Repetindo o
mesmo feito do ano passado, não deu para ir até o Cemitério Parque Tarumã, onde
estão enterrados os meus pais, o jeito foi ir até o Cemitério São João Batista,
para fazer as minhas orações e, fazer uma caminhada por entre as quadras, colhendo algumas coisas para escrever no nosso blog.
Este
cemitério é datado de 1891, sucedeu ao Cemitério São José (atual Praça da
Saudade), nele estão enterrados praticamente todos os membros das famílias
tradicionais de Manaus, além de políticos e personalidades da nossa cidade – a
sua capacidade está esgotada, recebendo apenas defuntos em sepulturas
definitivas - possui 24 quadras e 25 mil sepulturas, com quase 100 mil
sepultados nesses 120 anos de existência.
Cheguei atrasado, perdi a missa, mas
tive a oportunidade de rever o Frei Fulgêncio Monacelli, um religioso que faz
parte da minha adolescência e a quem tenho muito respeito e admiração.
Entrei na pequena igreja (capela)
existente no lugar, ainda estava lotada de católicos, com uma parte deles preparando
o local para cânticos que perduram todo o dia.
Fiz questão de entrar no prédio da administração, exatamente para ver mais de perto o quadro acima, uma tela em que
retrata o Cemitério São João Batista, onde aparecem as primeiras sepulturas, no tempo
em que os pobres enterravam, em redes, os seus entes queridos.
Neste dia, muitas pessoas procuram informações
na administração, sobre a localização dos túmulos dos seus familiares, mas, o
cemitério ainda não está informatizado, o que ocasiona uma demora considerável
para a busca manual nos livros dos mortos.
Depois, fui
até um lugar conhecido como “Cruzeiro” – as pessoas se aglomeram para orar e
acender milhares de velas, deixando de plantão uma dupla de bombeiros para
debelar o fogo – atrai também pessoas que fazem a coleta das velas derretidas
para reciclagem.
Resolvi
caminhar entre as quadras, parando para ler as lápides de túmulos antigos,
afinal, aquilo também é história – lamento em ver o estado em que se encontram,
sem o devido cuidado por parte da Prefeitura de Manaus – encontrei uma imensa,
na forma quadrangular, todo de mármore, datada do inicio do século passado, servindo,
no seu interior, de depósito para os trabalhadores do cemitério.
Outras que
mais me chamaram atenção foram os túmulos de alguns militares, pois eram eles
que comandavam o nosso Estado nos séculos dezoito, dezenove e inicio do de vinte
– parei um pouco no do Mário Ypiranga Monteiro, além da família Cruz (donos do
Caldeira Bar).
Pela
primeira vez entrei no Cemitério Israelita, bem diferente dos católicos, pois
os judeus não aceitam velas, flores ou qualquer tipo de suntuosidade nas
sepulturas, para eles a morte é um grande nivelador, se existe diferenças em
vida, elas serão eliminadas na morte - lá tudo é simples e respeitoso – não vi ninguém
naquele lugar, acho que eles possuem outra data ou forma de lembrar os seus
mortos – fiquei a olhar atentamente o túmulo do Samuel Benchimol.
Ao sair,
pude observar um grande comércio ao redor do cemitério, com dezenas de barracas
de comidas, bebidas, flores, velas, frutas etc. – constituindo numa verdadeira
feira.