sexta-feira, 30 de setembro de 2011

DONA ADALGIZA, A TACACAZEIRA DE MANAUS.




Quem passa pela Praça Heliodoro Balbi (antiga Praça da Polícia), centro antigo de Manaus e, para no “Quiosque de Tacacá da Dona Adalgiza”, não imagina que aquela senhora simpática que serve a melhor iguaria da Região Norte passou da casa dos noventa anos e que todo o produto do seu trabalho é destinado a ajudar as pessoas carentes de Manaus.

A Dona Adalgiza nasceu no Seringal Concórdia, no Alto Juruá, Estado do Amazonas, veio ao mundo em 15 de Julho de 1918, exatamente quando a 1ª. Guerra Mundial estava terminando.

Passou poucos anos no local onde nasceu, indo morar por pouco tempo na Comunidade do Jaraqui, depois, foi para o município de Nova Olinda do Norte e, chegou à cidade de Manaus com apenas doze anos de idade.

- Passei todos esses anos em Manaus, a minha cidade, pretendo somente sair daqui direto para o Cemitério do Tarumã! – fala com orgulho da cidade que o acolheu.

Morou na “Cidade Flutuante”, a sua casa ficava por detrás da loja “Uirapuru Ferragens”, próximo onde é hoje a “Loja do Baiano”. Com a demolição das casas que faziam parte desse complexo de moradias, o governo doou um terreno no bairro de São Jorge, na Rua São Pedro, onde construiu a sua nova moradia, local em que está até hoje com os seus filhos, netos e bisnetos.

Casou e teve cinco filhos, foi abandonada pelo marido quanto tinha apenas vinte e seis anos de idade. Ele arranjou outra mulher e foi morar em Santarém, no Pará. Tempo depois, ficou doente, voltou para Manaus e, pediu perdão da ex-mulher, ela não o perdoou, não o fez por ter arranjado outra mulher, mas, por ter abandonado as cinco crianças.

Ela conta que passou muitas necessidades, chegou até a desmaiar de tanta fome, sofreu muito para sustentar os seus filhos menores. Quando começou a ganhar dinheiro com a venda de tacacá, além de dar uma boa vida a sua prole, começou a criar os filhos dos outros, ao todo foram quarenta filhos adotivos.

Trabalha mais de cinquenta anos na Praça da Polícia, atual Praça Heliodoro Balbi. Com a venda do tacacá ajudou a criar os filhos, netos e bisnetos.

– Quando eles ficavam adultos e iam se casar, sempre comprava uma casa e dava para eles! – diz com orgulho.

– Hoje não posso mais fazer isso, dou apenas uma boa educação, quando ficam adultos, estão preparados para arranjar emprego e se virar na vida!

Antes da reforma da Praça da Polícia, ela revela que faturava alto com a venda de comidas, guloseimas, bebidas e o tradicional Tacacá.

- Muita gente circulava por aqui, tinham os soldados do quartel da polícia militar, o “Café do Pina” era apinhado de gente, eu tinha uma imensa clientela, o faturamento era ótimo. – lembra com saudade dos tempos bons.

– Atualmente, dá somente para sobreviver, com a nova praça a clientela foi embora, caiu o movimento, além de me proibirem de vender comidas, até o refrigerante não posso oferecer aos meus clientes. Este quiosque foi feito pelo governo, não cobram taxa, luz nem água, ainda bem! O nome foi em homenagem a Dona Zita, a primeira tacacazeira da praça. – fala lamentando uma pouco das decisões equivocadas da Secretaria de Cultura.

– Para ser ter uma ideia, pago uma pessoa para fazer as compras no Mercado Adolpho Lisboa, preparo o Tacacá em minha casa, tenho um contrato com um taxista de confiança, pago para ele R$ 900,00 por mês, somente com o transporte do material até a banca, ainda tenho que pagar uma diária para um ajudante. – desabafando novamente.

– Tem mais, ainda estou criando cinco filhos adotivos, o mais velho tem vinte anos e, o mais novo tem apenas seis anos de idade. Dividi o meu terreno, fiz uma casa grande ao lado, outra no fundo, a minha tem dois pavimentos, moro na parte de cima com os cinco filhos, nas outras casas e na parte debaixo moram os meus filhos mais velhos e suas esposas e filhos. A minha netinha me ajuda na venda do meu tacacá, no próximo ano ela irá estudar de manhã e a tarde, não terei mais a sua ajuda, no tem problema, o mais importante será o seus estudos!

Esta senhora guerreira e mãe adotiva de muitas crianças, ainda têm planos para o futuro:

- O meu desejo é alugar uma casa bem grande e cuidar dos velhinhos que estão abandonados no centro de Manaus, fico muito triste em ver uma pessoa sofrendo e abandonada pela família. – fala revelando o seu imenso lado humano.

Perguntei o que ela queria ganhar de presente no seu próximo aniversário, respondeu:

- Quero ganhar uma Camionete, para passear e transportar o meu tacacá e, um noivo para casar antes de completar os cem anos de idade! – falou dando uma tremenda gargalhada!

Juro que não tinha encontrado nos últimos anos uma pessoa tão humana quanto a Dona Adalgiza – uma guerreira, com quase cem anos de idade, trabalhadora, ativa, lúcida, com dois lindos olhos de bondade, um grande coração, uma sofredora que venceu na vida com muito esforço, criou os seus filhos e mais quarenta adotivos e, ainda quer construir o abrigo para cuidar dos idosos abandonados de Manaus!

- Trabalho de segunda a segunda, paro somente um dia por mês quando vou ao cardiologista, para o médico examinar o meu coração que começou a dar uns probleminhas! - falando do seu gosto pelo trabalho e do seu coração doente.

No dia 24 de Outubro a cidade de Manaus completará 342 anos -, bem que a Secretaria de Cultura poderia fazer uma homenagem toda especial para a Dona Adalgiza. Pode ser uma medalha de honra ao mérito, ou melhor, liberar o quiosque para que ela possa vender refrigerante e quitutes, quanto mais dinheiro ela ganhar, com certeza, mais crianças e velhinhos ela irá ajudar!

