domingo, 14 de julho de 2013

PESCARIA NO LAGO DO CAREIRO

Na minha juventude, gostava muito de pescar, principalmente, nos logos e rios próximos a cidade de Manaus – na realidade, não curtia muita o ato de pescar, mas o passeio e o contato com a natureza e, um dos lugares preferidos era o Lago do Careiro.

Eu tinha um amigo, o Pedro, ele trabalhava na Biblioteca Pública do Amazonas e era um apaixonado por pescarias, ele me incentivava a pescar naquela região, pois tinha uma base por lá, o flutuante do Zé, um pescador profissional que nos finais de semana dava suporte aos amadores.

Certa vez, formamos um grupo de amigos e fomos até o Careiro, chegamos por volta das cinco da tarde de um sábado, pois a ideia era pescar à noite no lago – o acesso era muito difícil durante o dia, imagine na parte noturna – por já conhecer o trajeto, fiquei receoso em entrar na mata.

O Zé tinha um flutuante que ficava a beira do rio, era igual a todos os dos caboclos da Amazônia, com a sala ampla, um quarto, banheiro fora da casa, pouquíssimos moveis – tinha uma família numerosa, uma verdadeira escadinha - sabe como é, naquele tempo eles não tinham televisão, a única diversão do casal era fazer neném!  

Exatamente quando a equipe estava se preparando para a pescaria, a esposa do Zé resolveu fazer uma “Caldeirada de Acari-Bodó”, exalando um cheiro inconfundível, dando uma enorme água na boca – não deu outra: preferi ficar, aguardando aquele manjar!

Depois de curtir o meu bodó, fui passear de canoa com os dois filhos mais velhos do Zé – era uma noite de lua cheia, com boa visibilidade – de repente, apareceu no céu um objeto estranho, achei que era um balão gigante, mas os garotos falaram que era o “chupa-chupa”!

Achei esquisito aquele objeto voador, pois não fazia barulho, deveria estar as uns cento e cinqüenta metros de altura, era redondo, com luzes que refletiam no rio e, fui aconselhado pelos meninos a ficar calado, pois se fossemos descobertos, eles nos levariam para a nave; passou lentamente e sumiu da nossa vista – juro que não é história de pescador!

Depois, fiquei deitado numa pequena balsa de madeira, olhando para o céu estrelado e, lá pela madrugada deu um vento forte, com uma chuva pesada – fiquei preocupado com os meus amigos que estavam no lago.

Lá pelas quatro da madrugada o grupo chegou a base (o flutuante) – eles estavam visivelmente deformados (inchados) e febre alta – fiquei sabendo que, com a forte chuva, caíram das árvores bolos de formigas, provocando diversas ferraduras por todo o corpo.

Estava contente por ter sido salvo pela “caldeirada de bodó”, mas, fiquei apreensivo com a saúde dos meus amigos – após serem atendidos com medicamentos caseiros e, logo ao amanhecer, rumamos para Manaus.


Depois dessa, nunca mais de pescaria à noite, no Lago do Careiro.É isso ai.