Inúmeros monumentos contam a história da cidade de Manaus
Logradouros históricos
A área denominada de Centro Antigo da cidade foi tombada em 1990 pela Lei Orgânica do Município, por meio do Artigo 342, que a identificada como sítio histórico e representa atualmente 10% de toda área sob proteção legal, possuindo monumentos históricos tombados por leis federal e estadual. Sua história tem uma relação direta com o Porto de Manaus desde seus momentos mais importantes dos séculos XVIII e XIX e as primeiras décadas do século XX no papel de exportador da economia extrativista da borracha. O ponto inicial do Centro começa no igarapé do Educandos com frente para o Rio Negro até a frente da Ilha de São Vicente. Largo da Trincheira (Praça IX de Novembro) Referência histórica para reflexões arqueológicas sobre a possível existência de civilizações paleo-ameríndias. A praça chamada de IX de Novembro tem sua referência icnográfica marcada no piso, tendo como monumento dedicado aos Manáos, grupo hegemônico dessa área. O Centro da cidade está associado aos pólos turísticos do mercado Adolpho Lisboa e seu entorno urbanístico, o Paço da Liberdade ou praça Dom Pedro II e o Porto Flutuante. Esses três atrativos são os marcos urbanos dessa área que abrange até a ilha de São Vicente. Segundo dados documentais dos arquivos do Iphan, o Centro, em primeiro lugar é uma área caracterizada pelo centro comercial. Em segundo pelo centro de lazer e cultura e o terceiro atrativo une os dois pólos, gerando empregos direto e indireto, recursos e auto-sustentabilidade. Praças que contam história da cidade Escrever historicamente sobre a origem das praças de Manaus não é uma tarefa fácil. Muitos detalhes sobre elas estão nas mãos de particulares ou se perderam nos arquivos das bibliotecas ou se perderam no tempo. O Jornal do Commercio numa iniciativa peculiar revisita a história dos primórdios da cidade de Manaus através de suas praças como forma de resgatar a identidade dos manauenses. Essas mesmas praças que tanto serviram e servem ainda de palco para as manifestações políticas e sociais, são espaços também para encontros românticos de casais de enamorados, reuniões de intelectuais, além de seus bancos servirem de repouso para os desabrigados. Nesta primeira etapa o JC lista as principais praças que fazem à história da criação do Centro da cidade. Luiz de Miranda Correa, no livro "Roteiro Histórico e Sentimental da Cidade do Rio Negro", desde o governo de Eduardo Ribeiro que houve uma preocupação voltada para a construção de praças e jardins como forma de embelezar a cidade. O curioso é observar que as praças principalmente do centro guardam os traços arquitetônico inglês e os jardins à francesa. Praça do Congresso (Antônio Bittencourt) No final da avenida Eduardo Ribeiro, nas imediações das ruas Monsenhor Coutinho e Ramos Ferreira, está localizada a Praça Antônio Bittencourt, ou melhor Praça do Congresso, um dos mais populares logradouros públicos do Centro, ora por sua localização, ora pela sua importância histórica no contexto político e social. O que se sabe é que a praça foi projetada ainda no período áureo da borracha adotando o nome de Congresso, a partir da realização do 1º Congresso Eucarístico da Igreja Católica realizado no ano de 1942, ocasião em que foi erguido o monumento à Nossa Senhora da Conceição. Ali começou a construção do palácio do governo, atualmente funcionando o Instituto de Educação do Amazonas. O prédio que funcionava o Centro de Saúde da cidade, hoje abriga as instalações para a agência dos Correios. Da mesma forma que tomou lugar do palacete Miranda Correa, o edifício Maximino Correa. O nome oficial de Antônio Bittencourt, segundo dados históricos em poder da Manaustur, data de 21 de agosto de 1908. Praça XV de Novembro ja foi denominada de Largo da Trincheira: o começo foi aqui Prédio da Alfândega (em primeiro plano) e Igreja da matriz (ao fundo): monumentais Praça da Matriz: incluída na parte histórica da cidade: portão de entrada para viajantes Paço da Liberdade O Paço da Liberdade (antigo prédio da prefeitura) foi construído em 1876 para ser sede do poder público municipal. Abrigou a sede do governo até 1879 e do governo republicano, até 17 de abril de 1917, quando passou a ser sede do governo municipal. Prédio em estilo neoclássico composto de linhas sóbrias de proporções clássicas com uma arquitetura tropicalista. Atualmente se encontra em fase de restauração. O prédio após sua reforma abrigará o Centro de Memória da Cidade, além de ser palco para atividades culturais como shows e realizações de oficinas. O espaço, de acordo com o projeto da Prefeitura Municipal vai oferecer também serviços de restaurante e agência bancária. À frente do Paço da Liberdade, com as recentes descobertas de urnas funerárias indígenas, segundo pesquisas iconográficas, datadas de aproximadamente mil e trezentos anos, a praça