Enquanto isso, os políticos ficam fazendo honrarias para muitas pessoas que não merecem, esquece-se de homenagear a Dona Adalgiza! Após a eleição, a grande maioria não anda mais a pé pela cidade, não conversam com o povo, não querem saber que existe uma tacacazeira na Praça Heliodoro Balbi que é a cara de Manaus, que tem uma história de sofrimentos, vitórias e amor ao próximo!

Enquanto tomava o delicioso tacacá e conversava com a Dona Adalgiza, ao saber da sua história de vida e do seu imenso amor pelas pessoas, os meus olhos marinaram! Ela é uma mãezona, o brilho do seu olhar parece com a da minha saudosa mãe!

Palmas para a Dona Adalgiza, a tacacazeira de Manaus, a mãe de quarenta filhos adotivos e, protetora dos idosos abandonados! É isso.

Foto: J. Martins Rocha

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PONTOS TURISTICOS DA MANAUS ANTIGA



Recebi um e-mail da professora Fernanda Almeida, perguntando se eu conhecia alguma coisa sobre os pontos turísticos da Manaus antiga, pois ela pretende fazer um trabalho com os seus alunos e não está conseguindo praticamente nada na internet.

Fiquei sem respostas, pois não tenho nada a respeito, no entanto, abriu a minha curiosidade sobre o assunto. Sem fazer nenhuma pesquisa, tentei responder de uma forma superficial.

A cidade de Manaus de antigamente, começava no Cais do Porto, conhecido como Rodoway e terminava na Vila Municipal, com os bondes fazendo linha até Flores, na altura da atual Arena da Amazônia.

Tudo girava onde hoje é conhecido como Centro Antigo de Manaus, com edificações e lugares dignos de serem pontos turísticos. Acredito que quem chegava até a nossa cidade, com certeza, visitava os seguintes lugares:

Rodoway;
Igreja de Nossa Senhora da Conceição;
Biblioteca Pública;
Correios e Telégrafos;
Relógio Municipal;
Mercado Adolpho Lisboa;
Avenida Eduardo Ribeiro;
Ponte Benjamim Constant;
Paço da Liberdade;
Palácio Rio Negro;
Palácio Rio Branco;
Teatro Amazonas;
Igreja de São Sebastião;
Praça de São Sebastião;
Palácio da Justiça;
Palacete Provincial;
Hotel Cassina;
Praça D. Pedro II;
Praça da Polícia;
Prédio da Alfândega;
Praça do Congresso;
Praça da Saudade;
Reservatório do Mocó;
Parque Amazonense;
Hotel Amazonas.

Com o tempo a cidade foi se expandido, alguns balneários foram sendo explorados, como a Ponta da Bolívia, o Parque Dez de Novembro, a Cachoeira do Tarumã, a Ponta Negra e o Tarumanzinho.

Acredito que mesmo na época áurea da borracha, quando a nossa cidade alcançou um estágio muito avançado de desenvolvimento urbano, não era rota de turismo – as pessoas vinham para estas bandas para visitar familiares e a negócios, na tentativa de enriquecer da noite para o dia. Alguns mais endinheirados vinham para assistir Ópera no Teatro Amazonas.

Vários outros fatores influenciavam para o isolamento da nossa cidade, como a distância enorme entre Manaus e outras cidades do Sul e Sudeste do país; o transporte aéreo era precário e muito caro, além do transporte por via marítima ser demasiadamente demorado.

Com o esvaziamento dos seringais e falência dos seringalistas, a cidade de Manaus mergulhou nas trevas, com a destruição de grande parte do patrimônio histórico, houve uma debandada geral, depois, veio a Segunda Guerra Mundial, contribuindo em muito para o seu empobrecimento e o caos econômica e social.

Com o surgimento da Zona Franca de Manaus, a cidade voltou a respirar melhor, além do turismo de negócios, aqueles lugares e edificações importantes que conseguiram sobreviver ao longo do tempo, servem hoje de ponto turísticos para os brasileiros e estrangeiros.

Naquele tempo, a floresta amazônica, o encontro das águas, o Rio Negro e Rio Solimões – não eram valorizados pelos turistas, não serviam como pontos turísticos como é hoje.

Quem puder ajudar a professora Fernanda Almeida e seus alunos, basta escreve para o nosso blog. É isso.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

BANDA MÁQUINA DO TEMPO NO TACACÁ NA BOSSA

Toda quarta-feira a pedida no Largo de São Sebastião é o Tacacá na Bossa, amanhã teremos a “Banda Máquina do Tempo”. Para quem não conhece, esta banda canta e encanta, sendo muito curtida pelos mais velhos e também por muitos jovens. Eles fazem uma viagem musical aos anos 60 e 70, no auge da “Jovem Guarda”, indo buscar no fundo do baú os sucessos dos Beatles, Renato e seus Blue Caps, Elvis Presley, Pink Floyd, Roberto Carlos, Rolling Stones, Erasmo Carlos, Pholhas e outros mais. O líder da banda é o Paulinho Rodrigues (guitarra base e vocal), ele é engenheiro civil, mas, nunca deixou de tocar e cantar. Amanhã marcarei presença no Largo. Todos estão convidados.

PRÉDIOS DO J. G. ARAÚJO

Posted by Picasa

Fotocolagem J. Martins Rocha, mostrando os antigos prédios do J. G. Araújo, com  destaque para a fachada do que sobrou do escritório central, situado na Rua Marechal Deodoro, centro de Manaus. A fotografia atual, somente foi possível enquadrá-la no melhor ângulo, com a retirada de umas imensas estruturas de ferro (por força da atuação do Ministério Público Estadual), no local existia o "Shopping a Céu Aberto Bate Palmas", uma criação imbecil de um determinado prefeito de Manaus, uma aberração estérica que escondia a beleza dos prédios históricos.
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Crônica de Rogel Samuel

Rogel Samuel é Doutor em Letras e Professor Aposentado da Pós da UFRJ. poeta, romancista, cronista, webjornalista


O J. G. ARAÚJO

Ele se chamava Joaquim Gonçalves.

