O saudoso Armando e a Dona Lourdes eram os responsáveis em fazer este
tira-gosto tão apreciado pelos pobres mortais que freqüentavam o Bar do Armando
– a procura era tão grande que, diariamente, diversos leitões eram assados num
forno elétrico que ficava na parte de detrás do bar.
O preparado e assado ficavam por conta da Dona Lourdes, dizem que ele era feito a base de vinho branco seco, sucos de laranja e limão, alho, cebola,
folhas de louro, azeite de oliva, salsa, cebolinha, manjericão, vinagre,
margarina e pimenta-do-reino – quanto ao modo de preparar, a Lourdes não fala
para ninguém e, também não gosta de ensinar, aliás, ninguém se atreve a ser
aluno dela.
A melhor parte era o preparo do sanduíche, uma missão para o Armando – ele
pegava o pão com a mão, sem lavá-la de jeito algum, cortava num facão, pegava o
leitão assado, tirava penas lascas e, com a mão colocava dentro pão, colocando,
em seguida, numa chapa que nunca fora limpa, após alguns minutos, tirava,
cortava em duas partes, agasalha dentro de um prato pequeno, com uma banda de
limão (apenas), dois guardanapos de papel, saleiro vencido e pimenta de matar o
guarda.
Presenciei durante anos este ritual, algumas vezes o português pegava o facão
e ficava a coçar as costas, fazia uma careta e, voltavam a cortar o pão e o
pernil na maior – utiliza também para cortar o queijo bola, o sabão de pedra e,
bater na mesa para espantar uma gata preta que ficava aboletada no balcão.
Dizem por ai que, o sanduíche era gostoso porque o tempero final ficava
nas unhas do Armando – com esta falta de asseio no preparo do invento do “Conde
de Sandwich”, ele ficou conhecido mundialmente como “X-Pernilcioso”, um acepipe
feito à mão, da melhor qualidade, o melhor sanduíche de pernil de Manaus. É
isso ai.
Tela: Jorge Palheta
Tela: Jorge Palheta
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