sábado, 26 de dezembro de 2009

NATAL EM FAMÍLIA

Toda a noite de Natal era sempre a mesma coisa: comprava o Peru ou o “Chester” (um frango que desbancou o Gallipavo); quando a “babita” estava bamburrando nos bolsos, dava encarar o Bacalhau e os devidos complementos, tipo batata e azeite português, azeitona, arroz, ovos e, por aí vai, sempre no famoso corre-corre de última hora; tudo para preparar a ceia de vinte e quatro de dezembro e, para curtir (é claro!), na casa de alguém – engraçado, existia sempre algum lugar para comemorar o Natal, poderia ser na casa dos meus pais ou dos pais dos meus amigos, poderia ser também naquela casa da minha tia, bem como, na casa do meu irmão ou do meu amigo do peito, não me importava, Natal bom deveria ser comemorado fora da minha casa; o bom era curtir a festa do nascimento Jesus, na casa dos outros; na minha casa não tinha a mínima graça; o barato era ter que se arrumar - fazer as unhas e os cabelos (chapinha nos cabelos pixains das filhas), vestir aquela roupa nova, arrumar as crianças, pegar o carango ou o “buzão”, todo mundo apertado, no maior sufoco, levando as panelas com os comes-e-bebes, as batidas e os sucos de cevada – depois de curtir aquele maravilhoso Natal na casa dos outros, tinha a volta para casa – aí o bicho pegava: menino chorando, trânsito engarrafado até o toco, a mulher reclamando dos meus excessos da bebida e da comida (contribuindo para o efeito estufa); pense num sono geral da rapaziada – acordava de manhã somente para cuspir e tomar aquela água gelada na geladeira; a minha cabeça parecia que tinha dentro um Pica- Pau, detonando tudo o que tinha direito. Sempre foi assim, anos após anos.


Tudo mudou, mudou, aí mudou! Não pensem que virei a casaca, sou católico cem por cento, não mudo nem é com nojo, parente! Mas o tempo passa, o tempo voa, depois de muita curtição de Natal na casa dos outros, tive que passar o Natal deste ano, na minha humilde casa, simplesmente porque a dona Duda, de apenas três meses de idade, não permitiu a nossa saída, ficou emboletada no meio do terreiro, curtindo os seus brinquedinhos e sorrindo sem motivo algum, como é saí de casa, mermão! Ai o meu filho me ligou do shopping – Pai, o que o senhor quer ganhar de presente? - perguntou - Quero receber é a baba, carvão, mufunfa, money, a verdinha – respondi na maior – Mas dinheiro não é presente, qual o numero do teu sapato? - devolveu o meu pedido - É 40 do lado direito e 41 do lado esquerdo! - respondi na gozação – Vou comprar um da cor preta para o senhor. – Aproveita e compra outro também na cor marrom – aproveitei a abertura, se colar, colou. – É a calça qual é numero? Até ontem era 42 – respondi . – Vou comprar uma social, tá bom? - Tá, mas aproveita e compra outra jeans. - Pai, o senhor está muito exigente, acho que vou comprar somente um “cinto muito” - respondeu chateado. Brincadeiras a parte, conterrâneo, passei o Natal de bermudão, camiseta regata e sandálias havaianas (é mole!); curtir na tevê alguns ensinamentos do Seicho-No-Ie, uma palestra do Paiva Neto e assistir à Missa do Galo (pela primeira vez, da crista ao rabo!); foi um Natal em Família: uma bela reunião com a dona Nazaré, juntamente com os meus filhos Adriana, Amanda e Alexandre, a neta Duda e a nora Vanessa (com o Victor Alexandre na barriga); a ceia saiu exatamente no horário, na maior tranquilidade, sem nenhum sufoco, nada de “água-benta!”, fotos daqui e dacolá, tudo nos conformes, sem nenhum estresse; pensando bem, foi o melhor Natal de todos os tempos, não penso mais curtir na casa dos outros, tudo por culpa da Duda, conseguiu reunir toda a patota para a celebração do nascimento do menino Jesus – Natal em família. É isso aí!

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