terça-feira, 30 de julho de 2013

CASA CANAVARRO


Na semana passada, dei um pulo “lá pelas bandas do Mercadão” (expressão utilizada pelos manauaras quando se refere às imediações do Mercado Municipal Adolpho Lisboa), com a intenção de comprar algumas tomadas elétricas e chaves de fendas – estava na Rua dos Barés e, fui buscar no fundo do baú o nome da “Casa Canavarro” (a primeira “top of maind” de outrora), uma das mais antigas e famosas lojas de ferragens de Manaus – ela ficava bem em frente ao referido mercado, no numero 99, mas, os novos tempos não a perdoaram, foi fechada faz algum tempo e, em seu lugar, foi aberta uma loja de móveis.

Foi fundada em 1892, pelo Sr. José de Souza Canavarro (português) e o Sr. Francisco Ventilari (italiano), com a razão comercial primordial de “Canavarro & Ventilari Ltda.” Na fotografia acima, a loja é a segunda da esquerda para a direita (cor azul).



O Antonio Jorge Silva (um português de Oliveira de Azemeneu/Aveiros) entrou na empresa em 1903, com apenas 11 anos de idade, na função de caixeiro e, trabalhou mais dezessete anos no balcão da loja, sendo em 1920, guindado ao posto de gerente – com saída do sócio José de Souza Canavarro, em 1927, tornou-se sócio, juntamente com A. O. Mendes Cavalleiro e Adolfo Luiz Coelho, constituindo a firma Mendes, Silva e Cia. Ltda.

Em 1947, retira-se o sócio A. O. Mendes Cavalleiro, entrando Antonio Jorge da Silva Junior, mudando a firma para Jorge Silva & Cia. Ltda. Com o falecimento do Adolfo Luiz Coelho, em 1954, entra José Norberto Venâncio, depois Carlota da Silva Venâncio – a partir daí, entram os filhos, netos e bisnetos até o fechamento em definitivo da empresa, sendo o último o Sr. José Rogério Barbosa Venâncio (quarta geração).    

Os seus proprietários orgulhavam-se do empreendimento ser “uma empresa portuguesa que vem do século passado e que mantém a tradição de perseverança e honestidade da raça lusitana”.

De lá saíram os funcionários José Antonio Soares e Ascendino de Barros, fundaram a J. Soares Ferragens Ltda., em 1905, na Rua dos Barés esquina com a Rua Rocha dos Santos – tiveram como sócios continuadores Aníbal Beça, Manoel Ribeiro, Prudêncio Venâncio, José Soares e Alfredo Soares.


Segundo o site da Secretaria Estadual de Cultura, os antepassados da família Canavarro estão muito ligados a nossa história No dia 7 de setembro de 1867, por iniciativa do médico Dr. Antônio Davi Vasconcelos de Canavarro, foi inaugurado no terreno hoje ocupado pela Praça de São Sebastião, uma coluna de pedra, de seis metros de altura, com quatro faces lisas, provida de soco, cornijas, base e capitel, lembrando a ordem compósita. Essa modesta coluna foi consagrada ao ato de abertura do rio Amazonas ao comércio mundial, ato que tem a data de 7 de setembro de 1866, firmado pelo então Imperador do Brasil Dom Pedro II” – este monumento foi substituído pelo atual que está bem no meio da Praça de São Sebastião.

Na Casa Canavarro era a única loja em que o meu saudoso pai comprava as limas importadas da Inglaterra, para acertar os trastes da escala dos violões que ele fabricava – não conheci ninguém da família Canavarro, no entanto, dos Ventilari conheço alguns deles.

Vez e outra converso com o policial civil Ventilari (pai do colunista social Júlio Ventilari), ele é neto do fundador da Casa Canavaro, o Senhor Francisco Ventilari –  gosta de tomar umas cervejinhas no Bar Caldeira.

O artista plástico Ignácio Evangelista citou alguns membros da família Ventilari: Ribamar Ventilari (cantor e ex-cunhado do Ingnácio), Antonio Ventilari Corrêa (cantor e foi assessor do vereador Fábio Lucena), Withridates Corrêa Ventilari (Promotor de Justiça aposentado). 

No final da Avenida Eduardo Ribeiro, existe um monumento em homenagem ao centenário da elevação de Manaus a condição de cidade (1848-1948), neles estão gravados os nomes da autoridades da época e, aprece o nome do Withridates Corrêa (o responsável pela Imprensa Oficial).


Pois é, mano velho, tudo passa e, a Casa Canavarro passou, ficou apenas na nossa lembrança. É isso ai.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que pena!

A mais impressionante loja de ferragens que conheci, em tamanho e variedade. Até hoje tenho e uso as ferramentas que nela comprei, quando morei em Manaus na década de 80, dada a imensa qualidade dos equipamentos.
Mais uma grande loja que se vai, e não deixa substitutos.