terça-feira, 17 de setembro de 2013

A CACHAÇA É NOSSA!


A cachaça é brasileira, o resto é aguardente – é isso mesmo, um produto genuinamente criado na terra Brasilis, obtido de cana e, o nome pode ter vindo de Portugal “cachaza”, ou seja, vinho de borra (inferior) ou de “cachaça, a porca, feminino de porco”, em decorrência dos porcos selvagens encontrados no Nordeste (os caititus) terem a carne muito dura e, a cachaça era usada para amolecê-la – a aguardente (água de fogo) já era conhecida pelos antigos egípcios, gregos e alquimistas, mas, eram obtidas de diversas frutas, sendo na China e no Japão feitas de arroz (Saquê), porém, foram os árabes que descobriram os equipamentos de destilação, assimilados pelos portugueses, onde produziam a “bagaceira”, obtidas do bagaço da uva.

Segundo os historiadores, quem descobriu a cachaça foram os paulistas e, o nome era dado a primeira espuma do caldo de cana (era descartado e dados aos animais), a segunda era consumida pelos escravos, depois, passou pelo processo de destilação e, era  adquirida por pessoas de baixa renda.

A cachaça possui uma grande importância cultural, social e econômica para o nosso país, pois está relacionada ao início de colonização do Brasil, a atividade açucareira e a implantação de estabelecimentos cachaceiros.

Os engenhos produtores de açúcar e os alambiques de cachaça eram conhecidos como “casa de cozer méis” – daí a gíria “vou tomar, hoje, bastante mé”.

Com o aparecimento de ouro em Minas Gerais, se dirigem para lá pessoas de todos os cantos do país e, construíram cidades sobre as montanhas frias da Serra do Espinhaço, entrando a cachaça para amenizar a temperatura – isso incomodou a Corte e, proíbe a sua produção, alegando que o seu consumo prejudica a retirada de ouro, sem resultados, resolveram taxar, sendo um tributo que mais contribuíram para a reconstrução de Lisboa, destruída no grande terremoto de 1755 – além de ajudar na manutenção das faculdades da Corte.

Com o passar do tempo, a cachaça cai no gosto de todos, sendo consumida em banquetes palacianos, era misturado com o gengibre e outros ingredientes, utilizados nas festas religiosas portuguesas – era o famoso quentão.

Com o reconhecimento internacional da nossa caipirinha, contribuiu de fato para acabar de vez com o alto índice de rejeição dos próprios brasileiros a nossa cachaça, tornando-se sinônimo de bebida chique e requintada.

Na Manaus de décadas passadas, a cachaça tinha o seu valor, a preferida pelos “biriteiros” era a Cocal, fabricada no Estado do Pará, ele vinha em garrafas protegidas por palhas de palmeiras, depois, entrou em ação a Tatuzinho, Pitú, Velho Barreiro, Cachaça 51, Cachaça 61, Ypióca, Caninha da Roça e a popular Corote – todas industrializadas.

A cachaça recebeu os mais diversos apelidos: abençoada, abrideira, água que passarinho não bebe, amnésia, birita, conhaque brasileiro, da boa, danada, divina, espevitada, espírito, fava de cheiro, fia do sinhô de engenho, gasolina de garrafa, geribita, imaculada, januária, lambida, levanta velho, lisa, malta, mandureba, Maria branca, mé, néctar dos deuses, paratí, pitú, preciosa, queima goela, refrigério da philosophia, rum brasileiro, salinas, semente de arenga, suor de alambique, terebintina, tinguaça, uca, uma que matou o guarda, vinho de cana, vocação e por ai vai - seus sinônimos passam de 2.000!

Alguns gozadores de plantão dizem que o município amazonense de Humaitá (no Rio Madeira, próximo a Porto Velho/RO), foi assim chamado em decorrência da cachaça: um dos primeiros habitantes abriu um boteco de palha e, os forasteiros que chegavam, pediam logo a primeira marvada, depois, a segunda: - Uma, mai, tá? Para Humaitá foi um pulo!

Sobre a cachaça, o portal G1 de Minas Gerais, preparou os 10 Mitos, vamos lá:

