoroço é geral, com muita gente fina desmaiando, contratando às pressas os advogados para safa-los da prisão e dos processos contra eles.
A grande maioria do povo brasileiro sabe que quando a PF coloca em campo as suas operações estão calcados de todas as informações possíveis, escutas, provas documentais e testemunhais, além de autorizações judiciais.
Ultimamente acompanhamos pela televisão, jornais e mídias sociais um lado que desconhecíamos: a interferência das autoridades superiores em suas atuações e linha de comando.
Um empresário declarou que um fulano foi avisado (por um informante interno) antes da deflagração de uma operação e que ela foi postergada para não prejudicar um candidato em plena campanha.
As instituições são mais fortes do que os políticos, pois estes são passageiros.
Existem projetos para tornar a PF autônoma e não subordinada aos três poderes, porém os políticos engavetam, pois a grande maioria possui culpa no cartório e são os principais investigados

domingo, 24 de maio de 2020

LANÇAMENTO DO LIVRO "TIA TETÊ", DA MARIA LUIZA DAMASCENO E LUCINHA CABRAL

Era uma quarta-feira, estava tudo preparado para o lançamento de vários livros no hall da Biblioteca Pública do Amazonas. Eu era um dos convidados da Maria Luíza (minha vizinha do Conjunto dos Jornalistas) para o lançamento do seu livro em parceria com a Lucinha Cabral.
Acertei com o jornalista Jersey Nazareno para irmos juntos ao evento, mas o capeta nos orientou para passarmos primeiro no Bar Caldeira para entornarmos umas bramitas.
O Naza estava todo engomado, na beca, de blazer e camisa manga comprida e tal. Eu todo relaxado. Resolvi ficar no boteco, pois não sou muito chegado a formalidades e compromissos.
Fiquei sabendo que a Maria Luíza sentiu a minha falta, mesmo assim fez uma dedicatória do seu livro.
O Naza teve que desembolsar dez reais pelo exemplar. Ainda estou devendo, um dia o pagarei!
O tempo passou e todas as vezes em que comparecia a casa do meu amigo ele falava do livro, porém não sabia onde se encontrava. Estava em algum lugar misturado na montanha de livros de sua vasta biblioteca.
Ontem, um sábado resolvi sair da toca e caminhar pelo centro da cidade. No retorno passei pela Rua Saldanha Marinho para encontrar o meu velho amigo Nazareno.
Foi um reencontro agradável, parecia que fazia anos em que não nos via. A primeira coisa que ele falou foi que tinha encontrado o livro da Maria Luíza. Ele correu para dentro de sua casa e demorou demais para voltar.
Pensei "Esse Naza já perdeu novamente o meu livro!". Depois retornou suando frio, não sei se a sua pressão estava baixa ou tinha ido "jogar um barro na louça" ou coisa parecida.
Abri o livro e fui direto a dedicação "Para o Rochinha, com amizade. Em 04/04/2013. Maria Luíza".
É isso mesmo! Depois de sete anos recebi o meu livo! Pense numa demora! Mas, não existe hora nem tempo para receber um livro. Um livro é um livro, tem de respeitar qualquer exemplar!
É um pequeno livro, mas grande em ensinamentos da Tia Tetê.
"A Manaus de nossa infância era uma cidade pobre e distante dos centros mais desenvolvidos do país. Uma de nossas distrações era de nos reunir, logo depois do jantar, para ouvir as histórias da Tia Tetê. Aos quarenta anos ficou completamente cega e, esse fato, aos invés de abatê-la , fez com que desenvolvesse os seus outros sentidos. . Tia Tetê gostava de estar rodeada de crianças e de contar histórias. Maria Luíza".
Ela nos conta da Criação do Rio Amazonas, A Lenda da Vitória-Régia, Lenda do Guaraná, O Jabuti e o Urubu: Uma Festa no Céu, A Mãe da Seringueira, A Lenda do Fogo, O Jacaré e a Onça e a Lenda do Uirapuru. Que bom!
Um livro nunca perde a sua essência! Todo livro e o seu escritor são imortais! Ficam para o todo sempre.
Valeu, Naza! Valeu, Maria Luíza! Valeu, Tia Tetê! Mesmo passados sete anos o livro serviu para a minha postagem de hoje para o BLOGDOROCHA.
É isso ai

