terça-feira, 14 de setembro de 2010

OLHA OS PEIXES DE MANAUS, AÍ GENTE!

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Os nossos peixes são abundantes, lindos e gostosos por natureza, desde o mais nobre, o famoso Pirarucu, ao mais popular, conhecido carinhosamente por Jaraca – todos fazem o maior sucesso na nossa Manô de mil contrastes, desde a cozinha de um humilde barraco de uma periferia de Manaus, a um restaurante de grã-fino no bairro do Vieralves.

Existem quase duas mil espécies, porém, os mais conhecidos são os seguintes: Pirarucu, Tambaqui, Tucunaré, Matrinxã, Pacu, Surubim, Sardinha, Branquinha, Aracu, Cará, Jaraqui e Bodó. Os mais apreciados são os de escamas, pois os de couro não são muito valorizados pelos caboclos, não comem nem com nojo de pitiú – é uma questão cultural.

A nossa Amazônia é imensa, os pescadores passam semanas viajando e pescando em lugares longínquos, os peixes capturados passam muito tempo armazenados em geladeiras improvisadas, perdem um pouco do seu sabor – para tornar mais econômico, estão cultivando peixes em cativeiros, os mais apreciados são os que ficam em gaiolas no próprio rio.

Os peixes que pegam pouco gelo são chamados de “na baba”, o sabor é inigualável. Certa vez, tive o prazer de provar de uns recém-capturados, detonei numa barraca na Praia de Paricatuba, no Município de Iranduba – estava uma delícia, ainda dar água na boca até hoje – mandei preparar dois Tucunarés fritos, ficava com um olho na frigideira e o outro num gato ladrão!

Aqui em Manaus, existia um sujeito muito antipático, mais grosso do que papel de enrolar pregos, porém, fez história na nossa geração – o cara era auxiliar de fiscal do Juizado de Menores, fazia ponto nos Cines Guarany e Politheama, botava a maior banca junto aos adolescentes – nas horas vagas era Peixeiro, vendendo Tambaquis pelas ruas de Manaus. Quando estava exercendo a função de fiscal, pousava de autoridade, exigia respeito, ficava puto da vida, quando a molecada o chamava de peixeiro. A resposta era sempre a mesma: – Peixeiro é o veado do teu pai, seu eFeDePê! Peguei muita carreira do peixeiro, não me pegava nunca, pois o cara era gordo e cambota.

Dizem que o maior nutriente do peixe da água doce está na “caixa de marcha”. – O que vocês preferem: a cabeça ou o rabo? Muitos gostam do filé, porém, a cabeça é onde está o fósforo, responsável pela inteligência do caboclo. Alias, não dispenso uma cabeça, mas um rabo vai bem, do peixe, é claro!

Para detonar prazerosamente um peixe, tem que meter a mão no “pisce”, catar espinha por espinha, todo cuidado é pouco – mesmo eu sendo um “cabocão” da beira do rio, uma vez e outra me engasgo. Não libero o meu manjar por nada neste mundo (não é bem assim!), mas, um peixe acompanhado com farinha do Uarini, pimenta de Murupi, molho vinagrete, sal, limão, azeite de oliva, Baião de Dois e Guaraná Baré, é bom demais. Para, mano!

Quando alguém for a Fortaleza e avistar na Praia um grupo de pessoas, falando alto, jogando dominó, bebendo cervejas, ouvindo toada de boi e assando Tambaqui - pode escrever ai: são todos amazonenses!

Em Manaus era comum as famílias irem as peixarias para jantarem uma “Caldeirada de Tambaqui”, o point era o “Canto da Peixada” - ninguém resiste a um caldo quente, ovos, batatas, verduras, azeite galo, peixe cozido e um pirão. Atualmente, existem inúmeros restaurantes especializados em peixes, os mais conhecidos são: Cantinho do Peixe, Poraquê, Moronguetá, Jokka, Galo Carijó, Panela Cheia, Sombra da Lua, Choupana e Flutuante da Tia.

O dia da semana do peixe é na sexta-feira, os manauenses adoram se engasgar nos finais de semana. Ainda bem que agora é preparado a Matrinchã sem espinhas, mas, o seguro morreu de velho! Uma Caldeirada de Bodó é o bicho, a Sopa de Piranha é uma boa, sem falar da Matrinxã assada na folha de bananeira.

O consumo médio anual de peixe em Manaus, fica em torno de 35 quilos, enquanto no Brasil é de 7 a 8 quilos. Dizem que nos nosso peixes são encontrados o cálcio, ferro, zinco, sódio, potássio e selênio - responsáveis em suprir as deficiências minerais das populações vulneráveis da Amazônia.

Olha os peixes de Manaus, ai gente! É isso ai. 

Fotos: J Martins Rocha
 

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