Hoje é domingo na Vila de
São José da Barra (antiga Manaus), acordei com uma vontade danada de comer um
Jaraqui frito com baião de dois, peguei o busão e fui “lá pelas bandas do
Mercadão” – comprei uma “enfiada” com seis “jaracas” dos “parrudos” – o peixeiro
pegou uma peixeira amolada “no balde”, tirou o bucho do bicho e ticou numa
agilidade impressionante.
Para acompanhar, comprei
farinha do “Aurini” (tipo ova), limões, tomates, cebolas, cabeça de alho, pimenta
do reino, pimentões e pimenta “Murupi” com “Tucupi” – tudo no jeito para “forrar
a pança”.
O Jaraqui tem um nome
complicado, conhecido no meio científico como “Semaprochilodus”, para os meus
manos caboclos é apelidado simplesmente por “Jaraca”!Por ser o peixe mais
abundante e barato no Estado do Amazonas, o mais abastados falavam tempos atrás
que era comida somente de pobre! Puro preconceito! Alguns deles comiam Jaraqui
e arrotavam Bacalhau!
Segui a risca as dicas do “Chef
Jokka”: lavei bem os peixes, temperei por dentro e por fora com suco de limão,
alho, sal e pimenta do reino e, deixei tomar gosto por 30 minutos, depois, escorri
bem os peixes, passei farinha de trigo e fritei no óleo quente.
O coitado do nosso Jaraqui
foi discriminado durante longos anos – por ter um preço acessível aos pobres,
não davam o devido valor – comer jaraqui “nem com nojo”! O tempo passou e, os
cientistas chegaram a conclusão que o nosso “jaraca” possui muito mais Omega 3
do que o Salmão – a partir daí, ele passou a frequentar as cozinhas dos bacanas – ficou chique o nosso cabocão!
Pois é, a Organização
Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo de 12 quilos por habitante/ano, essa
marca é bem maior no Estado do Amazonas. Eu como peixes desde quando eu
era um “curumim”, atualmente, estou
deixando de comer “carne vermelha” e substituindo por peixes e frango.
Comer peixes, principalmente
o Jaraqui é tudo de bom: fácil digestão, aumenta a produção de anticorpos, a
coagulação do sangue, no controle da taxa de colesterol, muito rico em
nutrientes e sais minerais, a sua gordura é insaturada, não prejudicial a
saúde, além de conter o ômega 3.
Outra coisa, tempo atrás
os supermercados de Manaus não tinham espaços para venda de peixes, atualmente,
tudo mudou, a negada faz fila para comprar peixe tratado – os jovens começaram
a curtir a moda dos “sashimis”, aumentando também o consumo de peixes, com a
jaraca indo a reboque.
Pois é, quem chega por essas plagas "Comeu Jaraqui, não sai mais daqui, nem com nojo". É isso ai.
Foto: Rocha
Um comentário:
Parabéns grande amazonense e manauara! Todos os dias lembro do Jaraqui nas cores do encontro das águas e na calçada do Largo de São Sebastião! Grande abraço e saudações manauaras!
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