CORONEL JORGE TEIXEIRA DE OLIVEIRA

O Coronel Jorge Teixeira, conhecido por "Teixeirão", figura como o primeiro da lista dos prefeitos de Manaus (top of mind). Pode perguntar em qualquer esquina, principalmente dos que já passaram dos sessenta anos, será com certeza o mais lembrado!
Foi nomeado Prefeito de Manaus em 15 de Abril de 1975, pelo então governador Henock da Silva Reis, recebendo a PMM pelas mãos do presidente da Câmara Municipal e Prefeito interino, Ruy Adriano de Araújo Jorge. Um dos marcos da sua administração foi a implantação do Plano de Desenvolvimento Local Integrado (PDLI), que foi logo transformando em lei e posto em execução.
O coronel Jorge Teixeira foi também o último governador do antigo Território Federal de Rondônia e o primeiro governador do novo Estado. Ele foi nomeado pelo Presidente da República João Baptista de Oliveira Figueiredo, assumindo o cargo em 10 de abril de 1979. Sua principal tarefa era transformar o Território Federal de Rondônia em Estado.
Jorge Teixeira de Oliveira nasceu em 03 de junho de 1921, na cidade de General Câmara, Rio Grande do Sul. Filho de Adamastor Teixeira de Oliveira e Durvalina Estibem de Oliveira. Tinha curso superior, formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), na turma de 1947. Fez mestrado em Educação Física, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1963. Casou-se com dona Aida Fibiger de Oliveira, teve dois filhos, Rui Guilherme Fibiger Teixeira de Oliveira e Tsuyoshi Myamoto (criação). Enquanto esteve no exército, foi o criador e primeiro comandante do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) e primeiro comandante do Colégio Militar de Manaus (CMM).
A Avenida Djalma Batista, uma das principais vias de ligação dos bairros ao centro, foi umas das importantes obras do prefeito. Uma justa homenagem ao Teixeirão foi a criação do bairro Jorge Teixeira, pelo então prefeito Arthur Virgílio Neto, em 14 de março de 1989, com a distribuição de lotes para pessoas carentes, principalmente do bairro do São José.
SELVA! Este famoso brado é também devido a ele; ecoa por toda a Amazônia. Grande guerreiro, cumpriu a sua missão na terra, com bravura, honradez e amor para com o povo brasileiro e a sua pátria. Selva!
Foto: CIGS

sábado, 23 de maio de 2020

NAMORADINHA X ODIADINHA DO BRASIL


A atriz Regina Duarte participou de dezenas de novelas, filmes e peças teatrais, ficou conhecida como a Namoradinha do Brasil" em decorrência da sua participação na telenovela "Minha Doce Namorada", em 1971.
Realmente, naquela época considerávamos a nossa namorada. Era uma típica mulher brasileira, bonita, com um olhar angelical e vencedora das agruras da vida.
Teve uma participação marcante nas novelas Irmãos Coragem, Selva de Pedra, Roque Santeiro, Sétimo Sentido, Vale Tudo, O Astro, Rainha da Sucata e muitas outras.
Algumas pessoas achavam que ela era filha do consagrado ator Lima Duarte, nada a ver, pois o seu pai era uma militar cearense e a sua mãe uma gaucha. O seu nome completo é Regina Blois Duarte.
Na altura dos seus 73 anos já estava esquecida do seu grande público quando entrou em cena mais uma vez. Foi chamada para comandar a Secretária da Cultura do governo Bolsonaro.
Deixou para trás um salário de 120 mil reais na Globo, seus amigos e o teatro, para entrar num covil de cobras em Brasília. Esse papel foi o seu grande erro.
Foi curta a sua participação, apenas dois meses e meio, o suficiente para surtar, minimizar a tortura e ser fritada e queimada dentro do próprio governo.
Por sua declarações foi mal interpretada pelos próprios colegas artistas. Entrou numa novela de quinta categoria, numa barca furada, onde quase joga por terra toda a sua trajetória artística conseguida ao longo de décadas.
Após sair do governo voltou a cidade de São Paulo, para comandar a Cinemateca, um órgão que guarda a memória cinematográfica nacional. Um prêmio de consolo do governo federal.
Foi até bom ter pulado fora do barco, pois em pouco tempo iria mudar de namoradinha para odiadinha do Brasil.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

POLÍTICA - O CENTRÃO NÃO TEM JEITO NÃO, MEU IRMÃO!


Na Constituinte de 1987 surgiu a figura do Centrão, formado por um grupo de partidos políticos para bater de frente com o Ulisses Guimarães e apoiar o José Sarney. Eles não se orientam por ideologias, ficam no meio do campo, pendendo mais para a direita, aproximando-se do executivo (o dono da chave do cofre) para apoia-lo desde que lhes garanta vantagens, como distribuição de cargos, ministérios, liberação de emendas parlamentares, verbas e projetos de lei e demais benesses. Ficou conhecido como “A velha política do toma lá dá cá”, ou seja, apoiamos você desde que pague muito bem por isso.
Qualquer governo democrático não consegue administrar com tranquilidade caso não possua maioria no legislativo. Isto é obvio: conforme a CF/88 o administrador público somente poderá agir com base na lei. Caso se afaste, o seu ato será invalido, é o principio da legalidade. Dessa forma, o executivo fica preso a aprovação de leis orçamentárias, projetos de leis e aprovação das medidas provisórias por parte do legislativo. É ai que entra o pessoal do Centrão para decidir a questão.
Caso o Executivo começar a brigar com o Judiciário, ameaçando-o, ai vai ter problema maior ainda.
O Sarney apoiou o Centrão e foi beneficiado. A Dilma não gostava de apoiar os pedidos deles, em consequência foi impedida. O Temer é uma raposa velha, mantinha um apoio irrestrito e não foi afastado, somente foi preso depois que saiu do governo.
O Bolsonaro falou que não iria fazer essa velha política, no entanto quando começaram a ventilar o seu impeachment ele mudou logo de estratégia e está se juntando a eles, pois representam mais da metade dos políticos que influenciam sobremaneira numa decisão.
Os políticos do Centrão formados pelos partidos PL, PTB, PSD, REPUBLICANOS, SOLIDARIEDADE, além do PSD e DEM que alinham também quando o interesse pessoal for grande.
A maioria desses caras possuem poucos seguidores nas mídias sociais, pois são muito criticados por suas posições contrarias ao bem estar do povo. Não estão nem ai, pois quando se aproximam do governo federal, eles conseguem entupir de verbas as prefeituras dos seus Estados e estes irão trabalhar dia e noite com o dinheiro da União para a reeleição do pessoal do Centrão.
Em 2019, a Câmara dos Deputados proibiu o uso do nome "Centrão" na rádio e TV da Câmara, por considerar o termo pejorativo! É mole ou quer mais?
O Bolsonaro não tem para onde correr. Parece-me que o Procurador Geral da Republica, o Aras está em suas mãos (o indicou mesmo não fazendo parte da lista tríplice) agora será a vez dele retribuir. E se o Aras dê uma de traíra? O Centrão entrará em campo para blinda-lo. Caso não o apoie, podem ter certeza que alguém prometeu muito mais para eles com o presidente impedido
É o Centrão. Não tem jeito, não, meu irmão

