Muito antes de ser o Banco
da Amazônia, ele já fora chamado de Banco de Crédito da Borracha, conhecido como Hevea, com a junção das palavras, o clube dos funcionários ficou conhecido como “Bancrévea”, uma justa
homenagem a nossa sofrida e explorada “Seringueira”, a
árvore que com o seu látex (água nascente) escravizou e trouxe miséria para
muitos e muitos caboclos e, enriqueceu muitos poucos espertos - a sede social
dessa instituição financeira foi inaugurada em 1972, permanecendo até hoje na
mente de muitos manauaras, pois marcou várias gerações, inclusive a minha.
No ano de 1972, exatamente
quarenta anos atrás, os funcionários do Banco da Amazônia S.A., inauguravam a
sua sede social na Avenida Getúlio Vargas, no centro de Manaus, um trabalho
incansável dos diretores da agremiação, mais precisamente do Hiram Carvalho e do
Jorge Motta.
O interessante é que, esta
sede obteve verbas para a sua construção, em decorrência de fazer parte alusiva
às comemorações do sesquicentenário (150 anos) da independência da nossa
pátria.
A sua construção
iniciou-se em 1965, com o projeto do arquiteto amazonense Alcerglan Moreira da
Silva, tendo como membros da sua equipe os engenheiros mineiros José Moreira
Marques e Isaac Feeram – pode-se dizer que, o prédio possuía linhas arrojadas,
acredito que fora inspirada pelas construções de Brasília, era um primor da
arquitetura, mas, não resistiu ao progresso devastador, onde tudo deve ser
destruído para se construir outro de mau gosto no mesmo local.
A diretoria do Bancrévia Clube
atuava desde 1962, além dos citados acima, fazia parte o Paulo Benigno de Lima,
Fernando Marques, Oswaldo Antunes, Freddye Lima, Gentil Souza, Darwin Carvalho
e outros – eles eram muito atuantes, chegando apresentar um patrimônio social
avaliando, a época, em sete milhões de cruzeiros, sendo um dos maiores de
Manaus.
Eles iniciaram também, a
recuperação da sede campestre no bairro de Flores, que ficava nas proximidades
da sede a AABB (Associação Atlética dos Funcionários do Banco do Brasil), por
detrás da cabeceira da pista de pouso e decolagem do Aéreo Clube de Manaus –
por sinal, eram clubes privativos, mas, muito frequentado pelos jovens
manauara.
Quando éramos todos
jovens, pense numa lisura (sem grana) total, era uma cambada (um montão) de
caboclos conhecidos como “Surubim” (um tipo de peixe), liso, mas, cheio de
pinta (bonitões) – pois é mano velho, no Bancrévia Clube não dava para “furar”
(entrar sem pagar), alguns se aventuravam em adentrar pelo Colégio Brasileiro
Pedro Silvestre, pela Rua Dez de Julho, escalar os muros e, penetrar numa boa
nas festas do “acocho” (dançar, assediando as gatinhas) – para quem não conhece
o “Amazonês, mister se faz a tradução para o “Português!
Lembro muito bem dos
embalos de sábados à noite – ficava tudo no escuro, somente na “luz negra”,
tinha três ambientes, com o segundo andar disputado a tapa, pois ali ficavam as
mulheres mais bonitas e onde se apresentavam os conjuntos musicais “Os
Embaixadores, The Blue Birds e The Rocks”, com o Jander, Chain, Manoel Batera e
Betão, fazendo a festa.
Tinha um detalhe: as
festas acabavam exatamente às dez horas da noite, quando era cantada aquela música
que ninguém gostava: “Ai, ai, ai, ai, está chegando a hora, o dia
está raiando, meu bem e, tenho que ir embora...” – muito “neguinho” passava
a maior vergonha, pois quando acendiam as luzes e, quem estivesse “armado”,
aparecia logo aquele defeito do alfaiate na calça.
Passados os tempos bons, a
nova geração começou a curtir os DJ famosos de Manaus, com o Raidi Rebello mandando
ver – começaram a surgir as galeras (turma de mau elementos), o “pau” (brigas)
corria solto, a negada não ia para dançar e/ou paquerar a mulherada, o negócio
era partir logo para a “porrada”, com o “couro comendo no centro”!
Com o decorrer do tempo, a
sede do Bancrévia Clube serviu para tudo, menos para os famosos bailes e das "dancer music" - casa de bingos, clínicas
médicas, clubes de mães, sede de partidos políticos e, até de igreja evangélica,
para exorcizar os capetas que rondavam aquele local! É mole!
Mas, como tudo o que é bom,
um dia se acaba, o Bancrévia Clube foi vendido à revelia dos funcionários do
BASA - os donos das faculdades UNINORTE destruíram completamente a sede e, construíram
uma academia de “Fitness”, com equipamentos de última geração, porém, elitista
e sem a menor graça, sepultando para o todo e sempre parte da memória dos
jovens da minha e de outras gerações. É isso ai.
Um comentário:
Belo post. Tempos manauaras que jamais voltarão. Pen.
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