terça-feira, 31 de janeiro de 2012

HOJE É DIA DE DOM BOSCO E DO COLÉGIO DOM BOSCO DE MANAUS


Hoje é dia de Dom Bosco, um sacerdote católico italiano, canonizado em 1934 e, aclamado pelo Papa João Paulo II como o “Pai e Mestre da Juventude”, considerado como o padroeiro de Brasília (DF), a sua morte aconteceu em Turim, em 31 de Janeiro de 1888 – uns dos bons exemplos deixado em Manaus foi a criação pelos salesianos (associação religioso criada por ele, a Sociedade de São Francisco de Sales) do Colégio Dom Bosco.

Os salesianos chegaram à cidade de Manaus em 24 de julho de 1924, foram convidados pelo bispo Dom Irineu Joffily, tinham como missão principal iniciar as atividades do Colégio Dom Bosco, o primeiro diretor foi o Pe. Pedro Ghislandi. As instalações eram precárias, funcionava o curso primário no Prédio Episcopal. Em 1927, o colégio passava por graves dificuldades financeiras e, com a ajuda das famílias tradicionais, foi possível construir o antigo prédio do colégio com a sua majestosa fachada ao lado da Av. Epaminondas.

Com o novo prédio, foi aberto o Curso Ginasial, no turno matutino e vespertino, para atender aos alunos da classe média da cidade, e, na parte da noite, atendia aos alunos pobres, filhos dos operários – graças a essa gratuidade, o meu saudoso pai conseguiu se alfabetizar e estudar matemática e língua portuguesa no colégio, com a supervisão do padre Agostinho (famoso pela bondade e carinho que dispensava aos alunos pobres da nossa cidade e do interior), inclusive existia um internato próprio para os meninos interioranos que desejavam aprimorar os seus estudos.

Em plena guerra mundial, o colégio instalou o Curso Cientifico e de Técnicos em Contabilidade. Em 1971, com muita pressão dos pais, foram permitidos a matricula das primeiras alunas no colégio, além da abertura do Pré-Escolar. Em 1985, o antigo prédio foi reformado, com novos ambientes; depois construíram uma igreja moderna e acolhedora, para atender a comunidade, aos alunos, ex-alunos e suas famílias.

O colégio é mantido pela Inspetoria Salesiana Missionária da Amazônia, contratualmente com cursos de educação infantil, fundamental e médio, com laboratórios de informática, bibliotecas e um complexo cultural-esportivo, além abrigar a Faculdade Salesiana Dom Bosco.

O colégio me traz boas recordações. No final da década de 80, o meu filho Alexandre estudou por lá - eu tinha uma missão espinhosa: era sempre escalado para buscar o menino todo final de tarde, de quinta e sexta-feira,  não era fácil o trajeto de casa/trabalho/colégio/casa, mas algumas vezes dava para dar uns pulos lá no Caldeira Bar, pois ninguém é de ferro!

O Alex Soares é hoje um pequeno empresário do ramo alimentício. Em 2001, a minha filha Amanda estudou o curso médio, passei um sufoco para mantê-la no colégio! – hoje é a Dra. Amanda Costa Soares, uma cirurgiã-dentista, formada pela UFAM, a serviço do exército em Tabatinga

Salve o sacerdote pelo seu dia e ao Colégio Dom Bosco! Salve!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

OS PRIMEIROS 500 MIL ACESSOS DO BLOGDOROCHA


É uma marca que merece registro, chegar ao primeiro meio milhão de acessos é motivo de muito orgulho para o BLOGDOROCHA.

Fui motivado a fazer um diário da web quando entrei pela primeira vez no blog PICICA, do médico Rogélio Casado. A primeira postagem foi feita no dia 30 de Junho de 2006, fiz uma homenagem ao meu saudoso pai, o luthier Rochinha.

Com pouco menos de cinco anos na estrada, consegui uma marca de cem mil acessos por ano, vale salientar que, comecei a utilizar o contador “StatCounter” em 2008, ou seja, não tenho estatísticas dos dois primeiros anos.

De acordo com a Wikipediao blog é uma contração do termo inglês Web log, ou seja, um tipo de diário da Web, um site cuja estrutura permite a atualização rápida a partir dos acréscimos dos chamados artigos ou posts, organizados de forma cronológica inversa, tendo como foco a temática proposta do blog, pode ser escrito por um numero variável de pessoas, combinando texto, imagens e links, permitindo aos leitores deixarem os seus comentários de forma a interagir com o autor”.

Dizem que existem mais de cem mil blogs no Brasil, sendo o BLOGDOROCHA apenas um pingo no oceano de diários da Web!

A nossa proposta sempre foi a seguinte: mostrar fotos e comentários sobre a Amazônia, em particular, da cidade de Manaus da “Belle Époque” e contemporânea, bem como, das pessoas que aqui vivem ou viveram trabalhando em prol do nosso desenvolvimento cultural, social e econômico.

No decorrer desse tempo, efetuamos em torno de 1.400 postagens, sendo as mais acessadas: Construção da Ponte Manaus-Iranduba (4.800) – A Influencia da Lua Cheia (4.129) – Elevação do Amazonas à Categoria de Província (3.200) e Fotografias Atuais da Cidade de Manaus (2.400).

O blog está com 243 membros e, pode ser visto no Face Book, Orkut, Twitter, Google +, Panoramio e no Youtube (com nove vídeos).

