quarta-feira, 22 de agosto de 2012

ROUPAS USADAS DA FANTEX


Com a regulamentação da Zona Franca de Manaus, no ano de 1967, pipocaram em todos os lados, pequenas lojas de importação de produtos do exterior, começaram a surgir por estas bandas todos os tipos de mercadorias, tais como: relógios, aparelhos de som, brinquedos, roupas, tênis e todo o tipo de quinquilharias que se possa imaginar – ao pesquisar um jornal de 1968, passei a vista sobre um comercial de uma loja de roupas usadas, a famosa FANTEX, voltei ao tempo do final da minha adolescência.

Na nossa juventude, utilizávamos muito o termo “Fanta”, uma gíria para determinar que uma coisa possuísse um valor inferior, sem graça, fraco ou que não prestava e, quando começou a ser vinculado nos jornais o nome da loja “Fantex”, com preços das roupas até setenta por cento inferiores ao mercado, os jovens começaram a ficar um pouco desconfiados, mesmo assim, foi uma correria total para comprar aqueles produtos.

Os meus pais compraram para mim, uma calça de veludo e outra de jeans, da marca Lee, era uma novidade para os pobres mortais, mas, já eram muito utilizados pelos jovens grã-finos de época, pois somente eram comprados quando alguém viajava para o exterior ou em lojas de grife (de marca) do eixo Rio-São Paulo.

Apesar de eu andar todo metido a besta com aquelas roupas, ficava um pouco desconfiado, pois  elas estavam um pouco desgastadas, nem desconfiava que eram roupas usadas, e, o pior, de um morto - , aliás, os hippies adoravam roupas desbotadas, virando moda entre os jovens manauaras.

Tempo depois, surgiram vários boatos pela cidade, dando conta que a Fantex importava roupas usadas dos norte-americanos, doadas pelas famílias de jovens militares mortos na guerra do Vietnã (1959-1575) – foi um Deus nos acuda! A minha turma não queria mais de forma alguma andar com aquelas calças. As minhas viraram rapidinho pano de chão, nem pensar em usar indumentária de um falecido!

A partir de então, virou chacota quando alguém aparecia com uma roupa de veludo ou uma “sambada” da marca Lee: - Essa cara acha que está abafando, com esta calça de defunto! – O defunto era maior que a calça! – Essa calça é Fantex, com certeza! Todos esses comentários eram motivos para brigas entre os jovens.

A Fantex tinha lojas na Rua dos Barés (próximo ao Mercado Municipal), na Rua Lobo D’Almada (em frente ao jornal A Critica) e na Avenida Leopoldo Peres (ao lado de Fitejuta, no bairro de Educandos) – eles possuíam grandes estoques de calças de Veludo/Far-West/tipo Lee, uniformes brancos para enfermeiras, vestidos de Jersey/Seda/Algodão, camisas Nycron/Algodão/Volta ao Mundo. Após os boatos (confirmado, tempo depois), todas as lojas fecharam.

Hoje em dia é muito comum vender roupas usadas, são os famosos brechós, onde é oferecido desde a simples calça tipo Lee, ao vestido de noivas – virou até moda os jovens usarem roupas surradas e até rasgadas, mas, no meu tempo, usar roupas de defunto da ”Fantex”, nem pensar! Eu, hein!

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