domingo, 14 de janeiro de 2024

BAIRRO PRAÇA 14 DE JANEIRO – MANAUS

 



José Rocha

Hoje é um dia especial para o bairro Praça 14 de Janeiro, um dos mais antigos e tradicionais da zona sul de Manaus. Ele completa 132 anos de história, resistência e cultura, marcados por uma data que mudou os rumos do Amazonas: 14 de janeiro de 1892.

Nesse dia, uma revolução popular tomou as ruas da capital, protestando contra o atraso no pagamento dos servidores públicos e dos fornecedores, e contra a falta de assistência social aos habitantes. O alvo foi o governo de Gregório Thaumaturgo de Azevedo, que renunciou após a pressão popular. O movimento foi liderado por Almino Álvares Afonso, Lima Bacuri e Leonardo Malcher, que assumiram o poder provisoriamente, até a chegada do novo governador, Eduardo Ribeiro.

O local onde aconteceu a revolta era conhecido como Praça da Conciliação, mas logo depois passou a se chamar Praça Fernandes Pimenta, em homenagem a um dos líderes do movimento. No mesmo ano, porém, o nome foi alterado para Praça 14 de Janeiro, em memória da data histórica. Em 1940, a colônia portuguesa tentou mudar o nome para Praça Portugal, mas a solicitação foi negada pelos vereadores, a pedido dos moradores da comunidade.

O bairro Praça 14 de Janeiro é um celeiro de manifestações culturais, que expressam a diversidade e a identidade do povo amazonense. Ciranda da Visconde, Tribo dos Andiras, Dança do Tipiti, Boi Caprichoso e Escola de Samba Mista da Praça 14 são algumas das atrações que animam as ruas e as festas do bairro. Além disso, o bairro abriga muitas rezadeiras e parteiras, que mantêm vivas as tradições e os saberes populares, e muitos devotos de Nossa Senhora de Fátima, que celebram a sua fé com procissões e novenas.

Segundo o Khermerson Macedo, do Núcleo de Cultura Política do Amazonas – NCPAN, “Donos de uma tradição incomparável no samba, passando pelos folguedos populares como o bumba-meu-boi, pastorinhas e outros, além dos festejos à São Benedito, a Praça 14 de Janeiro tem, em sua essência, inúmeras manifestações representativas da cultura afro-brasileira. Descendentes de ex-escravos vindos do Maranhão, estas pessoas guardam em suas expressões e gestos típicos uma história de lutas e de tradições que se reinventam continuamente em coletividade, passando de geração à geração o compromisso de levar em frente os costumes e crenças da comunidade, sempre vivos nas memórias dos mais velhos. Neste bairro, onde os homens são chamados de mestres pela sua importância e as mulheres são carinhosamente saudadas como tias por aqueles que visitam e/ou moram na Praça 14”.

Em 1º de dezembro de 1975, foi fundado o Grêmio Recreativo Escola de Samba Vitória Régia, na casa de Raimunda Dolores Gonçalves (Tia Lindoca), na Rua Emilio Moreira, nº 1192. Junto com ela, Nedson Pires de Medeiros (Neném), Roberto Cambola e Darcy Sérgio de Souza (Barriga) assinaram a ata de fundação da escola, que adotou as cores verde e rosa, tendo como madrinha a Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro.

Não é à toa que chamamos a Praça 14 de Janeiro de “O Berço do Samba e de Revolta Populares” – onde o batuqueiro bate forte de janeiro a janeiro, como diz o refrão de um de seus mais conhecidos sambas de concentração.

Fonte:

NCPAM

Jornal do Comércio

Portalamazonia.