As cidades brasileiras que mais acessaram foram: Manaus (35%) São Paulo (10%), Brasília (8%), Rio de Janeiro (7%) outras cidades (40%). Fora do Brasil: Estados Unidos (9.000), Portugal (6.000) e Alemanha (1.300 acessos).

Tive apenas 600 comentários, muito pouco para mais de 1.000 postagens -, a grande maioria parabenizando o meu trabalho, outros tanto, fazendo críticas, contribuindo para a sua melhoria.

O blogdorocha é totalmente amador, pois nada ganho com isso – o Google disponibilizou duzentos dólares pelos comerciais que estão no blog, para retirar no Banco tenho que pagar o dobro com taxas (é mole!).

Não tenho um revisor para filtrar o que escrevo, saindo muitos artigos com erros de português, mas, o importante é a mensagem – caso um dia ele se torne profissional, esses deslizes não serão mais tolerados.


Várias vezes tive vontade de deletar o blog, mas, com o incentivo de alguns amigos, não cheguei a tanto. Espero ter saúde, mais inspiração e boa vontade para continuar fazendo as postagens - amor pela minha cidade Manaus, pela Amazônia e sua gente não falta! Muitas coisas ainda virão pela frente, muita água há de rolar por debaixo da ponte e, espero continuar firme com o blog. Parabéns para todos vocês que gostam do BLOGDOROCHA. É isso ai.     

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ADELSON, O MAU ELEMENTO DO IGARAPÉ DE MANAUS.



Este termo não está mais em voga, atualmente, os jovens chamam de “bad boy” ou galeroso, significando uma pessoa de índole duvidosa e mau caráter; o Adelson foi um colega de infância, morava no Igarapé de Manaus, tinha a fama de ser um mau elemento, era o brigão da rua, bronca era com ele mesmo, não levara desaforo para casa, quando enfrentava o “Nego Mau”, o bicho pegava, saia faísca para todos os lados.

O meu irmão Rocha Filho era amigão do peito do Aldenor, irmão do Adelson, certa vez, foram os três comprar pão na Padaria Frankfort, na Avenida Joaquim Nabuco, o lance era o seguinte: as pessoas faziam fila no caixa, após o pagamento, recebiam uma notinha contendo o valor da compra e a relação dos produtos, depois do atendimento, o funcionário dava uma rubrica no documento.

Ao chegar ao estabelecimento, o Adelson deu de cara com um ticket zeradinho jogado no chão, na maior foi até o balcão e, recebeu cinco quilos de pães, dois pacotões de biscoitos e dois de bolachas, colocaram no lombo e correram pela Rua Lima Bacuri, entraram pela Rua Dr. Almino.

Quando estavam chegando na Ponte Cabral, foram alcançados pelo Sr. Matias, o dono da padaria, ele tinha descoberto que aquela mercadoria já tinha sido atendida em duplicidade, correram em disparada, passaram por debaixo da Primeira Ponte, jogaram os pães numa pocilga e correram para casa, chegando lá, deram de cara com o Sr. Matias, ai o bicho pegou, o pai de Adelson teve que pagar a conta, imaginem a surra que os dois irmãos pegaram, o Rocha conseguiu se safar.

Pois é, o caboclo do Adelson pegou a fama, tudo que acontecia de ruim na rua, a culpa era sempre imputada ao Adelson, o mau elemento do Igarapé de Manaus.

Mudei de rua e fui morar na Vila Paraíso, tinha apenas doze anos de idade, perdi o contato com o Adelson, depois de seis anos voltei a encontrá-lo, foi ser o meu colega de trabalho, era o nosso primeiro emprego, graças à ajuda de um vizinho, chamado Hélio, ele conseguiu emprego para muitos jovens do Igarapé de Manaus, a empresa era a Central de Ferragens, localizada na Rua Marechal Deodoro, centro de Manaus, trabalhavam no ramo de construção e ferragens.

Pois bem, quando cheguei por lá, o Adelson já tinha experiência de um ano no ramo, ele ficou responsável em passar alguns conhecimentos de cobrança e faturamento, antes, ele tentou me batizar.

Na maior cara dura falou que quando eu chegasse de um dia cansado de trabalho na rua, deveria me dirigir a uma sala, onde poderia desfrutar de um ar condicionado Carrier, beber água mineral Perrier, importada da França, tomar café com leite e detonar bolachas e biscoitos importados, era tudo da melhor qualidade, os copos eram de cristais e as xícaras de porcelana, saboreava todo aquele manjar na maior, notava algo estranho, pois os meus colegas não faziam o mesmo, eles ficavam olhando e cochichando o tempo todo

Num belo dia, fui surpreendido pelo Sr. Isaías: - Ô caralho, o que estaire a fazeire aqui, ô moleque? – gritando e saindo fogo pela boca. Por ser safo, me sai direitinho: - Estou apenas lavando os copos e as xícaras! Ele não gostou: - Fora daqui, não quero nenhum funcionário dentro do meu gabinete! – gritou novamente e, batendo a porta na minha cara.

Cruz, credo, o Adelson tinha armado para cima de mim, pois o local era a sala do dono da empresa, um português brabo no balde! Quando sai de lá, todos estavam rindo da minha cara, não deixei passar em branco, fiz o mesmo com outro boy novato.

