Muitos amazonenses adoravam
o Rio de Janeiro, tanto que, nas décadas de 50 e 60, muitas famílias inteiras foram
em peso morar na Cidade Maravilhosa – o sonho do manauara era um dia viajar até
aquela cidade, pois além dos belos contornos geográficos, do povo alegre, do
samba e do carnaval, o que mais encantava os caboclos era o mar, com suas
praias lindas e encantadoras.
Sempre tivemos as nossas
belas praias de água doce, mas, nada se comparava, naquela época, a de Ipanema
e Copacabana – adorávamos a nossa cidade, mas, não tínhamos o mar, a água
salgada, as ondas e, aquele mulherio desfilando na praia!
Um fato interessante, os
cientistas descobriram que em épocas remotas, esta imensidão que é a Amazônia,
onde está incluída a nossa Manaus, tudo um dia já fora um grande mar! Fazer o
quê? Isto aconteceu há milhões de anos atrás!
Conheço muitos cariocas
que mora em Manaus, não por opção, mas por trabalho, muitos vieram destacados
pelas forças armadas para trabalharem na Amazônia, outros, por terem passados
em concursos públicos ou foram transferidos para o batente em empresas do
Distrito Industrial.
Eles não demoram muito a
se aclimatar - pouco a pouco vão se enturmando, pois o manauara é chegada a uma
boemia, gosta de samba, carnaval e pagode; fala alto, faz amizade rapidinho, além
de ser um gozador nato; adora um boteco e de namorar – o nosso sotaque puxa um
pouco o chiado do colonizar português, mas com uma tendência em imitar o
carioca – os dois se identificam numa boa!
O único problema para eles
em Manaus é exatamente por não termos praias de mar, mas, com o tempo vão
tomando gosto com as nossas praias de água doce, além da nossa exuberante
natureza e das caboquinhas, é claro!
Os nossos jovens mais
abastados começaram a amar a nossa cidade e valorizar os nossos rios, tanto que
eles praticam diversos esportes náuticos - são feras no remo, em manobras radicais
de Jet Sky, além de serem campeões no wakeboard e de travessias do Rio Negro –
claro que não esquecem uma praia de mar e, vez e outra, gostam de viajar para o
Rio e para as praias do nordeste, além de terem o privilégio de ir de carro até
a Venezuela, alcançando o mar do Caribe. Te mete!
Na minha juventude, passei
uma temporada no Rio, juntamente com uma família de amazonenses que estavam
totalmente integrados a cidade, inclusive, eles já falavam o carioquês e, sofri
muito para deixar de falar o meu amazonês – todo dia era dia de praia, não
trabalhava, apenas estudava para passar no vestibular, levava os livros para
estudar na praia - pense num cabocão que era tarado por praia!
O tempo passou, não sinto
mais tanta falta de um mar, pois adoro tomar banho de rio e, em vez das ondas,
gosto mesmo é de curtir um banzeiro (alguns jovens falam marola, sai prá lá, cara!)
– fico de bubuia (amazonês = ficar sem fazer nada, flutuando na água).
É isso ai, mano velho,
Manaus não possui mar, mas, adoro a minha cidade!
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