sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

LEMBRANÇAS DE UM PASSADO DISTANTE - PARTE III

                                   Foto: Acervo Moacyr de Andrade/IDD


Curti os primeiros carnavais no Clube do Amazon Hotel, ficava na esquina da Rua dos Andradas com a Rua Rocha dos Santos,  o prédio ainda resiste até hoje, ainda bem! O meu pai      reunia toda a família, comprava as fantasias e levava toda a turma para brincar a folia de momo.

Lembro muito bem, deveria ter uns dez anos de idade. O clube ficava no segundo andar, gostava de brincar na escada de madeira que dava acesso ao salão de danças. Curtia, também, apanhar no chão, os restos de confetes e serpentinas, para jogar novamente nos pequenos foliões, lembro de papai tomando aquela cerveja genuinamente cabocla XPTO e, eu e a molecada no Graphete e Baré Cola.

Lembro, também, das “Batalhas de Confetes”, com carros alegóricos, geralmente de empresas do comércio de Manaus, eu gostava de toda aquela movimentação, adorava juntar tampinhas em miniaturas de refrigerantes que eram jogadas pelos brincantes dos blocos dos Guaranás Magistral, Luzéia e Baré.

O bom mesmo eram os desfiles dos "Blocos de Sujos", na Avenida Eduardo Ribeiro. Lembro dos vizinhos que se vestiam com perucas de mulher, sutiãs das irmãs, vestidos das mães e sapatos altos emprestados das vizinhas, pintavam a bocarra e faziam maquiagem, viravam um tremendo “travecão”, rebolando desengonçadamente pelas ruas, motivo de gargalhadas por onde passavam. Os camaradas depois do pileque do carnaval ficavam com vergonha por um tempão.

Na minha adolescência, presenciei os desfiles dos primeiros blocos carnavalescos, que seriam mais tarde as primeiras Escolas de Samba de Manaus, lembro da Unidos da Selva, Unidos do Rio Negro e Barelândia. Eu ficava bem em frente ao Ideal Clube, pois o máximo era o esquenta das baterias, depois, acompanha até próximo ao Cine Odeon e voltava correndo para assistir à apresentação de outro bloco.

A Avenida Eduardo Ribeiro não suportava mais tanto foliões e espectadores, foi quando resolveram mudar o palco do carnaval para a Avenida Djalma Batista, os desfiles ocorrem até o ano de 1990 e, depois para o Sambódromo.

Falando em carnaval, os historiadores escrevem que o carnaval é uma festa pagã (antigamente = dos que ainda não foram batizados), onde se pode comer carne à vontade (daí o nome carnaval = carne vale), no entanto, está ligado ao catolicismo, pois é definida de acordo com o calendário gregoriano (implantado pelo Papa Gregório XIII, em 1582). Contando de quarta-feira de cinzas (18 de fevereiro) até o início da Semana Santa (02 de abril) são exatamente 40 dias (Quaresma), onde na Sexta Feira Santa os católicos tradicionais evitam carne (e fazem jejum). 

O tempo passou, os Blocos de Sujos estão restritos a alguns lugares específicos, como o Bloco das Piranhas, no CSU do Parque 10. Nunca fui lá, mas falam que acabou a graça, pois tocam axé music, boi bumbá e sertanejo e nada de marchinhas de carnaval, além de muitas bebidas e porradas entre os brincantes.

Curto ainda as bandas de ruas de Manaus, principalmente, das do centro da cidade, pois a violência urbana e os furtos imperam nestes locais, sempre fico num lugar reservado, pois não tenho mais idade para dançar feito um louco como antigamente. Por falar em Banda, os senhores sabem qual é a melhor de todas? Erraram, não essa que estão pensando! A melhor e mais gostosa é a “BANDA DE TAMBAQUI NA BRASA”, com bastante vinagrete, farinha, pimenta e tucupi! Ai, ai, ai, ai, ai!

Ainda gosto, também, dos desfiles das escolas de samba de Manaus. Vou ao Sambódromo e fico até o Sol raiar, para assistir ao Morro da Liberdade, Pareca, Vitória Régia e Sem Compromisso. Ano passado, separei um monte de fantasias das escolas de samba que ficam jogadas na dispersão, levei para a festa de carnaval das crianças do Conjunto dos Jornalistas e enfeitei a Rua Tapajós. 

Os meus carnavais do passado ainda estão vivos em minha mente, pois ainda gosto dos atuais. Tudo vale, somente não vale ficar triste em casa em pleno carnaval.

É isso ai.