Eu tinha uma missão de entregar aos clientes um documento chamado “aviso de cobrança”, rodava a cidade toda de ônibus, certo dia, o Adelson me aconselhou: - Rocha deixa de ser leso, pega o dinheiro da passagem e me repassa, agente faz as entregas junto na minha moto, coloco gasolina na “setentinha” e ainda vamos merendar no Aeroporto de Ponta Pelada, o que não der para entregar, agente rasca e joga no lixo!

O lance foi assim por um bom tempo, depois, fui chamado no “saco”, o Hélio descobriu a parada, o mau elemento do Adelson fazia a entrega de todos os avisos dele e, quanto aos meus, a metade ficava “boiando”, eram exatamente os que eram rasgadas, entrei mais uma vez pelo cano!

Fomos promovidos para “Cobrador de Duplicatas”, o Adelson era o líder, separou as novinhas para ele e mais antigas para mim, ele falou que eu teria que mostrar para a Diretoria que era um bom profissional, tinha que mostrar serviço, cobrar e receber aquelas duplicatas consideradas impagáveis, caso conseguisse, iria receber uma bela comissão e poderia até ser novamente promovido para trabalhar internamente no setor de faturamento.

Recebi dele algumas aulas de como ser um cara-de-pau, como falar em público, ser persistente, não desistir nunca e como ganhar alguém no papo; quando estava “preparado” entrei em campo.

O primeiro foi um escritório de engenharia, o dono tinha um papo de derrubar avião, contava piadas, me servia guaraná com bolachas, chorava miséria, sempre ficava para amanhã o pagamento.

Resolvi montar acampamento na entrada da empresa dele, passei duas semanas em encalço do pilantra, o cara se enjoo da minha cara, fiz uma negociação com ele, dividi em parcelas, todo mês ele pagava religiosamente, tornou-se meu amigo e quitou a divida.

Outro cliente inadimplente era um dentista, o consultório dele ficava num edifício da Rua Henrique Martins, toda vez que eu chegava lá, o cara se trancava e me dava chá de cadeira, um dia eu tinha dormido de cabeça pra baixo, resolvi dar umas bicudas na porta do dentista, o cara saiu voado, correu atrás de mim, gritava e gesticulava: - Moleque, filho de rapariga, eu vou te pegar e dar umas porradas e ainda vou pedir pro Hélio dar a tua conta!

Depois de uma semana, voltei a cobrar novamente o abusado, todo dia batia na porta dele e corria, certo dia, resolvi encarar a fera, ele abriu a porta e mandou ver: - Porra, de novo, tu é muito chato! Vou pagar esta merda só prá não ver mais a tua cara! Mais dois pontos.

O próximo era um cara que trabalhava no almoxarife do Hospital da Beneficente Portuguesa, pense num cara escroto, ele prometia dar pancadas em todo mundo da Central de Ferragens, o primeiro a apanhar foi eu, ele me pegou pelo pescoço, tomou a duplicata e rasgou todinha em pedacinhos.

Dei parte dele na direção do hospital, ele pegou uma tremenda chamada e foi suspenso, consegui receber o valor da duplicata na secretaria do hospital.

Pelo meu desempenho e ajuda do Adelson, consegui a promoção, fiquei mais um ano, depois, fui trabalhar nas Lojas Populares, enquanto o Adelson continuou aprontando na Central, depois, pegou o beco e nunca mais me encontrei com ele.

Fiquei sabendo que ele constituiu família, tornou-se uma pessoa de bem, um homem probo, se aposentou e está curtindo as praias de Fortaleza, cidade que escolheu para morar. Espero um dia ainda encontrá-lo e lembrar das nossas travessuras de infância e adolescência. É isso. 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

