sábado, 27 de julho de 2013

A CADEIRA DE PALINHA CINQUENTONA



Três dos meus quatro irmãos tiveram como padrinhos um casal de classe média alta e, a cadeira da fotografia foi doada por eles, juntamente com outros móveis, acredito que no início da década de sessenta, pois desde que me entendo por gente ela está com a nossa família, portanto, com cinquenta anos somente na nossa companhia.

Os meus pais são falecidos e, nos últimos quinze anos ela ficou no meu quarto, porém, abandonada, sem cor, sem a palinha e empoeirada.

Depois de longo e tenebroso inverno, resolvi revitalizá-la – eu e o meu filho Alexandre, a levamos até um artesão que fica no Boulevard, no início da passagem de nível da Avenida Djalma Batista.

Depois de uma negociação, ele fez por sessenta reais o serviço, incluindo a lixa e pintura na parte de madeira, bem como, a reconstituição do assento em palinha natural.

Depois de uma semana fui buscá-la – tomei um susto quando a vi reluzindo, bela, muito bem pintada e com a palinha perfeita. Foi um upgrade dos bons!

Tantos anos escondida e esquecida e, por uma simples ação, ela voltou a brilhar e ser valorizada, aliás, por ter servido durante anos aos meus pais, ela possui um valor sentimental imensurável.

Fiquei a pensar com os meus botões: ainda tenho uma banqueta e um pequeno armário que estão esquecidos, os dois são irmãos da cadeira de palha e, não custará nada revitalizá-los também! Voltarão a brilhar, com certeza!

Pois é, mano velho, quantos móveis antigos que estão esquecidos nas nossas casas e, não são valorizados – eles merecem respeito, pois serviram por uma vida aos nossos avôs e pais. 

Além do mais, mesmo contando com o valor sentimental, eles estão na moda para decoração de interiores.


Já falei para o meu filho, quando eu partir para a "cidade dos pés juntos", ele deve ficar com a cadeira de palha e, repassar um dia para o meu neto, aliás, não foi preciso nem pedir, pois ele se amarrou na hora! Sendo assim, ela terá mais cinquenta anos pela frente. É isso ai.

Um comentário:

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

os móveis antigos têm mais valor - alguns estão nos antiquários por preços milionários - eu tenho dois móveis, um de vinhático, outro de mogno - quanto mais velho mais belo. Em Manaus, minha avó e minha tia avó, que não eram ricas, possuíam verdadeiras raridades... e minha família chegou a jogar no lixo um faqueiro de prata e um violino Guarnerius hoje avaliado em 10 mil dólares. Ninguém dava valor a nada, mas hoje são raridades.