A Amazônia é entrecortada por rios, onde praticamente todas as cidades e comunidades são separadas por águas, em decorrência dessas particularidades, as estradas são os rios e os Barcos Regionais substituem aos automóveis, levando pessoas e cargas para esse imenso mundo de meu Deus -, por serem feitos na sua grande maioria de madeira e, aliado a outros fatores, tem deixado muito a desejar no quesito segurança.
Observando as fotos do inicio do século passado, verificamos que os barcos eram fabricados em ferro, na época em que o dinheiro corria solto, resultado das vendas da borracha no mercado internacional, depois, com o fim desse monopólio, houve um empobrecimento total da nossa economia, os barcos passaram a ser fabricados em madeira, nos estaleiros de Manaus e Belém.
Os barcos construídos no Estado do Amazonas diferem dos do Pará, pois estes sofrem a influencia do mar, sendo adaptados a essa realidade. Os nossos barcos possuem as seguintes características: são feitos em quase toda a sua totalidade de madeira, com os mais variados tamanhos e tipos, recebendo o nome de “Motor” ou “Recreio”, dependendo da duração da viagem; a grande maioria é do tipo misto, ou seja, transportando ao mesmo tempo cargas e passageiros.
Existe um segmento que utiliza muito os barcos regionais, são os chamados “Barcos de Turismo da Amazônia”, operando na área do Ecoturismo, Pesca Esportiva, Negócios e Eventos, Aventura e o Contemplativo.
Segundo os empresários do setor “A Associação dos Operadores de Barcos de Turismo da Amazônia tem o compromisso com a sustentabilidade, que visa explorar as belezas naturais da Amazônia em conformidade com as necessidades de cada comunidade que nela e dela vive, bem como, mantendo-a preservada para o mundo, além do prazer em dividir a paixão de nossas vidas; a maior maravilha selvagem deste planeta; a inesquecível fonte de cultura e natureza; esta acolhedora parte do mundo chamada Amazonas”.
Na enchente, os barcos regionais viajam dia e noite, na vazante, a coisa toda muda de figura, pois ao anoitecer o perigo é muito grande, existem muitas toras de madeiras boiando nos rios; os bancos de areia aparecem em todo lugar e, em alguns lugares existem as corredeiras, com as pedras colocando em risco as embarcações.
Por serem fabricados em madeira, expõem toda a sua fragilidade, contando ainda com a influência das forças das águas e dos ventos, aliado a um excesso de pessoas e cargas, falta de equipamentos obrigatórios, como barcos salva-vidas e coletes em quantidade e de qualidade e a má distribuição das cargas, tem levado a inúmeros acidentes com muitas vitimas fatais.
Quando um barco vira, a lona serve como uma parede, bem como, muitos camarotes possuem as portas com abertura para fora, impedindo a saída dos passageiros.
Os naufrágios são uma constante, apesar de toda a fiscalização da Marinha do Brasil. Para ser ter uma ideia, nos últimos sete anos, a Capitania dos Portos da Amazônia Ocidental, registrou 607 acidentes com 225 mortes.
Bato palmas para o pessoal do Instituto Federal do Amazonas (IFAM), na pessoa do professor Flávio Soares e dos alunos do curso de engenharia mecânica, Marcos Negreiros Rylo e de tecnologia mecatrônica industrial, Carlos Pereira dos Santos e Hayanne Soares, pelo desenvolvimento de projetos para a inovação da segurança em embarcações.
Eles desenvolveram um projeto chamado “Desenvolvimento de um sistema de estabilização transversal para embarcações regionais da Amazônia” – oferecendo medidas preventivas e de melhorias na estabilidade dos barcos, evitando que os barcos tombem. Os pesquisadores foram premiados pelo Banco da Amazônia e pelo Prêmio Professor Samuel Benchimol.
Existe um politica governamental para incentivar a substituição dos barcos de madeira por aço, porém, será um processo muito lento e oneroso para os donos das atuais embarcações. Apesar de termos inúmeros estaleiros com capacidade para construírem barcos de pequeno, médio e grande porte, falta ainda estrutura para acesso as inovações tecnológicas e linhas de créditos.
Ventila-se em formar um Pólo Naval, em Manaus, com isto, será possível comprar aço em larga escala, com preço mais competitivo, criação de padrão para embarcações mais seguras, capacitação de mão-de-obra, etc.
Espero que todo esse esforço de pesquisa não fique engavetado, como estão tantos outros trabalhos sérios realizados pelos nossos abnegados pesquisadores e cientistas. Fico na torcida pela implantação pólo naval, da utilização das novas tecnologias e, do aproveitamento dos trabalhos dos nossos pesquisadores.
O nosso Amazonas é imenso, viajar de barco de barco regional é preciso, mas, a segurança deve vir em primeiro lugar. É isso ai.
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