MANAUS 1913

Teatro do Amazonas
Um trecho do Rio Negro
Palácio da Justiça
A Alfândega
Intendência Municipal, Manaus
Assistindo a um embarque
O palácio do governo
Vistas de Manaus: 1) Sociedade Portuguesa de Beneficência; 2) Automóveis da cidade; 3) O porto; 4) A catedral; 5) Uma praça pública
O mercado municipal
Escola Universitária de Manaus
Banco do Brasil, a agência de Manaus
Associação Comercial do Amazonas: 1) A Bolsa; 2) Presidente, vice-presidente e diretores da Associação; 3) A sala das reuniões
Associação Comercial do Amazonas
Pinheiro & Perdigão, agentes financeiros
Pinheiro & Perdigão, agentes financeiros: 1) Interior do escritório; 2) Escritório no andar térreo
Hotel Casino
Zarges, Ohliger & Cia., comerciantes e banqueiros: 1) A sede do estabelecimento; 2) Uma pele de borracha colossal (pesando 1.400 libras), recebida pela firma e enviada para a Exposição de Borracha de Nova York; 3) Corte e classificação da borracha no trapiche da Avenida Eduardo Ribeiro; 4) O escritório geral
Zarges, Ohliger & Cia., comerciantes e banqueiros: 1) Seção de escritório, transações bancárias e navegação; 2) O paquete Rugia, da Hamburg-Amerika Linie, partindo de Manaus; 3) Escritório da seção de navegação
Fábrica de gelo e cervejaria de Miranda Corrêa & Cia.: 1) Vista da fachada; 2) O prédio visto do rio
Fábrica de gelo e cervejaria de Miranda Corrêa & Cia.: vistas da cervejaria
Interior da destilaria de Andrade Irmãos
Tabacaria Globo, de J. F. Monteiro
Propriedades do sr. Manoel Vicente Carioca - três seringais no Rio Gregório: 1) Seringal Atalaia; 2) Seringal Lavras; 3) Seringal Havre; 4) Escritório e trapiche em Manaus
Adrião, Barroco & Cia.
Trapiche de Jorge Thomaz
J. G. Araujo: 1) Interior do trapiche; 2) Armazéns Rosas; 3) O escritório
M. Corbacho & Cia.: 1 & 3) Interior do trapiche; 2) O trapiche
Tancredo Porto & Cia.: 1) Trapiche; 2) Interior do trapiche; 3) Os armazéns, Rua M. Deodoro; 4) Trapiche na Avenida Eduardo Ribeiro
Tancredo Porto & Cia.: 1) Depósito de borracha; 2) O escritório; 3) Interior dos armazéns
Moraes Carneiro & Cia.
W. Peters & Cia.
Amorim Irmãos: 1 e 2) Interior do trapiche; 3) Sede do estabelecimento
Armazéns Andresen: 1) Sede do estabelecimento; 2) Entrada para o trapiche na Praça Tamandaré; 3) Depósito de borracha; 4) Os armazéns
Mesquita & Cia.: 1) O trapiche; 2) Interior do escritório; 3) O depósito de borracha; 4) Seção de borracha bruta
B. Levy & Cia.: 1) Sede do estabelecimento; 2) O escritório; 3) A lancha Rio Machado, pertencente à firma
Comerciantes de Manaus e Pará: 1) Militão Bivar; 2) Visconde de Monte Redondo (Pará); 3) Pedro Araujo; 4) C. E. Borba; 5) Alberto Ribeiro d'Andrade; 6) J. M. Fernandes; 7) Antonio Ribeiro d'Andrade; 8) J. R. Vieira; 9) Guilherme A. de Miranda Filho (Pará); 10) A. Chermont (Pará); 11) F. T. Fernandes; 12) J. A. da Silveira; 13) M. A. Levy; 14) Sr. Mendonça; 15) L. F. Valle; 16) M. Areosa; 17) Simon Lifsitch; 18) Sr. Mendonça; 19) Luiz da Silva Gomes; 20) Evaristo José d'Almeida
Algumas personalidades de Manaus: 1) Jacintho Lyra; 2) Dr. Henrique J. Moers; 3) Alvaro Miguez de Mello; 4) M. V. Carioca; 5) J. S. de Amorim; 6) J. Rodrigues da Silva Dias; 7) R. C. Monteiro da Costa; 8) A. da Silva Vianna; 9) Hugo Ohliger; 10) Emilio Albert Zarges; 11) A. C. de Miranda Corrêa; 12) Dr. Astrolabio Passos; 13) Dr. Jorge de Moraes; 14) F. S. de Amorim
The General Rubber Company of Brazil: 1) Classificando a borracha; 2) Depósito de borracha, Manaus; 3) Sede da companhia, Manaus; 4) A sede no Pará; 5) Escritório em Manaus
Cunha & Cia.: 1) Alfaiataria e oficina de costuras; 2) O armazém de varejo e escritório; 3) O armazém de varejo; 4) A oficina de costuras
Au Bon Marché (Lifsitch & Russo)
Pharmacia Borba, do sr. C. E. Borba
Gomes & Cia., proprietários de enormes seringais: 1) Entrada do trapiche; 2) O escritório geral; 3) Interior do trapiche
Gomes & Cia., proprietários de enormes seringais: 1) Sede do estabelecimento e depósito de borracha; 2) Borracha chegada do interior; 3) Seção da borracha
Entra da cidade de Manaus.

            

MANAUS NO INÍCIO DO SÉCULO PASSADO



*Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd.




Situada à margem esquerda do Rio Negro, a oito milhas da sua junção com o Amazonas e a mil do Atlântico, Manaus é um exemplo admirável do rápido progresso do estado. As suas ruas são largas e bem calçadas, as principais asfaltadas e as outras a paralelepípedos. É iluminada à eletricidade, havendo também centenas de casas particulares com instalações elétricas. Cerca de 600 lâmpadas de 2.000 velas cada uma iluminam as ruas e praças públicas. A cidade é abastecida de dez milhões de litros d'água por dia.

As ruas mais importantes são servidas por tração elétrica com um percurso de 16 milhas, havendo uma linha circular que passa pelos pitorescos subúrbios da Cachoeirinha, Flores e outros pontos freqüentados, que apresentam aos passageiros lindas paisagens formadas por densas capoeiras da mais rica vegetação tropical e esplêndidas avenidas de palmeiras. Duas pontes de ferro atravessam o rio nos arrabaldes da cidade. A linha de bondes é bem montada; os carros, de construção moderna; e o serviço muito honra à companhia.

Como já vimos, a cidade tem progredido rapidamente nestes últimos anos. A sua população vai a 70.000 habitantes atualmente. E muito tem aumentado o número de edifícios públicos e casas particulares. Alguns dos edifícios do estado, ricamente construídos, são iguais em tamanho e beleza aos melhores de outras cidades do Brasil. O palácio da Justiça é um lindo edifício de mármore branco.

