Antes da instituição da
Zona Franca de Manaus, a cidade de Manaus já era considerada como um “Porto
Livre” e, em três de Fevereiro de 1968, inaugurava na terra de Ajuricaba, um
luxuoso restaurante para atender a crescente demanda de turistas ávidos por
produtos importados do exterior – foi um projeto que ganhou o premio nacional
de arquitetura, na cidade do Rio de Janeiro – foi construído por um mineiro
chamado Severiano Mário Porto, um homem que fez história na nossa cidade – era um
empreendimento considerado um primor da arquitetura, coerente com as exigências
dos trópicos.
O luxuoso restaurante
“Chapéu de Palha” foi construído num bairro aristocrático, conhecido como “Adrianópolis”,
ficava na esquiva das ruas Fortaleza e Paraíba (atual Humberto Calderaro Filho) e,
era dotado de uma cozinha regional, capaz de satisfazer a clientela mais
exigente da época.
Por ser uma novidade na
cidade, a alta sociedade Baré fazia presença diariamente, pois almoçar ou
jantar junto aos turistas, era um privilégio para poucos, dando certo “status”
para uma pequena parcela dos pobres mortais que tinham condições financeiras
para tanto.
Nas veiculações dos
jornais de época, os proprietários faziam a seguinte chamada: “Almoce ou jante conosco, nós o esperamos -
para reservas de mesas, ligue para o telefone 2-2288”. Chique, não?
As suas estruturas eram de
troncos de “Aquariquara”, uma madeira típica da região amazônica, com cobertura
de palha de palmeira, piso e paredes de tijolos, o edifício se adaptava
perfeitamente ao local e ao uso a que era destinado, remetendo às construções populares
e indígenas da área.
O “Jornal do Commercio”, na
inauguração, fez o seguinte comentário em suas páginas: “O
moderno restaurante “Chapéu de Palha”, simplesmente “Chapelão” aqui para os de
casa, é em verdade o ponto mais agradável e disputado de nossa convivência
social. Em linhas arquitetônicas avançadas, construído com o aproveitamento dos
recursos da terra e a mágica de um bom gosto de um artista soube colocar – belo
para os olhos, aprazível, um toque a mais na paisagem urbanista da capital – a
feijoada é um prato dos sábados, no modelar restaurante da cidade”.
No meu casório, em 1980,
após todas aquelas comemorações, antes de partir para “lua de mel”, fui jantar
naquele lugar, o pedido foi no famoso a “La Carte”, lembro muito bem: “um filé
com fritas e farofa” - naquela altura do campeonato, o restaurante já tinha
perdido o “glamour”, estava chegando a sua decadência – foi a primeira e única
vez em que estive lá.
No local funciona,
atualmente, um posto de gasolina e um “mini Shopping Center” – infelizmente, a
nossa cidade cresceu muito, de certa forma, desordenada, nada mais é novidade,
pois, praticamente encontramos de tudo que existe nos grandes centros urbanos –
ficamos apenas lembrando aqueles tempos bons - acabou aquele negócio de “cidade
sorriso” de antigamente. É isso ai.
3 comentários:
sim, conheci e frequentei o CHAPÉU DE PALHA, que era agradável... mas faz muito tempo
Conheci o "Chapéu de Palha" no final dos anos 1960. Realmente era belíssimo, no centro de jardom tropical, no projeto de Severiano Porto. Entretanto a comida não era grande coisa. Isto deve ter contribuído para seu fechamento.
O Chapéu de Palha,foi demolido num único dia, 01 de novembro de 1986. Em 1982, o empresário Elton Pio de Souza que havia comprado o restaurante, mudou o nome para Le Moustache, que felizmente não pegou, retornando para Chapeu de Palha, o qual tive o desprazer de ver por terra. Infelizmente o que é da nossa história vem sendo apagado com o chamado "Progresso".
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