Quem passa pelo largo da
Igreja dos Remédios, nem de longe pode imaginar que, exatamente quarenta e
quatro anos atrás, um piloto da Força Aérea Brasileira (FAB) cometeu um grave
erro e, tocou parte do avião que pilotava, na cruz no alto da torre daquele templo
católico.
É isso mesmo, mano velho!
Muito amazonenses ainda guardam na memória, daquele dia em que quase acontece
um acidente de grandes proporções – a marca do acidente, ou seja, parte da cruz
quebrada serviu para olhar curioso durante muitos anos.
Para quem não conhece a
história da igreja e do seu entorno, vou comentar um pouco:
Segundo os historiadores,
esta igreja foi construída em 1868, erguida sobre um cemitério indígena, foi
tombada em 1988, como patrimônio histórico do Amazonas. Ela é rodeada por
escadarias de pedras portuguesas de Lioz; na parte detrás, ainda aparecem
os trilhos dos bondes (deixaram de circular em Manaus na década de 50).
Ao seu lado fica a primeira
Faculdade de Direito do Brasil, onde por lá passaram os estrelas Jefferson
Péres, Plínio Coelho e Samuel Benchimol -, bem em frente da "Velha
Jaqueira”, ficava a banca da Dona Pátria, a melhor tacacazeira do Amazonas, tia
amada do médico Rogélio Casado – nos seus arredores moraram a comunidade
sírio-libanesa, além dos famosos: Milton Hatoum, o autor do livro “Dois
Irmãos”, a Deputada Federal Beth Azize, os senadores Arthur Virgílio Filho e
Arthur Virgílio Neto. A sua frente tem uma praça, outrora esplendorosa, com um
Cristo Redentor, abençoando os ribeirinhos e a Baía do Rio Negro. Antigamente
tinha uma famosa escadaria, dava acesso a “Cidade Flutuante”.
Na lateral direita da
igreja, morava um sujeito chamado Adalelmo Nascimento, era um mendigo
rabugento, certo dia, o meu saudoso pai pediu para irmos visitá-lo, os dois
conversaram muito, ele lembrou que o papai foi quem o levava para o Colégio Dom
Bosco, pois ele era filho do patrão, o senhor Nascimento, da fábrica de violões
“Bandolim Manauense”, ficava nos porões da Casa Alba.
Pois bem, voltando aquele
dia fatídico – era um sábado de manhã na nossa cidade, exatamente no dia 22 de
Julho de 1968, quando o Major-Piloto Leal Soares, cometeu um erro de cálculo,
no Mini Jato de FAB de Prefixo TF, improvisando uma rasante nas imediações do
Largo da Igreja dos Remédios.
Na descida, bateu na cruz da
igreja, com parte da asa indo cair na Rua Leovegildo Coelho, bem em cima de um
automóvel da marca Simca – o Major e o Tenente Cavalcante, com muita
habilidade, conseguiram levar o Mini Jato até o Aeroporto de Ponta Pelada,
fazendo uma aterrissagem quase forçada, pois o avião pendia para o lado da assa
quebrada. É isso ai.
Fonte e fotografia em preto em branco: Jornal A Crítica;
Fotografia colorida: J
Martins Rocha.
2 comentários:
Obrigado pela publicação. Há tempo eu buscava esta informação, e você veio logo com a matéria pronta. Como você afirma, poucos se lembram, parecia quando perguntava aos mais velhos que falava de invasão de alienigena. Mais uma vez, obrigado. Parabéns pelo seu trabalho. To sempre acompanhando.
Obrigado pela lembrança do fato. Agora o IPHAN deveria conversar com os religiosos sobre o uso de antenas nesses predios tombados bem como a colocação de carros em cima das calçadas de pedra Lioz da matriz de Nossa Senhora da Conceição.
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