sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

BAR DO CARVALHO

O bar fica localizado na Avenida Castelo Branco esquina com a Rua Ipixuna, no bairro de Cachoeirinha, a sua fundação aconteceu no inicio da década de 50, pelo senhor Antônio Carvalho, constituindo-se num patrimônio cultural e etílico da cidade de Manaus.

O seu proprietário completará este ano 91 anos, anda em cadeiras de rodas por causa da sua idade avançada, ele foi homenageado no ano passado pela “Banda do Carvalho”, uma agremiação com 19 anos de estrada, formada pelos frequentadores mais assíduos do boteco, o tema foi “90 Anos de Vida” – foi uma justa homenagem. 


A Banda do Carvalho sai hoje, o tema é "Carvalho na Ponte dos Milhões", uma sátira à construção da ponte Manaus/Iranduba, uma obra superfaturada em mais de 500 milhões de reais.

Na esquina onde está localizado o bar, já foi palco de muitos noticiários policiais de antigamente, tudo por causa dos inúmeros acidentes automobilísticos com vitimas fatais que aconteciam por ali, ceifando a vida de muitas pessoas, tanto que o local ficou conhecido como “A Curva da Morte”.

Declarações da comunidade “Orkut – Bar do Carvalho”, com 107 membros:

“O Bar do Carvalho sem dúvida é do CAR..v..ALHO, não tem outro igual em matéria de atendimento, nesse bar o garçom manda mais que o dono. E os outdoors? Alguém lê tudo aquilo? E dando continuidade as esquisitices, acredito que você compartilhe da mesma opinião de que a gente está diante de um bar enigmático, ou seria um armazém, ou então de uma loja de construção, tem de tudo lá mano, que loucura compadi! Se você ainda tem alguma dúvida quanto ao lugar dá só uma olhadinha pra dentro do bar, é bizarro! Mas se não fosse assim não seria o Bar do Carvalho, único no mundo”.

“Sou de Manaus, nasci e morei vizinho ao Bar do Carvalho, na Av. Ipixuna, número 1.438, comprei muitas coisas lá quando vendia de tudo, tinha o melhor picolé de açaí, ele também comprava sucata de tudo, garrafa vazia, metal, alumínio, ele era ralador, sempre correu atrás, saía de madrugada com um remo nas costas e pegava a canoa dele debaixo da ponte de ferro e buscava as coisas para vender na mercearia, era carvão, banana, pirarucu seco etc..., conheci o pai dele, tinha um comércio na Avenida Sete de Setembro, de frente ao Palácio Rio Negro, ele tinha dois irmãos, um de nome Jorge. Em 1997 quando fui a Manaus, estive com o Carvalho e tenho várias fotos dele e do Bar, conheço os filhos dele, estudaram no Euclides da Cunha junto comigo. Rio 01.01.09”.

Realmente, o bar tinha esta fama, o cliente além de tomar aquela cerveja geladíssima, poderia fazer as suas compras, pois tinha de tudo: agulhas, linhas, botões, zíperes, ferramentas, material de limpeza, bilhas, potes, areias, tijolos, cimentos, quinquilharias, etc.

Na década de 80, com a inflação chegando próximo a casa de 1.000%, correu um boato pela cidade que tinham furtado um bilhão de cruzados novos do Carvalho, muitos amigos correram até o boteco, ao chegarem lá, foram logo querendo saber como tinha ocorrido a subtração daquele alto valor, foi quando o senhor Carvalho informou que na realidade foi roubado somente uma “bilha grande” e não um bilhão de patacas! Este fato foi motivo de gozação por muitos e muitos anos!

A Banda da BICA fez, em 2003, uma “homenagem” ao então prefeito Alfredo Nascimento, a letra era mais ou menos assim:

Ai, Alfredo Nascimento
O teu expresso
É pior do que jumento!
É o tal do Estresso 171
Vai da casa do Carvalho (Bar do Carvalho)
Pra lugar nenhum!

O Leandro Grande Circular, um cidadão amazonense que ganha a vida vendendo CD´s nos botecos de Manaus, falou o seguinte sobre o Bar do Carvalho “É um bar tradicional de Manaus, apareço por lá todo o santo dia, quem toma conta do bar são os dois filhos do velho Carvalho, um é o Ordep (Pedro ao contrário) e o Rosem, eles se revezam a cada semana; os clientes tradicionais estão sumindo, estão aparecendo por lá muitos jovens, acho que são estudantes da UEA”.

O meu amigo Agenor Valente, restaurador da nossa Manaus Belle Époque, lembra da sua juventude quando frequentava o boteco “Quando tinha meus dezoitos anos, gostava de frequentar o Clube Nostalgia, antes, passava no "Bar do Car.v..alho" para esquentar os tamborins, tempos bons, hein!"


Recebi a seguinte mensagem do meu amigo Mestre Pinheiro:



Caro Rocha. Estive no Bar do Carvalho, conversei com a Rossy Carvalho e com  Rosembergue Carvalho, ambos filhos do Senhor Carvalho, me falaram que esse ano era ideia deles homenagearem o Armando, mas não tinham contato com alguém da BICA.Ficaram contentes com minha visita e nos convidaram para participar da festa de hoje,  e que nos receberam com muita honra, portanto, você também é convidado para participar da folia. Convidei o Mário Adolfo e o Assis Almeida. O Mário confirmou que vai lá. O Rosemberg relatou que certo dia a pedido  de seu pai, foi fazer uma visita ao Armando  conversaram  muito. A Rossy  estava desanimada para o carnaval, porque faz 3 meses que perdeu o seu esposo, mas, como é espírita e, para o espírita, a vida continua, vai brincar também. Outra, a banda que toca lá, é a Demônios da Tasmânia (a mesma da BICA) , portanto,  estamos em casa.Te encontro lá".

É isso ai! Viva o Bar do Carvalho!


Fotos: Mestre Pinheiro

2 comentários:

Mariene disse...

Quando vou a Manaus, não deixo de ver o Carvalho, amigo e compadre de meus pais. Ali, recordo da manteiga fresquinha, dos picolés, do pãozinho e tudo que a gente precisava.O canto da Ipixuna com a antiga Waupés, tem o nome de Curva da Morte´por causa de um grave acidente ali ocorrido com um bonde.Obrigada Rocha por me fazer recordar tantas coisas boas.
Mariene de Almeida Carli

Mariene disse...

Quando retorno a Manaus, sempre vou ao Bar do Carvalho. Ali, estão muitas das minhas recordações. Da manteiga fresquinha,dos picolés e de tudo o que era preciso. Lembro dos jogos de dominó na calçada...e, por aí vai.
Parabéns pelo Blog. O canto da Ipixuna com antiga Waupés,foi denominado "Curva da Morte" devido a um acidente de bonde ali ocorrido.Depois vieram os acidentes com os carros.Meu avô foi testemunha deste acidente e nos contava a história.