domingo, 5 de setembro de 2010

COISAS ENGRAÇADAS DE MANAUS – PARTE I

Em todas as cidades existem coisas engraçadas, pessoas folclóricas, lugares com nomes esquisitos, expressões populares, enfim, coisas que são a cara da cidade, passam de gerações para gerações e permanecem vivas na mente das pessoas, fazem parte da cultura da cidade. Manaus não é diferente de outras cidades, existem uma infinidade de coisas engraçadas, irei citar apenas algumas, de forma bem humorada e divertida, vamos lá:

1. MOTEL JESUS, NA RUA FREI JOSE DOS INOCENTES, NO BAIRRO DO CÉU – Agora, quem foi o cristão que resolveu cometer este sacrilégio? Não sei e não quero saber - colocar o nome do nosso Senhor em hotel de alta rotatividade - isso é prá acabar! Pois é, este caboco foi, com certeza, zagaiado pelo capiroto, indo direto para “os quintos dos invernos”, onde já se viu uma coisa dessas! Além do mais, o dito motel ficava exatamente numa rua chamada de Inocentes, cruz credo! Naquela área, fica o maior metro quadrado de malandragem, de consumo de drogas e bebidas, prostituição e de rock pesado de Manaus! Agora imaginem, ficava também no Bairro do Céu, é mole ou quer mais? Os moradores do nosso querido e amado Bairro do Céu não mereciam ter na comunidade um motel com um nome tão desrespeitoso, ainda bem que já foi fechado, rotulado e detonado pelo tempo. Eu, hein!

2. IGREJA DO POBRE DIABO – Pelas barbas do profeta, onde já se viu colocar o nome de uma igreja católica com homenagem ao Diabo, ainda mais, chamando o demo de coitado! Este templo cristão fica no bairro de Cachoeirinha, um detalhe, é na realidade uma Capela, uma pequena igreja de um só altar. O “Pobre Diabo” era o apelido de um português, pequeno comerciante, vendia bugigangas pelas ruas de Manaus, hoje é chamado de camelô, pois bem, o portuga colocava em frente a sua banca a figura de um capeta com a sua zagaia, escrito em cima “O Pobre Diabo”, não me pergunte o porquê que não sei responder – com o passar do tempo, o lusitano começou a amealhar muita grana, ficou rico, casou com uma cabocla faceira, cheia de dengo, formaram um belo par de pombinhos, foi amor para toda a vida – com a morte do “Pobre Diabo”, a madame resolveu fazer uma capela em homenagem ao “De cujo” e colocou o nome do apelido do amado marido – agora faz sentido, mas, para quem não conhece a história, não dá para engolir essa de Igreja do Pobre Diabo!

3. BAIXA DA ÉGUA – Como se sabe, a égua é a fêmea do cavalo e, baixa é a depressão de um terreno ou a parte do campo que fica submersa durante o inverno. No bairro de Educandos, existe uma rua chamada popularmente de “Baixa da Égua”, não conheço muito bem a história do bairro, vou pedir ajuda aos universitários, de qualquer forma, lembro-me da minha avó materna, uma cearense de Uruburetama (será que o nome da cidade foi em homenagem aos urubus?), pois bem, ela quando estava injuriada com alguém, costumava mandar o “cabra da peste” para a “Baixa da Égua”! Para os nordestinos incultos, a égua é uma palavra mais ou menos obscena, igual a meretriz, então, o termo significa “O Lupanar ou a Baixada da meretriz? Algumas pessoas dizem que significa um lugar geograficamente distante. Não sei, somente sei que gosto da “Baixa da Égua” dos Educandos e dos moradores de lá, em particular, do japonês Bianor Mitoso e do historiador Claudio Amazonas. A Banda da Baixa da Égua é nossa coirmã da BICA - o carnaval corre solto no domingo magro de carnaval, com a boneca da égua percorrendo todo o bairro, uma beleza a “Baixa da Égua”!

