Com a morte do ator Jorge
Dória, muitos historiados amazonenses escreveram em seus blogs que ele era neto
do Fileto Pires Ferreira, ex-governador do Estado do Amazonas, um homem que
ficou para a história por ter levado a frente os trabalhos iniciados pelo seu
antecessor, o Eduardo Ribeiro, e inaugurado, em 1896, o nosso majestoso Teatro
Amazonas.
Segundo o escritor Rogel
Samuel “Jorge Dória viveu na própria casa de seu avô, no Maracanã, onde seu pai
vivia. Eu procurei esta casa, mas ela já não existia. Segundo Edgardo Pires
Ferreira, Jorge Dória tinha informações preciosas sobre o avô. Mas o passado
morreu com ele”.
Para conhecer um pouco sobre
esse ilustre militar e cidadão, fui buscar ajuda dos escritos do Raul de
Azevedo (auxiliar e Secretário de Obras do governador) e Agnello Bittencourt (geógrafo,
administrador público e escritor).
Nasceu no dia 16 de Março
de 1866, no município de União, no Estado do Piauí, era filho de um Capitão do
exército, o que o motivou a seguir a carreira militar, chegando ao posto máximo
de General.
Em viagem ao Estado do
Pará, para cumprir serviço ativo, recebeu ordem do Presidente Floriano Peixoto
de seguir para Manaus, onde aportou em dezembro de 1891.
Em 27 de Fevereiro de
1892, foi deposto do governo do Estado o então Coronel Thaumaturgo de Azevedo
e, em seu lugar, foi chamado o Eduardo Ribeiro, assumindo o governo em 11 de
Março, esse chamou o Fileto Pires para Secretário do Estado.
Tomou gosto pela política,
sendo eleito Deputado Estadual, em 1892 e, no ano seguinte, Deputado Federal,
indo para o Rio de Janeiro, a capital federal, onde casou com a Dona Lucreia
Gomes de Souza, pertencente a uma das famílias mais distintas do Rio e filha do
General Francisco Gomes de Souza.
O Eduardo Ribeiro estava
chegando ao final do seu governo, tinha como predileção o Fileto Pires para substituí-lo
– houve uma manobra política no Congresso Legislativo do Amazonas (atual Assembleia
Legislativa) e, em 25 de Março de 1896, foi empossado como governador.
Encontrou o governo com
dívidas, procurando de imediato equilibrar a finanças públicas – foi um grande
administrador, publicava todos os seus atos, respeitava a liberdade de imprensa
e, terminou todas as obras que estavam inacabadas, uma delas foi o nosso Teatro
Amazonas, onde consta em seu frontispício a data de 1896.
Ficou doente, necessitando
fazer uma melindrosa cirurgia – pediu licença ao Congresso do Amazonas, onde
foi promulgada uma lei em 25 de março de 1898, permitindo a sua viagem para a
Europa.
Foi para Paris com toda a sua
família, deixando no governo o seu vice, o Coronel José Ramalho Cardoso Júnior (o
seu nome consta numa placa de mármore do antigo Tribunal de Justiça).
Em agosto de 1898, ainda
estando na Europa, os seus amigos e protegidos, armaram contra ele, tornando
seus adversários políticos - falsificaram a sua assinatura e, apresentaram ao
Congresso do Amazonas a sua forjada renúncia.
Não obteve sucesso na
tentativa de provar que não tinha assinado aquele documento – resolveu seguir a
sua carreira militar, chegando ao posto de Marechal.
Faleceu no dia 11 de
Agosto de 1917, em sua residência no Rio de Janeiro, vitima de ataque de uremia
(intoxicação do sangue pela má depuração dos rins), foi enterrado no Cemitério
de S. Francisco Xavier.
Com a sua morte, os três poderes
do Estado do Amazonas fizeram diversas homenagens a ele, além do povo em geral.
É isso ai.
Um comentário:
EU PESQUISEI, ENTREVISTEI PESSOAS, LI LIVROS RAROS PARA ESCREVER O "TEATRO AMAZONAS". ENTREVISTEI O GENERAL FILETO PIRES FERREIRA, IRMÃO MAIS VELHO DE JORGE DÓRIA, E O DR EDGARDO PIRES FERREIRA, O MAIOR ESPECIALISTA DA FAMILIA PIRES FERREIRA. PORTANTO, QUANDO ME DIZEM QUE O ROMANCE É APENAS UM ROMANCE, E QUE CONTÉM "ERROS", EU SORRIO. LI INCLUSIVE UM LIVRO RARO ESCRITO POR EDUARDO RIBEIRO, INTITULADO "CONTRA A CALÚNIA", QUE POUCA GENTE LEU. POUCA COISA INVENTEI.
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