Na minha juventude, gostava
muito de pescar, principalmente, nos logos e rios próximos a cidade de Manaus –
na realidade, não curtia muita o ato de pescar, mas o passeio e o contato com a
natureza e, um dos lugares preferidos era o Lago do Careiro.
Eu tinha um amigo, o
Pedro, ele trabalhava na Biblioteca Pública do Amazonas e era um apaixonado por
pescarias, ele me incentivava a pescar naquela região, pois tinha uma base por
lá, o flutuante do Zé, um pescador profissional que nos finais de semana dava suporte
aos amadores.
Certa vez, formamos um
grupo de amigos e fomos até o Careiro, chegamos por volta das cinco da tarde de
um sábado, pois a ideia era pescar à noite no lago – o acesso era muito difícil
durante o dia, imagine na parte noturna – por já conhecer o trajeto, fiquei
receoso em entrar na mata.
O Zé tinha um flutuante
que ficava a beira do rio, era igual a todos os dos caboclos da Amazônia, com a
sala ampla, um quarto, banheiro fora da casa, pouquíssimos moveis – tinha uma família
numerosa, uma verdadeira escadinha - sabe como é, naquele tempo eles não tinham televisão, a única diversão do casal era fazer neném!
Exatamente quando a equipe
estava se preparando para a pescaria, a esposa do Zé resolveu fazer uma “Caldeirada
de Acari-Bodó”, exalando um cheiro inconfundível, dando uma enorme água na boca
– não deu outra: preferi ficar, aguardando aquele manjar!
Depois de curtir o meu
bodó, fui passear de canoa com os dois filhos mais velhos do Zé – era uma noite
de lua cheia, com boa visibilidade – de repente, apareceu no céu um objeto
estranho, achei que era um balão gigante, mas os garotos falaram que era o “chupa-chupa”!
Achei esquisito aquele
objeto voador, pois não fazia barulho, deveria estar as uns cento e cinqüenta metros
de altura, era redondo, com luzes que refletiam no rio e, fui aconselhado pelos
meninos a ficar calado, pois se fossemos descobertos, eles nos levariam para a
nave; passou lentamente e sumiu da nossa vista – juro que não é história de pescador!
Depois, fiquei deitado
numa pequena balsa de madeira, olhando para o céu estrelado e, lá pela madrugada deu um
vento forte, com uma chuva pesada – fiquei preocupado com os meus amigos que
estavam no lago.
Lá pelas quatro da
madrugada o grupo chegou a base (o flutuante) – eles estavam visivelmente
deformados (inchados) e febre alta – fiquei sabendo que, com a forte chuva,
caíram das árvores bolos de formigas, provocando diversas ferraduras por todo o
corpo.
Estava contente por ter sido salvo
pela “caldeirada de bodó”, mas, fiquei apreensivo com a saúde dos meus amigos – após
serem atendidos com medicamentos caseiros e, logo ao amanhecer, rumamos para
Manaus.
Depois dessa, nunca mais
de pescaria à noite, no Lago do Careiro.É isso ai.