Cachaça, pinga e aguardente são a mesma bebida - Mentira. Pinga e cachaça são a mesma bebida. Pinga é a cachaça artesanal. Cachaça é o destilado do caldo da cana-de-açúcar, de 38% a 48% de teor alcoólico, e pode ser industrial.  De 49% a 54% é aguardente.
Cachaça com mel faz bem no combate à gripe - Meia verdade. A caipirinha era uma espécie de remédio caseiro usado no século XIX. Cachaça com mel pode aumentar o metabolismo e ajudar na cura da gripe
A cachaça pode ser produzida a partir de qualquer fruta - Mentira. A cachaça só pode ser produzida da garapa da cana-de-açúcar. O resto é aguardente, que pode ser feita de qualquer fruta.
A cachaça teve origem em Minas Gerais - Mentira. A cachaça foi criada no século XVI, em 1534, em São Vicente, no estado de São Paulo.
A cachaça de boa qualidade deve ser bebida em pequenos goles - Verdade. Deve ser bebida homeopaticamente, em pequenos goles. Ela deve descansar no ‘chão da boca’ para que todos os gases voláteis sejam sentidos pelo paladar.
Uma dose de cachaça abre o apetite - Verdade. O álcool e o gosto da cana, normalmente, abrem o apetite. É o contrário de quem gosta de beber cerveja: perde o apetite.
Existem cachaças que são boas demais para fazer caipirinha - Mentira. Quanto melhor a cachaça, melhor a caipirinha.
A cachaça nasceu dentro de uma senzala - Mentira. A bebida foi criada nos engenhos de açúcar São Jorge, Santa Maria e São João dos Erasmos, em São Vicente (SP), em 1534. 
A cachaça combina com tira-gosto - Verdade. A cachaça harmoniza com salaminho, carnes bem fritas, assadas e frutos do mar. Cachaça não combina com massas, pães e biscoitos, por exemplo.
A cachaça deve ser bebida em copo de vidro - Verdade. Porque o vidro é um recipiente mais limpo, que não deixa resíduo. De preferência, beba a cachaça em copos mínimos, transparentes, para que a bebida seja apreciada antes da degustação.

Nos tempos atuais, as cachaças artesanais ficaram em evidência, elas possuem algumas características: o descanso ou maturação vai de três a seis meses, onde são eliminados o odor forte - durante o envelhecimento pode ocorrer a interação entre a bebida e a madeira da qual é feita o recipiente - alteração da cor e aromas agradáveis.

Sobre a cachaça:
1.   Possui a sua denominação por lei: De acordo com o Decreto nº 4.851, de 2003, o artigo 92 diz o seguinte sobre a cachaça: Cachaça é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de trinta e oito a quarenta e oito por cento em volume, a vinte graus Celsius (°C), obtida pela destilação do mosto fermentado de cana-de-açúcar com características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada de açúcares até seis gramas por litro, expressos em sacarose;
2.   Dia Nacional da Cachaça - Em junho de 2009, no 12º Expocachaça, o Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC) oficializou o dia 13 de Setembro como o Dia Nacional da Cachaça. Posteriormente, no mesmo ano, a data foi oficializada pela lei 5.428/2009;
3.   Degustação - Degustação é uma avaliação que se faz da cachaça para estipular se ela é boa ou ruim. Consiste em exame visual da cachaça na garrafa e no copo, seguido do exame olfativo e depois pelo gustativo da bebida;
4.   Exame da garrafaa garrafa deve apresentar rótulo contendo dados sobre o produtor, graduação alcoólica, selo de produção e data do envasamento. Ela deve ser agitada levemente para que seja observada a formação de colar (círculo de pequenas bolhas) no gargalo.
5. Exame do copo - no copo o líquido deve apresentar limpidez, ou seja, ser transparente e sem partículas. Deve apresentar brilho vivo e não opaco. O brilho pode ser brilhante, límpido, velado, opaco ou turvo. A cor pode ser amarela, dourada, âmbar ou branca, quando a cachaça não é envelhecida ou o é em tonéis que não alteram a coloração da bebida.

Uma das empresas que mais investiu na “branquinha” é a Cachaçaria e Empório do Dedé, possuindo várias filiais, inclusive nos principais shopping da cidade – possuem mais mil e quinhentos rótulos de cachaça, com destaque para a Anísio Santiago (envelhecida oito anos em bálsamo, ao preço de R$ 300,00 a garrafa), Germana (envelhecida por dois anos e armazenada em barril de carvalho), Canarina, Vale Verde e Seleta. A novidade é uma cachaça feita no Pará, obtida a folha do jambu (utilizado no tacacá), a dose é servida com a folha e um camarão.

O Bar Caldeira, situado no centro antigo de Manaus, o seu proprietário, o Carbajal Gomes, está investimento na aquisição de vários rótulos de cachaça artesanal, todas vindas de Minas Gerais – vende também uma cachacinha armazenada em um pequeno barril, ao preço de R$ 3,00 uma dose – o bar é pequeno, mas, pensa em ampliar os seus negócios no futuro próximo.

É isso ai. Vai uma dose de cachaça brasileira, ai?




Fontes:
Wikipédia

Caderno Elenco do jornal Amazonas Em Tempo

Um comentário:

José Ribamar Mitoso de Souza disse...

Rocha, na minha dramaturgia do teatro do indígena na cidade no presente, há rituais nos quais todos bebem caxiri!
É um hábito " expansor dos níveis de consciência" presente em todas as civilizações. Porém, no Brasil, país da cachaça e da cerveja , drogas lícitas, há uma hipocrisia entre alguns alcoólatras: não se acham drogados e adoram apontar o dedão contra o "expansor sensorial" dos outros! Não é o seu caso, homem livre de preconceitos! mas eu conheço cada alcoólatra imbecil...