Faz uns seis anos fui
convidado para participar de um bingo, na Rua Frei José dos Inocentes, no
centro antigo de Manaus – tive a grata satisfação de conhecer a Tia Nazinha –
fiquei na torcida para ela ganhar um aparelho de televisão, porém, não obteve êxito
– na semana seguinte, o empresário da Augusto Máquinas e Equipamentos, convidou-me
para fazermos a entrega de uma TV novinha para ela – a sua garra, amor pelo
samba e o carnaval, contagia a todas – é a cara da nossa cidade.
Sempre tive a vontade de entrevistá-la
e fazer uma postagem no nosso blog, no entanto, não foi possível - aproveito um
trabalho feito pelo Paulo André Nunes, do jornal A Critica, para homenageá-la nesse
sábado gordo de carnaval.
Nasceu na década de trinta,
em Manaus, os seus pais eram barbadianos (Barbados, América Central), foi criada
em casa de família, onde passou por maus momentos, trabalhava como fosse uma
escrava, tendo até o seu corpo marcado
com ferro quente na altura dos seios.
Casou com Francisco Marques
de Carvalho (78 anos), com quem teve 18 filhos (8 vivos), 50 netos e 58 bisnetos, foi cozinheira e
lavadeira, batalhou muito para cria-los – antiga moradora do centro antigo,
sendo a mais festejada e querida da Rua Frei José dos Inocentes.
A Tia Nazinha, como é carinhosamente
chamada, foi a primeira baiana da Escola de Samba Aparecida, por onde desfilou
nos seus 36 anos da agremiação – não perde um ano mesmo estando doente do
joelho devido a uma queda de um ônibus, em 2014.
Ano passado, assim declarou ao
jornal:
“Sou Aparecida e amo meu
bairro e minha escola de samba até a morte. No dia do desfile eu fico boa e me
apresento como em todos os anos. Nem que seja em cadeira de rodas ou aonde for.
E depois vou pro hospital, se precisar”.
Aos quinze anos de idade já
brincava nos blocos de sujo, na Avenida Eduardo Ribeiro “Fazíamos instrumentos
como o tambor e o tan-tan. Queimávamos jornais para esquentar os tambores e o xeque-xeque,
e as pessoas saíam cantando. Era Carnaval. Quantas saudades desse tempo. Manaus
e Manaus, né, maninho? Uma história abençoada por Deus”.
Participou, também, das
Escolas de Samba Unidos da Selva e Em cima da Hora (extintas).
É madrinha do Bloco do Frei (fundado em 2011 está em exposição no Museu Amazônico), no qual é homenageada todo ano com uma boneca gigante, feito pelo artista e ator Nonato Tavares.
É madrinha do Bloco do Frei (fundado em 2011 está em exposição no Museu Amazônico), no qual é homenageada todo ano com uma boneca gigante, feito pelo artista e ator Nonato Tavares.
Declarações:
“Não
é mais aquele Carnaval. Hoje só se vê político que joga dinheiro fora, coloca
as fantasias luxuosas, etc. Pobre desce no chão com as fantasias compradas com
o seu salário mínimo”.
“O Carnaval do passado era lindo e maravilhoso, mas era
também uma guerra entre as escolas de samba Aparecida e Vitória Régia, que não
se uniam. As pessoas brigavam e tinham amor e garra pela escola. E não se
falava em dinheiro”.
“Sem as baianas as
agremiações não são nada. Tem que dar água para elas na hora do desfile”,
conta, “rodando a baiana” nas críticas.
Completando: “Vem de Nossa
Senhora Aparecida, Virgem Mãe, da qual tenho muita fé. Todos os dias às 3h eu
rezo, e tiro um terço ao deitar também. Rezo por todos, da imprensa,
autoridades, pelo meu presidente da escola. Que Deus nos proteja. Desejo um bom
Carnaval a todos e que Jesus nos abençoe”.
É isso ai, Tia Nazinha, que
Deus a proteja – saúde e bom carnaval!
Fonte:
Nenhum comentário:
Postar um comentário