domingo, 30 de julho de 2023

CENTO E DEZ ANOS DE FUNDAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE MANAÓS

 



José Rocha

No dia 13 de julho de 1913, a Escola Livre de Manaós passou a denominar-se Universidade de Manaós, portanto, completou 110 anos de existência a nossa Universidade, uma instituição de ensino superior onde sou egresso com muito orgulho e amor.

Como podem verificar abaixo, as datas e nomes são diversos, a própria UFAM considera a data de fundação em 1909, no entanto, a Universidade de Manaós passou a denominar-se em 1913:

05/09/1905 - Club da Guarda Nacional do Amazonas;

10/11/1908 – Escola Militar Prática do Amazonas;

17/01/1909 – Escola Universitária Livre de Manaós;

30/07/1913 – Universidade de Manaós;

1962           - Universidade do Amazonas;

2002           - Universidade Federal do Amazonas.

Às vezes eu acho que as coisas não acontecem por acaso, pois “estava escrito nas estrelas” e, isto aconteceu hoje, dia 30 de julho de 2023, uma data em que antes do terminar o mês, fui direcionado para encontrar um trabalho acadêmico para motivar-me a escrever sobre a passagem dos 110 anos da minha e da nossa querida e amada Universidade do Amazonas, atual UFAM.

Pois bem, amanheci com uma vontade danada de passear pela Feira da Eduardo Ribeiro, para tomar um guaraná em pó com mel e limão, reencontrar os amigos e folhear uns livros na “Banca O Alienista”, do Celestino Lé, um amigo fraterno aonde “Ler É uma Loucura”.

Um sou “rato de biblioteca”, farejo bem longe um livro em que possa ter tudo a ver como alguma coisa para uma postagem no BLOGDOROCHA.

Olhei, folhei, farejei e encontrei dentro de uma caixa uma edição em fac-similar da revista "Archivos da Universidade de Manaós", publicado originalmente em 1914.

O trabalho foi doado, gentilmente, pelo Celestino Lé, horas depois fui folheá-lo, chamando-me atenção a introdução feita pelo meu saudoso amigo Deocleciano Souza (Deco), professor da antiga UA e presidente eterno da Banda Independente do Armando (BICA).

Quando eu era jovem somente existia a Universidade do Amazonas (UA), disponibilizando somente quarenta vagas para entrar num curso de graduação superior, foi muito difícil, mas após três anos de estudos consegui cursar a faculdade de Estudos Sociais, com especialização em Administração de Empresas.

O meu irmão mais velho, o Rocha Filho, formou em Contabilidade, a outra irmã, a Graciete, em Enfermagem, a minha cunhada, a Du Carmo, em Assistente Social, a sua filha, a Bruna, em Direito e, a minha filha, a Amanda Soares, em Odontologia, todos egressos da atual UFAM, antiga Universidade de Manaós.

Parabéns a nossa atual Universidade Federal do Amazonas (UFAM) pelos seus 110 (centro e dez) anos de existência.

É isso aí.  


NA SAFRA DO CAJU

 



José Rocha 

Quando estamos na safra do Caju (noz que se produz, na língua Tupi), nos meses de outubro e novembro, encontramos o fruto “in natura” em todos os lugares, até pelos ambulantes nos cruzamentos das ruas de Manaus.

Em alguns lugares, a produção e a oferta são tão grandes que chega a “fazer lama”.

É rico em vitamina C e, por incrível que pareça, o fruto é exatamente “a castanha do caju”, sendo aquela parte suculenta com a cor amarela, rosada ou vermelha, conhecida como o pseudofruto (pedúnculo).

Existe o tipo grande e o anão, sendo este o mais produtivo; aliás, o maior produtor do Brasil é o Estado do Ceará (a terra da minha família paterna), contribuindo  grandemente com a exportação da castanha. Com o caju é possível fazermos sucos, mel, doces, a cajuína e até aguardente (eba!)

No mês de novembro é realizado a Festa do Caju, em Barreirinha, no interior do Amazonas.

A turma do “Pé Inchado” adora um tira-gosto de caju com sal; os mais abastados preferem a castanha do caju industrializada. 

Na Rua Igarapé de Manaus, centro, existia um sujeito chamado Tontonho, ele passava o dia todo passeando com o seu famoso kit: um engradado de madeira, contendo uma garrafa de cachaça, cigarros e fósforos, um velho rádio a pilha, um guarda-chuva, sal e vários cajus (na safra).