O teatro Amazonas, um dos mais elegantes da América do Sul, custou £400.000. Está num ótimo local da principal avenida, Avenida Eduardo Ribeiro, e quando o sol lhe bate no zimbório, onde brilham as cores nacionais, oferece um dos mais belos quadros que se avistam do porto. Obra de cantaria, o teatro tem à sua entrada colunas trabalhadas em mármore italiano, sendo o seu interior ricamente decorado.

As igrejas, como em toda a parte do Brasil, não são notáveis pela sua arquitetura. Os estabelecimentos de educação, na sua maioria, se acham em modernos e espaçosos edifícios, inclusive e especialmente o Ginásio e o Instituto Benjamin Constant para meninas.

A Biblioteca Pública tem 10.000 volumes; o museu tem uma coleção notável e muito interessante de curiosidades amazônicas, armas de índios, instrumentos musicais de índios feitos de asas de besouro, dentes de animais etc., e inúmeros espécimes de antiguidades. O mercado público no centro comercial é espaçoso, fresco e bem ventilado; mas, como é natural, as lojas não se podem comparar com as do Rio de Janeiro. À tarde, o lugar mais freqüentado é o Jardim Público, onde toca ao anoitecer uma banda de música.

Outros pontos de vida da cidade são as estações de telefones, telégrafo sem fio e cabos submarinos, matadouro, parques e jardins públicos, sítios de diversões, a catedral e igrejas, hospitais, enfermarias, clubes sociais, orfanatos e asilos para os pobres.

A principal artéria da cidade e o centro do negócio de borracha é a Rua Marechal Deodoro, uma rua curta e estreita que corre paralelamente à extremidade inferior da Avenida Eduardo Ribeiro. Muitas das principais casas de negócio a varejo acham-se na Rua Municipal, ao passo que a Rua Santa Cruz é dedicada aos armazéns e lojas populares.

Os edifícios particulares, especialmente as casas de negócio, revelam a grande confiança depositada no futuro da cidade pelos comerciantes locais. Existem algumas fábricas na cidade, mas 90% dos negócios consistem em exportação de borracha, castanhas e um pouco de cacau.

A vida em Manaus não está tão sujeita às condições climatéricas, como a opinião ignorante do povo tem sustentado até aqui. Apesar de cidade equatorial, está muito longe de ser um inferno. Os habitantes gozam de muitas comodidades: ventiladores elétricos nas repartições públicas e casas particulares, produção ilimitada de gelo, regatas e natação, o que é natural na capital de um estado de rios.

A cidade é bem provida de carros, havendo também bastantes automóveis. A imprensa é bem representada, e os redatores e repórteres são tão ativos como os seus confrades europeus. Há muitas fábricas e companhias mecânicas. Manaus não é um foco de moléstias; as febres ocorrem em casos esporádicos e as queixas contra o calor não são comuns.

Em grande parte, isto é devido à solicitude do governo, aos esplêndidos trabalhos do célebre Dr. Oswaldo Cruz, que saneou o Rio de Janeiro com um bom sistema de drenagem e outras providências.

As obras do Porto de Manaus foram acabadas recentemente, auxiliando imensamente o comércio e colocando este porto do interior entre os melhores da América do Sul. Inaugurado o  porto em agosto de 1902, a companhia exploradora em menos de dez meses edificou uma poderosa casa, construiu seis armazéns de ferro, ocupando uma área de 6.000 metros quadrados, com uma plataforma de 3.000 metros também quadrados, margeando o rio; igualmente se construiu um pontilhão flutuante, ao qual podem atracar dois transatlânticos, um de cada lado.

A capacidade de desembarque de mercadorias, dos vapores para os armazéns, é de 6.000 toneladas em dois minutos. Desde 1902, diversos armazéns se têm inaugurado, assim como uma ponte flutuante que parte do paredão pelo rio adentro e a qual se eleva e abaixa com o rio, variando não menos de 15 metros o seu nível, entre a estação chuvosa e a seca.

O aspecto do porto é muito animado com a ancoragem dos navios de alto mar e dos fluviais, com o movimento de um para outro lado de lanchas a vapor e elétricas, com a variedade de cores das bandeiras, e a tudo isto se deve ajuntar o panorama do rio, impressionante de beleza e pitoresco.

Manaus é o centro do distrito naval de seu nome, que compreende os quatro estados do Amazonas, Pará, Maranhão e Piauí. A força naval consiste em 14 canhoneiras e vedetas. É também o quartel-general militar do Amazonas; as forças, que compreendem 2.500 oficiais e praças, parecem insuficientes para os fins policiais em uma área tão grande.

São irrealizáveis as estatísticas modernas no Brasil, e a do Estado do Amazonas neste particular é tão defeituosa como qualquer outra. Os algarismos oficiais em 1907, quanto às importações e exportações, devem ser, pois apensos a este trabalho, com os de 1897, para o estudo comparativo

As importações elevaram-se de 15.755 contos (cerca de £1.050.000), em 1897, para 26.087 contos (cerca de £1.735.000) em 1907; a exportação em 1897 montou a 37.798 contos (cerca de £2.520.000) e em 1907, a 114.970 contos (cerca de £7.630.000). Estes algarismos provavelmente incluem as mercadorias em trânsito, principalmente borracha do Acre, mas é evidente que o decênio apresentou um aumento muito grande.

