Com a regulamentação da
Zona Franca de Manaus, no ano de 1967, pipocaram em todos os lados, pequenas
lojas de importação de produtos do exterior, começaram a surgir por estas
bandas todos os tipos de mercadorias, tais como: relógios, aparelhos de som,
brinquedos, roupas, tênis e todo o tipo de quinquilharias que se possa imaginar
– ao pesquisar um jornal de 1968, passei a vista sobre um comercial de uma
loja de roupas usadas, a famosa FANTEX, voltei ao tempo do final da minha adolescência.
Na nossa juventude,
utilizávamos muito o termo “Fanta”, uma gíria para determinar que uma coisa possuísse
um valor inferior, sem graça, fraco ou que não prestava e, quando começou a ser
vinculado nos jornais o nome da loja “Fantex”, com preços das roupas até
setenta por cento inferiores ao mercado, os jovens começaram a ficar um pouco desconfiados,
mesmo assim, foi uma correria total para comprar aqueles produtos.
Os meus pais compraram
para mim, uma calça de veludo e outra de jeans, da marca Lee, era uma novidade
para os pobres mortais, mas, já eram muito utilizados pelos jovens grã-finos de
época, pois somente eram comprados quando alguém viajava para o exterior ou em
lojas de grife (de marca) do eixo Rio-São Paulo.
Apesar de eu andar todo
metido a besta com aquelas roupas, ficava um pouco desconfiado, pois elas estavam um pouco desgastadas, nem desconfiava
que eram roupas usadas, e, o pior, de um morto - , aliás, os hippies adoravam roupas desbotadas, virando
moda entre os jovens manauaras.
Tempo depois, surgiram vários
boatos pela cidade, dando conta que a Fantex importava roupas usadas dos
norte-americanos, doadas pelas famílias de jovens militares mortos na guerra do
Vietnã (1959-1575) – foi um Deus nos acuda! A minha turma não queria mais de
forma alguma andar com aquelas calças. As minhas viraram rapidinho pano de
chão, nem pensar em usar indumentária de um falecido!
A partir de então, virou
chacota quando alguém aparecia com uma roupa de veludo ou uma “sambada” da
marca Lee: - Essa cara acha que está abafando, com esta calça de defunto! – O
defunto era maior que a calça! – Essa calça é Fantex, com certeza! Todos esses
comentários eram motivos para brigas entre os jovens.
A Fantex tinha lojas na
Rua dos Barés (próximo ao Mercado Municipal), na Rua Lobo D’Almada (em frente
ao jornal A Critica) e na Avenida Leopoldo Peres (ao lado de Fitejuta, no bairro
de Educandos) – eles possuíam grandes estoques de calças de Veludo/Far-West/tipo
Lee, uniformes brancos para enfermeiras, vestidos de Jersey/Seda/Algodão,
camisas Nycron/Algodão/Volta ao Mundo. Após os boatos (confirmado, tempo depois), todas as lojas fecharam.
Hoje em dia é muito comum
vender roupas usadas, são os famosos brechós, onde é oferecido desde a simples
calça tipo Lee, ao vestido de noivas – virou até moda os jovens usarem roupas
surradas e até rasgadas, mas, no meu tempo, usar roupas de defunto da ”Fantex”,
nem pensar! Eu, hein!
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