quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Ideias para o Passo a Paço 2026


Por José Rocha

O meio artístico local e as mídias independentes — aquelas que não recebem favores ou verbas da Prefeitura de Manaus — têm criticado duramente a organização do Passo a Paço 2025. 

As principais reclamações giram em torno dos cachês milionários pagos a artistas nacionais, em contraste com o tratamento dado aos artistas locais, relegados a palcos secundários, escondidos e sem a devida valorização.

Consultei o chamado “Oráculo Baré”, que me trouxe algumas sugestões ousadas. Muitos artistas consideraram tais ideias “utópicas”, ou seja, inviáveis pela falta de recursos ou de vontade política. Ainda assim, publiquei essas propostas na página oficial do Prefeito David Almeida, na esperança de que, se não o próprio gestor, ao menos seus assessores as lessem, refletissem e quem sabe aplicassem parte delas.

Afinal, se quisermos mudar esse quadro já em 2026 e quebrar o atual “ciclo vicioso”, o poder público precisa adotar medidas que fortaleçam a cultura local e construam um verdadeiro legado cultural para a cidade. Eis algumas propostas:

1. Fomento da Cena Local como Eixo Central

Percentual de Orçamento Definido: Garantir que uma parte fixa do orçamento seja destinada diretamente a artistas, técnicos e produtores locais, mantendo recursos na economia criativa da cidade.

Curadoria Compartilhada: Criar um conselho curador com representantes da classe artística manauara, assegurando legitimidade, transparência e representatividade na programação.

Espaço para Novos Talentos: Destinar horários de destaque para artistas emergentes, permitindo que ganhem visibilidade diante de grandes plateias.

2. Valorização e Profissionalização

Cachês Justos e Transparentes: Estabelecer uma tabela de valores clara, que remunere com dignidade os artistas locais, conforme tempo de apresentação, número de integrantes e experiência. Divulgar publicamente os cachês de todos — nacionais e locais — para garantir confiança.

Condições Técnicas Iguais: Oferecer a mesma qualidade de som, iluminação e estrutura nos palcos destinados a artistas locais, com localização estratégica para alcançar o público.

Capacitação e Formação: Incluir no evento workshops, oficinas e palestras sobre gestão de carreira, direitos autorais e estratégias de divulgação.

3. Construção de um Legado Cultural

Divulgação Equilibrada: Dar o mesmo peso na comunicação oficial aos artistas nacionais e locais, investindo em fotos, vídeos e campanhas que apresentem os talentos de Manaus como protagonistas do festival.

Registro e Portfólio: Gravar profissionalmente os shows locais e disponibilizar esse material em plataformas digitais, criando um acervo que fortaleça a música amazonense dentro e fora do estado.

Parcerias de Longo Prazo: Transformar o Passo a Paço em ponto de partida para projetos permanentes: editais de fomento, apresentações em escolas, circuitos culturais em praças e espaços públicos, com apoio e curadoria.'

Se essas ideias forem levadas a sério, o Passo a Paço deixará de ser visto apenas como uma “micareta” pontual e se transformará em um verdadeiro festival de fomento cultural, construindo um legado para Manaus e valorizando quem realmente faz a arte acontecer.