Estatísticas mais recentes mostram que, em 1909, as importações foram de £2.187.826 e as exportações foram de £10.877.017; e em 1910, os algarismos foram, respectivamente, £2.729.501 e £12.777.941.

Em 1907, entraram no porto de Manaus 1.512 vapores e navios, de 575.108 toneladas; as saídas foram de 1.497 navios com 558.302 toneladas. Finalmente, pode-se notar que hoje a principal riqueza do Amazonas é a sua borracha; mas, como já o disseram hábeis observadores, entre eles Humboldt, Wallace e Bates, o Amazonas há de se tornar o centro mais rico do mundo quando a ciência houver ensinado o homem empreendedor a tirar proveito das suas incalculáveis riquezas.

Fonte: Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulálio e o historiador londrino Arnold Wright.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

ARMAZÉNS ANDRESEN




Domingo passado resolvi dar um passeio pelo centro histórico de Manaus, ao passar pelo Largo de Sebastião, encontrei o meu amigo Aldemir Bispo, um blogueiro que ama de paixão esta cidade – ele me mostrou uma fotografia antiga e, perguntou se eu conhecia o prédio, tratava-se dos “Armazéns Andresen”, fiz uma pequena pesquisa e enviei ao amigo e, por fazer parte da nossa história, faço a publicação no nosso blog.

Os Andresen têm origem dinamarquesa pelo lado paterno, fincaram suas raízes na cidade portuguesa do Porto, era uma família de muitas posses, foram grandes armadores na Europa. 

Compraram, em 1893, o vapor “Royuma” (construído em 1887 na Inglaterra) que foi rebatizado de “Manaos”, para operar regularmente entre o Rio Douro e no Rio Amazonas.

Neste navio vieram milhares de portugueses para a Amazônia. A última viagem foi em primeiro de fevereiro de 1910, ficou encalhado na Praia de Caruarú, a poucas horas de viagem de Coari – bateu num tronco submerso, abrindo um rombo no porão da proa, com perca total, os tripulantes e passageiros seguiram viagem  a bordo do vapor “Perseverança”.

Existe na internet a disposição dos pesquisadores o livro “Impressões do Brazil no Século Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP.

Sobre os “Armazéns Andresen” é comentado no livro o seguinte:
"Os Armazéns Andresen, conhecidos em todo o Norte do Brasil, foram fundados em 1883, pela importante firma J. H. Andresen, do Porto. Operam os Armazéns Andresen como casa importadora, exportadora, bancária, aviadora, comissária e armadora, e têm um capital realizado de Rs. 2.500:000$000, fazendo transações avultadas com as principais praças da América do Sul, Europa e Norte América.

Além do estabelecimento principal, no qual funcionam os escritórios, e que ocupa uma grande área às ruas Marcílio Dias, Guilherme Moreira e Praça Tamandaré, tem a firma vários anexos, situados em diferentes pontos da cidade. Possui uma frota regular, composta dos vapores Cabral, Andresen, Arinos, Manáuense, e dos rebocadores Miramar e Galgo. Estes vapores, amplos, arejados e construídos expressamente para navegação nos rios do Amazonas, põem os Armazéns Andresen em contato com os pontos comerciais do interior nos rios Juruá, Madeira, Purus, Solimões etc.
Preside hoje os destinos da casa o Sr. Joaquim Rodrigues da Silva Dias, que tem longa prática comercial e é estimadíssimo no comércio de Manaus".

Na fotocolagem aparecem: Os Armazéns Andresen (na esquina das Ruas Theodoreto Souto e Marcílio Dias)/A Praça Tamandaré, aparecendo ao fundo o prédio do Sr. João Henrique Andresen/Um quadro a óleo do vapor Manaós/A antiga sede e o seu interior/Duas fotografias atuais.

Os Armazéns Andresen e muitas outras firmas que trabalhavam com a comercialização da borracha, faliram e fecharam as suas portas entre 1911 e 1920.

O prédio continua em pé, apesar do abandono dos atuais proprietários, mas, a sua história ficará para sempre. É isso ai.


Observação: Caso o Sr. João Andresen (trineto do fundador) leia novamente a postagem, favor enviar o e-mail para envio das fotografias em separado.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

MANAUS ANTIGA



PORTO DE MANAUS - RUA GUILHERME MOREIRA - RELÓGIO MUNICIPAL - VENDEDOR DE PÃO CASEIRO - ENCHENTE DE 1953 - BOOTH LINE - PRIMEIRA PONTE - REITORIA DA UA - HOSPEDARIA PENSADOR E PAÇO DA LIBERDADE.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

MANAUS ANTIGA

Posted by Picasa


1.       Paisagem amorosa de fantasia “disneyana” , nos arredores de Manaus. Ao fundo, mística e em prece, a baia do Rio Negro;
2.       Rua da Instalação em 1893;
3.       Jardim Antonio Bitencourt;
4.       Um trecho da Rua Marques de Santa Cruz e Hospital da Santa Casa;
5.       Edifício da Escola de Comércio Solon de Lucena;
6.       Praça 15 de Novembro;
7.       Eis o nosso “Rodoway”, ponte flutuante de desembarque, caminho dos que partem e chegam;
8.       Edifício “Tartaruga” a Praça Tenreiro Aranha;
9.       Pelo muito que a prezam e a cultuam, os amazonenses ergueram este monumento à JUSTIÇA e ao FORUM de Manaus;
10.   Mercado Municipal em 1893;
11.   Cachoeira do Tarumazinho nos arredores de Manaus.

domingo, 22 de janeiro de 2012

NAS ONDAS DO RADIO




A radiodifusão conhecida simplesmente como rádio - consiste na emissão e transmissão sonora por meio de ondas radioelétricas -, segundo a física, ela se situa na frequência de 3khz a 300ghz (as famosas ondas hertzianas); em 1896 o italiano Guglielmo Marconi, patenteou o primeiro aparelho transmissor sem fios; passados todos esses anos, mesmo com o advento da internet, onde existem milhares de rádios online, ainda continua o hábito de se ouvir pelo aparelho de radio a emissora preferida.

