quinta-feira, 4 de junho de 2020

HISTÓRIA DE MANAUS - COLÉGIO BARÃO DO RIO BRANCO DE MANAUS



Assim como ninguém esquece a primeira namorada, o primeiro beijo e o seu primeiro amor, também não esquece o seu primeiro colégio. O meu educandário foi o Colégio Barão do Rio Branco, localizado na Avenida Joaquim Nabuco, no. 1152, centro, em Manaus.
Inicialmente foi a residência de um rico comerciante conhecido como Tancredo Porto. Era conhecido como Vila Milagres de Santo Antônio. No portão principal de entrada existiam duas esculturas em forma de leões, por isso ficou conhecida como “A Casa dos Leões”. Segundo Ituassu (1927), neste local funcionava um hospital de cavalaria. Na parte térrea quem observar muito bem verá que as portas arredondadas parecem uma baia (estábulos para cavalos). Depois serviu para um Consulado de Portugal. O governo do Amazonas adquiriu o imóvel para instalar, em 1943, o Colégio Barão do Rio Branco. Em 1988 foi tombado como Monumento Histórico do Estado. Possui, atualmente dois pavimentos, quatorze salas de aula e oferece o Ensino Fundamental. O nome do colégio deu-se em homenagem a José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco. Nasceu no Rio de Janeiro em 20 de Abril de 1845. Foi diplomata, Ministro de Estado, geógrafo e historiador brasileiro. Sua maior contribuição ao país foi a consolidação das fronteiras brasileiras, em especial por meio de processos de arbitramento ou de negociações bilaterais, dos quais se destacam três questões de fronteiras: Amapá, Palmas e Acre.
Na infância, a minha avó Lídia Pires era a encarregada dos assuntos educacionais dos netos. Fez a minha matrícula no “A Forte”, apesar de ainda não saber ler e nem escrever. Lembro-me da professora Genoveva, uma portuguesa dos olhos azuis marcantes. Ela mandou a turma fazer uma cópia do que estava escrito na lousa, como não sabia ler, pedi ajuda ao colega Nascimento. Ele era canhoto. Pegou o meu caderno virou de ponta cabeça e mandou a copiar. Fiquei feliz da vida, levei a professora. Olhou o caderno e gritou: – Faz outra cópia! Esta não serve! Você fez de cabeça para baixo! O choro foi inevitável. Fui transferido para a “Alfabetização”. Achei uma moleza cobrir o abecedário e fazer exercícios fáceis! Seis meses depois a Diretora mandou-me de volta para o “A Forte” por está muito adiantando da turma do Alfa. Voltei para a sala da Genoveva, a minha carrasca. Ela arregalou os olhos azuis e disparou: - Não quero você aqui soletrando, nem pedindo para nenhum colega fazer sua cópia! Tem que copiar e ler corretamente agora e ponto final! Meu Deus! Pense num sufoco! Respirei fundo para não chorar, me concentrei e perdi o medo. Hoje, dou graças a minha professora Genoveva que me incentivou a desvendar as primeiras letras! Fui da época da palmatória, do castigo, da alfabetização e do A e B fraco e forte, além da prova de admissão para o ensino médio. Naqueles tempos idos a merenda era o famoso “leite de posto” feito de soja, não entrava de jeito nenhum. Era uma contribuição dos Estados Unidos para o Brasil no programa “União Para O Progresso”. O jeito era levar uma lancheira, com sanduíche de pão com pão ou bolacha da Padaria Modelo e Kisuque. Um dos alunos mais ilustre do colégio foi o saudoso Senador Jefferson Péres, morava com os tios e avós na Rua Huascar de Figueiredo.
Segundo os historiadores, a Avenida Joaquim Nabuco era um dos lugares mais bonitos de Manaus. Infelizmente os governantes e o próprio povo manauara não tiverem a sensibilidade para conservar o seu patrimônio histórico. Para os senhores terem uma ideia da destruição, somente uma faculdade particular, para fazer as suas faculdades, derrubou dezenas de prédios antigos, no trecho entre as Ruas Huascar de Figueiredo e a Ramos Ferreira, todos com autorização do poder público municipal, estadual e federal. Ainda bem que o nosso querido e amado Colégio Barão do Rio Branco sobreviveu à loucura do progresso e continua formando jovens e fazendo história em Manaus.

Foto Colagem: Atual (acervo autor) e Antiga (IBGE)

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