terça-feira, 4 de julho de 2023

Ruínas do antigo Tribunal de Contas do Amazonas

 

                                             Foto Modificada: José Rocha

Por José Rocha

O site do TCE disponibiliza um histórico dos primórdios da constituição do Tribunal de Contas do Amazonas, com a sua criação através da Lei 747/50. O Tribunal teve sede provisória no Palácio das Municipalidades (destruído), na esquina da Rua José Clemente com a Avenida Eduardo Ribeiro. Anos depois, mudou-se para o Palácio Rio Branco, onde ficou por três anos. Em seguida, mudou-se para a Praça Oswaldo Cruz número 31, onde permaneceu até 1973. Depois disso, mudou-se para o mesmo prédio onde funcionava a Loteria do Estado e ficou por cerca de quinze anos. Posteriormente, mudou-se para o “Edifício Tartaruga”, na Praça Adalberto Vale número 18 e depois para a Rua Miranda Leão número 103. Finalmente, o Tribunal mudou-se para a Estrada do Aleixo, Km2 (antigo V8 e atual Avenida Efigênio Sales), onde foi construída a sua sede definitiva.

Por ser manauara da gema e ter nascido no centro histórico de Manaus, sempre caminhei pelos lugares que marcaram a minha infância e adolescência e parte adulta. Sempre lamentei pela sua destruição e insensibilidade dos homens públicos que sistematicamente destroem de uma forma sádica a nossa memória. Em uma dessas minhas caminhadas adentrei aos escombros das “Casas da Booth Lines” e lembrei do saudoso Rogelio Casado quando estivemos no mesmo lugar muitos anos atrás em um passeio sinistro. Na época, o Porto de Manaus foi entregue de “mão beijada” pelo então governador Amazonino Mendes à família “Di Carli”, que destruíram nosso Roadway e seu entorno.

A ideia inicial do ex-senador Carlos Alberto Di Carli (detentor da concessão da exploração do Porto com o aval do Amazonino Mendes) era detonar todos os imóveis, deixar somente a “casca” das fachadas dos prédios e fazer estacionamentos, bares e restaurantes nos interiores. Houve um reclamo geral da sociedade, mas em curtíssimo prazo ele fez um estrago geral. Foi à pique todo um quarteirão histórico. Inclusive, no local foram encontrados resquícios do Forte de São José da Barra, a primeira edificação que deu origem à cidade de Manaus.

A obra foi embargada somente depois do estrago total. O prédio onde funcionou o TCE serviu para Casa Comercial de Waldemar Scholz, Agência do Banco do Brasil, Agência Lloyd Brasileiro e Caso do Pequeno Trabalhador. Atualmente, o nosso centro histórico está “Tombado” pelo IPHAN, ou seja, protegido por lei. Ninguém poderá alterá-lo, modificá-lo, restaurá-lo ou revitalizá-lo sem um projeto básico que mantenha suas características originais. No entanto, naquela época era moda derrubar “prédios velhos” para construir coisas modernas e assim foi sendo sistematicamente destruído o centro histórico.

Num belo sábado quente de Manaus, resolvi voltar à cena do crime cometido pelo Di Carli (que não foi julgado nem preso, muito menos obrigado a ressarcir o prejuízo à cidade de Manaus). Na realidade, a sua família continua mandando no Porto de Manaus e em todo o seu entorno destruído, rindo da nossa cara de babaca.

Neste dia, tirei várias fotografias da “casca” do outrora imponente prédio do antigo TCE. Pois apesar da crueldade que fizeram com ele ainda aparece em seu frontispício “Tribunal de Contas do Amazonas”.

Como forma de indignação, mandei um e-mail (com fotos) para a Presidência do TCE nos seguintes termos:

"Prezado Senhor,

Meu nome é José Martins Soares, conhecido por José Rocha. Sou escritor e blogueiro e editor do BLOGDOROCHA. Sou amazonense de Manaus e adoro a minha cidade.

Fico triste e envergonhado quando caminho pelo centro histórico pois está abandonado, sujo e desprezado. Os senhores que possuem verbas milionárias bem que poderiam patrocinar as Casas da Booth Line onde está inserido o antigo prédio do Tribunal de Contas do Amazonas conforme fotos que tirei hoje.

Grato."

Para minha surpresa, eles responderam:

Gabinete da Presidência

Prezado Senhor José Martins Soares.

Seu e-mail foi recebido por esta Corte de Contas, oportunidade na qual aproveito para informar que providências serão adotadas.

Atenciosamente, Daniel Aquino de Sousa Chefe de Gabinete da Presidência

Tribunal de Contas do Estado do Amazonas Av. Efigênio Salles, 1155 - Aleixo CEP: 69057-050 Manaus - AM Tel.: +55 (92) 3303-8198 / 3303-8159"

Será, parente?

Vou ficar com o pé atrás, mas caso o TCE resolva intervir e revitalizar o Complexo Booth Lines, em especial o prédio em ruínas do antigo TCE, ficarei feliz por ter influenciado de alguma forma para a volta do respeito ao nosso Centro Histórico de Manaus.

É isso aí.



Fontes:

https://portalamazonia.com/estados/amazonas/manaus-historica-relembre-o-complexo-booth-line

https://noamazonaseassim.com/complexo-booth-line-em-manaus/

http://jmartinsrocha.blogspot.com/2011/02/desttruicao-da-booth-line-e-construcao.html