sábado, 16 de maio de 2020

SERINGAL MIRIM DE MANAUS

Foto: Escola de Seringueiros José Cláudio Mesquita
Quem passar pelo início da Avenida Djalma Batista, antiga João Alfredo e olhar para o lado esquerdo, no sentido centro/bairro, verá uma subestação da Amazonas Energia, uma estrutura de redistribuição de energia elétrica para aquela parte de Manaus. Muitos, com certeza, não imaginarão que aquele lugar já fora uma belíssima praça, onde existiam cento e vinte seringueiras, a famosa “Hevea brasiliensis” fornecedora do “ouro branco” para servir como escola e contribuir para o esforço de guerra na Segunda Guerra Mundial. O lugar era conhecido como “Seringal Mirim” (pequeno seringal). Segundo os historiadores, em 1913, o Sr. José Claudio de Mesquita, antigo proprietário daquela área (emprestou o nome a uma rua do bairro), encontrou no local oito seringueiras, ao qual deu os nomes de A a H. Depois fez outras 112 plantações com sementes vindas do Rio Jamari. Em 1944, foram encontradas as 120 seringueiras (todas preservadas). Segundos os estudos realizados pelos pesquisadores da época, as nativas eram mais produtivas, sendo que a planta “E” morreu, restando as sete, com idade desconhecida e as outras 112 com idade de trinta anos.
Na década de 40 o local pertencia ao governo do Estado do Amazonas, sob a administração do Dr. Admar Thury, Diretor do Serviço de Fomento Agrícola, na foto acima se pode vê-lo dando uma aula racional de extração do “Látex da Hevea” às professoras estagiárias. Também é possível ver como era o local, com as seringueiras todas enfileirada.
Fomos à bancarrota (falência e ruína) no início do século passado, em decorrência de explorarmos somente as seringueiras nativas, enquanto os malásios plantaram racionalmente as sementes pirateadas pelos ingleses na Amazônia. O Sr. Cláudio Mesquita teve a brilhante ideia de fazer o mesmo, depois de trinta anos, o local estava servindo de laboratório para os pesquisadores, onde os soldados da guarnição militar de Manaus faziam aprendizagem da extração do leite das seringueiras. Veja como foi importante aquele local, serviu de escola para os “soldados da borracha”, nome dado a milhares de brasileiros que foram alistados e enviados para a Amazônia entre 1943 e 1944 na Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de extrair borracha para os Estados Unidos da América nos Acordos de Washington.
Como tudo que é bom tem logo o seu fim! O local ficou esquecido. Serviu por muito tempo de uma Praça e aos poucos foram fazendo a derrubada das seringueiras e o governo do Amazonas cedeu o local para a antiga Eletronorte, ao qual derrubou as últimas seringueiras sobreviventes, para virar uma subestação de energia.
E agora? Como é que fica? Reclamar para quem? Imagine os senhores, um Estado que teve o seu primeiro ciclo de desenvolvimento econômico creditados ao látex extraído das Seringueiras, com o qual conseguiu com o dinheiro ganho construir o Teatro Amazonas, o Palácio da Justiça, as Pontes da Sete de Setembro, embelezar a cidade de Manaus, fazer muita gente enriquecer do dia para a noite e não tem uma única praça que a homenageie, pois esta árvore foi a responsável por tudo isto. Os insensatos derrubaram o “Seringal Mirim”. Uma Seringueira vive mais de cem anos, caso tivessem preservado o Seringal Mirim, muitas delas ainda estariam de pé!
Para a construção do "Novo Seringal Mirim" e resgatar parte da nossa memória, tenho as seguintes sugestões para os nossos governantes:
1. Conseguir outro local para a atual Amazonas Energia construir a sua subestação de energia. Eles estão construindo uma próxima ao Shopping Manaus Plaza, porém não sabemos se irão desativar a do Seringal Mirim;
2. Caso positivo, revitalizar o local. Fazer convênios com os pesquisadores do INPA e UFAM, para coleta, análise e plantio de 120 pés de Seringueiras;
3. Fazer uma ampla divulgação junto aos estudantes do ensino médio e fundamental para que conheçam um pouco mais da nossa história e valorize sobremaneira o “NOVO SERINGAL MIRIM DE MANAUS”;
4. O local deverá ser permanentemente cuidado. Contando com um administrador e auxiliares. Poderá ser transformado em um parque, com a administração a cargo da Prefeitura Municipal de Manaus.
Acredito que se tomarmos esta decisão ainda hoje, daqui a trinta anos, a futura geração poderá retomar o processo de pesquisas, além de servir de local de respeito aquela árvore que tanto contribuiu para o nosso Estado e quem sabe, um dia ainda irá contribuir muito mais

