Por gostar da nossa Manaus
antiga, pode até parecer um contra-senso dedicar uma postagem sobre a
construção de um espigão erguido na Avenida Eduardo Ribeiro, uma via pública
que foi a mais linda de Manaus e, com o tempo ficou descaracterizada,
exatamente, com a destruição das antigos casarões e, em seu lugar, foram
erigidos tais edifícios de mais de vinte andares, mas, o “Cidade de Manaus”
possui história, em decorrência de ser uns dos primeiros a ser construído na
nossa cidade, apesar dos pesares.
Na minha infância, aos
domingos, gostava de andar por aquela belíssima avenida, ficava espantado em
ver um imenso casarão abandonado, onde somente as fachadas estavam em pé,
mostrando um monstruoso buraco em seu interior – pela minha tenra idade, não
sabia que naquele lugar já fora um poderoso empreendimento comercial na época
de “boom” da borracha.
Pois bem, neste mesmo
lugar, tempo depois, foi construído o edifício “Cidade de Manaus” que, segundo
os jornais da época, seria “o marco do progresso do Amazonas” e, assim declarou
o engenheiro responsável Acatauassú Nunes: “Se iniciarmos o que pode vir a se
tornar um verdadeiro “push” imobiliário em Manaus, com uma obra superior do
ponto de vista estético, isso pode representar em que todo empreendimento
futuro obedeça à mesma diretriz e, Manaus será uma bela capital, de grandes
edifícios, mas, sobretudo, de bom gosto”.
A Construtora América do
Sul Ltda.(CASUL) foi a incorporadora do prédio e administradora da construção,
fazia parte do Banco Comércio e Indústria da América do Sul, um sólido grupo
financeiro na época – construído pelo sistema de condomínio e de custo, com a
fiscalização dos coproprietários.
O arquiteto foi o Ary
Macedo, segundo ele “Tanto as área de uso comum, quanto às unidades autônomas
obedecem a um esquema rigoroso no planejamento – arte e técnica foram as vozes
de comando na criação do projeto: arte revolucionária e técnica aprimorada”.
O edifício divide-se em dois
estágios – no térreo, destinada a lojas comerciais – até o quarto andar, com um
bloco maior para apartamentos para escritórios, com um “playground” na sua
cobertura – a partir dai, será o conjunto residencial, com dezesseis pavimentos
em duas lâminas imensas, ligadas na sua parte superior por duas imensas caixas
d’águas, completando o lado estético da construção.
Para atrair os clientes,
os construtores apelavam: “Panorama visto do alto de Manaus – toda a cidade,
sua paisagem humana, as negras águas do Rio Negro, o verde Amazonas – tudo isso
você verá do alto do Edifício Cidade de Manaus” - o preço era muito salgado,
com toda construção em Manaus, somente alguns abastados conseguiram comprar,
inclusive, muitas famílias ainda moram lá desde a sua inauguração, não mudam
para lugar nenhum de Manaus.
Com a implantação do “Plano
Diretor da Cidade de Manaus” e, com o tombamento do “Centro Antigo de Manaus”,
houve, finalmente, uma parada na construção de altos edifícios na parte
histórica (ainda bem!), mas, o Edifício Cidade de Manaus ficou como parte da
história da nossa cidade! É isso ai.