4. O DELEGADO DO DIABO – Existia em Manaus um Delegado de Polícia Civil, ficou muito conhecido na década de 60, por ter utilizado métodos pra lá de ortodoxos, tipo “dente por dente, olho por olho”, bandido não tinha vez com o Delegado do Diabo, ele prendia e julgava na hora, caso o meliante fosse de alta periculosidade ou tivesse praticado estupro ou coisa do gênero, recebia a pena capital – nas altas horas da madrugada, o caboco era levado até o meio do Rio Negro, com uma ponta da corda enrolada no pescoço e uma grande pedra amarrada na outra, o sentenciado era jogado nas profundezas do rio. Este delegado é lembrado até hoje pelos mais velhos, eles aprovavam os métodos do homem, dizem que naquela época a coisa funcionava, a nossa cidade era um mar de tranquilidade – nos tempos atuais, ainda existe grupos de extermínio, porém, matam até inocentes! A nossa cidade está até a “tampa” de bandidos, desde o ladrão de galinhas ao de terno e gravata, aqueles estão presos e cumprindo penas e, estes estão soltos, rindo da nossa cara, andando de carrões e desfrutando das benesses do poder! O Delegado do Diabo está fazendo falta, para dar um basta nisso!

5. FALANDO O AMAZONÊS: O ZÉ BUCETA DO CARLOS VAI PEGAR UMA MIJADA HOJE, VAI MERMO! - Minha Santa Genoveva, quem vai entender a frase acima? Somente um amazonense da gema vai decifrar este vocabulário chulo, falado não somente pelos menos letrados, mas, também por pessoas da “higt society”, podes crê, meu irmão! Com a grande seca que assolou o nordeste e a febre da borracha da Amazônia, recebemos milhares e milhares de nordestinos, para eles o nome José é sagrado, quase todo mundo é José, para vocês terem uma ideia, os meus ascendentes cearenses são todos José, o prenome dos meus dois irmãos e eu, não poderia ser diferente, somos todos José, a minha única irmã seria batizada de Maria José, é mole! Assim, os amazonenses da “cabeça chata” são chamados de Zé, com certeza! Para sacanear com alguém, chamamos de Zé Arruela, Zé Mané, Zé Cueca, Zé Banguela, e, aquele abestalhado e “cabocão leso” é mesmo um “Zé Buceta” e, por ter feito alguma coisa errada, vai ser chamado à atenção, pegar um ralho, de cima para baixo, ou seja, uma mijada na cabeça – vai mermo = vai pegar uma esculhambação com toda a certeza! Um amazonense depois de explicar “ tin tin por tin tin” um caso, vira-se para outro amazonense e detona: - Entendeu o que eu expliquei, Zé Buceta? - Entendi mermo! Responde na maior.

6. PEIXES PACÚ, ARACÚ, PIRARUCÚ E CUIUCUIÚ – É uma realidade, o povo amazonense é muito chegado a um, nooossa! Eles gostam muito de... Peixes! Não é o que vocês estão imaginando! Apesar de toda a gozação com a preferencia dos amazonenses e os nomes esquisitos dos peixes da água doce, na realidade, a base alimentar ainda é o peixe, herança dos nossos ancestrais índios – mesmo com a invasão dos hamburgueses, sushis e pizzas da vida, não tem um amazonense que não resista a “Pacú Assado na Brasa”, para alguns é apelidado de “Paboca” ou “Hipoglós”! Dizem que a melhor banda de Manaus não é a do Armando (BICA), mas, a “Banda do Tambaqui na Brasa! Para quem não sabe, a banda é o corte do peixe ao meio, dividindo em duas bandas, agora, juntando as duas bandas dá um “Cujunto”! Para a nossa língua mãe, o tupi guarani, o termo “pira” significa peixe, enquanto “Cú” refere-se ao vermelho, portanto, a tradução literal para o português será a seguinte: peixe com manchas avermelhadas – simples, não? De agora em diante, não “cúnfunda” mais as preferencias dos amazonenses! Qualquer dúvida vá até a “Peixaria do Jokka” ele é especialista em... Peixes!

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