segunda-feira, 4 de julho de 2022

SCHOLZ

 

Foto-Reprodução, Manaus de Antigamente. José Rocha


Em 08 de dezembro de 2021, o Olaf Scholz, assumiu, na Alemanha, o cargo de Primeiro-Ministro (chefe de governo de um país parlamentarista), um sobrenome de família alemã que fez história na cidade de Manaus, na pessoa de um senhor chamado Waldemar Scholz.

O alemão karl Waldemar Scholz, nasceu em 1871, na cidade de Hamburgo, na Alemanha, veio ainda jovem para a Amazônia, especificamente para a cidade Manaus, atraído pelo “ouro branco”, o látex fruto das seringueiras nativas da nossa região.

Fundou a empresa Scholz & Cia (sucessores da Witt & Cia., com filial em Belém, Pará), com negócios focados na compra e exportação de produtos regionais, com maior ênfase na borracha, destinando para Europa e Estados Unidos.

A sua loja ficava no local conhecido como Booth Lines (um complexo de casas que foram destruídas criminosamente pela família Di Carli, administradores do Porto de Manaus, doado de “mão beijada” pelo então governador Amazonino Mendes).

De sua antiga loja restou somente a fachada que está preste a cair. Quem passar por lá ainda poderá observar uma casa parecendo um castelo medieval (ao lado da antiga sede da CEM – Companhia Energética de Manaus).

O Scholz foi também Diretor e Presidente da Associação Comercial do Amazonas (1911), além de Vice- Consul da Áustria-Hungria (1913).

Ganhou fortunas, assim como muitos ganharam na fase do “boom” da exportação da borracha in natura, pois a Seringueira era nativa da Amazônia e uma enorme leva de estrangeiros por aqui aportaram tornando-se seringalistas, banqueiros, aviadores, comerciantes, transportadores etc.

O Scholz tornou-se um Barão, um homem rico e próspero, tanto que, em 1903, iniciou um mega projeto de construção de um palacete para fixar a sua moradia, executado por um arquiteto italiano.

Foram oito anos de muito trabalho e gastos enormes, finalmente terminado em 1910 e inaugurado em 1911.

Ficou conhecido como Palacete Scholz, na Avenida Sete de Setembro, entre as duas Pontes Romanas (I e II). A sua residência era uma obra prima, milionária, eclética, imponente, perdendo somente em magnitude para o Teatro Amazonas.

Não esperava, nem sequer sonhava, que tudo isto iria por água abaixo em um breve espaço de tempo, secando a sua fonte de renda e de outros ricaços, indo todos à falência, deixando um rastro de miséria e de abandono das cidades de Manaus e Belém (outrora lindas e maravilhosas).

Tudo remou contra. Entrou em produção a borracha asiática (roubada as mudas pelos ingleses e plantadas em países com o clima parecido com o nosso).

As nossas seringueiras eram nativas (os seringueiros tinham de entrar na mata fechada e abrir caminhos para encontra-las e colher o seu precioso látex), um trabalho dispendioso, caro, desumano, de semiescravidão).

Por outro lado, as asiáticas foram plantadas de forma racional, com milhares delas próximas umas das outras, de fácil manejo, com custos reduzidos e uma produção cada vez maior, baixando drasticamente o seu preço no mercado internacional, tornando a produção amazônica praticamente inviável.

O Scholz ficou “a ver navios”, travado e imerso em dívidas cada vez maiores, sem poder manter a sua suntuosa residência. Para salvar a sua empresa recorreu a um empréstimo (1911) de 400 Contos de Réis (prazo de um ano e juros de 9% a/a), acertado com um rico comerciante do Purus, o seringalista e Coronel Luiz da Silva Gomes (este ainda estava “em cima da carne seca”), dando como garantia o Palacete Scholz.

Para completar o cenário de caos, veio a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com a suspensão da rota marítima de Hamburgo (Alemanha) até Manaus, impedindo o Waldemar Scholz de exportar os produtos regionais para os seus principais compradores.   

O alemão não conseguiu honrar a sua dívida para com o brasileiro seringalista, sendo executado em 1914, obrigar a vender por 121 Contos de Réis (1916) o seu belíssimo imóvel para o exequente (ainda ficou devendo 618 (400 de empréstimo + juros + honorários + custas).

Em 1918, o Scholz resolveu voltar para a Alemanha. Em 1928, ano de seu falecimento, a Assembleia legislativa do Estado do Amazonas, fez um Necrológio (elogio fúnebre).

Os Scholz ainda permanecem no Brasil, principalmente em Curitiba, no Paraná. Na Alemanha um deles é o “manda chuva” daquele país.

O Palacete Scholz foi alugado, em 1914, e depois vendido ao Estado do Amazonas, em 1918, por 200 contos de Réis, o equivalente hoje em 24 milhões de reais. Na realidade, ele valia naquela época 600, equivalente hoje a 74 milhões de reais.

Virou Palácio Rio Negro, depois, Centro Cultural Palácio Rio Negro, um prédio belo e bem conservado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa – SEC, que juntamente com o maior parque urbano de Manaus, o Parque Jefferson Peres, viraram um dos melhores lugares para visitar, caminhar e conhecer um pouco da história de Manaus.

  

Scholz, um sobrenome de família alemã que fez história na cidade de Manaus, na pessoa de um senhor chamado Waldemar Scholz.

É isso aí.

 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_Rio_Negro_(Manaus)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Olaf_Scholz

https://web.facebook.com/Manausdeantigamente/posts/2102721413124639/

https://pt.slideshare.net/Matthausouza/apresentao1-2141125

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=872784&pesq=Waldemar%20Scholz&hf=memoria.bn.br&pagfis=5032