sexta-feira, 15 de maio de 2020

ASILO DOUTOR THOMAS



        Esta importante instituição filantrópica está localizada em Manaus, na Rua Dr. Thomas, 798, no bairro Nossa Senhora das Graças, com acesso pela Rua Maceió, bem atrás do Hospital 28 de Agosto. De acordo com o seu Regimento Interno, a fundação tem como finalidade acolher o idoso, prestando-lhe assistência e promovendo a sua inclusão social, assim como atender às necessidades dos segmentos carentes da sociedade. A sua fundação foi em 1909, com nome de “Sociedade Asilo de Mendicidade de Manaus", passando, em 1932, para “Asilo de Mendicidade Doutor Thomas”, uma justa       homenagem       ao           médico canadense      Harold     Howard    Shearme  Wolferstan       Thomas.
        Em 30 de novembro de 1967 a Câmara Municipal de Manaus, por meio da Lei nº 995, autorizou o Prefeito Municipal a criar a FUNDAÇÃO “DOUTOR THOMAS”, como uma Instituição filantrópica da administração      indireta       e    mantida pela Prefeitura de Manaus.
        Os nossos idosos estão protegidos pela Lei no. 10.741, de 1/10/2003, conhecido como “Estatuto do Idoso”, diz nos seus primeiros artigos que as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos possuem os seus direitos assegurados, preservando a sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Uma obrigação da família, da comunidade,   da      sociedade    e    do      Poder Público.
        Por que homenagear um médico estrangeiro? Segundo o site da instituição a história foi a seguinte: “Dr. Thomas pertencia à Escola de Medicina Tropical de Liverpool, na Inglaterra, instituição dedicada à medicina e saúde pública nos trópicos. Ele foi enviado a Manaus, em 1905, para estudar a febre amarela na região amazônica. Chegando aqui, ele trabalhou no laboratório do médico Dr. Figueiredo Rodrigues. Depois montou seu próprio laboratório de análises clínicas, chamado de The Yellow Fever Research Laboratory e posteriormente de Manáos Research Laboratory. Situava-se no prédio onde hoje funciona a Biblioteca Pública Municipal, na Praça do Congresso. O médico canadense sempre demonstrou seu comprometimento pela cidade, seja na pesquisa das doenças tropicais e no atendimento de doentes. Ele trabalhava gratuitamente na Santa Casa de Misericórdia, de onde foi sócio benemérito. Médico humanitário, Dr. Thomas residia em Adrianópolis, onde hoje funciona a Escola de Enfermagem. Parte da casa foi transformada em enfermaria para o tratamento de cidadãos ingleses da Companhia de Transporte e trabalhadores do porto. Dr. Thomas faleceu em 1931, com 56 anos. O mausoléu está localizado na quadra 08, sepultura nº 698, do cemitério São João Batista. Durante todo o tempo que viveu em Manaus, o médico canadense se dedicou a ajudar pessoas carentes. Abrigava pessoas de várias idades em estado de mendicância e moradores de rua, sendo a maioria idosa. Por identificar essa demanda, passou a desenvolver o trabalho          de                      assistência direcionando       o    atendimento     a população     idosa da cidade”.
        Justa homenagem! O homem tinha um bom coração, ajudou muito os nossos velhinhos e as pessoas carentes da nossa antiga Manaus. Durante longos anos a instituição recebeu apoio do Lions Club, na pessoa do Sr. Antônio José Tuma, da sociedade manauense e da maçonaria. Tenho uma grande ligação com esta instituição, pois, foi o local onde os meus avós paternos, meu pai e um tio foram morar quando chegaram do Ceará no final da década de 30, contaram com a ajuda do patrão do meu avô, um seringalista ligada à maçonaria. Na velhice do meu genitor, ele contou com o apoio do “Programa de Atendimento Domiciliar”,        com           visitas em sua residência de uma equipe        multiprofissional do “Dr. Thomas”.
        A população idosa brasileira está crescendo num ritmo acelerado, chegando à casa dos 30% da população, segundo o censo do IBGE de 2017. Estou caminhando para a velhice plena. Muitos dos meus amigos já estão aposentados, alguns não gostam nem um pouco do termo “melhor idade”, pois, a grande maioria dos velhos sofre de doenças crônicas, recebem uma aposentadoria fajuta, gastam grande parte do seu dinheiro com remédios e com empréstimos consignados (para ajudar os filhos e netos), além de saberem que terão no máximo mais quinze anos pela frente, para eles, a melhor idade é quando é jovem! Sei não, mas, se os meus filhos não cuidarem de mim, na minha velhice, vou querer curtir os últimos anos da minha vida com a velharada, no Parque Municipal do Idoso e morar na casa dos meus antepassados no Asilo Doutor Thomas.

terça-feira, 12 de maio de 2020

CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA



Foi inaugurado oficialmente em 1903 pelo então prefeito Adolpho Lisboa, porém existem registros de sepultamentos desde 1891. Localizando-se na Avenida Álvaro Maia com a Praça Chile. Possui vinte e cinco quadras e com 10 mil metros quadrados, com enterros somente para jazigos perpétuos.

Foi tombado como Patrimônio Histórico do Estado do Amazonas em 1988, pelos seguintes motivos: suas edificações históricas como a capela gótica e pórticos, além das sepulturas de valor religioso, histórico, cultural e arquitetônico, como os inúmeros modelos que apresentam técnicas variadas de construção, alguns com materiais valiosos antigos como cerâmica inglesa, esculturas artísticas e pintura marmorizada.

Depois de mais de um século sem uma intervenção séria, recebeu em 2008 uma restauração e revitalização, pois estava sem manutenção fazia décadas, com a situação alarmante.

