Tirei esta fotografia, exatamente, às dez
horas de um domingo, do dia dezessete de maio de 2009, pouco antes da
inauguração do Largo do Mestre Chico – sete anos depois, voltei ao mesmo local
para fotografá-lo novamente e, fazer comparações do cenário.
Os mais antigos moradores daquela
redondeza, onde tiveram o privilégio de morar, passear, nadar e curtir as
enchentes e vazantes do Rio Negro, jamais imaginaria que, muitos anos depois, o
Igarapé do Mestre Chico seria aterrado, deixando apenas uma pequena lâmina
d’água, dando lugar a “Manaus Moderna” e ao Largo do Mestre Chico.
Quando visitei o local naquele domingo
ensolarado de 2009, tive a sensação de estar numa cidade “de primeiro mundo”,
pois tudo estava maravilhosamente em seu lugar, apesar do aterramento do
igarapé em nome do progresso.
Tirei a fotografia da minha câmera
“Rolleiflex”, da cabeceira da Ponte Benjamin Constant (também conhecida como
Ponte de Ferro ou Terceira Ponte), na Avenida Sete de Setembro, ao lado da sede
da Eletrobras Amazonas Energia (antiga subestação de energia elétrica
administrada pelos ingleses e garagem dos bondes).
Cinco coisas chamaram-me muito a atenção:
1. O traçado do parque, com muita grama,
bastantes árvores plantadas e outros tantas mudas, luminárias de primeira, placas
de localização, grandes quiosques e imensos espaços para caminhadas e outras
práticas de esporte e lazer;
2. A Baia do Educandos, aparecendo o Rio Negro
invadindo todo aquele lugar, pois estávamos na enchente, com barcos ancorados
próximos ao parque, aparecendo ao fundo, a famosa “Cidade Alta”, com centenas
de casas da beira do rio;
3, Um imenso estabelecimento de “Atacarejo”,
estabelecido no mesmo local aonde fora em tempos idos uma fábrica de artefatos
de borracha, pertencente ao megaempresário J. G. Araújo, onde foi conservada a
fachada do prédio de outrora;
4. Um imenso painel pintado no muro da famosa
“Cadeia Pública”, retratando casarios da nossa Manaus antiga – somente no ano
retrasado, fiquei sabendo quem fizera aquilo e, também, conhecendo,
pessoalmente, o artista daquela magnifica obra, o nosso Marius Bell. Que bom!
5. Um céu imensamente bonito, com uma perfeita
combinação do branco, azul e cinza e, nuvens colocadas, estrategicamente, pelo
Senhor do Universo, para emoldurar aquele lugar tão especial.
A fotografia mostras apenas uma pequena
parte do Parque do Mindú, pois o complexo passa por debaixo da Ponte Benjamin
Constant (que foi totalmente revitalizada, onde foi colocada uma iluminação
cênica), seguindo a margem do igarapé até a Rua Isabel, onde foi edificado um
conjunto de apartamento populares do Programa Sócio Ambiental dos Igarapés de
Manaus (PROSAMIM).
Voltei ao mesmo local, no dia 08 de maio de
2016, às dez horas de um domingo ensolarado, sete anos depois, para fotografar
com um velho aparelho de celular, tentando obter o mesmo ângulo, para fazer
comparações com a fotografia de outrora.
A fotografia atual, para comentar e, comparar com a antiga:
O traçado continua o mesmo, porém, o local
está totalmente abandonado pelo poder público, com bastante lixo em toda a sua
extensão, lixeiras e placas quebradas, sumiram as luminárias e alguns quiosques
estão depredados – no correto central está cheio de bêbados e viciados, com o
odor forte de urina e fezes – o verde ainda teima em imperar (as plantas foram
salvas pelas águas das chuvas);
O local ainda é muito frequentado pelos
meninos que gostam de soltar “papagaio de papel” (pipas) – comprei uma “Arraia”,
também conhecido por “Cariocão”, um papagaio sem rabiola (por apenas três reais)
e um novelo de linha sem cerol, por apenas dois reais – levarei para o meu neto
Victor Soares;
A Baia do Educandos continua bela, porém
com pouca água, pois a enchente do Rio Negro está devagar.
O painel da “Cadeia Pública” feito pelo
Marius Bell precisa, urgentemente, de um reparo, pois está perdendo a sua cor.
A Ponte Benjamin Constant está abandonada,
com todas as fiações e luminárias quebradas – o mato tomou conta da parte de
baixo, com muito lixo no igarapé.
Sem mais palavras! É isso ai.
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