domingo, 23 de julho de 2023

Cidade de Manaus vista de vários ângulos





José Rocha
Morei em vários lugares do centro de Manaus, sempre em casas com pouca visão do geral, no entanto, tive a oportunidade de passar uns cinco anos residindo em um “Cafofo” no bairro da Cidade Nova, aonde foi possível ter uma leve visão das áreas das zonas Leste, Oeste, Norte e Sul da nossa cidade.
Nasci no Hospital de Santa Casa de Misericórdia, indo morar num flutuante no Igarapé de Manaus e numa casa na rua homônima, tendo uma visão apenas daquele ambiente e seus arredores.
Aos onze anos de idade, mudei com minha família para a Vila Paraíso, entre a rua Tapajós e a Avenida Getúlio Vargas, tendo apenas uma visão da baixada da comunidade e do chão dos arredores, também.
Pois bem, anos depois casei ainda jovem e fui morar nos bairros de Cachoeirinha, Santo Antônio e Glória, lugares estes onde apenas avistava as ruas dos arredores.
Dois anos depois fui morar com a mulher e um filho no Conjunto dos Jornalistas, no primeiro andar, aonde tinha apenas a visão da rua da frente e nada mais.
O tempo passou e o amor acabou, voltei para a aba dos meus pais, numa depressão, aonde apenas sabia que a chuva chegava quando o telhado começava a zoar com os pingos vindos de céu.
Num belo dia, o meu filho mais velho pediu-me para morar um pouco mais próximo de sua casa, no bairro da Cidade Nova, por dois motivos: um deles, era para tocarmos um negócio naquele lugar e, segundo, para eu ter uma qualidade de vida melhor.
Pois bem, meu bem, era para passar uma chuva apenas, no entanto, passei vários invernos e verões, foram cinco anos morando num lugar aonde tive a oportunidade de ver a nossa cidade em vários ângulos.
O meu cafofo ficava no terceiro andar de um bloco de “apertamentos”. Era uma quitinete muito chique com direito a uma suíte.
Na parte de frente dava para ver ao longe quando a chuva vinha, além de toda a movimentação de toda a vizinhança e até da zona Leste, nas imediações da “Bola do Produtor”.
Pela parte detrás tinha uma varanda, onde tinha o privilégio de ver o “Por do Sol” todo santo dia, além de parte dos bairros do Aleixo e da Nova Cidade.
Cara, foram momentos mágicos, onde tive a oportunidade de tomar o café da manhã olhando o horizonte distante e, nos finais de semana tomar umas cervejas com as vizinhas olhando o anoitecer e as estrelas do céu.
O tempo passou, voltei para a Vila Paraíso, o local de minha adolescência, adulta e velha. Gosto muito do lugar, das pessoas, dos vizinhos e tudo o mais, no entanto, nunca mais presenciei o Sol nascendo no Leste e o seu pôr no Oeste.
Um dos sonhos de quase todos os moradores da Rua Tapajós e adjacências é residir no Edifício Anauê, na esquina com a Avenida Leonardo Malcher.
Eu sonho um dia morar no último andar defronte para a minha comunidade, onde poderei olhar de cima toda a movimentação onde morei quase a vida inteira, além de olhar ao longe o Largo de São Sebastião, o Centrão até o Mercadão e o Pôr do Sol no nosso majestoso Rio Negro.
Como não sou Barão, já encomendei um "Drone da Paz" made in China, para voar em meus pensamentos pelos altos de Manaus.
Sonhar não custa nada, quem sabe um dia poderei voltar a ter uma vista de Manaus em outros ângulos.
É isso aí.
Foto: SkyscrapeCiry