A primeira emissora de radio do Brasil foi inaugurada em Recife, em 1919, mas, o pai da radio foi o Roquete Pinto. No Estado do Amazonas, a segunda metade da década de 50, ficou conhecida como a época de ouro da radio amazonense, com apresentações do Carlos Simões, Katia Maria, Sheila Maria, Maria das Dores, Estevão Santos, Izinha Toscano, Simas Vieira, acompanhados por exímios instrumentalistas, como Olavo Santana, Domingos Lima e Máximo Pereira. A radio Difusora do Amazonas, uma emissora tradicional da nossa cidade, mostra em seu site toda a sua história, por não dizer, a própria história da radiodifusão no nosso Estado.  http://jmartinsrocha.blogspot.com/2009/02/radio-difuso-do-amazonas-homenagem-ao.html

Na minha infância e adolescência, tínhamos somente um rádio a válvulas, sendo a única forma de entretenimento que a minha família tinha em casa, por sinal, traz muita saudade, apesar de toda a parafernália tecnológica que possuímos hoje.

Infelizmente, o nosso radio a válvulas teve um paradeiro incerto e não sabido, mas, consegui guardar como lembranças do meu saudoso pai, um aparelho de radio/cassete da Sharp, ele deve ter uns vinte e cinco anos e, continua funcionando normalmente, esporadicamente ouço alguns noticiários matutinos da Difusora, Amazonas ou da CBN, além de curtir fitas cassetes do Jesse, Antônio Marcos e Tim Maia (foram doadas por um amigo do Bar Caldeira).

Nos tempos atuais, as pessoas podem ter todos os tipos de diversões sem sair de casa, assistindo a filmes em alta definição, programas ao vivo de rádio de qualquer local do mundo, shows televisivos a cabo ou com antenas parabólicas, com equipamentos dos mais avançados possíveis e, contando com a internet para interagir com pessoas em qualquer local do nosso planetinha azul.

Na realidade, a difusão pesada do marketing das indústrias eletrônicas, criam necessidades passageiras para os consumidores ávidos por coisas novas, alimentando um setor onde gira a maior parte da economia mundial.

O consumidor empanturrado de home teatro, DVD/Bluway, iphone, ipad, idisso e idaquilo, com o passar do tempo, acaba deixando de lado esses brinquedinhos caríssimos e, voltando a ouvir os seus programas preferidos no radinho de cabeceira ou sintonizando as ondas de radio do seu carro – tecnologias de ponta também cansam!

As cidades estão cada vez mais travadas no trânsito, com milhares de carros sendo emplacados todos os dias, ocasionando um estresse sem tamanho aos condutores – qual a solução para tirar o tédio de longas horas dentro de um carro? Ouvir um programa humorístico de radio, é claro! Os humoristas estão faturando alto na hora do rush! Em Manaus, temos o Márcio Braga, Pukeka Di Caprio, Caboclo Abdias e as pegadinhas do Munção mandando ver.

As rádios não se detêm somente em executar os programas dentro dos estúdios, correm para a área externa, vão as ruas, com carros envelopados e com equipamentos sofisticados, levando a programação para diversos lugares da cidade; ficam plugadas na internet e nas redes sociais; promovem bandas de carnaval e shows com artistas consagrados; muitas delas inovam com a programação exclusiva de notícias ou de músicas, algumas estão mesclando o programa matutino de rádio com a televisão.

No interior do interior do nosso vasto Estado do Amazonas, a radio possui um papel fundamental, levando notícias e entretenimento aos mais longínquos lugares, com as ondas do  rádio da Difusora, Cultura e Rio Mar de Manaus ainda mantendo a sintonia da AM (amplitude modulada), com um trabalho mais voltado para o lado social, pois não traz retorno financeiro as empresas privadas. 

Um causo para descontrair: nas ondas de uma radio AM do Amazonas, foi mandada uma notícia para uma interiorana:- Alô, alô, Dona Conceição, do Lago do Purupuru! O seu marido manda avisar que ele vai demorar a chegar, pois um pau atravessou bem na Boca do Periquito, para a senhora não ficar preocupada ai, pois ele vai continuar a viagem de barco, assim que o pau sai! Abraços e beijos, Afonso!

E isso ai, mano velho! As ondas do radio irão continuar por longos e longos anos, quiçá até os fins dos tempos.                

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

COCOTA, NOSSO ADMIRÁVEL VAGABUNDO!

















Um dos objetivos do BLOGDOROCHA é divulgar o trabalho das pessoas que contribuíram para o nosso desenvolvimento cultural, social e econômico, nada mais justo do que mostrar “para o mundo ver” um amazonense que fez história na nossa cidade – o famoso Euler Cocota.