Foram restaurados os dois portões de ferro, as grades que servem de muro e a reforma da capela, além dos espaços do entorno do cemitério.

Em 1983 por está completamente lotado, com quase vinte mil sepulturas, todos os enterros foram direcionados ao Cemitério Parque Tarumã, ficando apenas para os jazigos perpétuos.

Parte dele abriga o Cemitério Israelita, bem diferente dos católicos, pois os judeus não aceitam velas, flores ou qualquer tipo de suntuosidade nas sepulturas. Tudo é simples e respeitoso.

Esse campo santo é pura história da nossa cidade. Sempre no Dia dos Finados faço uma visita para tirar fotos e acender velas para os meus antepassados.

A CIDADE DE MANAUS, O COMPORTAMENTO DAS PESSOAS E DAS FAMÍLIAS NA DÉCADA DE QUARENTA.


Ao ler o livro “Evocação de Manaus - Como eu a vi ou Sonhei”, do saudoso manauara Jefferson Peres, foi quando pude ter uma ideia como era a cidade, como se comportavam as pessoas e as famílias na década de 40 em nossa cidade (que vinha de trinta anos de estagnação e estava sofrendo com a Segunda Guerra Mundial). Eram formais, conservadores, machistas, respeitadores, católicos e amavam a sua cidade.
A cidade possuía cerca de cem mil habitantes, onde a classe média morava no centro, formada por oficiais das armas, médicos, advogados, comerciantes e políticos. Eles moravam em casa de no máximo dois pavimentos, casarões e palacetes, enquanto os menos favorecidos, a grande massa de trabalhadores morava em vilas e estâncias, em casas de zinco e telhas. Tinha apenas três bairros, Educandos, Cachoeirinha e São Raimundo. O bonde, a única forma de transporte público, indo até a bifurcação da atual Rua Recife e Constantino Nery (área rural, onde existiam as chácaras e igarapés), contando com pouquíssimos automóveis circulando.
Praticamente todos se conheciam, pelo menos de vista, por cruzarem-se diariamente, pois apesar dos bondes e dos reduzidos carros e das catraias (para travessia dos igarapés), a grande maioria gostava mesmo era de andar a pé.
Existiam poucos choferes de carros de aluguel - eles pertenciam a Garagem Avenida e Esportiva (ambas na Avenida Eduardo Ribeiro). Estacionavam no centro os seus automóveis da marca Packard, Studebaken e Cadilac, não existia taxímetro e a corrida era cobrada em comum acordo. Cada família tinha o seu motorista preferido, o qual era contratado para passear, visitar amigos distantes, fazer piqueniques, participar de casamentos, batizados e enterros.
Existiam pequenos furtos (subtração do alheio sem uso de violência) e as pessoas já evitavam dormir com as janelas abertas. Quando acontecia um crime mais violento, tipo homicídio, a repercussão era em toda a cidade, a comoção era geral e duravam semanas de matéria nos jornais.
Existia policiamento durante o dia pelos guardas-civis e, pela parte da noite, por duplas de soldados a cavalos e pelos guardas-noturnos que cobriam quarteirões, apitando o tempo todo, transmitindo segurança a todos. Praticamente não existia violência urbana, apenas casos pontuais de brigas entre bêbados e desordeiros.
Quando alguém adoecia, os parentes e amigos faziam visitas, levando solidariedade e carinho ao enfermo. No caso de morte, a viúva e familiares vestiam-se de preto e ficavam até seis meses de luto, depois, mais seis meses de luto brando, com roupas de preto e branco e braçadeira preta ou fita na lapela/bolso da camisa e não participavam de nenhum evento social na cidade.
Por estar em plena Segunda Guerra Mundial, com os navios mercantes brasileiros sendo atacados pelos submarinos alemães, existia um grande desabastecimento na cidade. Ninguém se incomodava de dar a um vizinho um pouquinho de açúcar, café, óleo, etc. Aliás, isso foi um hábito que durou por muito tempo.
A cidade respirava a guerra, com despedias e choros para aqueles que partiam para o front na Itália. Com o afundamento do navio Baependi (nome dado a uma vila que fica na Rua 24 de Maio, antes se chamava Vila Itália) morreram vários manauaras ilustres, ocasionado revolta na cidade, como uma quebradeira geral do Consulado da Alemanha, de residências e lojas de italianos, espanhóis e de partidários do eixo. Na cidade não morava japoneses, porém, os residentes na Vila Amazônia (Parintins, Baixo Amazonas) foram expulsos de suas terras (o que lamentamos até hoje).
Com a reabertura dos seringais e a chegados dos “soldados da borracha”, a cidade foi invadida, novamente, pelos nordestinos “arigós” (aves de arribação) e também por muitos norte-americanos que trabalhavam na empresa que transportava borracha em hidroaviões (Ilha de Monte Cristo). O aeroporto de Ponta Pelada foi construído em tempo recorde pelos americanos.
Os homens usavam paletó e gravata o tempo todo, com os chapéus panamá já caindo de moda. As mulheres não usavam calça comprida, era coisa de homem, com os vestidos e saias até abaixo dos joelhos, com meias para não mostrarem as pernas. Utilizam também anáguas e combinações para não aparecerem a calcinha e o sutiã.
Manaus era entrecortada por igarapés, onde a população gostava de fazer piqueniques e tomar banho de rio, com as mulheres usando maiôs inteiros e os homens bermudas longas. Quando o evento era promovido pelos colégios de freiras, as mulheres tomavam banho de vestido!
