Ao passar pela Avenida Eduardo
Ribeiro com a Rua Barroso, parei para conversar com o meu velho amigo Francisco
José Gomes, mais conhecido como “Chico do Quebra-Queixo” - um trabalhador que
completara sessenta anos de profissão, vendendo o mesmo produto pelas ruas de
Manaus.
O quebra-queixo possui vários
significados, porém, o que estou me referindo é um preparado de caramelo com
castanhas do Brasil, duro que nem uma pedra e, cortados em pedaços com uma
espátula de metal, com o tamanho de acordo com o bolso do freguês (o menor
custa três reais).
Ao colocar na boca, o gosto é indescritível, uma delícia,
mas, gruda na arcada dentária de tal forma que, quem não tiver paciência poderá
quebrar os dentes, a dentadura e até o queixo!
Conheço o Chico desde quando eu
estudava no Colégio Barão do Rio Branco, situado na Avenida Joaquim Nabuco,
quase em frente ao Hospital da Beneficente Portuguesa – faz muito tempo, não é
mesmo?
Naquela época, eu e meus irmãos éramos todos curumins e, o Chico era um
rapazinho que já trabalhava para ajudar a sua família.
Todo santo dia rodava os colégios
Dom Bosco, Brasileiro e Barão – na hora da merenda, colocava o seu tabuleiro
bem em frente ao meu colégio, vendendo essa guloseima que era feita pelos seus
pais.
Aliás, essa é uma tradição que
vem do seu avô, que passou para o seu pai e, aos quinze anos, o Chico já fazia
os seus doces, e, este já passou para a sua filha, que possui a sua própria
banca de venda de quebra-queixo na Galeria Espirito Santo.
Do produto da venda desse doce,
ajudou os seus pais e irmãos mais novos, tirou o seu próprio sustento,
constituiu família, criou os filhos e ainda dá para ajudar na educação dos
netos.
Ele está com 72 anos idade, em
plena forma física, vive sempre alegre e satisfeito, pois apesar de não ter
completado o ensino fundamental, abraçou esta profissão que lhe dá um bom
rendimento diário.
Por ter trabalhado durante muitos
anos nas portas dos colégios, muitos moleques que compravam a sua guloseima
naquela época, passam, ainda hoje, pela sua banca para comprar este doce;
alguns são professores, doutores, políticos e até empresários.
Ele não esquece
os seus nomes, tanto que ainda lembrou o meu nome (José), dos meus irmãos
(Rocha, Henrique e Graciete) e até do papai (Rochinha do Violão), pois ele
também vendia pela Rua Huascar de Figueiredo e Igarapé de Manaus.
Lembrou, também, do meu colega Roberto Telles, um dos filhos do Doutor Conte Telles (um famoso
médico que morava na Huascar).
Ficou famoso em Manaus, tanto que
gosta de mostrar aos clientes e amigos, um recorde de uma matéria de página
inteira, feita pelo Jornal Diário do Amazonas, em 2006, com o título “Chico
Gomes: O Rei do Quebra-queixo de Manaus”.
Pelo visto, algumas tradições ainda persistem em nossa cidade, ainda bem! Parabéns ao nosso querido amigo Chico Quebra-queixo. É isso ai.
Pelo visto, algumas tradições ainda persistem em nossa cidade, ainda bem! Parabéns ao nosso querido amigo Chico Quebra-queixo. É isso ai.
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