No ano retrasado foi a última vez em que o vi, estava na Vila de Paricatuba, em Iranduba, promovendo uma bela Feijoada, para comemorar o seu niver.

Ele é citado no livro “Amor de Bica”, dos jornalistas Mário Adolfo e Orlando Farias, do escritor Simão Pessoa e do poeta Marcos Gomes. O texto é mais ou menos assim:

O ex-fora da lei Euler Silva, o popular “Cocota”, é uma lenda da Praça São Sebastião (hoje Largo) e de seus arredores, tendo se envolvido com tráfico de drogas e outros pequenos ilícitos. Aprontou tudo o que tinha direito. Foi morar na rua protegido por uma companhia lendária – a de uma cadela, cujo maior feito foi tê-lo esperado dois meses à porta do presídio Raimundo Vidal Pessoa. No dia em que de lá saiu, dois meses após um flagrante por levar consigo algumas trouxinhas de maconha, lá estava a cadela à sua espera.

Cocota jamais foi um homem perigoso à sociedade. Na verdade, naufragou sob o impacto das ondas ditadas pelas mazelas sociais e do banzeiro da mediocridade das estruturas do Estado, que não lhe permitiram, em detrimento da vida, ser um simples vagabundo.

A história de Cocota foi muito bem ilustrada pelo jornalista Inácio Oliveira, biqueiro, numa reportagem no jornal Amazonas em Tempo e legou um título inesquecível: “Admirável Vagabundo”. Mais recentemente, no ano de 2003, Cocota foi motivo novamente de uma reportagem levada a efeito pela assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Amazonas. Ele foi identificado com um dos muitos casos de pessoas que não viraram reféns do crime, após entrar em seus subterrâneos e deles sair intacto.

Cocota foi se retirando dos submundos pela ação assistencial da igreja capuchinha de frei Fulgêncio Monacelli e com a ajuda de muitos biqueiros, com destaque para o psiquiatra Rogelio Casado e o delegado aposentado Trindade.

Reabilitado socialmente, sem dever nada à Justiça ou à sociedade, Cocota cumpre uma missão pra lá de louvável a qualquer ser vivente que habite esse planetinha azul tão açoitado por impactos das guerras, das revoluções industriais e tecnológicas que se sucedem e das devastadoras perdas impostas pela exploração criminosa das matérias-primas. Cocota coordena no Paricatuba (margem direita do rio Negro, em frente da cidade de Manaus) um projeto de reprodução de mudas nativas da Amazônia para reflorestar áreas degradadas da floresta.

 
É isso ai, a história do meu amigo é pra lá de interessante; o Cocota continuou durante muitos anos nas suas idas e vindas de Paricatuba; lá era hóspede cativo do Paulo Mamulengo e da Dona Rosângela; aqui, em Manaus, gostava de ficar dormindo na Rua Marcílio Dias, em frente a Casa do Trabalhador! 

Fiquei sabendo ontem, através da Dona Rosângela e do Saléh, lamentavelmente, da sua morte, ele foi encontrado anteontem debaixo de uma ponte do centro, morreu como indigente, apesar de possuir irmãos estabilizados financeiramente. Valeu, Cocota!


Observação: Peço mil desculpas ao meu amigo Mitoso, sinceramente, tirei o título da postagem do livro "Amor de Bica", juro que não sabia que o jornalista copiou do seu livro "Contos Vagabundos" - para limpar a minha barra com o meu irmãozinho Mitoso, publico a homenagem que ele fez no blog:

Cocotão é personagem ficcional do conto Cocotão de la praça, do meu livro Contos Vagabundos. Cocotão, segundo o Saleh, também minha personagem do mesmo conto, apareceu morto. Não entendi porque o Rochinha, meu amigo do blog do Rocha, usou o título do meu livro de 1992 para a postagem da nota fúnebre, para o réquiem, e esqueceu de cita-lo.

Verdade que jornalistas e poetas usaram a vida do Cocotão como mote, mas a literatura de ficção é tão natural quanto a reportagem ou o poema. As hierarquias precisam acabar.


Creio que talvez meu amigo Rocha, como quase todo mundo, associe a vida marginal do Cocota à literatura do realismo cômico-fantástico, própria de autores rebeldes como eu. E isto talvez tenha levado meu amigo Rocha a achar que , assim como o Euler Cocotão foi excluído da vida social e assim como minha literatura é dos excluídos, nada mais natural que excluir-me da vida social e da notícia. Eu concordo.


De qualquer modo, no conto, Cocotão ri e debocha dos valores dos excludentes e dos opressores, e ainda faz amor com a mulher de um deles. No dia 17 de março de 1989 ou 1990. Dia do meu aniversário e dia da reinauguração do Teatro Amazonas, após uma reforma superfaturada. Enquanto todos os alienados faziam protesto por não terem sido convidados, eu, o Cocotão e alguns outros olhávamos a presepada de longe. E ainda sobrou mulher para o Cocotão acalmar. É um de meus melhores contos e o mais premiado!


Taí , Cocotão. Isto é que é ser imortal!
Grande Cocotão!


Hoje tem rock no céu!


E como disse o Cazuza: " Piedade , senhor, piedade, para esta gente careta e covarde. Piedade, senhor, piedade, lhes dê grandeza e também um pouco de coragem".

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