sexta-feira, 2 de novembro de 2012

DIA DE FINADOS NO CEMITÉRIO DE SÃO JOÃO BATISTA DE MANAUS


Repetindo o mesmo feito do ano passado, não deu para ir até o Cemitério Parque Tarumã, onde estão enterrados os meus pais, o jeito foi ir até o Cemitério São João Batista, para fazer as minhas orações e, fazer uma caminhada por entre as quadras, colhendo algumas coisas para escrever no nosso blog.  

Este cemitério é datado de 1891, sucedeu ao Cemitério São José (atual Praça da Saudade), nele estão enterrados praticamente todos os membros das famílias tradicionais de Manaus, além de políticos e personalidades da nossa cidade – a sua capacidade está esgotada, recebendo apenas defuntos em sepulturas definitivas - possui 24 quadras e 25 mil sepulturas, com quase 100 mil sepultados nesses 120 anos de existência.

Cheguei atrasado, perdi a missa, mas tive a oportunidade de rever o Frei Fulgêncio Monacelli, um religioso que faz parte da minha adolescência e a quem tenho muito respeito e admiração.

Entrei na pequena igreja (capela) existente no lugar, ainda estava lotada de católicos, com uma parte deles preparando o local para cânticos que perduram todo o dia.

Fiz questão de entrar no prédio da administração, exatamente para ver mais de perto o quadro acima, uma tela em que retrata o Cemitério São João Batista, onde aparecem as primeiras sepulturas, no tempo em que os pobres enterravam, em redes, os seus entes queridos.

Neste dia, muitas pessoas procuram informações na administração, sobre a localização dos túmulos dos seus familiares, mas, o cemitério ainda não está informatizado, o que ocasiona uma demora considerável para a busca manual nos livros dos mortos.

Depois, fui até um lugar conhecido como “Cruzeiro” – as pessoas se aglomeram para orar e acender milhares de velas, deixando de plantão uma dupla de bombeiros para debelar o fogo – atrai também pessoas que fazem a coleta das velas derretidas para reciclagem.

Resolvi caminhar entre as quadras, parando para ler as lápides de túmulos antigos, afinal, aquilo também é história – lamento em ver o estado em que se encontram, sem o devido cuidado por parte da Prefeitura de Manaus – encontrei uma imensa, na forma quadrangular, todo de mármore, datada do inicio do século passado, servindo, no seu interior, de depósito para os trabalhadores do cemitério.

Outras que mais me chamaram atenção foram os túmulos de alguns militares, pois eram eles que comandavam o nosso Estado nos séculos dezoito, dezenove e inicio do de vinte – parei um pouco no do Mário Ypiranga Monteiro, além da família Cruz (donos do Caldeira Bar).   

Pela primeira vez entrei no Cemitério Israelita, bem diferente dos católicos, pois os judeus não aceitam velas, flores ou qualquer tipo de suntuosidade nas sepulturas, para eles a morte é um grande nivelador, se existe diferenças em vida, elas serão eliminadas na morte - lá tudo é simples e respeitoso – não vi ninguém naquele lugar, acho que eles possuem outra data ou forma de lembrar os seus mortos – fiquei a olhar atentamente o túmulo do Samuel Benchimol.

Ao sair, pude observar um grande comércio ao redor do cemitério, com dezenas de barracas de comidas, bebidas, flores, velas, frutas etc. – constituindo numa verdadeira feira.

Encontrei muitos amigos e conhecidos e, observei muitas famílias reunidas para celebrarem a vida eterna dos seus entes falecidos, na esperança de que tenham sido recebidos pelo reino de Deus.