Certo dia, sua mãezinha fez um sério pedido ao filho:

 - Escuta aqui, Tontonho: deixa de beber de uma vez por todas, senão tu vais morrer de cirrose, tenha dó meu filho!

O filho respondeu choramingando:

 - Eu vou deixar de beber sim, minha mãe, mas somente após a safra do caju! 

Só não falou qual a safra do ano que ele iria parar de beber!

Faz alguém tempo atrás (coloque tempo nisso!), fiz uma viagem para o interior do Estado, fui acompanhado do meu compadre Acácio. Atravessamos na balsa de Manaus-Cacau Pirêra; pegamos a estrada Manoel Urbano, dirigindo uma Brasília, é isso mesmo um carro Brasília (aquele com o motor atrás e que fez muito sucesso com os “Mamonas Assassinas” - Minha Brasília Amarela); seguimos até a comunidade do Caldeirão, no Iranduba, deixamos o carro por lá (uma ponte estava inundada, não permitindo a passagem do nosso carro).

Pegamos uma carona num barco de um político, o caboco safado nos deixou bem longe da comunidade.

O percurso foi feito à pé, no trajeto encontramos um casa/bar com inúmeros pés de cajueiros em plena safra, beleza!

Fui logo detonando:

 – Por favor, a senhora pode nos servir duas doses de cachaça, tamanho “marítima”!

 E em seguida:

 - Posso pegar alguns cajus para tirar o gosto?

 Ela respondeu:

 - Pode pegar quantos vocês quiserem, aqui está fazendo é lama!

 E, em seguida, perguntei acanhado:

- É prá levar, posso?

 Ela respondeu:

 – Pode levar o quanto vocês puderem!

Conseguimos duas caixas de papelão e começamos a pegar os mais “parrudos”. Seguimos caminho, abre porteira, fecha porteira, nada de chegar, não aguentava mais, a minha caixa estava cada vez mais pesada, o pescoço estava todo dolorido, resolvi jogar a minha caixa na beira do rio; passamos a revezar a outra caixa.

Era a boca da noite quando chegamos à casa dos pais do meu compadre.

Ao chegar, fui logo comentado:

 – Tia Maria, conseguimos trazer apenas uma caixa de caju, a outra tivemos de jogar fora, pois não aguentamos de tanto peso na moleira. 

Ela respondeu:

– Não carecia, não, meus filhos, no terreno do meu primo Raul tem caju fazendo lama, estamos na safra do Caju mermo!

 Essa foi prá acabar! Lamentei:

"Aí Rocha, que leseira baré, estamos em plena safra do caju, para que carregar tanto peso, sou um leso mesmo!"

Estou no aguardando outubro chegar, pois quero matar a saudade de uma cachacinha, tirando gosto na Safra do Caju! 

Eu, hein!

Foto: A.C.

