sábado, 9 de julho de 2022

O PRIMEIRO BOI VOADOR DE MANAUS José Rocha Após um exercício mental, voltei ao fundo de minha memória, revivendo um causo, narrado pelo meu saudoso amigo, o compositor e cantor Afonso Toscano. Guardadas todas as proporções do evento e "O Enfeite do Maracá" do escritor, foi mais ou menos assim que aconteceu. Era uma bela noite manauara de um sábado junino caliente: O miolo do boi do Garrote Luz de Guerra, do saudoso Maranhão, era um negão que trabalhava nos Correios, considerado o melhor do pedaço lá das bandas do "Mato Tinha". Num belo sábado em que "o urubu voava com uma assa e se abanava com a outra", o tripa “secou” todas os botecos do bairro, não se aguentava em pé, imaginem dançar embaixo do boi! Naquele dia, o boi se apresentaria na Bola da Suframa. O miolo ( ou tripa, tanto faz como tanto fez em Manaus ou Parintins) foi tratado com bastante água de coco, sucos, banhos de cacimba, sono reparador e Sal de Fruta Eno. Melhorou bastante, dava para o gasto e o gosto. Toda a turma foi à pé para o festival. No caminho, o negão começou a tomar umas batidas de maracujá, não deu outra: voltou o porre. Quando chegaram ao local da apresentação, estava no palco o grupo folclórico "A Tribo dos Andirás". O miolo aproveitou o tempo de espera para tomar mais uns goles. O Paulo Gilberto, eterno apresentador do festival, fez a chamada: - Eee aaagoora com vooocês, é ele, é ele, é ele, ooo Gaarrrrooote Luuuuzzz de Gueeeerrrra! Fogos estourando, a noite virando dia, tambores rufando e a galera delirando! Todos os componentes subiram a rampa do Tablado, que era feito de madeira, na forma cilíndrica e com três metros de altura. O miolo foi ajudado pelos colegas, ficou bem no meio da arena, não conseguiu manter o boi em pé e resolveu dormir embaixo do Luz de Guerra, em plena apresentação. O Amo do Boi foi acordá-lo. Deu umas bicudas no boi e gritou: - Acorda negão, acorda negão! Movimenta! Gira! Dança! Porra! Faz alguma coisa caralho! O negão se levantou, girou com o boi e correu direto, passou do Tablado, voou uns três metros e meio, foi direto para o chão! Foram "cacos" para todos os lados do boi e do negão. Desde então, o "Boi Luz de Guerra" passou a ser chamado, pela galera como “O Primeiro Boi Voador de Manaus!” Pense numa fuleiragem! É isso ai.

 O PRIMEIRO BOI VOADOR DE MANAUS

José Rocha

Após um exercício mental, voltei ao fundo de minha memória, revivendo um causo, narrado pelo meu saudoso amigo, o compositor e cantor Afonso Toscano.

Guardadas todas as proporções do evento e "O Enfeite do Maracá" do escritor, foi mais ou menos assim que aconteceu.

Era uma bela noite manauara de um sábado junino caliente:

O miolo do boi do Garrote Luz de Guerra, do saudoso Maranhão, era um negão que trabalhava nos Correios, considerado o melhor do pedaço lá das bandas do "Mato Tinha".

Num belo sábado em que "o urubu voava com uma assa e se abanava com a outra", o tripa “secou” todas os botecos do bairro, não se aguentava em pé, imaginem dançar embaixo do boi!

Naquele dia, o boi se apresentaria na Bola da Suframa.
O miolo ( ou tripa, tanto faz como tanto fez em Manaus ou Parintins) foi tratado com bastante água de coco, sucos, banhos de cacimba, sono reparador e Sal de Fruta Eno.
Melhorou bastante, dava para o gasto e o gosto.

Toda a turma foi à pé para o festival. No caminho, o negão começou a tomar umas batidas de maracujá, não deu outra: voltou o porre.

Quando chegaram ao local da apresentação, estava no palco o grupo folclórico "A Tribo dos Andirás".

O miolo aproveitou o tempo de espera para tomar mais uns goles.

O Paulo Gilberto, eterno apresentador do festival, fez a chamada:

- Eee aaagoora com vooocês, é ele, é ele, é ele, ooo Gaarrrrooote Luuuuzzz de Gueeeerrrra!

Fogos estourando, a noite virando dia, tambores rufando e a galera delirando!

Todos os componentes subiram a rampa do Tablado, que era feito de madeira, na forma cilíndrica e com três metros de altura.

O miolo foi ajudado pelos colegas, ficou bem no meio da arena, não conseguiu manter o boi em pé e resolveu dormir embaixo do Luz de Guerra, em plena apresentação.

O Amo do Boi foi acordá-lo. Deu umas bicudas no boi e gritou:

- Acorda negão, acorda negão! Movimenta! Gira! Dança! Porra! Faz alguma coisa caralho!

O negão se levantou, girou com o boi e correu direto, passou do Tablado, voou uns três metros e meio, foi direto para o chão!

Foram "cacos" para todos os lados do boi e do negão.
Desde então, o "Boi Luz de Guerra" passou a ser chamado, pela galera como “O Primeiro Boi Voador de Manaus!”

Pense numa fuleiragem!

É isso ai.