Dizem que, quando nasceu, sua família portuguesa de tão pobre o doou para outra família inglesa. Isto era o dia 14 de fevereiro de 1860, em Povoa do Varzim. Os pais lavradores. Como chegou em 1871, aos 11 de idade, no Amazonas? Seu biógrafo, Agnello Bittencourt, diz que veio agregado ao barco de Nuno Pau Brasil, que viajava entre Manaus e Lisboa. Pau Brasil era o nome de uma antiga família amazonense. Em Manaus conseguiu-lhe colocação na “Casa Silva”. Em 1875, o comandante Nuno emprestou-lhe dinheiro com que pôde abrir seu primeiro comércio. Mas o próprio J. G. disse que começara a vida cortando piaçaba.

O homem construiu um império.

Quando faleceu, em 21 de março de 1940, deixou um patrimônio incalculável em navios, casas comerciais, empresas.

Quase todo o centro comercial de Manaus da época lhe pertencia. A primeira casa de pedra e tijolos em Manaus foi construída por ele, onde instalou a “Padaria Progresso”. Sua famosa firma “J.G. Araújo & Cia” fez de tudo. Inclusive financio um filme famoso, “No país das amazonas”, de Silvino Santos, um belo filme (Silvino era um gênio) hoje raro e desconhecido.

O filme “O cineasta da selva”, de Aurélio Michiles, de 1997, conta essa estória, a de Silvino Santos e do Desembargador.

"Silvino Santos (1886, Portugal-1969, Brasil) começou sua carreira de cinematógrafo na cidade de Manaus quando esta vivia seu apogeu graças ao ciclo da borracha, tornando-se um dos pioneiros do cinema no Brasil. Adotou o Brasil como pátria aos 13 anos de idade, documentou a história de uma Amazônia com uma produção extensa e diversificada. Ao longo dos seus 84 anos realizou nove longas e 57 curtas e médias metragens no Brasil em Portugal, muitas vezes se embrenhando na floresta amazônica com uma câmera de manivela na mão e fazendo as pontas de teste do material filmado nos ocos das gigantes árvores da selva”, diz o autor do filme.

“No paiz das Amazonas”, de Silvino Santos e Agesilau de Araújo (filho do comendador), foi realizado em 1922.

Diz-se, dele: “Percurso por alguns rios da bacia amazônica, o filme retrata diversas formas de sobrevivência e trabalho na região: a pesca do peixe-boi e do pirarucu, a extração da balata e do preparo do látex, a extração da castanha e o preparo do guaraná. “No Paiz das Amazonas” é considerado o filme mais famoso de Silvino Santos que realizou enquanto funcionário da Cia J. G.Araújo. Foi sucesso de público e crítica permanecendo em cartaz cinco meses no Cine Palais no Rio de Janeiro, além de ser exibido em salas de cinema na França, Inglaterra e Lisboa. Junto de Nanook, de Flaherty (1922), La Crosière Noire (1926) de Léon Poirier, Tabu (1930) de Murnau, o filme No Paiz das Amazonas e No rastro do Eldorado (1925) de Silvino formam um conjunto de filmes de viagem que forneceram aos moradores das metrópoles a oportunidade de se aventurar e descobrir as regiões "mais selvagens do mundo".

O Comendador e aparece no romance “A selva” de Ferreira de Castro.

Do seu casamento nasceram vários filhos, um também comendador e Presidente da Província

Quando o apogeu da economia da borracha acabou, somente o pai seguiu próspero, pois suas atividades abrangiam um pouco de tudo, criava gado, tinha farmácia, padaria, barcos etc. Além disso ele construiu asilos, um forno para queimar o lixo que era único no Brasil.

Um dia um adversário comercial tentou matá-lo com tiro, à queima roupa, no coração. Ele foi salvo pelo cabo do guarda-chuva, onde havia uma placa de ouro. Pois bem, depois disso, perdoou o inimigo e mandou soltá-lo, dizendo que o criminoso tinha “numerosa família” para sustentar.

Aos domingos, o Comendador visitava a Santa Casa e a Beneficente Portuguesa para ver se alguém estava necessitando de alguma coisa. Ele levava envelope de dinheiro, para ofertar. Fazia ofertas generosas. Em dinheiro. E construiu o “Asilo de Mendicidade” do próprio bolso para ali abrigar os numerosos mendigos de Manaus depois da crise da borracha. E fazia doações em segredo, não queria que ninguém soubesse.

Estranho é o fato de que todo o império dos Araújos desapareceu por completo.

Um dia, visitei a sua casa, hoje transformada em repartição do governo, ou algo assim. Assaltou-me uma reflexão sobre a impermanência de todas as coisas. Como era a vida daquele homem, tão rico e tão bom? Diante da janela de sua mansão se via o Teatro Amazonas. O símbolo daquela época de riqueza

Melhores correspondências para a primeira casa de manaus

Quase todo o centro comercial de Manaus da época lhe pertencia. A primeira casa de pedra e tijolos em Manaus foi construída por ele.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

J. G. ARAÚJO – CARTA DE RECOMENDAÇÃO AO SENHOR MÁRIO CÉSAR DE SÁ

Um dos objetivos do BLOGDOROCHA é o resgate da memória do nosso patrimônio cultural, mostrando para a nova geração como foi a nossa Manaus antiga. Em decorrência disso, recebo muitos e-mails sobre o assunto.

A correspondência abaixo foi enviada pelo cidadão português, o Senhor Raul César de Sá, anexando a carta de recomendação do Senhor Mário César de Sá, expedida pela firma J. G. Araújo. Mostro também a minha resposta e, algumas informações sobre o acervo do J. G. Araújo, em poder da UFAM/Museu Amazônico.