D. Pedro II é a memória viva dos ancestrais amazônidas. O monumento chama atenção para o coreto, o chafariz, o piso e a vegetação. A praça foi testemunha dos principais momentos da história da cidade desde o período pré-colonial passando pelo Império, República e a criação da Zona Franca de Manaus, além de servir de memória para o resgate da identidade indígena amazônica. Ilha de São Vicente O conjunto paisagístico mais importante da área é composto pelo antigo hospital militar, erguido em 1852, no início da província, e tombado pelo governo federal pelo decreto lei nº 45 de 30.11.1937. Nesta área estão localizadas as ruas Bernardo Ramos, antiga rua São Vicente, que abriga a mais antiga residência do período provincial. Em estilo colonial brasileiro, foi construída entre 1819 e 1820, servindo de residência para o vereador da província José Casemiro do Prado (português que construiu o primeiro teatro na cidade, todo em madeira, onde funciona o prédio da Capitania dos Portos). Rua Frei José dos Inocentes, Antiga rua da Independência, sua maior referência histórica são as partes das casas originais, em sua maioria. Casas térreas, construídas em alvenaria. Seu mais antigo morador. Rua Governador Vitório, antiga rua do Pelourinho, os atrativos da rua são os dois prédios mais importantes da história do Centro. Os dois em estilos ecléticos europeus é o Hotel Cassina e o segundo é o prédio da Manaus Harbour definindo a paisagem da praça D. Pedro II. O Hotel Cassina foi construído em 1899, recebendo o nome de seu proprietário, o italiano Andréa Cassina. Teve seus dias de glória no período áureo da borracha, transformado em seguida em pensão e, na decadência, em cabaré pé de chinelo, atualmente é conhecido apenas por "Cabaré Chinelo". Praça da Saudade Batizada pelo povo de Saudade, a Praça 5 de Setembro data do início do século passado. Construída na quadra formada pelas ruas Ferreira Pena, Ramos Ferreira, Simão Bolívar e avenida Epaminondas, em plena área central da cidade. Conforme a Carta Cadastral da cidade, a área ocupada pela praça era bem mais ampla, à época do governo Eduardo Ribeiro, desde o antigo cemitério velho chamado de São José (nome também do primeiro bairro de Manaus) - localizado onde atualmente é a sede do Atlético Rio Negro Clube até o Instituto de Educação do Amazonas (local onde seria construído o palácio do governo). Um dado curioso da praça na época do governo provincial do Presidente Francisco José Furtado em 1858, o cemitério foi cercado, a praça não passava de um largo com pouca arborização. Então em 1865, foi proposta pela Câmara Municipal a construção da praça e a proposta de se oficializar o nome de Praça da Saudade. Não existe nenhum documento que comprove se foi ou não aprovado o nome. O que se sabe é que o povo acabou consagrando o lugar com o nome de Saudade.Outro fato ligado à praça diz respeito à construção do monumento em homenagem a Tenreiro Aranha. A construção do monumento foi uma proposta do vereador Silvério Nery, em 11 de maio de 1883, na época o presidente da Província era José Lustosa da Cunha Paranaguá. Segundo documentos da Manaustur, a Praça da Saudade veio somente a adquirir corpo e forma em 1932, na gestão de Emmanuel Morais com a construção de jardins. O cemitério nesta época já havia sido fechado. Após a demolição, os restos mortais que haviam no local foram transferidos para o São João Batista. O projeto para a nova obra era a construção do horto municipal com exemplares de todas as palmeiras do vale amazônico. O nome de Largo ou Praça da Saudade foi batizado pelo povo talvez por está localizada bem em frente ao cemitério de São José, que também emprestava nome ao bairro. A praça foi aberta em 1865, bem depois da construção do cemitério. De acordo com pesquisas do historiador Mário Ypiranga, o nome da praça pode ter sido também devido a presença de um espanhol de sobrenome Saudade ou de um negro que viveu por volta de 1837, morador da área vizinha à praça, de nome José Pedro Saudade. O negro devia ser um escravo de forro, devido aos bens que possuía. O nome oficial de Praça 5 de Setembro, portanto é em homenagem a data da elevação do Amazonas à categoria de Província e uma homenagem a Tenreiro Aranha que tanto lutou pela emancipação do Grão-Pará. Portanto, o nome oficial nunca se tornou popular. O certo é que mesmo o nome oficial estar inscrito na placa da estátua de Tenreiro Aranha, o manauense a conhece apenas por Praça da Saudade. Delimitação do Centro O Centro de Manaus começa no igarapé dos Educandos com o Rio Negro até o igarapé de São Vicente passando pela rua José Clemente até a Luiz Antony ao igarapé da Castelhana indo até a avenida Constantino Nery, avenida Álvaro Maia até a rua Major Gabriel passando pela rua Ramos Ferreira até o igarape'do Mestre Chico e retornando ao igarapé dos Educandos e Rio Negro.
Fonte: Jornal do Commercio, edição de 24/10/2006.