domingo, 23 de julho de 2023

Cidade de Manaus vista de vários ângulos





José Rocha
Morei em vários lugares do centro de Manaus, sempre em casas com pouca visão do geral, no entanto, tive a oportunidade de passar uns cinco anos residindo em um “Cafofo” no bairro da Cidade Nova, aonde foi possível ter uma leve visão das áreas das zonas Leste, Oeste, Norte e Sul da nossa cidade.
Nasci no Hospital de Santa Casa de Misericórdia, indo morar num flutuante no Igarapé de Manaus e numa casa na rua homônima, tendo uma visão apenas daquele ambiente e seus arredores.
Aos onze anos de idade, mudei com minha família para a Vila Paraíso, entre a rua Tapajós e a Avenida Getúlio Vargas, tendo apenas uma visão da baixada da comunidade e do chão dos arredores, também.
Pois bem, anos depois casei ainda jovem e fui morar nos bairros de Cachoeirinha, Santo Antônio e Glória, lugares estes onde apenas avistava as ruas dos arredores.
Dois anos depois fui morar com a mulher e um filho no Conjunto dos Jornalistas, no primeiro andar, aonde tinha apenas a visão da rua da frente e nada mais.
O tempo passou e o amor acabou, voltei para a aba dos meus pais, numa depressão, aonde apenas sabia que a chuva chegava quando o telhado começava a zoar com os pingos vindos de céu.
Num belo dia, o meu filho mais velho pediu-me para morar um pouco mais próximo de sua casa, no bairro da Cidade Nova, por dois motivos: um deles, era para tocarmos um negócio naquele lugar e, segundo, para eu ter uma qualidade de vida melhor.
Pois bem, meu bem, era para passar uma chuva apenas, no entanto, passei vários invernos e verões, foram cinco anos morando num lugar aonde tive a oportunidade de ver a nossa cidade em vários ângulos.
O meu cafofo ficava no terceiro andar de um bloco de “apertamentos”. Era uma quitinete muito chique com direito a uma suíte.
Na parte de frente dava para ver ao longe quando a chuva vinha, além de toda a movimentação de toda a vizinhança e até da zona Leste, nas imediações da “Bola do Produtor”.
Pela parte detrás tinha uma varanda, onde tinha o privilégio de ver o “Por do Sol” todo santo dia, além de parte dos bairros do Aleixo e da Nova Cidade.
Cara, foram momentos mágicos, onde tive a oportunidade de tomar o café da manhã olhando o horizonte distante e, nos finais de semana tomar umas cervejas com as vizinhas olhando o anoitecer e as estrelas do céu.
O tempo passou, voltei para a Vila Paraíso, o local de minha adolescência, adulta e velha. Gosto muito do lugar, das pessoas, dos vizinhos e tudo o mais, no entanto, nunca mais presenciei o Sol nascendo no Leste e o seu pôr no Oeste.
Um dos sonhos de quase todos os moradores da Rua Tapajós e adjacências é residir no Edifício Anauê, na esquina com a Avenida Leonardo Malcher.
Eu sonho um dia morar no último andar defronte para a minha comunidade, onde poderei olhar de cima toda a movimentação onde morei quase a vida inteira, além de olhar ao longe o Largo de São Sebastião, o Centrão até o Mercadão e o Pôr do Sol no nosso majestoso Rio Negro.
Como não sou Barão, já encomendei um "Drone da Paz" made in China, para voar em meus pensamentos pelos altos de Manaus.
Sonhar não custa nada, quem sabe um dia poderei voltar a ter uma vista de Manaus em outros ângulos.
É isso aí.
Foto: SkyscrapeCiry

segunda-feira, 17 de julho de 2023

MERCADÃO - 140 ANOS

 



José Rocha


No dia 15 de julho de 1883 foi inaugurado o Mercado Municipal Adolpho Lisboa, completando 140 anos em 2023.

Recebeu este nome em decorrência do prefeito da data da inauguração ser o Adolpho Lisboa.

A sua estrutura em ferro foi uma criação do francês Gustave Eifell, o mesmo que construiu e deu o nome a Torre Eifell, em Paris.

O nosso Mercadão é o único em todo mundo, não existe outro similar em lugar nenhum.

Foi tombado, em 1987, pelo IPHAN, como Patrimônio Histórico Nacional, sendo inscrito no Livro Belas Artes.

Motivo de orgulho para os amazonenses e ponto obrigatório de visita dia turistas do mundo inteiro.

Os turistas sabem que ele é único e que possui a  assinatura do Eifell, infelizmente, muitos manauaras não sabem disso.

Eu frequento o Mercadão desde quando eu era criancinha, era levado pelos meus pais para fazermos nossas compras de domingo, além do sagrado mingau de banana e mungunzá.

Até hoje faço isto, além de saborear um pirarucu frito e comprar castanhas, ervas, xaropes e artesanatos.

Muitos permissionários são meus amigos.

Em 2006 foi fechado para reformas e somente reaberto em 2013, foi um martírio ficar sete anos sem poder visitar o nosso Mercadão.

Acredito que já está na hora da prefeitura fazer uma nova reforma.

Parabéns Mercadão!

segunda-feira, 10 de julho de 2023

De volta ao passado



José Rocha

Faz um tempão em que sentia saudades de ouvir um CD, DVD e Vinil, como antigamente.

Existe um equipamento das antigas que pertence a minha irmã mais velha, mas, sem chance de ser feliz, ela não empresta e muito menos vende.

A minha outra irmã, a Graciete, deixou comigo várias sacolas cheias dessas mídias e ainda 

colaborou para que eu comprasse um aparelho de DVD (não é mais fabricado, saiu de linha faz tempo).

Lá no centrão de Manaus encontramos de montão esses aparelhos, no entanto o Toca Disco é caríssimo, mesmo não sendo mais fabricado.

Por sorte, encontrei um aparelho DVD da marca Philips, na caixa e pasmem, estava lacrada.

Fiz questão de levar aquele trambolho pelas ruas de Manaus até  chegar em meu barraco.

Sei que paguei um mico danado, mas não estava nem aí.

Hoje, domingo, resolvi montar a fera. 