Excelentíssimo Senhor:

Chegou-me hoje às mãos o documento que envio junto e me parece, vos possa interessar para o vosso Blog sobre Manaus. Trata-se de uma carta de recomendação para meu tio-avô, Mário César de Sá, que foi funcionário durante sete anos da Empresa J. G. Araujo & Co, tendo regressado a Portugal por causa do Paludismo.

Lembro-me de ter falado com ele do trabalho nessa cidade, do imenso calor e da pena que teve em regressar a Portugal por indicação do médico, que o ameaçou com uma morte precoce se mantivesse no Amazonas.

Já estive há muitos anos em Manaus, em turismo, mas na altura não tinha esta carta, nem nenhuma outra referência para procurar estas recordações do passado.

Um dia que ai volte, irei procurar este casarão, onde deve ter trabalhado o meu tio-avô.

Parabéns pelo bom trabalho que fazem para preservar o vosso patrimônio

Atenciosamente,

Raul César de Sá
Director Clinico do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho

Resposta:

Sr. Raul César de Sá,

Estou muito honrado por ter enviado este documento tão importante para vossa família e para a história de Manaus, farei uma publicação ainda hoje no blog, mostrando o vosso e-mail e a carta de recomendação do Sr. Mário César de Sá.

Todo o acervo da empresa J. G. Araújo foi doado à Universidade Federal do Amazonas, estes documentos poderão ser pesquisados no "Museu Amazônico", localizado na Rua Ramos Ferreira, 1036, centro de Manaus, contactos: (92) 3305-5200 museuamazonico@ufam.edu.br.  

Lamento informá-lo que o casarão onde trabalhou o vosso tio-avô, encontra-se totalmente descaracterizado, em decorrência de um incêndio criminoso, ocorrido em Setembro de 1990 e, pelo mau uso do imóvel por parte de comerciantes que não possuem identidade com a nossa cultura e história, bem como, pela falta de respeito ao patrimônio histórico da cidade de Manaus.

Atenciosamente,
José Martins Rocha

Sobre o Contrato de Doação do acervo para a UFAM, o site http://www.museuamazonico.ufam.edu.br/  comenta sobre o assunto:

“De propriedade de José Gonçalves de Araújo, a empresa foi considerada a maior casa aviadora entre o final do século XIX e a metade do século XX. Seu estudo oferece a possibilidade de conhecer as mais diversas atividades mercantis desse período, o sistema de aviamento e o processo de acumulação dentro desse sistema.

O fundo é constituído por uma tipologia documental diversificada, como correspondências manuscritas, Diário de Navegação, Escrituras de Seringais, folhas de pagamentos, guias de embarque, coleção de letras de câmbio, livros “Diário e Razão”, contratos de trabalho, entre outros.

É referente ao período de 1877 a 1985, e é dividido em quatro séries: 1877 a 1896 – Araújo Rosas & Irmão; 1892 a 1904 – Araújo Rosas e Cia; 1904 a 1925 – J. G. Araújo; e 1925 a 1989 – J. G. Araújo e Cia Ltda.”.

O blog está aberto para receber e publicar mais informações sobre o assunto.

Foto: A Crítica (Blog do Coronel Norberto)

FACHADAS DOS PRÉDIOS DE MANAUS

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domingo, 25 de setembro de 2011

FACHADAS DOS PRÉDIOS DE MANAUS







Por gostar muito da minha cidade Manaus, uma das formas de demonstrar esse amor é através da fotografia das fachadas dos prédios e publicá-las no nosso blog. A minha preferência recai sobre os imóveis antigos, pois guardam verdadeiras obras de arte em seus frontispícios.

Na amostra acima, na ordem de cima para baixo, poderemos ver a fachada da Academia Amazonense de Letras, a mais bonita de todas, somente um expert poderá comentar sobre o seu significado. Para visualizar melhor, basta dar uma clique na imagem e aperte as teclas Ctrl +(aumentar) e Ctrl - (diminuir).

O prédio do Colégio Benjamin Constant, atual Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (CETAM) guarda uma belíssima fachada, fica escondida entre as árvores.

No Instituto de Educação do Amazonas (IEA) a fachada não é muito bonita; naquele local seria um dos prédios mais bonitos do Amazonas, o governador Eduardo Ribeiro pretendia construir o Palácio do Governo, infelizmente, o seu sucessor mandou destruir tudo.

Alguns poderão achar estranho a fotografia da fachada de uma mesquita, mas, ela tem o seu valor histórico por ser a primeira de Manaus, está em fase de conclusão das suas obras, fica situada na Avenida Ramos Ferreira.

Existe um prédio belíssimo na esquina da Avenida Ramos Ferreira com a Ferreira Pena, está abandonado, sujo, grafitado, sendo depredado aos poucos. Acredito que vai ser mais um em que as futuras gerações somente poderão vê-los através da fotografia.

Por último, mostro a fachada do prédio da Escola de Magistratura do Amazonas, dispensa comentários. Fiz uma postagem sobre ele "Prédio antigo de Manaus sobrevive ao longo do tempo".

Possuo muitas fotografias de fachadas dos prédios de Manaus; durante a semana irei publicá-las. É isso ai.



sábado, 24 de setembro de 2011

O BESTEIROL ESTÁ DE VOLTA NO BLOGDOROCHA!



Depois de duas semanas travado, sem nada para escrever, resolvi soltar os cachorros, chutar o pau da barraca, botar a boca no trombone e, escrever um monte de besteirol, a famosa babaquice, burrice e jericada nossa de cada dia.

Segundo o pai dos burros, o Gooogle, existe no Brasil oitenta e cinco mil blogs atualizados nos últimos três meses, mesmo assim, um leitor anônimo resolveu ler exatamente o besteirol que escrevo neste blog cabocão.

Segundo o ledor, o meu português é terrível - sai prá lá lente exigente, me erre, o meu negócio é mulher, ficaria melhor escrever que a minha portuguesa é escrota, feia que nem um processo nas costas. Agora, se ele estiver se referindo a língua portuguesa, realmente, escrevo muito ruim, reconheço as minhas limitações.

