Com todo o respeito aos escritores amazonenses, mas, não tivemos até agora uma pessoa com a maior produção literária do que o saudoso Mario Ypiranga Monteiro.
Para quem não é da nossa região ou não conhece a nossa historia, o homem deixou para a posteridade mais de duzentas obras, sendo 16 delas inéditas.
O Mário Ypiranga nasceu em Manaus, no dia 23 de janeiro de 1909, em 1927 começou suas atividades literárias como poeta e contista, foi professor de Literatura Portuguesa na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UA. Exerceu o jornalismo por 70 anos, pertenceu a Academia Amazonense de Letras, Ordem dos Advogados do Brasil, Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, National Geographic Society (USA), admirador da história e do folclore. Faleceu no dia 8 de julho de 2004, aos 95 anos de idade, foi casado por 65 anos com Ana dos Anjos, com quem teve quatro filhos.
Próximo a sua morte, foi entrevistado pelo historiador Ibrahim Baze, no programa “Literatura em Foco”, do Amazon Sat, canal 44 – contou sobre a sua vida em Manaus e, no final do programa, falou o seguinte: - Já dei a minha contribuição para Manaus, o meu tempo já passou, estou no final da vida, Adeus!
Num belo sábado ensolarado de Manaus, o nosso escritor veio a falecer, não fui ao seu velório, porém, prestei as minhas ultimas homenagens quando passou o cortejo fúnebre – me encontrava, exatamente, em frente à Praça da Saudade, o caixão do Mario Ypiranga estava em cima de um carro dos bombeiros, uma homenagem pós-morte, feita para poucas pessoas.
Lembro muito bem daquele momento, estava absorto em meus pensamentos e, fiz a seguinte homenagem: - Aqui passa um verdadeiro guerreiro da terra de Ajuricaba, fez história na nossa cidade, tiro o chapéu para você, meu mestre! Você foi um grande amazonense que ousou em escrever, estudar a cultura da nossa Amazônia, lecionar e formar grandes cidadãos. Vá em paz, ao encontro do nosso bom Deus, você ficará eternamente na lembrança de todo o povo amazonense, Amém!
Para a minha surpresa, fui convidado para o lançamento de mais três livros do Mário Ypiranga – não é apenas um, mas, três livros! O homem deixou vários livros inéditos, no prelo, - juro que nunca tinha visto alguém com tamanha capacidade de produção literária, mesmo após a sua morte ainda continuam os lançamento de seus livros.
O evento será às 10 horas do próximo dia 18, no auditório do Instituto Histórico e Geográfico do Amazonas, o IGHA, na Rua Bernardo Ramos, centro antigo de Manaus. Os livros são os seguintes: Escravidão Indígena, O Pescador e Papagaio de Papel – o primeiro versa sobre a chegada dos homens brancos na Amazônia, submetendo os indígenas a toda ordem de humilhações e trabalhos pesados; o segundo, fala sobre a piscosidade do Rio Amazonas e a utilização do índio pelo colonizador para ser o “índio de flecha”, com a obrigação de abastecer a cozinha do homem branco e, o terceiro, dedicado à infância do autor, no bairro dos Tocos (Aparecida), os lugares onde a molecada de Manaus brincava de papagaio, os verbetes utilizados e os seus colegas ilustres, como ele, contumazes empinadores de papagaio.
Bato palmas para os membros da Editora da Universidade Federal do Amazonas, a EDUA, principalmente, na pessoa do sociólogo Renan Freitas Pinto e do escritor Evaldo Ferreira, pela iniciativa de homenagear ao grande escritor e de publicar os referidos livros.
Mário Ypiranga Monteiro, grande guerreiro da Terra de Ajuricaba! Palmas! É isso ai.
4 comentários:
Conheci Mário Ypiranga Monteiro e 3 de seus filhos, todos médicos. Além de tudo que foi dito, era um grande ferromodelista (colecionador de trens e ferrovias em miniatura), faceta deste grande homem conhecida por poucos.
Dos livros citados, ao menos um - Papagaio de papel - é relançamento. nada tira o brilho de Mario Ypiranga, mas é preciso que a família respeite os princípios do "velho guerreiro".
Mario Ypiranga foi meu professor no Estadual e - anos mais tarde - leu meu romance O AMANTE DAS AMAZONAS... Sei que leu pois eu o encontrei num café na estrada e lhe dei o livro pessoalmente.. Uma hora mais tarde, que eu ia saindo do café ele continuava a ler, debaixo de uma árvore, muito atentamente... Não sei se gostou, pois nunca mais o vi depois daquele dia.
Tinha uns 7 a 9 anos ,quando conheci Dr Mário Ypiranga Monteiro,era primo de minha avo Silvia Guimaraes.Ela sempre os visitava,lembro da imagem da esposa Ana em nos recepcionar sempre com muita humildade e o que mas me recordo ate hoje ,foi quando muito carinhoso me convidou a ir a sua biblioteca,esta imagem marcou.Não esqueço aquela imensa biblioteca,quantos livros fiquei fascinada.Ai ele me presenteou com duas de suas obras:A FUNDAÇÃO DE MANAUS E O MONUMENTO DA PRAÇA DE SAO SEBASTIAO.Foi meu incentivador para a leitura.Voltamos para Rondonia,mas nunca deixei de acompanhar sua brilhante carreira e sua colaboração para a história Amazonense.Hoje adulta nos meus 46 anos recordo meus 7 anos e as palavras de incentivo a leitura que este grande mestre me disse,"aqui voce le e viaja"Eu nen entendia o que era viajar.Saudades!
Postar um comentário