Para minha surpresa, no manual consta o ano de 2009, ou seja, foram 14 anos guardado para mim.

A minha outra irmã resolveu descartar os seus vinis e, por tabela, o Toca Disco.

Beleza, beleza, beleza, parodiando a Loura do ETBar.

Deu uma trabalheira danada, pois não tinha mais a prática de instalar cabos e fios, pois agora tudo é  por Bluetooth.

Por ter trabalhado na empresa Mirai Panasonic e DJ nas horas vagas, conseguir monta-lo.

O primeiro foi o DVD do "ABBA In Concert, 1979", depois, coloquei o CD do "Queen-The-Best" piratao.

Pense num som maneiro e da melhor qualidade.

O Vinil ficará para o próximo sábado, pois já entrei pela noite e amanhã já era as minhas férias.

Tudo a seu tempo, como dizia o meu saudoso pai.

O dia chegou e tive a oportunidade de voltar ao passado.

É isso aí.



sábado, 8 de julho de 2023

Tá todo mundo cego


José Rocha


Hoje, resolvi caminhar até a Biblioteca do Sesc, na Rua Henrique Martins, antes, passei pela Rua Rui Barbosa somente para contar "a grosso modo" quantas óticas existem por lá.


Pasmem, naquele pequeno trecho entre a Rua Saldanha Marinho e a Avenida Sete de Setembro existe em torno de cem lojas!


É isso mesmo, pois existem mini lojas uma geminada a outra dentro dos shoppinzinhos da área.


Dizem por aí que existem umas duas mil óticas em Manaus.


Eu evito andar por onde existem muitas lojas de ótica, pois fico até constrangido em ter que falar "não, obrigado" dezenas de vezes.


Sou puxado até pelo braço pelos vendedores, resolvendo andar pelo meio da rua entre os carros, mas mesmo assim existem vendedores abordando os motoristas e os transuentes que arriscam a vida.


Lembro da minha infância e adolescência quando usar óculos era coisa para os mais velhos, acho que existiam umas duas ou três óticas em todo o centro.


O está levando as pessoas ficarem com dificuldades de visão ainda jovens?


Dizem que a culpa é o uso constante de televisão, computador, tablet e smartphone.


Não sei, somente sei que os tempos mudaram para pior, com quase toda a população usando óculos, o que fez o mercado ótico crescer de uma forma vertiginosa.


Está ficando todo mundo cego, infelizmente.


É isso aí.

Foto: Brigida Betim

terça-feira, 4 de julho de 2023

Ruínas do antigo Tribunal de Contas do Amazonas

 

                                             Foto Modificada: José Rocha

Por José Rocha

O site do TCE disponibiliza um histórico dos primórdios da constituição do Tribunal de Contas do Amazonas, com a sua criação através da Lei 747/50. O Tribunal teve sede provisória no Palácio das Municipalidades (destruído), na esquina da Rua José Clemente com a Avenida Eduardo Ribeiro. Anos depois, mudou-se para o Palácio Rio Branco, onde ficou por três anos. Em seguida, mudou-se para a Praça Oswaldo Cruz número 31, onde permaneceu até 1973. Depois disso, mudou-se para o mesmo prédio onde funcionava a Loteria do Estado e ficou por cerca de quinze anos. Posteriormente, mudou-se para o “Edifício Tartaruga”, na Praça Adalberto Vale número 18 e depois para a Rua Miranda Leão número 103. Finalmente, o Tribunal mudou-se para a Estrada do Aleixo, Km2 (antigo V8 e atual Avenida Efigênio Sales), onde foi construída a sua sede definitiva.

Por ser manauara da gema e ter nascido no centro histórico de Manaus, sempre caminhei pelos lugares que marcaram a minha infância e adolescência e parte adulta. Sempre lamentei pela sua destruição e insensibilidade dos homens públicos que sistematicamente destroem de uma forma sádica a nossa memória. Em uma dessas minhas caminhadas adentrei aos escombros das “Casas da Booth Lines” e lembrei do saudoso Rogelio Casado quando estivemos no mesmo lugar muitos anos atrás em um passeio sinistro. Na época, o Porto de Manaus foi entregue de “mão beijada” pelo então governador Amazonino Mendes à família “Di Carli”, que destruíram nosso Roadway e seu entorno.