Ao passar pela Avenida Djalma Batista, avistei uma enorme faixa da “Direcional Engenharia” com os seguintes dizeres “Pare de pagar aluguel, compre um apartamento com apenas R$ 99,00 por mês! Os meus olhos se arregalaram, chegou a hora de fazer a mudança, chega de morar no Beco da Bosta sem numero.

O lance é o seguinte: o abestalhado deve pagar R$ 99,00 por seis meses, depois, deve pagar uma pequena parcela de trinta mil, continuar pagando os noventa e nove por mais seis meses, depois, paga outra parcela de trinta mil, continua pagando os noventa e nove por mais um ano, no final de dois anos o otário deve pagar mais quarenta mil reais.

Tem mais, para botar o pé dentro do seu “Apê” deve fazer o financiamento no banco, o cabocão fica endividado até o talo, com mais cento e cinquenta mil reais + JUROS, ou seja, vai pagar até morrer a módica parcela de R$ 1.200,00 por mês, com reajustes pela tabela Price ou SAC Et cetera e tal.

Posso está ficando velho – doido, ainda não estou! Tô fora! Vou morrer é no meu barraco. Pensando bem, acho que vou apelar para o homem do Código do Consumidor, o deputado estadual Marcos Rotta, o defensor dos frascos e comprimidos. Noventa e nove por mês é ruim! Sai pra lá carniça!

A cantora Enne Rocha fez a sua parte no “Circuito OFF”, no Bar do Armando, fui chamado para o ser o “animador cultural”, pense numa fuleiragem da minha parte! Depois de três ampolas na moleira, resolvi entrevistar os turistas.

Cheguei próximo a um gringo e, perguntei: – O que o senhor está achando de Manaus?

Ele respondeu: - Manaus ist eine schöne sadt, schöne menschen sehr gastfreundlich sind, bin ich in der liebe mit einem caboclinha. Comi Jaraqui nicht hier je wieder zu verlassen.

Falei ao microfone: - Cruz credo, que diabos este holandês tá falando? Um cara pulou da cadeira e gritou: - Ele é alemão, seu anta! Que mancada! Tive que usar o tradutor do google para saber mais ou menos o que o alemão falou! Depois, falei um monte de besteiras, até os turistas ficaram rindo das minhas presepadas! Eu, hein!

Resolvi matar a broca na Peixaria do Jokka, antes, liguei sem me identificar, para o "Seu Lunga de Manaus“: - Jokka, tem peixe ai? Ele respondeu: - Não parceiro, aqui tem prego, serrote e martelo! Continuei enchendo o saco: - Jokka, o teu peixe é fresco? Ele ficou ainda mais puto da vida: - Aqui não tem viado, fresco é o teu pai FDP!

Ao chegar, pedi uma costela de tambaqui e, perguntei: - Jokka, você aceita no débito? – Nem nem no credito, imagina no débito, não recebo nem cheques para evitar a presença de liso! Eu estava afim de tirar saro com a cara do Jokka: - Parceiro, esta ponte (a Ponte Manaus/Iranduba) vai sair ou não? Ele e sua educação britânica: - Esta ponte vai fica ai por cem anos, não vai sair nem com nojo, ela não tem pernas, porra, chega de perguntar besteiras! Calei!

Por falar em besteiras, o meu amigo Mitoso escreveu o seguinte: "Sempre que escrevo uma besteira eu pago caro, mas como besteira é algo inevitável que eu escreva, vivo pagando caro, embora seja mais fácil combater em mim a besteira do que o ato de escrever. Sobre isto, não está ao alcance de ninguém. Besteira eu posso evitar, às vezes; mas querer que eu não escreva, é melhor que tirem de mim o sexo e o tabaco. Como, segundo Moliere, o homem sem tabaco não merece viver, e como, segundo Freud, o homem sem sexo também não, segundo essa pessoa que sou eu mesmo um escritor que não escreva também não merece tabaco, nem sexo. Daí que, para não ficar sem tabaco, nem sem sexo, eu escrevo, embora reconheça que outras pessoas escrevam por motivos mais relevantes. Mas eu sou assim e não fui que me fiz. Então, que é que eu posso fazer? Muito prazer!"

Chega de besteirol por hoje. Continuo amanhã! Fui!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS DA MANAUS ANTIGA E ATUAL NO BAR DO ARMANDO




Na quarta-feira passada (21/09/11) fiz uma pequena exposição de fotografias antigas e atuais de Manaus, no Bar do Armando, situado na Rua Dez de Julho, no Largo de São Sebastião.

Ao todo foram quarenta fotografias em preto em branco, divididas em dois lotes de vinte; um da Manaus antiga, todas disponíveis na internet e, o outro com fotografias minhas, retratando a cidade atual.

A parte antiga, mostra uma Manaus bela, bonita e cheia de charme. São fotografias da Sede dos Correios, Rua Lobo D´Almada, Cidade Flutuante, Colégio Benjamin Constant, Colégio Santa Dorotéia, Rua Municipal (atual Sete de Setembro), Quartel do Regime Militar do Estado (atual Palácio Provincial), Rua da Instalação, Prédio do IAPETEC, Igreja da Matriz, Escadaria do Teatro Amazonas e Igreja de São Sebastião, Largo de São Sebastião, Obelisco de Manaus, Mercado Adolpho Lisboa, Palácio da Justiça, Palácio Rio Negro, Pavilhão Universal, Relógio Municipal, Rodoway e Rua do Thesouro.

Sou um fotógrafo amador, na exposição mostro alguns aspectos da cidade, tais como: Beneficente Portuguesa, Mercado Adolpho Lisboa em reforma, fachada do Au Bon Marche, Colagem de Barcos Regionais, as Casas da Rua Lauro Cavalcante, Colégio Estadual Dom Pedro II, Fachada do Hotel, Luso Sporting Club, Inicio da Avenida Eduardo Ribeiro, Palácio da Justiça, Parque do Mestre Chico, Parque Jeferson Peres, Ponte Benjamin Constant, Praça Heliodoro Balbi, Cais do Porto, Prédio do TCU, Prédios da Ponta Negra, Ponta Negra e Praça da Saudade.

