Décadas passadas, existia em
Manaus, uma classe forte de prestadores de serviços, conhecidos como
Despachantes Aduaneiros, eles executavam as liberações de mercadorias nacionais,
denominado de cabotagem e, estrangeiras (importação), junto a Alfândega de Manaus
(Aduana) – era um grupo restrito, apesar de terem passando em concurso público,
tocados por familiares, que fatura muito alto e, desfrutavam de todas as benesses
que o dinheiro podia oferecer, tanto que construiu um conjunto de casas (bangalôs)
na Avenida Constantino Nery, próximo a entrada do bairro de São Jorge, era
conhecida como “A Vila dos Despachantes”.
Como sabemos, o termo
bangalô significa “bengali” (casa no estilo de Bengala [Índia]), designa um
tipo de casa de somente um andar, com uma varanda, em oposição às casas de
apartamentos – ficou muito popular entre os norte-americanos, porém, com todo o
requinte - dando um símbolo de status para os seus moradores.
O local escolhido tomava
toda uma quadra da Avenida Constantino Nery (conhecida até meados da década de
70 como Avenida João Coelho), entre o início da Avenida São Jorge (Drogaria
Nazaré) e Travessa Arthur Bernardes (Posto de gasolina), um local privilegiado
do Bairro de São Geraldo.
Na realidade, eles imitaram
as casas construídas nas proximidades da Ponte Presidente Dutra (Estrada do São
Raimundo, atual Avenida Kako Caminha), pois eram amplas e confortáveis e era um
orgulho para os moradores daquele bairro.
Os Despachantes Aduaneiros
formaram uma associação denominada “Caixa de Aposentadoria e Pensões dos
Despachantes do Estado do Amazonas”, tinha a seguinte diretoria: Presidente: Ícaro
de Carvalho – 1º Secretário: Geraldo Dantas – 2º Secretário: Thomaz Amazonino
Aguiar – Tesoureiro: Carlos Gonçalves Filho.
A Associação possuía recursos
próprios para tal empreitada e, financiou a construção, com a cobrança de
prestações mensais com módicos juros, num prazo de 10 (dez) anos.
Na foto antiga (acima),
aparece a casa do presidente da C.P.A.D.E.A, o despachante Ícaro de Carvalho,
fora construída pela Construtora Antônio Goios & Cia.
Na outra foto (acima)
aparece a do despachante Edílio R. Farias, construída também pela mesma
construtora acima citada.
Na terceira fotografia,
temos o bangalô do despachante Carlos Gonçalves.
Conheci na década de oitenta o interior do bangalô que pertencia ao despachante Diniz.
Em 1992, houve, por parte
da Receita Federal, a regulamentação da profissão de Despachante Aduaneiro, na
qual bastava um profissional passar dois anos como Ajudante para requerer o
título de Despachante, além de permitir as empresas fazerem o seu próprio
Despacho Aduaneiro, surgindo também várias Comissárias de Despachos, isso
enfraqueceu a categoria e o poderio econômico de um seleto grupo, dessa forma,
a Vila dos Despachantes entrou em declínio e, muitos deles venderam ou alugaram
os seus imóveis, indo morar em outros lugares da cidade.
Com a duplicação da
Avenida Constantino Nery, em 2004, ocorrida na Administração Municipal do
Alfredo Nascimento e terminada no mandato tampão do Luiz Alberto Carijó, os
proprietários da Vila dos Despachantes foram indenizados – os tratores passaram
por cima e destruíram tudo, colocando abaixo os bonitos bangalôs.
Hoje, quem passa pelo
local, ver apenas um matagal, onde se escondem marginais e usuários de drogas –
o Prefeito Arthur Neto bem que poderia fazer benfeitorias no local, quem sabe
um logradouro público - sugiro que faça a “Praça dos Despachantes Aduaneiros”
ou a “Praça dos Bangalôs”, fica a dica. É
isso ai.
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