quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A GASTRITE - MÁRCIO SANTANA



A GASTRITE é esta acidez no estômago do inconformado que puto, se torce de dor, de revolta, de angústia, de indignação.

Um zine que chega ao momento oportuno onde a cidade, diante de tanta desordem e mazelas, precisa de um veículo para estimular a reflexão critica, ou em outras palavras, pensar a vida dentro de um contexto de esvaziamento cultural, de anestesiamento das ações e, sobretudo, do conformismo daqueles que ingenuamente acreditam que tudo vai muito bem obrigado.

Mas nada vai bem. Basta olharmos em volta para ver: um prefeito cassado que assume o poder e estabelece sua política ditatorial e coronelista, uma classe estudantil medrosa e lesada de seus direitos conquistados, uma população que paga a tarifa mais cara do país e viaja em verdadeiros paus de arara em condições miseráveis e subumanas, uma política cultural elitista que exclui e marginaliza os artistas que não se curvam à catequização “roberiana”, uma academia amazonense de letras ainda mergulhada no glorioso saudosismo com seus ternos mórbidos de Dom Casmurro, uma imprensa escrita e falada que se cala fazendo o jogo de quem está no poder, um Prosamin que é uma verdadeira farsa e lavagem de dinheiro, políticos traficantes que se transvertem de mocinhos e que através de seus programas assistencialistas na televisão, se perpetuam no poder... E onde está a classe pensante? Os intelectuais dessa cidade? Os artistas engajados? Em que buraco se escondem? Será que eles alguma vez existiram?

A época é mesmo de marasmo e anestesiamento total, mas não de acovardamento e castração das idéias, pois que A GASTRITE não se propõe a isso. Ela é esta ferida aberta para que você possa externar livremente em palavras, sejam em forma de crônicas, ensaios, resenhas, artigos ou poesias, toda sua dor e indignação acerca de tudo aquilo que ainda é capaz de lhe causar imbróglios no estômago. É nesse sentido que A GASTRITE se faz necessária, se faz presente; se inscreve em uma nova linhagem de zine alternativo deste século.

E não adianta fazer essa cara de muxoxo, não. Vai ter que engolir!
Márcio Santana (editor). Acessar: www.sirrose.blogspot.com/