Foi um trabalho simples, em papel A4, com impressão no modo econômico, no entanto, a intenção foi mostrar para os visitantes do Bar do Armando, principalmente aos turistas e aos jovens amazonenses, como era Manaus no passado e fazer uma comparação com a atual.

Existem na mostra dois “patinhos feios”, um mostra a “Cidade Flutuante”, um modo vida no passado que serviram de cenário e de inspiração para filmes, livros, estudos sociais e de arquitetura. As casas eram de madeiras, construídas sobre troncos de árvores, tornando-as flutuantes, a cobertura era de palha e zincos, formavam um imenso conglomerado de casas, era tão grande que chegou a ser uma “cidade” dentro da cidade de Manaus; na década de 60 tinha mais de 2.000 casas e aproximadamente 12.000 habitantes. Foi destruída.

O outro é o “Obelisco da Cidade de Manaus”, uma belíssima obra do artista plástico Branco e Silva, uma homenagem ao “Primeiro Centenário da Elevação de Vila da Barra do Rio Negro à Categoria de Cidade”, fica no início da Avenida Eduardo Ribeiro, atualmente, o local é uma muvuca, com centenas de pessoas andando por todos os lados; enormes engarrafamentos de automóveis; estacionamento de motocicletas; inúmeras barracas de camelôs, vendedores de frutas, peixes e comidas e, lixo em toda a sua extensão.

Pretendo fazer outras exposições no Bar do Armando, o único local onde sempre é permitida a apresentação de trabalhos de cunho cultural. E isso ai.

Fotocolagem: J. Martins Rocha

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

2º. FESTIVAL AMAZONAS DE MÚSICA 2011.


Mais um evento de porte será realizado pela Secretaria de Cultura do Amazonas, trata-se do 2º. Festival Amazonas de Música 2011, no período de 21 a 25 de Setembro, no Teatro Amazonas e Largo de São Sebastião.

A “Mostra Competitiva” terá a primeira parte no Teatro Amazonas, de quarta a sexta-feira, sendo a final no Largo de São Sebastião, no domingo à noite, com 10 músicas classificadas.

Na quarta-feira, a pedida será assistir ao “Happy Hour”, no Tacacá na Bossa, depois, ir até o Teatro Amazonas e, torcer pela música “Anjo de Cor”, do Afonso Toscano. A partir das 22h haverá um “Circuito Off”, no Bar do Armando, com o cantor e compositor Lúcio Bahia.

Na quinta-feira, haverá Nicolas Júnior, no Tacacá; a mostra competitiva no TA e o show musical “Vo Mermo”, da Banda “Os Tukumanus”.

Na sexta-feira, teremos a apresentação do Salomão Rossi, no Tacacá; o último dia da mostra competitiva no TA, depois, vale a pena conferir os shows de Lucilene Castro, no Botequim; Enne Rocha, no Bar do Armando e, Cileno, no Arte & Fato.

O sábado será muito movimentado, com a “Mostra Não Competitiva”, com dez consagrados artistas se apresentando no Largo de Sebastião, depois, teremos o Humberto Amorim e Banda, no O Chefão e, Lucinha Cabral (a caboquinha da pátria d água e farinha), no Bar do Armando.

Para finalizar, teremos a apresentação do Serginho Queiroz, no Tacacá, de 18h as 18h50. A partir das 19h será a grande final da mostra competitiva no Largo de São Sebastião; haverá ainda um show de enceramento com o “Tecnomacumba a tempo e ao vivo” (Rita Ribeiro).

A programação completa está no endereço eletrônico http://www.sec.am.gov.br/dsv/arquivos/img_arquivo/20110916100500_2_festival_amazonas_de_musica.pdf.  É isso ai.


Obs. Estive no Circuito Off, no Bar do Armando. Segundo o cantor Lúcio Bahia, ele foi incluido na programação e não foi avisado. Ligou para a SEC e, foi informado que não haveria cachê, o pagamento seria o "Covert Artistico" cobrado pelo dono Bar - o Sr. Francisco, o responsável pelo bar, por sua vez, informou que também não foi procurado pelos coordenadores do evento. Moral da história: o Lúcio Bahia teve novamente de "se virar nos trinta e passar o chapéu", o valor arrecadado não deu nem cobrir os gastos com o transporte da caixa de som. A cantora Lucinha Cabral, possui uma carreira reconhecida em todo o Brasil, ela foi incluida para cantar no próximo sabádo, no Bar do Armando - vai ficar muito chato ele ter que passar o chapéu. Isto é pura sacanagem da SEC!.

domingo, 18 de setembro de 2011

MÚSICA DE BEIRADÃO


É um tipo de música genuinamente da Região Norte, tocada nas casas de dança e nos bares que ficam nas beiras dos incontáveis rios e igarapés da Amazônia.

Beiradão é um termo utilizado pelos ribeirinhos para designar as ribanceiras, partes altas das margens dos grandes rios amazônicos, onde constroem as suas casas.

Na realidade, a música de beiradão compõe-se de uma mistura de ritmos e de influências que surgiu na metade dos anos 70, atingindo o seu apogeu em meado dos 80.

No Estado do Amazonas os principais representantes são os compositores Teixeira de Manaus, Oseas da Guitarra, Chico Caju, Cheiro-Verde e André Amazonas.

Em Manaus, a casa de espetáculo “Ao Mirante” realiza duas vezes por mês a “Noite do Beiradão”, com um repertório composto pelos ritmos maracatu, xote, baião, carimbo, sairé, marambiré e lundu – é uma forma de revalorizar os conhecimentos, a cultura e os trejeitos dos nossos caboclos.

O ritmo é dançante e, como é música de interior, os casais dançam no compasso até o dia amanhecer.

