Estive no Bar São Marcos, mais conhecido na cidade por "Bar dos Cornos", centro antigo de Manaus; com a minha "Rollyeflex" fotografei esta linda tela ao lado, feita pelo artista plástico Afrânio de Castro, em homenagem a filha da Dona Maria e Luiz Antonio.
O meu amigo Rogelio Casado, assim escreveu:
... Afrânio de Castro, conhecido entre seus pares como Troglodita. Assim o descreve Arthur Engrácio em seu livro "Afrânio de Castro - O quadro sem retoque" (Edições Governo do Estado do Amazonas - 1992): "Um dos maiores pintores nascidos no Amazonas (senão o maior), Afrânio de Castro diferenciava-se dos seus colegas de ofício pelo seu caráter excêntrico, quase selvagem, vivendo a existência rusticamente, sem maiores preocupações com a polidez ou a sociabilidade - à sua maneira".
Conheci-o na minha infância, ali pelo anos 1960, quando residia com minha família na rua Frei José dos Inocentes, há uma quadra de onde morava nosso personagem.
Lembro-me de vê-lo nos janelões do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) na Bernardo Ramos (a generosidade de algum amigo permitiu que ali vivesse um período da sua vida), de onde ele costumava contemplar as andorinhas de caudas longas - a quem chamavamos de curica -, que aos milhares haviam migrado do hemisfério norte.
Bons tempos em que as crianças ainda saiam às ruas para brincar, explorando o território onde habitavam. A primeira vez que o vi foi no bar do Quintino, na esquina da Praça Dom Pedro II - bar com azulejos portugueses, que seria demolido nos anos 1980.
Ao que parece nenhum dos descendentes do proprietário lusitano havia reclamado pelo imóvel já decadente nos anos que antecederam a criação da Zona Franca. Acabou virando estacionamento para veículos.
Naquele dia, quando entrei no botequim para comprar duas garrafas de guaraná para servir no almoço, Afrânio dormitava entre um e outro gole de cerveja, numa das dezenas de mesas do salão vazio àquela hora do dia. Ao seu lado uma de suas telas da fase abstrata: um monte de esponjas que emergiam de um quadro onde dominava as cores amarela e vermelha.
Repentinamente, lançou um grunhido medonho e pôs-se a destruir sua obra. Sai às pressas, correndo, com receio de que tamanha ira se estendesse aos circunstantes.
É provável que o pintor - expressão em desuso, substituída pelo eufemismo artista plástico - tenha destruído outras obras em circunstâncias semelhantes, não sei!
Diz-se que alguns proprietários de bar recebiam suas telas como forma de pagamento pelo consumo de cervejas. Com a palavra os donos do Bar São Marcos e do Alex Bar, onde até recentemente podiam-se ver duas das obras de Afrânio.
Afrânio de Castro, nascido em Janaucá-AM, morreu na tarde do dia 20 de setembro de 1981 na praia de Ponta Negra, em Manaus. A tela que aparece na fotografia abaixo foi oferecida gratuitamente para um desses arrivistas que surgiram aos montes com a criação da Zona Franca de Manaus, e que nunca soube do valor da obra que tinha em mãos.www.rogeliocasado.blogspot.com
Era hábito de Afrânio doar telas a quem se afeiçoava. Acompanhe nas próximas postagens o destino dessa tela - pintada por sobre um aglomerado de madeira compensada - que intitulamos como "O arpoador".
É isso ai Afrânio de Castro. Valeu mano!
O meu amigo Rogelio Casado, assim escreveu:
... Afrânio de Castro, conhecido entre seus pares como Troglodita. Assim o descreve Arthur Engrácio em seu livro "Afrânio de Castro - O quadro sem retoque" (Edições Governo do Estado do Amazonas - 1992): "Um dos maiores pintores nascidos no Amazonas (senão o maior), Afrânio de Castro diferenciava-se dos seus colegas de ofício pelo seu caráter excêntrico, quase selvagem, vivendo a existência rusticamente, sem maiores preocupações com a polidez ou a sociabilidade - à sua maneira".
Conheci-o na minha infância, ali pelo anos 1960, quando residia com minha família na rua Frei José dos Inocentes, há uma quadra de onde morava nosso personagem.
Lembro-me de vê-lo nos janelões do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) na Bernardo Ramos (a generosidade de algum amigo permitiu que ali vivesse um período da sua vida), de onde ele costumava contemplar as andorinhas de caudas longas - a quem chamavamos de curica -, que aos milhares haviam migrado do hemisfério norte.
Bons tempos em que as crianças ainda saiam às ruas para brincar, explorando o território onde habitavam. A primeira vez que o vi foi no bar do Quintino, na esquina da Praça Dom Pedro II - bar com azulejos portugueses, que seria demolido nos anos 1980.
Ao que parece nenhum dos descendentes do proprietário lusitano havia reclamado pelo imóvel já decadente nos anos que antecederam a criação da Zona Franca. Acabou virando estacionamento para veículos.
Naquele dia, quando entrei no botequim para comprar duas garrafas de guaraná para servir no almoço, Afrânio dormitava entre um e outro gole de cerveja, numa das dezenas de mesas do salão vazio àquela hora do dia. Ao seu lado uma de suas telas da fase abstrata: um monte de esponjas que emergiam de um quadro onde dominava as cores amarela e vermelha.
Repentinamente, lançou um grunhido medonho e pôs-se a destruir sua obra. Sai às pressas, correndo, com receio de que tamanha ira se estendesse aos circunstantes.
É provável que o pintor - expressão em desuso, substituída pelo eufemismo artista plástico - tenha destruído outras obras em circunstâncias semelhantes, não sei!
Diz-se que alguns proprietários de bar recebiam suas telas como forma de pagamento pelo consumo de cervejas. Com a palavra os donos do Bar São Marcos e do Alex Bar, onde até recentemente podiam-se ver duas das obras de Afrânio.
Afrânio de Castro, nascido em Janaucá-AM, morreu na tarde do dia 20 de setembro de 1981 na praia de Ponta Negra, em Manaus. A tela que aparece na fotografia abaixo foi oferecida gratuitamente para um desses arrivistas que surgiram aos montes com a criação da Zona Franca de Manaus, e que nunca soube do valor da obra que tinha em mãos.www.rogeliocasado.blogspot.com
Era hábito de Afrânio doar telas a quem se afeiçoava. Acompanhe nas próximas postagens o destino dessa tela - pintada por sobre um aglomerado de madeira compensada - que intitulamos como "O arpoador".
É isso ai Afrânio de Castro. Valeu mano!