A Semana Santa era respeitada por todos, com poucas atividades no comércio (muitas lojas ficavam fechadas durante a semana) e na Sexta-Feira uma multidão iam à procissão, com muitos carregando cruz ou uma pedra na cabeça. Nem as “mulheres do sexo” faziam encontros nessa semana. As rádios somente tocavam musicas sacras e os cinemas passavam direto “A Paixão de Cristo”.
Não se ouvia falar em lésbicas na cidade, era muito raro. Alguns homens tentavam esconder ao máximo que eram gays (também conhecidos como enrustidos), quando assumiam a sua homossexualidade, eram marginalizados, apanhavam dos machos e era uma vergonha para a sua família, alguns deles tinham que deixar a cidade, geralmente partia, em definitivo, para no Rio de Janeiro.
As mulheres não chamavam palavrões em hipótese alguma e não bebiam em público. Os homens falavam baixinho entre amigos e jamais próximos a família. Eles também não fumavam diante dos pais, mesmo depois de adultos.
O pedido de casamento era um evento marcante, pois todos da casa, os vizinhos e parentes aguardavam com muita expectativa o dia – uma autoridade ou o pai do rapaz era quem fazia o pedido, sem a presença dos noivos. Selavam o acordo com uma taça de champanhe e, era muito raro não acontecer o casamento.
A mulher tinha que casar virgem, caso contrário, o homem devolvia ao seu pai. O camarada que casasse com uma desvirginada era apelidada na cidade por “pedreiro” (aquele que tampava buraco).
Caso o homem desvirginasse uma mulher antes do casamento, os pais arrumavam o casamento as pressas e, para não ficar falada na cidade, inventavam que o filho de sete meses nasceu prematuro. Quando não era possível casar, a mulher ficava reclusa em casa até nascer o filho ou mudava de cidade.
A mulher tinha que casar aos vinte anos, conhecido como “o primeiro tira na macaca”, depois aos 25 anos (segundo tiro) e, por último, aos trinta anos (o terceiro tiro), após essa idade era muito difícil encontrar um pretendente, ficando no “caritó”, permanecendo titia para o resto da vida.
A mulher estudava até o colegial e o magistério (ensino médio), dificilmente fazia um curso superior, algumas faziam Direito, mas não exerciam a profissão ao casar, pois toda mulher tinha que cuidar da casa, dos numerosos filhos e do marido, sendo sustentada por ele.
A esposa não traia o marido, pelo menos isso não era divulgado (quando existia, era caso até de morte), porém, os maridos pegavam as empregadas domésticas e as barangas, além de terem uma amante (quando tinham dinheiro para sustenta-las). Não havia separação formal, ficavam juntos até a morte, mesmo em camas separadas. Em eventos sociais, o marido levava sempre a esposa, jamais a amante.
A família era patriarcal, o pai mandava e decidia tudo, inclusive escolhia até a roupa que a mulher usaria ao sair para um evento social. Algumas delas ficavam reclusas em suas casas (pelos maridos enciumados).
Os filhos tomavam benção dos pais, dos tios e avós. Rezavam o Pai Nosso e a Ave Maria ao dormir, pois a grande maioria das famílias era católica. Utilizava em suas casas um oratório com vários santos e não admitiam protestantes na cidade (havia muita rivalidade e até brigas). Todos iam às missas nas igrejas da Matriz, São Sebastião e Remédios.
Nos finais de tarde as famílias, por ainda não existir a televisão, colocavam cadeiras de embalo em frente de suas casas, para papear com os vizinhos, enquanto a meninada brincava de marmanja, cemitério e outras brincadeiras infantis, podendo permanecer na rua até às onze da noite. Todos brincavam juntos (pobres e ricos), sem a existência de preconceitos entre eles, apesar de viverem em uma sociedade preconceituosa.
Os jovens do sexo masculino gostavam de “morcegar” os bondes (entrar e sair em movimento, sem pagar), deixavam vidros nos trilhos para fazer o cerol das linhas de papagaios. Muitos deles tinham a iniciação sexual com empregadas domésticas ou com as prostitutas em pensões e no baixo meretrício.
As do sexo feminino eram mais vigiadas, namoravam apenas na sala de estar de sua casa, sob a supervisão de alguém da família. Os namorados jamais saiam sozinhos, eram sempre acompanhados dos irmãos mais velhos ou alguém de confiança da família. Aquelas moças que fossem pegas sozinhas com o namorado ficavam sendo faladas na cidade.
Amavam a cidade, gostavam de passear de bondes, principalmente nas linhas Saudade e Circular. Frequentavam o Roadway (Porto de Manaus) nos finais de semana e sempre iam se despedir dos entes queridos que viajassem. Gostavam das praças, sendo a Praça da Saudade a queridinha de todos. Frequentavam em peso o Parque Amazonense (para assistir eventos esportivos) e ao Teatro Amazonas (shows e peças teatrais) e cinemas no Cine Guarany. A cidade era pequena, pacata, bonita, limpa, bem arborizada, sem violência urbana e muito boa para se viver.
Quem viveu os anos quarenta pode contar e registrar, foi o caso do nosso saudoso Senador Jefferson Péres.

domingo, 10 de maio de 2020

FUSQUINHA O NOSSO PRIMEIRO AMOR!