O compositor e instrumentista George Jucá, por ser um caboclo do interior, compõe e faz pesquisas sobre o ritmo Beiradão.

Baixei do YouTube (Rádio Forró Brega) uma música do Oseas da Guitarra, chama-se “Lambada de Manaus”. Vamos curtir o ritmo. É isso ai.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

AFONSO TOSCANO

O Toscano é um amazonense conhecidíssimo no meio cultural de Manaus, fez durante anos as letras das marchinhas da Banda Independente da Confraria do Armando (BICA), possui um talento fora do comum para compor músicas, além de ser um cantor da melhor qualidade.


Em 2008, lançou um álbum musical intitulado “Enredo”, gravado nos estúdios da AC Records, contou com a colaboração dos músicos Almir Fernandes, Bernardo Lameiras, Gilson Rodrigues, Célio Vulcão e Miguel Pronsky. Fez muito sucesso com as músicas “Menina da Noite”, “Pessoa de Bem” e “Manaus Mana”.


Segundo o blog http://rogeliocasado.blogspot.com.br/2012/03/afonso-toscano-compositor-do-blues.html "Afonso Toscano de Melo nasceu no começo dos anos 50 no antigo Beco do Macedo e foi vizinho do inesquecível músico Domingos Lima, padrinho e definitivamente responsável pela “contaminação” de Toscano com o vírus da música. Ainda menino mudou-se para o beco São Domingos, no bairro da Matinha, onde foi contemporâneo de Guto Rodrigues nos campinhos de peladas da velha Manaus. Em meados dos anos 60, Toscano foi aluno interno da Fundação Presidente Kennedy - um colégio misto tanto por abrigar meninos e meninas quanto pela harmônica convivência entre o religioso e o profano e teve por companhia os poetas Arnaldo Garcez e Marco Gomes. Após a euforia dos festivais e formado em Educação Física, Toscano abandonou os palcos para se dedicar ao lar, esposa e filhas".


O “Tosca”, como é conhecido no meio artístico, voltou aos palcos, para participar do II Festival Amazonas de Música – o evento foi realizado no período de 21 a 25 de Setembro, no Teatro Amazonas, Largo de São Sebastião, O Chefão, Bar do Armando, Caverna Rock e Botequim.

Defendeu a música de sua composição, chamada “Anjo de Cor”, uma justa homenagem ao saudoso advogado dos pobres, o Dr. Nestor Nascimento  - a sua apresentação foi no Teatro Amazonas - está no Youtube no endereço http://www.youtube.com/watch?v=Qktd9t55fCY 

O homenageado do Toscano, o Nestor Nascimento, é considerado o maior líder negro da história do Amazonas, com uma marcante defesa dos direitos civis – veio de uma família tradicional do bairro da Praça 14 de Janeiro. Para conhecê-lo um pouco mais acesse a postagem http://jmartinsrocha.blogspot.com/2009/11/nestor-nascimento-alma-negra-do.html  


Faz algum tempo atrás, tirei uma fotografia no Tosca, no Bar do Armando, coloquei no BLOGDOROCHA, uma das suas filhas (Haydeé ou Izinha) gostou da foto e, fez algumas modificações para virar capa do CD (vide acima)   

É isso ai Tosca.

Foto: J Martins Rocha (Capa do CD)



A LHA DE MARAPATÁ



Existe uma ilha fantástica no Amazonas, localizada bem na entrada de Manaus, chama-se Ilha de Marapatá, alguns estudiosos dizem que este nome significa na língua Macua (tribo africana) alpendre (espaço coberto, reentrante, e aberto na fachada de uma casa, que dá acesso ao interior).

Este lugar é tema para muitos cientistas sociais e escritores, no que diz respeito a ética - falam que o interiorano com a sua peculiar “pureza” ou o forasteiro, antes de aportar em Manaus, deixa a sua vergonha na Ilha de Marapatá, tornando a cidade um lugar ideal para trapaças e crimes. Os empresários que teimam em construir o Porto das Lajes, deixaram a sua consciência (honradez, retidão e probidade) enterradas na ilha, aliás, desejam fincar os seus negócios bem na “ilharga” da ilha – no encontra das águas!

O escritor Euclides da Cunha, no seu livro “Terra Sem História” relata o seguinte: “À entrada de Manaus existe uma ilha, de Marapatá, que é o mais original dos lazaretos (que, ou aquele que tem pústulas, chagas) um lazareto de almas! Ali, dizem, o recém-vindo deixa a consciência”.

O também famoso Mário de Andrade, ao escrever Macunaíma, refere-se à ilha: ”No outro dia Macunaíma pulou cedo na ubá (canoa indígena) e deu uma chegada até a foz do rio Negro pra deixar a consciência na ilha de Marapatá, deixou-a bem na ponta dum mandacaru de dez metros, pra não ser comida pelas saúvas, voltou pro lugar onde os manos esperavam e no pino do dia os três rumaram pra margem esquerda do Sol”.

O saudoso poeta Aníbal Beça e o compositor Armando de Paula  fizeram uma linda canção chamada “Marapatá”, a letra é assim:

Que doce mistério
Abriga teu dorso
De ilha afogada
No curso das mágoas?
O Velho Bahira
Se mira nas águas
Espelho da lua
Narciso nheengara
É Marapatá, porta de Manaus
É Marapatá, patati patatá
Que mana maninha
Que dança sozinha
Savana de seda
Pavana de cio
Capim canarana
Bubuia banzando
Canção enrugada
Banzeiro de rio
Vá logo deixando
Senhor forasteiro
A sua vergonha
Em Marapatá
Vergonha se verga
Na cuia do ventre
No V da ilhargas
Vincando por lá
Cunhã se arretando
Tesão de mormaço
Abrindo as entranhas
A flor do tajá
E o macho fungando
Flechando, fisgando
Mordendo a leseira
Dizendo:"Ulha já!"

É isso aí, manos e manas da nossa aldeia! Vamos mudar - nada de deixar a consciência na Ilha de Marapatá!

