terça-feira, 23 de setembro de 2025

Manifestações de Urbanidade: Caminhar pelas Ruas de Manaus

 Por José Rocha

Tenho o hábito de caminhar por Manaus, especialmente pelo Centro Histórico. Nessas andanças, observo algo que se repete diariamente: a falta de respeito e de educação por parte de muitos pedestres. Pode parecer exagero, mas atitudes simples — ou a ausência delas — mostram o quanto ainda precisamos evoluir em termos de convivência urbana.

Não existe uma norma escrita sobre como andar pelas calçadas, mas certos comportamentos se consolidaram como convenções sociais. Um dos mais básicos é manter-se à direita e permitir que quem vem no sentido contrário passe pela esquerda. Essa prática simples evita esbarrões e melhora o fluxo. No entanto, são poucos os que a respeitam.

Mesmo tentando sempre me manter do lado correto, frequentemente me deparo com obstáculos: ambulantes que ocupam a calçada, mercadorias de lojistas invadindo o espaço dos pedestres, e pessoas que insistem em vir na contramão, forçando passagens com pressa ou impaciência, provocando esbarrões desnecessários e facilmente evitáveis.

Caminho com frequência até o Parque Rio Negro, no bairro de São Raimundo. Ao atravessar a Ponte Fábio Lucena, procuro manter-me sempre à direita. Ainda assim, sou surpreendido por pessoas caminhando no mesmo sentido, que se recusam a dividir o espaço. Quando não cedo, algumas reagem com impaciência, como se o equívoco fosse meu.

Para agravar a situação, grupos de amigos ou familiares, com três ou quatro pessoas, costumam andar lado a lado, bloqueando completamente a calçada e obrigando os demais a desviar pela rua. Nessas situações, o mais adequado seria que caminhassem em fila dupla, especialmente em calçadas estreitas.

Outro hábito prejudicial é o de parar no meio da calçada para falar ao celular, sem se preocupar com quem vem atrás. Uma simples mudança de posição para um canto resolveria o problema. Também é essencial lembrar que idosos, pessoas com deficiência, gestantes ou quem estiver com carrinho de bebê devem sempre ter prioridade. E, se possível, devemos oferecer ajuda com educação e gentileza.

Um detalhe de etiqueta muitas vezes ignorado: ao caminhar em casal, o ideal é que a mulher fique do lado esquerdo, mais protegida do trânsito. Essa convenção, além de simbólica, tem uma função prática. E vale lembrar: não se deve comer andando, nem jogar lixo no chão. Fumar em meio à multidão também é desrespeitoso — e infelizmente já vi jovens fumando maconha abertamente nas calçadas, sem qualquer pudor.

Outro problema recorrente é o uso descuidado do guarda-chuva, que pode atingir o rosto de outras pessoas. E, ainda mais grave, a desrespeito de homens que urinam em locais públicos, como atrás de postes, sem se importar com a presença de mulheres, crianças ou qualquer outra pessoa.

Mesmo que essas regras de convivência não estejam escritas, elas fazem parte do que se espera de uma sociedade minimamente civilizada. Cabe a cada um de nós cultivar e espalhar esse tipo de comportamento — inclusive nas redes sociais, que têm o poder de formar opinião e transformar hábitos.

A etiqueta nas ruas é, acima de tudo, um exercício de empatia. A cidade é de todos, e pequenos gestos de respeito tornam a convivência mais leve e harmoniosa.