Comecei a paquerar o meu fusca no ano de 1976, consegui casar em 1979 e separei-me dele em 1989. Foram 10 anos de uma bela convivência.
Trabalhei na empresa chamada “Importadora Souza Arnaud”, situada na Rua Marechal Deodoro, centro de Manaus e o fusquinha da minha paixão pertencia a minha colega de trabalho, a Conceição Kramer, era da safra de 75. Depois foi vendido para outro colega de trabalho, o contador José Antônio e em 79 consegui comprá-lo. Uma parte foi à vista e outra financiada pelo Banco Safra. Penei muito para pagar as prestações, por isso passei a chamá-lo de “Suado”.
A placa ZD-1307 serviu de inspiração para um vizinho ganhar uma vez a milhar no jogo do bicho. Foi uma década de grandes emoções a bordo do meu fusquinha. Quando era solteiro fui dezenas de vezes para os lupanares “Saramandaia” e “Iracema”, se o deixasse no piloto automático, com certeza iria direto para o bordel!
Trabalhava durante o dia e estuda a noite, serviu de condução para ir e vir da faculdade. Namorei nos seus bancos. Ai se o meu fusquinha falasse.
Fui de Paletó e Gravata para o meu casamento, na Igreja de São Sebastião. De Beca para a minha formatura no Teatro Amazonas. Levava os meus filhos para passearem nos finais de semana e tomarem banhos nos balneários Tarumã e na Praia da Ponta Negra.
Na vida real de marido e mulher as dificuldades financeiras atrapalham o relacionamento do casal. Com o meu fusquinha foi inegavelmente afetado. Não podia mais cuidar da sua aparência física e dos seus órgãos vitais: o motor e a caixa de marcha.
Fui obrigado a vendê-lo para o meu compadre Acácio, que o recuperou totalmente. Trocou até o numero da placa em decorrência da inclusão de mais uma letra na sua composição. Depois o vendeu para um sujeito desconhecido e sumiu da minha vista.
Não sei se ainda roda ou se foi parar no cemitério dos carros. Qualquer um dia desses irei contratar um detetive para desvendar o seu paradeiro.
Certa vez fiquei muito emocionado com o reencontro do Fusca JWJ-7694 com o seu primeiro amor, o saudoso médico Rogélio Casado, no Largo de São Sebastião. Fiz uma pequena filmagem para registrar esse encontro.
Segundo ele, o seu fusquinha foi o seu fiel escudeiro na faculdade, na época da lisura. Quando se formou em medicina e começou a faturar, vendeu o seu fusca e comprou um carro do ano.
Passados muitos anos depois o encontrou jogado numa oficina. Fez uma proposta na hora para o dono e mandou fazer uma reforma geral.
Conheci um sujeito que gostava mais do seu fusquinha do que a própria mulher. Quando ele achava que iria chover se mandava de ônibus ao trabalho somente para não sujar o carro. Passava os finais de semana todinho lavando, esfregando e polindo o fusqueta. Ficava bebendo e ouvindo umas fitas cassetes no som Roadstar cabeça branca. Num belo dia a madame colou-o na parede: Só alisa o carro e eu nada! Ou o carro ou eu? Escolheu o Fusca!
O saudoso Armando Soares, proprietário do Bar do Armando tinha uma paixão pelo seu fusca azul celestial. Ficou um tempão guardado em sua garagem. Não sei se a Ana Cláudia ainda o guarda em alguma garagem.
Estou com muitas saudades do meu fusquinha! Quem sabe num belo dia, ainda poderemos reatar o nosso casamento e curtirmos juntos a nossa aposentadoria, dando umas voltas pela nossa Manaus Antiga, estacionado uma vez e outra nos botecos de Manaus ou participando de exposição no Clube do Fusca de Manaus.
Sonhar não custa nada.
E alguém ai tem alguma história de amor com o seu fusquinha?

FELIZ DIA DAS MÃES!


Um dia festivo para muitos filhos e um pouco triste para alguns, estou no segundo caso, pois a minha mãezinha não está mais neste plano material, mesmo assim faço questão em homenagear a todos a mães do nosso planetinha.
Este dia era comemorado na Grécia antiga, na entrada da primavera, com festejos em honra a Reia, a Mães dos Deuses. Poderemos comemorar o dia da Manaós, a Mães dos Deuses dos nossos ancestrais.
No Brasil, este dia foi oficializado em 1932, pelo então presidente Getúlio Vargas e, 1947, o Dom Jaime de Barros Câmara (Cardeal do Rio Janeiro), determinou que esta data fizesse parte também no calendário da igreja católica.
A comemoração é sempre no segundo domingo de Maio, sendo uma data em que existe um forte apelo comercial, movimentando muito a economia nacional.
Sabemos que o ato de dar um presente é uma forma de agradecimento e, claro que toda mãe gosta de receber um presente. Coisa linda é ver aquele rostinho feliz, com os olhos brilhantes da mãezinha ao receber o seu presente e, ouvir do seu filho “Mãe, eu te amo muito!”.
Por falar em presentes, antigamente, os presentes eram os seguintes:
Jogo de panelas “Panex”, bobs, sandálias, toalhas de banho, batas, colônias, joias, relógios, moveis, fogões, geladeiras, televisão, maquina de escrever, corpetes, anáguas, espartilhos, meias, saias plissadas, casacos, luvas, leques, óculos, livros, terços, véus, imagens de santos, chapéus, discos de vinil, flores naturais, porta-cédulas, porta-retratos etc.
As mães modernas, por outro lado, gostam de receber o seguinte: celulares de última geração, caixa de som com Bluetooth, roupa de última geração para ginástica, conjunto de pesos para musculação feminina, tênis dos bons, relógio com cronômetro e que mede pulsação, óculos de Sol Rayban, televisão Smart, Chapinha para cabelos, tratamentos estéticos, perfumes caros etc.
No momento atual tudo será virtual, com mensagens pelas mídias sociais. Não haverá aquela churrascada. Nada de presentes. Nem beijos e abraços.
Toda dia é dia da nossa mãezinha, todo santo dia, lembro com saudades da minha. Sua benção, minha mãe! Feliz dia das Mães

