quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

FLÁVIO DE CARVALHO SOUZA PERSONALIDADE CULTURAL DE MANAUS – 2021

 

 



O BLOGDOROCHA tem a honra de conferir ao Flávio de Carvalho Souza,        o Certificado Honra ao Mérito por ter sido eleito como  “Personalidade Cultural de Manaus – 2021”

 

Histórico do Homenageado:

Nasceu na cidade de Cruzeiro do Sul (Acre), no dia 03 de março de 1930. Filho primogênito de Raimundo de Souza Filho               e Lidia de Carvalho Souza.

Veio para Manaus com apenas um ano e cinco meses,           onde permaneceu por todos esses longos anos.

Com a morte prematura de seu genitor, foi ainda muito jovem          o “Chefe da Família” ajudando na criação e sustento de seus irmãos mais novos: Terezinha, Mirtes, Guilhermina, Cláudio (Pavão), Mark Clark, Lenise, Lélia    e Jasiva.

Casou com a senhora Marlene das Neves Souza, com quem teve dois filhos, a Liéde das Neves de Souza e Flávio das Neves de Souza. Possui duas netas, a Flaveliza e Ana Flávia.

É poeta, musicista consagrado, com mais de 60 composições    musicais      de estilos diversificados (samba-canção, samba-enredo,           marchinhas          de carnaval, boleros e hinos de clubes esportivos e cidades), incluindo o Hino do Nacional Futebol Clube, Olímpico Clube, Cidade de Autazes (AM) e homenagem ao Coronel Jorge Teixeira,  primeiro governador do Estado de Rondônia (RO).

Foi locutor, comentarista esportista e diretor artístico da antiga Rádio Baré (PRF-6), na época de ouro do rádio amazonense. Emissário junto a CBF onde ajudou na fundação da Federação Amazonense de Futebol (FAF).

Presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado do Amazonas (ACLEA).

Fez estágios nos grandes clubes de futebol do Rio de Janeiro, sendo até cotado para dirigir alguns deles.

Preparador Físico, Auxiliar Técnico e Treinador do Olímpico, Rodoviária, Rio Negro, Nacional, São Raimundo e Fast Clube.

Considerado pela imprensa manauara como um Treinador revolucionário para a época, em decorrência de ter utilizado técnicas que até os dias atuais podem ser empregadas com sucesso nos clubes de futebol.

Foi um executivo exemplar do Departamento de Estradas            e Rodagens do Amazonas (DER-AM), onde se aposentou.

Recebeu diversas homenagens, títulos, medalhas e certificados pelos bons serviços prestados e pelo engrandecimento             da cultura da cidade de Manaus e do Estado do Amazonas.

Em sua homenagem será lançado no início de 2022 o livro          de memórias “FLÁVIO DE SOUZA – UMA VIDA FEITA                  DE FUTEBOL E MÚSICA”.

Foi um bom filho, bom pai, bom músico e bom técnico.

Em 2021, completou 91 anos de idade, com muita saúde             e vitalidade, servindo de exemplo para as novas gerações.

Parabéns!

JUAN, O ARGENTINO-PERUANO


Na década de oitenta conheci o Juan, um cara folclórico que se considerava um legítimo argentino, porém, somente era chamado pelos manauaras do centro da cidade por “Peruano”, servindo de zombaria por todos, em decorrência de “pegar corda” e responder com palavrões, provocando risos por onde passava.


Eu e os meus irmãos Rocha Filho e Henrique Martins gostávamos de reencontrar, nos finais de semana, com os nossos colegas de infância e dos novos moradores da Rua Igarapé de Manaus – o local era o Bar do Amadeu (depois Bar da Sogra), um casario antigo que ficava na esquina da Rua Huascar de Figueiredo com a Avenida Joaquim Nabuco.


Por lá conheci o Juan, um corretor de imóveis que servia de “bobo da corte” para todos que frequentavam aquele lugar, pois o tempo todo a turma se dirigia a ele e, na gozação, falavam:


- Fala, Peruano!


Ele entornava um copo de cerveja, levantava os óculos, respirava fundo e soltava o verbo, babando de raiva:


- Soy argentino, da Tierra Del Fuego! Peruano é a puta que los pariu!


Dizem que ele veio morar no Brasil ainda muito jovem, no entanto, nunca deixou de falar o “portunhol”, o que sempre serviu para os manauaras chamá-lo de peruano, pois todo e qualquer cidadão, independentemente do país de origem (do idioma castelhano) é assim conhecido.


O Juan sempre gostou de falar mal do Brasil, da nossa cidade e dos manauaras – reclamava de tudo e de todos:


- Essa ciudad es una merda, muy caliente, escrota e nada presta!


Ai o pessoal mandava bala:


- Volta pra tua terra, peruano fodido!


- Peruano es el caralho! Soy argentino, porra! – respondendo na bucha


Todos riam da resposta do Juan – ninguém esquentava com ele, na realidade, era provocado a todo instante, pois a galera queria mesmo era tirar onda com o pretenso argentino.


Apesar de tudo, ele era nosso amigo de copo - jogávamos “porrinha” (um jogo de azar, de palitos de fósforo), sempre valendo cerveja – ríamos juntos das brincadeiras e das provocações.


Num certo sábado, o Juan convidou a turma para saborear um peixe frito em sua casa – ele morava numa vila situada na Rua Igarapé de Manaus (próximo a Rua Lauro Cavalcante) – seria tudo por sua conta, acho que era o aniversário dele.


Um amigo nosso, o baixinho Neno, avisou a todos:


- Cara, sou vizinho do Juan, a mulher dele é braba no balde, ela veio lá de Maués, uma legítima índia saterê-mauê – bate no Juan toda vez que ele chega bêbado em casa! Tô fora, mermão!


Mesmo sendo avisada, a galera foi em peso à casa do Juan - chegando lá, a mulher apareceu à porta vestida de um camisão, bobe na cabeça e uma vassoura na mão – o Juan foi o primeiro a apanhar, dispersando o resto da cabocada na base da vassourada- esse fato serviu de gozação por um tempão.


Na última Copa do Mundo de Futebol fui até a Rua Santa Isabel, no bairro da Praça XIV, para tirar algumas fotografias, pois aquela rua é uma das mais animadas, premiadas e enfeitadas de Manaus.


Para minha surpresa, encontrei o Juan por lá – ele disse que tinha comprado uma casa e morava fazia alguns anos naquele local, mas estava a fim de vendê-la, pois em toda copa de mundo a rua virava um inferno e todos gostavam de encher o seu saco.


Falei-lhe:


- Poxa, camarada (deu vontade de chamá-lo de peruano, mas mordi a minha língua), aqui tudo é festa, a rua fica bonita, com animação total entre os vizinhos!


Ele respondeu:


- Porra nenhuma, Roxita! Fica una multidão aqui em frente de mi casa, quando apareço na janela, todos gritam “peruano, peruano, peruano” – entonces digo “soy argentino, de Tierra Del Fuego, caralho” – ai eles respondem “é tudo a mesma mierda” - tengo que llevar todo esto até a copa acabar!


Faz alguns meses entrei numa “LanHouse” que fica bem frente ao “Shopping Popular dos Remédios”. Sabe quem eu encontrei por lá? É isso mesmo, o argentino-peruano Juan! Ele falou que gostava daquele lugar, pois podia tomar grátis una água geladinha, um cafezito ou um chazinho de erva-doce, além de ficar no ar condicionado e fazer contatos com seus clientes pela internet.


Antes de terminar a nossa conversa, entrou um senhor de paletó e gravata, parecendo um advogado, o cara quando avistou o Juan foi logo dizendo com a sua voz possante:


- Fala, Peruano!


O Juan levantou os óculos, respirou fundo e soltou o verbo, babando de raiva:


- Soy argentino, de Tierra Del Fuego! Peruano é a puta que los pariu!


O advogado, o dono do estabelecimento, as funcionárias, eu e o próprio Juan e todos que estavam no local demos uma gargalhada geral! Continuava tudo igual como antigamente!


O argentino-peruano Juan pode ser encontrado todo santo dia naquela lan house e na Praça da Polícia – ele gosta de parar nas esquinas das ruas para papear – a cada instante passa uma pessoa e grita:


- Fala, Peruano!


A resposta vocês já sabem qual é, né?! É isso ai.