Vamos fazer uma bela Manaus, com homens retos, probos, visando sempre ao bem comum e, o respeito pela mãe natureza.

Do jeito que está - não dá para ser feliz, Marapatá!



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A ÚLTIMA CHÁCARA DA VILA MUNICIPAL (ADRIANÓPOLIS).




Quem acompanha as minhas postagens sabe o quanto admiro o patrimônio histórico da cidade de Manaus e, o sonho que tenho de um dia ver a revitalização total do centro da cidade.

O imóvel da fotografia fica na Rua Fortaleza, no bairro de Adrianópolis. Ele foi construído em 1901, em plena Belle Époque (um período cultural ocorrido no final do século XIX até a Primeira Guerra Mundial), foi uma era marcada pela beleza, inovação e paz.

Passados cento e dez anos, o imóvel permanece bonito e todo original, com o muro baixo, sem cerca elétrica, portões abertos, um imenso quintal, muitas árvores, pomar, hortas, casa de moradia e jardins.

 

Ele faz um grande contraste com os outros imóveis, ao seu lado fica a Rádio Mix Manaus, com uma edificação muito moderna; ao fundo, aparece um edifício de vinte e poucos andares.

O bairro onde está localizado o imóvel chama-se Adrianópolis (passou a chamar-se assim a partir de 1920), fica na zona centro sul, preferido pela classe média alta. Era conhecido como Vila Municipal, em decorrência das pequenas vilas existentes no local.

No início do século passado, os operários que trabalhavam no centro da cidade, começaram a construir sítios e chácaras no local, pois era uma área extremamente verde, passou a ser um bairro nobre onde os mais afortunados resolveram construir as suas moradias.

Apesar da marcante desfiguração do lugar, com a construção de dezenas de prédios, ainda dá gosto de ver o imóvel da foto, além do Castelinho, da Praça e da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré.
 
Este imóvel é o único sobrevivente daquele tempo bom, acredito ser a última chácara que restou da Vila Municipal. É isso.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

MANAUS, A CIDADE ONDE TUDO TEVE OU JÁ FOI UM DIA!



A Cidade Sorriso;
Amazon Hotel Club;
Aviaquario;
A mais antiga faculdade do país;
A Gogô;
Booth Lines;
Bondes elétricos;
Balneários do Parque Dez, Ponte da Bolívia e Tarumã;
Bola da Suframa;
Boate Moranguinho;
Bar Americano;
Bancrévia Clube e Sheik Clube;
Calçada de borracha;
Clube da Madrugada;
Cabaré Chinelo;
Cinemas Guarany, Polytheama, Avenida, Odeon e Popular;
Calçadas com Pedras de Lioz;
Delegado do Diabo;
Doces de Quebra Queixo, Alfenim e Filhós;
Disco Voador;
Fogão a Lenha;
Geladeira a querosene;
Governador que pensava “O Pensador”;
Igarapés de águas límpidas;
Igarapé de Manaus e do Mestre Chico;
Jota Leite e Jota G. Araujo;
Lojas Tem Tem, Quatro Quatrocentos e Au Bon Marche;
Lampião, Lamparina, Aladim e Candeeiro;
Maloca dos Barés
Os Embaixadores;
Ônibus de madeira;
Plano de Desenvolvimento Local Integrado;
Ponte Cabral;
Primeiro produtor mundial de borracha;
Prostitutas européias;
Plano Inclinado;
Ruas arborizadas;
Porto de Lenha;
Palacete Miranda Corrêa;
Prostíbulos Verônica, Lá Hoje e Saramandaia;
Parque Amazonense;
Papagaio do Russo;
Projeto Jaraqui;
Solar da Olímpia;
The Blue Birds e The Rocks;
TV Ajuricaba;
Uma das primeiras cidades do país a ter luz elétrica;
Veneza dos Trópicos;
Violão do Rochinha;
Velódromo;
XPTO;
Zeppelin.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

FOTOGRAFIA DA CONSTRUÇÃO DA IGREJA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO



Esta fotografia presume-se ser de 1865, mostra a construção da Igreja Nossa Senhora da Conceição, conhecida como Igreja Matriz de Manaus.

Segundo os historiadores, em 1858, o Presidente da Província, Francisco José Furtado, autorizou a construção da igreja; o prédio foi custeado pela província do Amazonas e pelo Império brasileiro.

Em decorrência da falta de mão de obra e material, a construção se arrastou por dezenove anos, sendo inaugurada ainda inacabada em 1877.

Tudo começou com a fundação de uma Capela pelos missionários carmelitas, próximo à Fortaleza de São José do Rio Negro, ficou em ruínas, sendo construída uma nova Capela por ordem da Junta Governativa da Província. O Governador da Província, Manoel Lobo D´Almada (1791), mandou demolir e construir uma igreja maior e com estilo artístico.

Essa igreja sofreu um grande incêndio que destruiu toda a sua estrutura, passando a Igreja dos Remédios a ser o único templo da capital, ficou nesta posição até a conclusão das obras da nova Catedral de Manaus. 

Na fotográfica é possível observar o seguinte:

Uma ponte de madeira, onde estão várias pessoas bem vestidas posando para a foto. Este local é hoje o cruzamento das Avenidas Eduardo Ribeiro e Sete de Setembro. Para quem não sabe, no entorno da igreja tinham dois igarapés, um era o Igarapé do Espírito Santo e, o outro era o Igarapé da Ribeira, infelizmente, todos foram aterrados.

As torres sineiras estão em construção, com a do lado esquerda em finalização. Ao redor da igreja aparecem algumas casas simples feitas de taipa, faz lembrar da construção do Teatro Amazonas, um colosso no meio de dezenas de casas bem humildes.Para maiores informações sobre a construção dessa igreja e de um trabalho de arqueologia ocorrido em 2002, aconselho consultar o trabalho do professor Marcus Vinicius de Miranda Corrêa, do Centro Universitário Nilton Lins. Acesse: