quinta-feira, 5 de abril de 2012

ÊRE, O PEIXE-BOI DA AMAZÔNIA


Esta postagem é em homenagem ao peixe-boi Erê que está fazendo quatorze anos de idade.

O Instituto de Pesquisas da Amazônia  INPA,  possui um local chamado Bosque da Ciência, em Manaus, no bairro Aleixo, onde poderemos encontrar o Tanque do Peixe-Boi – esses animais são levados para o instituto ainda bem novinhos, geralmente são encontrados quase sem vida pelos ribeirinhos, pois a mãe foi abatida numa caçada; alguns já nasceram em cativeiro - o primeiro foi o “Erê”.

Portal  www.acritica.uol.com.br  - No dia 08 de abril de 1998, os tratadores do Projeto Peixe-boi da Amazônia esvaziaram o tanque para ser realizado exame de biometria, pesagem e medida dos animais, e levaram um grande susto. Havia um bebê peixe-boi ainda envolto na placenta junto aos demais.“Foi um misto de sentimentos: surpresa, alegria, espanto. Nós já tínhamos observado que a Boo estava mais gorda e mais resistente ao toque na hora que fazíamos a biometria, mas não esperávamos que ela estivesse grávida. Infelizmente não presenciamos o parto, o que tornaria a surpresa muito mais emocionante. Para mim é um orgulho ter acompanhado o crescimento desse filhote”, conta emocionado o tratador que atua no Projeto há 15 anos, Marcelo da Silva.
O nosso Peixe-Boi da Amazônia, conhecido cientificamente comoTrichechus inunguis, difere do marinho e do africano, principalmente no tamanho, o originário das águas doces são os menores, alcançando até 3 metros de comprimento e com um peso de mais de 450 quilos, possuem uma mancha na região ventral e ausência de unhas nas nadadeiras peitorais. A sua dieta alimentar é basicamente de plantas aquáticas e semi-aquáticas, consome diariamente até 10% do seu peso; devido ao seu baixo metabolismo, consegue ficar até 20 minutos embaixo da água, sem respirar.

A cada três anos, uma fêmea produz somente um filhote na gestação (com duração de trezes meses), mama até os dois anos de idade, ficando adulto a partir de cinco a seis anos, vivem até os sessenta anos.

A caça desse animal é proibida por lei (Lei nº 5.197/67 – Código da Fauna), porém, os ribeirinhos da Amazônia, ainda fazem o seu abate, pois o consumo de sua carne é muita apreciada; no passado, houve uma matança muito grande, pois além da utilização da carne como alimento, o couro era utilizado como vestuário e a gordura usada na iluminação de ambientes. A destruição do seu habitat, a contaminação das águas com agrotóxicos e mercúrio, a pesca de arrastão, o abate exagerado no passado, etc., estão contribuindo para o desaparecimento da espécie,atualmente, está classificado pela União Internacional para a Conservação da Natureza - UICN (2.000) como “vulnerável”.

O INPA e outras instituições conservacionistas efetuaram, pouco tempo atrás, a reintrodução na natureza do “Puru” e “Anama”, esses animais estavam no tanque do INPA desde 1995 e 1999, respectivamente, foram soltos em um afluente do Rio Negro, estão sendo monitorados através de um radiotransmissor colocado neles, os dois passaram um tempo juntos, nadando num raio de de até dois quilômetros e depois se separaram, os pesquisadores do INPA querem saber como está a relação deles com os peixes-bois selvagens.

Uma das estratégias usadas pelos ambientalistas é conscientizar as populações ribeirinhas e, na cidade, trabalhar com o público infantil, eles partem da premissa de que é muito difícil influenciar um adulto quanto a importância de preservar o peixe-boi, daí que no Bosque da Ciência e nas seis comunidades do Mosaico de Unidades de Conservação do Rio Cueiras, onde foram reintroduzidos os dois peixes-bois, a criança recebe informações sobre a espécie e sobre os riscos que ela corre.

Segundo a pesquisadora do INPA Vera Ferreira “O peixe-boi da Amazônia exerce um papel fundamental na cadeia alimentar e no ecossistema aquático da região, ao se alimentar nas grandes ilhas de capim flutuantes existentes nos rios da Amazônia, o maior herbívoro aquático controla o crescimento dessas plantas e com suas fezes e urina fertiliza as águas contribuindo para a manutenção do ambiente, transforma essas macrofitas em partículas menores por meio de suas fezes que servem de alimento para outras espécies de animais também presentes nos rios da Amazônia”.

Agora que já sabemos um pouco mais sobre o nosso Peixe-Boi da Amazônia, poderemos fazer parte da Associação dos Amigos do Peixe Boi, do INPA, contribuir de fato para a sua preservação e, jamais e, em hipótese alguma, iremos aceitar a carne desse mamífero em nossas mesas, deveremos, sim, denunciar ao IBAMA quem faz tal comercialização.

Foto: A Crítica - Erê e sua mãe Boo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns em pensar no peixe-boi. Quem deu grande impulso ao estudo científico deste mamífero foi o canadense Robin Best, que provavelmente foi vítima de seus estudos: fez radiografias do peixe-boi e se expôs a grandes doses de RX, possivel causa da leucemia de que morreu. No INPA, o setor de aquários com peixe-boi tinha o seu nome.

Anônimo disse...

Conheci Robin Best. Fui seu amigo no INPA. Devia ter mais de 2 metros. Era um gigante amável, muito educado, que falava bem o português. Morreu muito jovem. A homenagem prestada pelo INPA foi merecida.