A ideia inicial do ex-senador Carlos Alberto Di Carli (detentor da concessão da exploração do Porto com o aval do Amazonino Mendes) era detonar todos os imóveis, deixar somente a “casca” das fachadas dos prédios e fazer estacionamentos, bares e restaurantes nos interiores. Houve um reclamo geral da sociedade, mas em curtíssimo prazo ele fez um estrago geral. Foi à pique todo um quarteirão histórico. Inclusive, no local foram encontrados resquícios do Forte de São José da Barra, a primeira edificação que deu origem à cidade de Manaus.

A obra foi embargada somente depois do estrago total. O prédio onde funcionou o TCE serviu para Casa Comercial de Waldemar Scholz, Agência do Banco do Brasil, Agência Lloyd Brasileiro e Caso do Pequeno Trabalhador. Atualmente, o nosso centro histórico está “Tombado” pelo IPHAN, ou seja, protegido por lei. Ninguém poderá alterá-lo, modificá-lo, restaurá-lo ou revitalizá-lo sem um projeto básico que mantenha suas características originais. No entanto, naquela época era moda derrubar “prédios velhos” para construir coisas modernas e assim foi sendo sistematicamente destruído o centro histórico.

Num belo sábado quente de Manaus, resolvi voltar à cena do crime cometido pelo Di Carli (que não foi julgado nem preso, muito menos obrigado a ressarcir o prejuízo à cidade de Manaus). Na realidade, a sua família continua mandando no Porto de Manaus e em todo o seu entorno destruído, rindo da nossa cara de babaca.

Neste dia, tirei várias fotografias da “casca” do outrora imponente prédio do antigo TCE. Pois apesar da crueldade que fizeram com ele ainda aparece em seu frontispício “Tribunal de Contas do Amazonas”.

Como forma de indignação, mandei um e-mail (com fotos) para a Presidência do TCE nos seguintes termos:

"Prezado Senhor,

Meu nome é José Martins Soares, conhecido por José Rocha. Sou escritor e blogueiro e editor do BLOGDOROCHA. Sou amazonense de Manaus e adoro a minha cidade.

Fico triste e envergonhado quando caminho pelo centro histórico pois está abandonado, sujo e desprezado. Os senhores que possuem verbas milionárias bem que poderiam patrocinar as Casas da Booth Line onde está inserido o antigo prédio do Tribunal de Contas do Amazonas conforme fotos que tirei hoje.

Grato."

Para minha surpresa, eles responderam:

Gabinete da Presidência

Prezado Senhor José Martins Soares.

Seu e-mail foi recebido por esta Corte de Contas, oportunidade na qual aproveito para informar que providências serão adotadas.

Atenciosamente, Daniel Aquino de Sousa Chefe de Gabinete da Presidência

Tribunal de Contas do Estado do Amazonas Av. Efigênio Salles, 1155 - Aleixo CEP: 69057-050 Manaus - AM Tel.: +55 (92) 3303-8198 / 3303-8159"

Será, parente?

Vou ficar com o pé atrás, mas caso o TCE resolva intervir e revitalizar o Complexo Booth Lines, em especial o prédio em ruínas do antigo TCE, ficarei feliz por ter influenciado de alguma forma para a volta do respeito ao nosso Centro Histórico de Manaus.

É isso aí.



Fontes:

https://portalamazonia.com/estados/amazonas/manaus-historica-relembre-o-complexo-booth-line

https://noamazonaseassim.com/complexo-booth-line-em-manaus/

http://jmartinsrocha.blogspot.com/2011/02/desttruicao-da-booth-line-e-construcao.html

 

A LIÇÃO DOS BOIS

 

José Rocha,

Este ano de 2023 vai ficar para a história do Festival de Parintins, como o início da era do profissionalismo.

Notei nas redes sociais muitas pessoas aqui de Manaus fazendo postagens sobre o seu Boi preferido, bem como, sobre a administração deles.

Manaus é a capital do Estado e Parintins uma cidade, também, do nosso Estado, dessa forma são duas cidades amazonenses.

Isto é lógico, alguns falarão.

O que eu quero dizer é que a cultura do boi não é mais somente de Parintins como falavam atrás, mas do povo amazonense como um todo, e isto refletiu nas redes sociais.

Todos dando o seu pitaco e puxando "a brasa para a sua sardinha".

Acredito que uns dos motivos principais para esse envolvimento foi o montante vultoso para os bois, incluindo quantia considerável do Governo do Estado e a administração desastrosa do presidente do Boi Garantido versus a administração profícua do Boi Caprichoso.

Eu sou Caprichoso até morrer, mas torço pela superação administrativa do Boi Garantido.

Eu sou formado em Administração pela UFAM e posso falar a vontade sobre essa ciência e técnica de administrar desde um pequeno negócio, por exemplo, uma lojinha na esquina até um grande conglomerado de empresas de grande porte.

Acabou o amadorismo e toda gestão deve ser profissional.

Isto não quer dizer que todos devem ser formados em administração.

Não é bem assim.

Os gestores devem ter em mente que devem ter um preparo junto ao Sebrae, buscar assessores qualificados.

Entender que o negócio é macro, envolvendo finanças, relações interpessoais, tributárias, trabalhistas, jurídicas, governamentais, meio ambiente e muito mais.

A Festa dos Visitantes, também, foi motivo de discórdia, não mais toleramos o governo pagar milhões para cantores (as) medíocres do Rio de Janeiro, que fazem shows de baixaria na Arena.

Os artistas amazonenses devem ser valorizados e respeitados e merecem a sua vez e sendo bem pagos.

Onde já se viu pagar 700 mil para LUDIMILA fazer uma baixaria total para os Visitantes?

Isso deve acabar ou a gente acaba com a farra deles!

Ainda bem que Manaus começou a se profissionalizar neste quesito, basta ver o "Boilevard", um fenômeno que vai ser muito grande no futuro.

Essas lições são para o bem da nossa cultura popular, para os manauaras, parintinenses e amazonenses em geral.

É isso aí.

sábado, 1 de julho de 2023

O Dr. Josias Figueiredo, o Capa Onça

 

Trecho do livro "Bar Caldeira - História & Tradição, Jose Rocha"

Ele morava na Rua José Clemente, próximo ao Salão Grajaú.

Foi Diretor do Colégio Estadual (Praça da Polícia) e funcionário da Petrobrás onde se aposentou. Foi também advogado, formado pela

antiga UA (atual UFAM), militando anos na profissão.

Gostava de tomar cerveja e tirar gosto com conhaque (para

abrir o apetite). Era fumante inveterado, tanto que tinha

aquele pigarro característico. Vez e outra dava umas tossidas

altas e uma cusparada no meio da rua. Até aí tudo bem para

um boêmio que gosta de fumar o seu cigarrinho. No entanto,

o que mais chamava atenção era aquele apelido estranho de

“Capa Onça”. Todo mundo tinha medo de chamá-lo pela

alcunha, pois o sujeito que teve a coragem de pegar uma

onça pelo braço, imobilizá-la e arranca-lhe os seus culhões

(testículos) com uma faca peixeira, deveria ser realmente,

uma pessoa muito valente e brava. Quem iria se atrever a

capar uma Onça? Ninguém. Com exceção do Dr. Josias

Figueiredo! Se ele fez isso não sabemos, mas o apelido

vingou. Eu somente ouvia a Dona Maria chamá-lo pelo

apelido. Meu Deus! Ele gostava de conversar comigo e com o

meu irmão Rochinha, pois fomos contemporâneos dos seus

sobrinhos Adelson e o Aldenor Fiqueiredo, no Igarapé de

Manaus. Sempre tinha razão, não adiantava argumentação,

sem chance para o contraditório na mesa de bar. Tinha um

vozeirão que metia medo. Sempre bebia sozinho no balcão e

não era de papear muito com os outros frequentadores.

Certa vez, passou por lá um vendedor com um carrinho de

mão cheio de melancias. O Dr. Josias pegava uma por uma e

batia com os dedos fechados e ficava ouvindo o som,

escolheu uma bem grande e a mais cara. Falou bem alto

para todo mundo ouvir:

- Sou nascido e criado no interior, no meio das plantações de

melancias, conheço como a palma da minha mão, só na

batida sei se está boa ou não, malandragem da capital

não me ganha, não!

Pagou e foi deixar a bendita melancia em sua residência

(ficava quase em frente ao bar) e voltou para reiniciar os

trabalhos. O vendedor “pegou o beco” depois da venda.

Minutos depois, veio a empregada e jogou a melancia na

calçada, foram pedaços para todos os lados, ficou assustado

com aquilo e ela falou bem alto para todo o quarteirão ouvir:

- Doutor Josias, a patroa mandou jogar aqui, pois está

melancia está podre!

- Puta que o pariu! Foi a primeira vez na vida em que errei!

A galera neste dia não liberou, começou a rir da presepada

do Dr. Capa Onça. Segundo o Adriano Cruz, ele tinha a cara

de mau, valentão e que gostava de discutir de tudo e com

todos, mas no fundo era uma pessoa de bom coração.