domingo, 6 de novembro de 2011

DOMINGO NO BAR CALDEIRA


De segunda-feira a sábado o bar é administrado pelo Adriano Cruz, um descendente de português, nascido no Careiro da Várzea, interior do Amazonas, ele toca o estabelecimento com a mão de ferro, não permitindo ninguém tocar qualquer instrumento, muito menos, cantar qualquer canção, porém, no domingo a coisa toda muda de feição, a administração do bar fica sob a batuta da Dona Maria, uma portuguesa cabocla, católica fervorosa e que adora ver o seu bar cheio de músicos, cantores e beberrões.

O Adriano Cruz por ser um pouco turrão com a maioria dos clientes, no domingo, ele é barrado no baile; chega por lá por volta das 15 horas, na qualidade de consumidor, não é permitido dá “pitaco” e nem se intrometer no bar; sempre vem acompanhado da sua resposa, trazendo sempre um tira-gosto para os amigos – neste dia, ele é outra pessoa, toma todas, dar gargalhadas, conta piadas e fica gozando das caras de uns e de outros.

O único dia em que a Dona Maria não vai à missa é exatamente no dies dominicu “domingo, o dia do Senhor”, o dia do descanso para os católicos - ela esquece a igreja e a sua religião, acorda cedo e se desloca para o seu bar, abrindo ao público exatamente às oito da manhã e, fechando somente doze horas depois.

Conta com o apoio de outro irmão, o Arnaldo, um cara calmo e tranquilo, sendo escalado para pegar no pesado, fazer a segurança, além de atender ao pessoal que fica na parte externa do bar.

Existe um pessoal que frequenta somente pela parte da manhã, eles gostam de tocar violão acústico e cantar as melhores músicas da nossa MPB, além de consumirem bastante “loura gelada” – este seleto grupo é formado pelo Paulo Farmacêutico, Ornan, Cláudio Amazonas, Kátia Maria, Neto do Pandeiro, Rinaldo Buzaglo, dentre outros.

A partir do meio-dia pinta no pedaço o pessoal considerado “profissional”, chegando a hora de uma parte da turma do acústico cair fora, pegar o beco! O Roberto Paraense monta os equipamentos e, começa o show, com muita música samba-canção e boleros, entrando em campo os cantores: Cabral, Lúcio Bahia, Celestina, Doutora Graça, Katia Maria e Nazaré Lacute – acompanhado pelo Jorginho, Garoto (Wilton) & Geralda, Roberto, Neto, Buriti, Flavio de Souza, Zé da Manola, Moisés, Marcia & Augusto e, muita gente boa!

Depois das três da tarde começa a chegar mais gente, o bar fica entupido até o tucupi, com turistas, jovens estudantes, professores universitários, além de muita gente da terceira idade.

O Jokka Loureiro traz uns petiscos para a galera, depois dá uma palinha, cantando muita musica de puteiro. O Sacy da Aparecida faz o diabo na percussão, fazendo umas performances um tanto sensual.

O samba impera, tomando a conta do pedaço, com o Mark Clark e o Manoelzinho fazendo miséria no Cavaquinho e, com o Negrão e Moisés no Violão. A disputa fica feia, com muitos cantores novatos querendo fazer bonito. Dando a conta do recado: Telba, Dom Pedrito, Floriano, Celestina e a Graça Silva.

Até às oito horas da noite, o bar fica apinhado de gente cantando, dançando e bebendo. Quem passa ao largo, fica admirado em ver aquelas pessoas esbanjando muita alegria e descontração. E isso ai, até domingo no Bar Caldeira!
Aviso aos navegantes: o bar fica na Rua José Clemente, no. 237, esquina com a Rua Lobo D´Almada (atual Rua dos Prazeres), telefone 92 3234-6574 – o nome é em decorrência de uma explosão de uma caldeira do Hospital Santa Casa de Misericórdia, uma parte do tanque foi parar bem perto do Bar.

Foto: J. Martins Rocha

2 comentários:

Anônimo disse...

Por falar em Santa Casa, continua fechada? Se ainda está, não há nenhuma iniciativa em re-abrí-la? Qual a real causa de seu fechamento?
Obrigado

José Ribamar Mitoso de Souza disse...

Rochinha, mano, cadê a foto do bar?