sábado, 9 de maio de 2020

DIVERSÃO DOS JOVENS NO INÍCIO DA DÉCADA DE OITENTA: PEGA

No início da década de oitenta os jovens manauaras gostavam de fazer “pega” (corrida de automóveis e motocicletas) no entorno do Teatro Amazonas.
Os mais malucos gostavam de fumar um “dirijo” e tomar alguns goles de Whisky para ficarem mais exaltados, explosivos, sem medo de tudo nem de nada, outros faziam isto por pura diversão e emoção.
Muitos tinham grana e possuíam os seus próprios carrões, outros menos abastados eram mecânicos e donos de oficinas de carros. Ainda tinham aqueles que emprestavam dos amigos ou roubavam dos pais para detonarem todo numa tarde de domingo.
A concentração começa na cabeceira da Avenida bem em frente ao Ideal Clube. Desciam em alta velocidade, faziam curvas fechada na José Clemente, queimando pneus, circundavam a Praça de São Sebastião, entravam pela Dez Julho e voltavam para o mesmo local.
A maioria sempre foi praticada por homens acompanhados de belas mulheres conhecidas como “mascotes”.
Os expectadores ficavam a postos bem na esquina da Rua José Clemente. Tudo era puro a gasolina misturado com adrenalina. Exibicionismo e malabarismo. Gritavam indo à loucura quando o carro capotava. Todos saiam correndo para tirar o motorista preso as ferragens e colocar com os próprios braços o carro em pé. Muitas mortes ocorreram naquele lugar.
A polícia chegava, a porrada comia no centro. Todos corriam a avenida abaixo. Multa a torto e a direita. Reclamação geral. Muita gente presa e carros rebocados. Ricaços e pobres metidos a besta tudo no mesmo saco. Era uma loucura total.
Quando os meganhas estavam no local o silêncio era total. Bastava virar às costas para o povo começar a voltar devagarzinho e a gritar: - Pega, pega, pega! Os motores davam início ao roncar e as motos a acelerar. O “Pega” voltava com tudo iniciando novamente.
O meu amigo Lamego, quando jovem morava na Rua Doutor Machado esquina com a Rua Tapajós, ele pegava o carro de seu pai para fazer pega, um legítimo Maverick GT , preto ano 1975 , seis cilindros, uma fera, esportivo com o motor V8 302 de 197 cavalos, voava pela avenida.
A Polícia voltava, acalmava, ia embora e tudo começava.! Pense numa loucura.
Com o tempo a corrida envolvia toda a extensão da Avenida Eduardo Ribeiro, como escreveu a nossa amiga Dinari Guimarães "Exista a Roleta Russa quando eles esperavam os sinais de trânsito fecharem para acelerar. Começava no Ideal Clube e terminava no Relógio Municipal. Eu assistia tudo do Edifício Cidade de Manaus".
A foto em preto em branco é do Jornal A Crítica, edição de abril de 1980, com a seguinte manchete “A CORRIDA DA MORTE AMEAÇA A PRAÇA”.
O texto foi o seguinte:
“Os filhinhos de papai” dirigindo automóveis e motocicletas, estão colocando em risco a vida dos transeuntes e dos motoristas que circulam na Praça de São Sebastião, a qualquer hora do dia e da noite, promovendo corridas e também se estendem pelas ruas circunvizinhas ao logradouro. A denúncia foi feita a este jornal, na tarde de ontem, por um grupo de moradores que residem na Praça de São Sebastião, solicitando que o DETRAN e Companhia de Trânsito da Polícia Militar exerçam um policiamento rigoroso naquela praça, para coibir esse abuso.
Tempos depois o “pega” fora totalmente proibido naquele local. Para compensar a prefeitura e o governo do estado promoveram a corrida de Karts, com pneus de guia e muita sinalização. Foi muito bom, mas o povo queria mesmo era “pega”. A cidade foi crescendo e essa loucura foi sendo praticada nas grandes avenidas mais afastadas do centro.
Passados mais de quarenta anos ainda existem o “Pega ou Racha” em Manaus, geralmente de madrugada nas Avenidas Timbiras, Efigênio Sales, Torres e Turismo e na Ponte Rio Negro.
Atualmente, são bem mais organizados entre os participantes, pois utilizam as mídias sociais para dificultar a ação dos infratores. Dizem que o Brasil é o quarto, perdendo apenas para os Estados Unidos, Japão e Arábia Saudita.
Pois bem, o filme é o mesmo: passados todos esses tempos a motivações dos jovens continuam as mesmas. A atração pela velocidade e adrenalina, ostentação de veículos potentes, apostas em dinheiro ou dos próprios carros, além de envolver mulheres, festas, disputas pessoais e mortes prematuras dos jovens.
Ainda bem que eu era apenas um mero expectador e não um corredor. Estou vivo e com boa memória para poder contar essas histórias aos jovens de hoje. Pega!